quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A solidão do universo contra as bandas de axé do planeta terra.

Soprava um vento suave enquanto o mundo existia lá fora. No passado, foi escrito, porque no passado tudo é lido. Sempre que alguém escreve algo, isso é passado. O que se foi. O que você escreveu e ninguém viu. Como o que você pensou e ninguém soube. Como o que você imaginou ou sonhou, e não tinha ninguém lá pra ver e ouvir. Eu pensei em um lugar onde alguém assistia aos meus sonhos. Essa entidade me conhece mais do que eu mesmo. Passando pela rua, não sei se era sonho ou não, vi um muro pichado. Palavras certas, mas escrito errado. Imaginei que era verdade que o mundo era assim, um lugar bom e ruim. Não. Não imaginei. Eu sei. Enquanto a gente conversa sobre o asfalto da rua e se hoje chove ou não, o universo sorri. Uma pedra correu de uma montanha no alto do Himalaia. Ninguém viu. É como se nem tivesse acontecido. Se a vida é um filme, a visão é o quadro do que assistimos. E é por isso que eu adoro falar com cegos. Meu pai era quase cego, no fim. E conversávamos longamente sobre a vida, sobre a crença religiosa dele, sobre arte, música, família. Conversávamos sobre tudo. Sinto falta de ouvir a voz dele. Ela era quase cego, mas reconhecia todos nós. Pelo jeito de entrar no quarto. Pelo calor das mãos. Pelo beijo no rosto. Por abrir ou fechar as cortinas da varanda. Por lhe fazer carinho na cabeça para ver se ele dormia. Ele reconhecia, quase sem ver.

Eu me sinto assim com o mundo.
Aprendi com ele.

Reconheço quase sem ver. Me engano, volto atrás, peço desculpas e repito. As vezes acerto. As vezes erro. E quem nunca? Muitos agem como se tivessem tantas certezas como se fossem deuses. Não consigo.

Soul menor.
O universo é grande demais para mim.
Tudo é longe e muito é frio.


Ter certezas demais da vida, é como conhecer a sinopse do filme antes de assisti-lo. Não há lágrima de surpresa.

Soprava um vento suave enquanto o mundo existia lá fora.
Aqui dentro do meu peito, na lembrança de uma vida inteira, eu guardo um universo que ninguém pode ver.
Que ninguém pode explorar.
Que é só meu para imaginar.

E nele me perder.

Para te encontrar.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Me dei conta.

Espero que um dia tu te dê conta de que a vida acaba. Sem que ninguém precise te mostrar isso. Sem olhar para isso de um jeito triste e/ou depressivo. Sem que a morte sorria para alguém ao teu redor.
Espero que tu te dê essa conta sozinho. E que lutes contra as dificuldades de não saber o que há (e se há) algo além das cortinas desse mundo.
Espero que consigas achar um lugar dentro de ti para isso.
Não porque acho que precisas melhorar. Mas porque penso que o mundo pode ser um lugar melhor se enxergarmos além dos nossos extratos bancários. Além das nossas propriedades e dos panos que chamamos de nossas roupas. Um lugar com menos sangue no chão. E mais sorrisos sinceros. Um lugar com menos cheiro de pólvora e mais abraços.
Espero que um dia tu entendas que não importa para qual time tu torce, e qual é a religião que tu acredita (ou aprendeu a acreditar), que o lugar onde tu nasceu não importa e que o que tu acumulou não te faz melhor que ninguém. Espero que entendas que somos todos filhos e irmãos. Somos todos iguais.
Espero que entendas que somos todos um só.
Um reflexo convencido e vaidoso.
Cheios de pensamentos danosos a nós mesmos.
Imersos em ilusões, que na minha opinião, estão nesse momento além da nossa compreensão.

Mas com data para confrontar o real: a nossa morte.

Espero que tu te dê conta de que não estamos aqui para continuar com o nosso modo de vida barato.

Que não temos alma.
Que somos alma.

Podes tirar teus olhos das minhas palavras e dizer "foda-se". Esse direito é reservado a ti.
O que não tens é o direito de impedir o curso natural da vida.

Tic-tac, o relógio corre.
A vida segue.
Mas você morre.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Minha música

Chuva fina
palavras sem verbo
aqui a vida tem fim
Lá fora
soul eterno.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Na dúvida: nós gostamos de você.

