quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Meu nariz e eu.

Não binto mais cheiros. É bior do que gribe de inberno.

Minha alma bartida escorreu bêlo ralo outro dia. A encontrei 3 dias debois. Usando um chabéu de lã chileno e montada em uma Harley. Não conversamos a resbeito.

Eu não guero saber.

Eu brefiro assim.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Enchendo minha taça de vinho, com água da chuva.

Passei tanto tempo ouvindo o som que o vento faz. Que não consegui ouvir mais nada. Parece que foi ontem que tudo era tão diferente, e que o vento soprava pra outro lugar. Hoje, com o sol nascendo no meio de uma tempestade de raios, eu pensei: "quando será que foi a primeira vez que o vento soprou ?"
Por esses dias, choveu no meu mundo. E nunca chove pouco por aqui. Chove muito e chove de tudo. Dá ultima vez, eu abri minha boca e coloquei a língua pra fora. Deixei algumas gotas caírem sobre ela e senti o gosto... Eram lágrimas.

"- Não está chovendo - eu disse - o céu está chorando..."



Me mandaram parar. Me calar. Me sentar. Ouvir. Fazer. Rezar. Acreditar. 

Consegui. Mas fiquei olhando pela janela. As lágrimas do céu batendo contra o vidro. 
Escorrendo. E morrendo na soleira de aluminio. 

As vezes é assim. Você chora e ninguém sabe que está chorando. Mesmo tu sendo um cara que todo mundo conhece, como é o céu. 


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Me diga, eu quero saber.

Pra onde vai o vento que sopra por aqui ?
Como escolhe o lado a folha, quando está a cair ?
O céu tem nuvens brancas ou azuis ?
As flores seguem o sol ou é ele que as empurra ?
Porque toda lágrima vai pro chão ?
Porque toda noite de luar, tem lua ?
Quando eu sinto, tremendo minhas mãos ?
O que muda, quando eu acordo, na rua ?
Existe vida na solidão ?
Ou a solidão é só dela, solitária e crua ?
Crianças que morrem, aprendem a falar ?
Pássaros sem asas, conseguem voar ?
Cães e gatos são amigos do mar ?
Eu existo ou sou só sonho. Ou sou só imaginar ?

Todos vamos acordar ?

Viver é morrer todo dia, para todo dia recomeçar ?

De onde vem as palavras ? Da garganta ?
Da alma ?
De todo lugar... ?

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A noite que nunca amanheceu.

Um grupo de jovens descobre, depois de participarem de uma festa na casa de um amigo que já era pro dia ter amanhecido. Mas a noite permanece. A medida que as horas avançam eles começam a lhe dar com problemas próprios de seu cotidiano, dentro desse contexto noturno. E seu desespero termina com uma descoberta do barulho.

Em breve nos cinemas longe de você.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Você que jamais disse que nunca iria.

Do lado de cá, o vento é forte. O amarelo é antigo. E pra todo lado, é norte.
Do lado de lá, o sol é violento. O chão é rachado. E a noite é só um momento.
Eu respiro o ar que amanhece o dia.
Penso sozinho.
Nada fica.
Imagino a métrica da distância entre as sílabas.
Corro pelo mundo, e quem não correria ?
Eu voei outro dia nas costas de um dragão. Ele era negro como piche e tinha um grande coração.
"- Tenha calma Leandro, a vida sempre ensina !" - ele falou.
"- Cuidado dragão, uma ave de rapina !" - eu esperniei.
E o dragão a engoliu de um jeito majestoso.
"- Veja bem meu querido, o que pra ti é desafio, aos outros é puro gozo !"
Sonhei com esse sonho, outros dois mil diferentes.
E não importa o quanto eu ande.
E quanto conheça de gente.
Ainda vejo aquele rosto, atrás das minhas costas.
Sempre que tomo banho.
Sempre que me vejo no espelho.
Sempre que me deito.
Sempre que tento não ve-lo.

Nada muda.

Tudo muda.

Nada e tudo mudam muito ligeiro.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Obituário.

Violinos me acordarão.
Com notas em sétima.
E acordes cheios, de amor.
A noite eu dormiria...
Mas caminho.
E descaminho sozinho.
Na linha da vida.
Com a rua vazia,
de almas e carinho.
O planeta não gira.
Ele fica parado.
O que voam, são as palavras.
Nas frases
(espaço dramático)
dos obituários.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

This can be the end of everything. So why don't we go, somewhere only we know.

Escrevo da minha máquina de escrever.

Ouço o bater das teclas e elas dão o ritmo as palavras.

Ouço as palavras e elas dão o ritmo a todo resto.