segunda-feira, 30 de março de 2009

"Pois é, não deu... Deixa assim como está, sereno."

O domingo me atropelou.
"Avisa que é de se entregar, o viver..."
Meus olhos ardem. A proximidade com os 30 anos tem acrescido meu cansaço físico. Que medo de mim mesmo tive agora...
"Aquilo que eu temia aconteceu: você manchou nós dois e desbotou a cor de um só coração..."
Dias negros no horizonte ? É isso que você vê ? Tempestade e vento forte ??? Eu viro pro outro lado, e deixo a chuva no passado... Deixo que o teu vento, leve meu barco pra longe de ti. Vou em direção ao mar... Não me importo com o chegar. Desde que possa navegar.
"É que a sorte é preciso tirar, pra ter. Perigo é eu me esconder, em você. E quando eu vou voltar, quem vai saber ? Se alguém em uma curva me convidar... Vou lá ! Que andar é reconhecer, e olhar..."
Sonhei com um cachorro gigante. Um yorkshire do tamanho de um boi. Eu gosto de imaginar, de sonhar, de sentir e sorrir. Mas minha mente me prega peças. Me dá calços e me faz cair. Eu preciso constantemente lembra-la sobre quem dirige essa embarcação. Eu vivo em frequente estado de motim.
"Pois é, até onde o destino não previu. Sei mais, atrás. Vou até onde eu conseguir. Deixo o amanhã e a gente sorrir...Que o coração já quer descançar... Clareia minha vida amor, no olhar..."
Me encontro na falta de poesia. No corpo cansado e na rima batida. Na espada enferrujada e no beijo de despedida. Não me rendo ao perder o combate. Carrego comigo aquilo que não morre. E sei que somos só, o que ninguém vê.
"Vou pensar: como pode alguém sonhar o que é impossivel saber ? Não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer... isso eu vi ! O vento leva. Não sei mais, se tu quer como sonhar, que o esforço pra lembrar, é a vontade de esquecer...."
Ela aparece na minha frente. É linda como nos meus sonhos. Mas o destino não quis ajudar. Sem a benção do destino, nada se faz... Escorre como areia fina em punho fechado contra vento Sul. Como segurar água de correnteza. Ou dar gaiola pra pássaro cantar.
Tudo bem, acho que posso esperar. E acho que ela também pode...
"E eu que já não quero mais, ser um vencedor. Levo a vida devagar, pra não faltar amor..."
Chega de gente igual, eu falei. Me jogam uma pedra na testa. Nem machuca tanto. Eu tenho minha vida toda pela frente, posso viver mais uma semana ou mais 70 anos. Tanto faz ! Desde que no fim, eu saiba que preservei minhas asas pelo tempo que foi possivel.
Tudo que sobe, desce.
O que funciona, quebra.
E o que está vivo, morre.
Regras pro Universo ? Correntes em um pilar da solidão ? Solitária nazista com ratos e baratas como companhia ?
Eu não me importo vai. Realmente, não. Por mais triste que seja. Cheio de lágrimas e lábios choramingados. Com lenços e abraços de adeus. Tá tudo bem !
" Quis nunca te ganhar, tanto que forjei, asas nos teus pés. Sei, tanto te soltei, que você me quis em todo lugar... Que alguma coisa a gente tem que amar. Mas o que eu não sei mais... Os dias em que me vejo só. São dias em que me vejo mais..."
E se funcionar, olha que legal... Se funcionar ninguém vai esperar. Ninguém vai dizer:
"- Eu já sabia !"
Claro, você pode superar sua própria expectativa sempre a reduzindo. Mas como diz o Amarante: " O quanto mais longe tu olhar, mais longe vais estar...".
Não posso perder o fio da meada. Tapa com luva de pilíca é capricho tolo pra medroso.
Ficamos com medo do abismo. E se a gente não voar ? O que tem lá embaixo ?
Pedras.
Tipo pedra no caminho ?
Não, tipo Little Joy (de novo):
" Beija a flor, no ar. O rio fica lá, a água é que correu. Chega na maré, ele vira mar. Como se morrer, fosse desaguar. Derramar no céu, se purificar... Deixar para trás, sais e minerais. Evaporar..."
Mas isso nem falou de pedras... Pra mim falou.
Tu precisa ouvir pra escutar ? Tá, então precisas ver pra enxergar ? Tenho uma novidade pra ti. Depois que morre ninguém mais precisa usar óculos.
Morrer é se libertar dos óculos.
Eu não gostei disso. Pra variar, não posso nem ler o que escrevi pra não apagar tudo e tentar de novo.
Mas tem alguma coisa sobre os trens que você perde. E os que você se programa para pegar. Tem alguns desses trens que passam todo dia, ou ao menos de vez em quando.
E tem outros que só passam uma vez por década. Eu nunca vi um trem que não voltasse pra estação de origem...

Assim sendo.
Aperta teu cinto, porque esse trem deixa a estação agora.
E eu não vou perde-lo.

"- Ei maquinista, qual é a próxima parada ?"
"- Faz alguma diferença Lê ?"
"- Não... Como tu sabe meu nome ?"
"- Eu chutei !" : )
"- Aaaah tá !" : )








1 comentário:

  1. "Eu vivo em frequente estado de motim".

    Essa sou eu Lê.. muitas coisas que vc escreve, batem com a minha realidade!!

    Um grande beijo!!

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