Eu sou da geração que nasceu analógica e virou digital no meio do caminho. A gente procurava livro em ficheiro, brincava com comandos em ação ou de barbie dependendo da relação X e Y. E principalmente, quase todos nós temos o momento em que encontramos a linguagem binária além do Atari.

É um pouco complexo de explicar, mas o mais legal não era ninguém ter celular (que nem seria legal...). O mais legal era ninguém ter vontade de olhar para o celular. Tipo aquele novo estereótipo do casal falido que sai pra jantar e fica cada um deitado na sua rede social. Separados por um mar de bits e pixels. Tirando férias separados, sabe-se lá do que...

De qualquer forma, nos anos 80 e por boa parte da década de 90 as coisas eram assim. Mais lentas, de alguma forma. E parece que daquela forma, ninguém parecia se importar. Como se o carro não tivesse ido rápido ainda... Eles estavam felizes viajando de bicicleta. Aí uns jovens apareceram com o avião a jato e tudo mudou.
Não que tenha melhorado ou piorado. Mas definitivamente mudou.

A sensação que eu tenho, as vezes, é de que a vida perdeu um pouco do seu mojo. Perdeu aquele charme de não existir o Tinder. De dançar sem ensaio. De desfile de carnaval sem coreografia. Perdeu o tempo da bola e chutou o ar. Parece que a vida azedou um pouco e dormiu na virada do reveillon sem contar nem o 3, 2, 1... Antes não era só mais devagar. 

Antes também era mais intenso.

Não era mais perto, demorava. 
O que hoje, as vezes, é mais longe apesar de ser mais rápido.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Achei o que queria.

"Existe muito mais para ser entendido além da palavra."
Disse Rodrigo Amarante.

Concordei com todas as cordas que tenho. E digo que quem discordar nem devia estar lendo isso. Não por nada, mas há muito pouco e ainda menos que pode ser lido aqui só se entendendo as palavras escritas.


A palavra é falha, verdade seja dita. A palavra dita então, é praticamente um erro. A definição de linguagem falada é "uma tentativa falha de reproduzir em sons as palavras escritas...".
Se quiseres discutir com o teórico que criou esse conceito, penso que devias mandar um email para ele. E não "falar".


Mantenha a calma personagem.
Manter a calma é na verdade um estado de alerta. A calma só se consegue sabendo o que se está fazendo. Então, quando encontramos algo que não entendemos, normalmente, manter a calma não é uma opção. A calma só chega para aqueles que se permitem.
A calma é o prozac do karma. Ter calma é visitar a farmácia do cosmo.

Tenha calma para ler o que escrevo.
Não quero eu, explicar o que digo. Até porque não consigo. Cada um lê como quer ou pode.

Eu escrevo porque preciso tirar isso de mim.
E não para te definir os eixos X, Y e Z da realidade.

O mundo pode ser tridimensional. Mas a minha realidade é outra. É minha. E eu faço o que quiser com ela. Como levar minha alma para passear. Ou ouvir as palavras que o vento diz.

A liberdade de expressão é uma ilusão. Mas só porque o tudo é uma gigantesca ilusão, diria o zen.

Você escolhe: "Eu vou, eu vou, sentar agora eu vou. Parara timbum Parara timbum. Eu vou..."

Ou

Todo o resto.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Eita mundo cheio de si.

Quando eu procuro alguma coisa interessante na internet e encontro o blog de um rapaz chamado Frederico "sei lá o que". O endereço é "entendaoshomens.com.br". E é aí que eu percebo em mim mesmo, a internet também pode feder. Bastante.
Enquanto escrevo isso, ouço o rapaz falar em um vídeo no seu blog (vlog, revista eletrônica, oi?) sobre fazer 30 anos de idade. De como as pessoas piram ao fazer 30 anos de idade.
Assim, realmente algumas pessoas piram ao fazer 30. Mas as pessoas piram em qualquer momento. Tem quem pire antes de perder a virgindade, tem quem pire por ter 40 e não ter se formado. Tem quem pire por ter 45 e só ter trabalhado a vida inteira, tem quem pire porque nunca bebeu, fumou ou etc. Tem quem pire pra tudo. Virtual e fisicamente, tudo. E o tema escolhido é fazer 30 anos. Ok. Qual o conselho que você dá Frederóide?
"- Relaxa a piriquita..."

Bom conselho mestre!

Eu sou o último filho de um senhor de 78 anos de idade. Não serve pra mim.


Sabe qual é o problema de verdade?
O problema de verdade é quando a gente torna qualquer assunto burro. E olha que a gente é bom pra caralho em tornar assuntos burros. Política? Não discuto nem fodendo! Religião? Nem a pau, Juvenal! A opinião dos outros? Quem for contra é egocêntrico. Falar sobre sexo então? Cê é loko parcero?!

Eu devo ser.

A gente vive em um país que não gosta de discutir. Porque quando eu digo discutir, não eu não to falando do Faustão "olocomêo" chamando a Paola "Bunda" de Oliveira pra falar que ela é a melhor pessoa da última semana. Abre o olho rapá! A vida vai além da tua tela do computador. Vai além das tuas msgs super fun let's go "i'm so cool". Muito além dessa babozeira modernete com todos os trejeitos que o mcdonnalds te vendeu.

Santa paciência Batman.

A vida vai além dos 30 anos.
A vida, vai além!
A vida, vai.

Ou pelo menos, para aqueles que se permitem, deveria ir.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Corações em lágrimas.

A sugestão me beijou o rosto. Isso aconteceu na semana que vem. Quando o vento da liberdade soprou em uma brisa que o futuro vê. E o adeus que ele me deu, virou primeiro capítulo de um livro que é impossível terminar. Um livro tão imenso que tudo o lê ao mesmo tempo. Cheio de desenhos, mapas, figuras e desdobramentos. Uma linda história de final triste.De um pássaro a voar em câmera lenta. Só ele flutuava no oceano de oxigênio em que vivemos. Lá em cima, barcos fantasiados de nuvens deslizam pelas ondas siderais, usando as correntes do vácuo para ir para todos os lugares. Entrando e saindo de buracos negros, todo o tempo. Escorrendo a existência para novas realidades. Onde pessoas fazem planetas. Perto de onde tudo começou. O princípio da antiga existência. Onde a luz fala de boa vontade e da doença que é a falta de inteligência. Onde as pedras dão conselhos a mineiros. E as catapultas só lançam sentimentos. Hoje não tem amor. Não, ele acabou. O amor acaba como a água. Vocês tomaram toda. Jogaram ela no chão. A secaram no sol na esperança de que a chuva trouxesse a enxurrada. Mas a chuva usou a ponte no final da rua para ir embora. Agora isso é um deserto de gentileza. Vazio, duro e rude. E ninguém mais vai te ouvir chorar. Só teu coração. Que lamenta tanto quanto tu. Que se flagela em uma eterna dança convulsionante. Do abrir e do fechar das válvulas. Com pressão em veias e artérias. Onde os sonhos se transformam em matéria. E viajam anos luz até teu sono. Atormentando a tua eternidade com tapas e socos. Por isso acordas. Por isso te cansas. Por tudo isso e ainda muito mais te levantas. E tentas encontrar um sentido para tudo o que te rodeia. Um motivo para seguir o relógio. Uma razão para comprar outro sapato. Para pagar uma conta. Para gostar do dinheiro e de tudo que ele manda para a tua casa. E na falta de uma resposta verdadeira, além da merda que escorre pelo teu vaso, tu aprendes com ele o que é amor. E tens mais do que és. E guardas mais do que entregas. E sugas o universo como um bebe que firma a boca contra os rachados mamilos da sua mãe, vertendo todo viscoso e doce leite da vida. Assim quando alguém se aproxima da tua teta, tu rosna feito bicho. Mostra dentes feito lobo. Se mexe como cachorro. E uiva cheio de raiva. Cheio de razão. De tortas certezas mortas. Tu te levanta como um rei. De peito inflado e cetro na mão. Coroa na cabeça e pênis pendurado entre as pernas. Balançando o sino das eras. Sendo tão macho quanto tu aprendeu a ser. Escorraçando o próximo com o rabo entre as patas. Ganindo o medo de vossa santidade. Gemendo temores pelas vielas da cidade. Em um prazer mórbido de quem domina a mais pura das verdades.Para ti, és incomparável ó grande criatura. Cheia de pesadelos, vazia de ternura. Abençoada quando adormece para fugir do que te persegue acordado. Daquele que não impedes. Que apesar de todas as muralhas e castelos. E guardas e espadas. De súditos e portas trancadas. É muito pouco, ou quase nada. Além de um antigo pedaço da tua alma. Que tu nem te lembravas que existia. Mas que te assombra. Te perturba a noite. E te ataca os dias. Acompanhando teus passos para onde fores. Feito uma doença venérea pesada. Criando pústulas de verdade pela tua couraça. Causando náuseas por onde passas. Tanto que no teu fim, decides sair de ti. Fugires para longe. E lá desprendes do teu corpo, a tua própria alma. Cortando com dor, mas muito calmamente no fio da navalha. O que os outros um dia chamariam de: as tuas imperdoáveis falhas.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Enquanto lá fora chove e faz sol.

As pessoas se esquecem.
O amigo, que esqueceu o quanto ele precisou de ajuda quando estava na fossa. Quanto confiamos um no outro quando as coisas ficaram realmente sérias. Que nem ligamos mais  quando alguém fura o pneu do carro depois de beber uma a mais (que por sinal, também nunca mais bebemos...).
Na verdade, esqueceu tanto que nem nos falamos mais. 
Ou aquela ex namorada que esqueceu o quanto fomos felizes (tá, nem tanto assim...) (Mesmo assim.). O quanto nos fizemos rir. O quanto conversávamos como se nossos problemas e dúvidas da vida fossem o centro do universo. E nos aliviávamos nem que fosse só servindo de ouvido um para o outro. Ou mesmo dando uma opinião que de longe pudesse acender uma luz no fim do túnel. 
Quem nem estava tão escuro assim.
E eu que esqueci de mim? Pois é. Esqueci. E esqueci de que tinha me prometido, aos 11, ser um jogador da NBA. Mas quando percebi que todo mundo nos jogos eram bem maior do que eu imaginava ser normal para um ser humano, desisti. Claro, que o fato da minha habilidade com a bola não ter sido nada muito brilhante também colaborou.
Mas depois também me prometi ser músico, magro e mais organizado. Não acho que consegui nenhum dos três, então... Devo ter esquecido.
Tem parente que me deixou na mão. E sacaneou um pedaço da família por grana. E ainda estranha porque não somos amigos nas redes sociais... Porque pra ser amigo no facebook tu deverias ser amigo na vida real? Será que ele se esqueceu disso?
E tem uma amiga que o casamento afogou a nossa relação de amizade. Porque o marido dela "empurra" ela de vez em quando. E eu me esqueço de fazer algo a respeito porque ela me pediu pra esquecer...
Tem vizinho que esquece de ser gente boa.
Tem conhecido que esquece de ser gentil.
Gente no trânsito que esquece de ser educado.
Político que esquece do que prometeu.
E tem até lembrança que esquece de ir embora. Aquelas de gente que já se foi, mas que devia mesmo era ter se esquecido de ir. Que talvez esteja de olho pra ver se a gente, daqui, se esquece deles também...

De alguma forma, quem realmente importa vem junto.
Seja de corpo e papel passado ou só tendo deixado um punhado de si quando estava aqui.
Tomara que tenham levado alguma parte boa, alguma história boa, alguma lembrança boa ou nem que seja uma foto em que ficamos legais!
Quase sempre é difícil perceber o quanto a vida te ensina enquanto te poda. Talvez esquecer, seja a decomposição social dos nossos "restos". Daquilo que precisamos deixar para trás para crescer.


Talvez a medida que envelhecemos deixamos chupetas, brinquedos e pessoas para trás. Entre outros hábitos.




terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Balcão de informações.

- Me esclarece uma dúvida? - perguntou.
- Fala. - respondeu o atendente sem tirar a cabeça do livro que lia.
- Onde eu tô?
O atendente suspirou profundamente. Fechou o livro e tirou seu óculos. Tudo sem olhar para o jovem homem que estava de pé na sua frente. Então começou:
- Olha só... (pausa). É complicado.
O rapaz ficou em silêncio.
O atendente ficou com as sombrancelhas erguidas e a boca cerrada em uma linha. Como se essa fosse toda a explicação que ele fosse dar.
O rapaz olhou ao redor. Olhou de novo para o balcão. Deu um pequeno passo para trás e olhou para cima. Depois disse:
- Balcão de informação. É o que diz essa placa. - enquanto apontava.
- Sim, aqui é o balcão de informação.- e bateu com o indicador duas vezes no balcão.
- Da onde?
- Espertinho você hein? - sorriu sem graça o atendente apontando o indicador para o rapaz. Até perceber que realmente não teve graça e continuar - Eu acho que vocês chamavam isso deeee... céu.
- Céu? - perguntou o rapaz assustado.
- Céu! - respondeu o atendente calmo.
- CÉU CARALHO!??? - gritou o rapaz.
- Não, só céu. Caralho é um nome pejorativo para o pênis humano.
- Como assim? - gritou de novo o rapaz dando um passo para trás.
- Explico: vocês chama o pênis humano por diversos nomes além do original. Como por exemplo: caralho, rola, pica, piroca, bráulio, pinto, piu-piu, trolha...
O rapaz interrompeu o atendente ainda muito nervoso.
- O que tu tá falando bicho? Eu to morto? - com os olhos arregalados.
- Você não sabia? - respondeu o atendente espantado.
- Como assim caralho????? - disse o rapaz se descabelando - Eu tava indo pra minha formatura porra. Eu fiquei com a Sílvia ontem! A gente saiu pra jantar com a minha família... Eu tava no carro. Agora to aqui.

- Sim. O carro bateu. Só você morreu.
- Filha da puta... - disse o rapaz olhando para baixo.
- Mas você já devia saber disso.
- Como assim eu "devia saber disso"? - disse o indignado rapaz.
- Olha só meu jovem... Quando você chegou aqui, ali a trás - apontando com o dedo e o rapaz olha rapidamente - tem um portão... O portão é cuidado por São Pedro. Você deve ter passado por ele...
- Sim, eu passei... - respondeu o rapaz - tá aberto o portão, eu...
- O QUE? - gritou o atendente
- O QUE O QUE CARALHO! - disse o rapaz assustado.
- O PORTÃO TA ABERTO??? - gritou o atendente.
O rapaz concordou com a cabeça, meio que em dúvida meio com medo, dizendo:
- Acho... que... tá! Eu passei ele tava...
O atendente pula o balcão e corre em direção ao portão desaparecendo na névoa tipo nuvem que preenche todo espaço. 
O rapaz fica sem saber o que fazer. Olha para os lados. 
- Ah meu Deus e agora?
- Agora o que? - pergunta um senhor de túnica branca e barba branca que surge do lado dele do nada. Enquanto morde uma maça.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH - grita o rapaz de susto.
O senhor fica olhando para ele com calma mastigando. E sorri.
O rapaz está no chão olhando arregalado para ele.
- E tu quem é? - pergunta.
- Deus.
- ... Deus... - ele diz baixinho - Deus...
- Sim Antônio, eu sou Deus. O que queres saber?
- Não sei.... Posso perguntar qualquer coisa?
Deus o encara por 3 segundos e diz:
- Tá, pode.
O rapaz chamado Antônio olha para o chão, depois olha para Deus e diz:
- Qual o sentido da vida?
- Permanecer vivo.
O rapaz parece atônito.
- Calma, respira. - lhe diz Deus antes de morder novamente a maça.
O rapaz hiperventila em uma espécie de ataque de pânico.
Enquanto isso o atendente retorna suado. E fica espantado com a presença de Deus.
- Senhor!?
- Fala Gabriel.
- Antônio??? - se abaixa para ajudar o rapaz que ainda está em crise.
- Calma, ele vai ficar bem.... Isso sempre acontece quando eles me perguntam o sentido da vida.
- Mas o Senhor nunca diz o sentido da vida pra ninguém... - disse Gabriel espantado.
- Pois é, eu mudei. Agora digo pra todo mundo que me perguntar... - respondeu Deus mordendo novamente a maça.
Gabriel se levanta vagarosamente enquanto se coça e olha para Deus dizendo...
- Senhor, se posso lhe perguntar então...
- Sim Gabriel? - diz Deus lhe olhando.
- Mas qual é o sentido da vida afinal?
Deus sorri e encara a camera enquanto diz:
- O sentido da vida é...