segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Marcelo Camelo, Natal, minha unha roxa. E a doce solidão.

Na minha teoria, as vezes minha boca se torna meu orifício anal e tudo que eu falo são fezes disfarçadas de palavras.

"Eu ando em frente por sentir saudade...." canta meu iTunes. E eu feito um pateta canto junto...

Duvido que alguém queira ouvir o que tenho para dizer sobre o coco. Mas eu preciso. As cortinas da eternidade me escondem muitos dias de sol e sinceras taças de vinho honesto.
Um dia, o mundo vai ser um lugar cheio de abraços. E o papai noel não será proibido em cidadezinhas alemãs que não tem mais com o que se preocupar... Mas até lá, até lá somos o que somos. E o futuro nunca está errado dizia Machado Assis fumando seu cachimbo.

O futuro nunca está errado e há quem diga, que o primeiro amor nasce pela necessidade de amar.

Coisa linda hein ?
O sempre só para solidão. Sempre sopra solidão, nessa direção. Ficou feio.
Ok, Machado de Assis me deu uma surra literaria. Mas quem aqui não à tomaria com um sorriso no rosto ?

Uma gaivota não faz verão. Mas meu verão não tem gaivotas. Na verdade, tinha uma que morreu de velha... Fernão Capelo Gaivota. "O cara". Chega de novos parágrafos.
Feliz Natal e um próspeto ano novo.
E o futuro nunca está errado :)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Mais escuro que a escuridão.

Vivemos para morrer no silêncio.
Morremos para viver no esquecimento.
Tudo ao mesmo tempo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Local Natives, Vinícius de Moraes e uma noite de pouco sono.

Fumei demais.
Eu sei que fumei demais quando minha boca amanhece com gosto aspero e azedo "ontem a noite". Quem já sentiu o gosto de "ontem a noite" sabe como é. Foto de começo de balada, todo mundo abraçado sorrindo. Corte para foto de pessoas dançando de olhos fechados, recortadas pela meia luz. Corte para dia amanhecendo e pessoas sorrindo conversando sobre os pés dos ouvidos alheios.
Corte para olhos se abrindo e expressão de sabor "ontem a noite".

Dificil decidir.
Sempre é. Nunca é.

Como ser julgado pelo teu passado pode te ajudar a ser melhor no futuro ? Bem simples não ? É errando que se aprende e aquele blá blá blá todo... A vida é curta demais para semáforos fechados ! Ninguém pode corrigir o que já viveu ! Caminhar é mais importante que chegar ! Nunca olhe para trás. Nunca diga nunca.

Quem poderá dizer por onde anda Vinícius de Moraes ?
Com certeza você pode.

E continua chovendo sobre mim, exatamente como o Travis disse que seria. : /

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A menina de flores no cabelo.

Quanto mais perto menor fica.
Se te olha os olhos, viras pedra.
Poesia sem vírgulas ou pontos ?
Conheço bem, meu escrever sempre foi torto.
E a rima que me dá tanto nojo.
Continua nessa trilha.
O caminho é o que chamo de vida.
Nunca paramos e nem poderemos parar.
Vivos caminham para se ver.
Mortos para se encontrar.
Tudo se move no Reino da Alegria.
Só a tristeza, essa velha amiga,
sentada sozinha.
Numa sala vazia.
Em companhia da solidão.
Que não faz companhia alguma.
E todas as coisas se tornam só uma:
A menina de flores no cabelo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um café de bom dia.

Numa daquelas conversas hipotéticas onde o tudo pode ser qualquer coisa, ouvi minha xícara de café falando que eu sou um tanso ! Ela borbulhava o expresso dizendo que tudo que eu fazia era sandice e não acreditava mais em solução pra mim.
"- Estou cansado das tuas sandices ! Que merda ! Depois vem me abraçar os lábios correndo lágrimas salgadas pra dentro do café... Porra !"
Ela tá certa.
Uma xícara de café de bom dia e eu entendo o significado da vida ! Que Buda que nada ! Deixa que eu abro o caminho do meio sozinho.
Se eu me preocupo com o que há por vir ? Claro, e muito ! Mas que escolha temos, além de estar lá ? Fugir ? Cagar no pau ? Dar uma de franguinho e correr pra barra da saia do pai ? Só se eu for abraçar um defunto ! Se liga, dá pra fazer melhor que isso !
Minha xícara pode estar certa e quase sempre ela está. Minhas sandices são realmente bem irritantes... Mas não sou só sandices e desatinos desenfreados. Esse caldo engrossa um pouco mais ainda :)
Claro que engrossa !
Aprendi a perder na marra. Porque perdi muito mais do que venci ! Mas isso me ensinou mais do que perder. Perder muito, te ensina a insistir. Te ensina a se atirar do abismo, mesmo sem ter certeza de que o paraquedas vai funcionar. De que lá embaixo é acolchoado e tranquilo. Não, seria fácil demais assim. Ganhar a vida vendendo ouro e viajando o mundo é ridiculo demais. Eu espero mais de mim e de você.
Por isso converso com a minha xícara. Os conselhos vindos do café são indispensáveis. Lógico, você sempre poderá se casar com alguém rico para viver a vida que sempre sonhou. Ou matar uma velhinha indefesa em busca de tudo que ela puder te dar morta... Você sempre poderá trair a confiança de quem te ama e prevalecer tua vontade sobre a tua palavra. Você sempre terá a opção de se auto proclamar "fiel"... Mas tem algumas coisas que não tem como fazer. Sabe aquele velho ditado ? Você pode enganar muita gente por muito tempo ! Mas você não pode enganar todo mundo por todo o tempo... Inclua nesse "todo mundo", você mesmo.

Diria o velho pensador, aprendiz de Schopenhauer:
"Torna-te o que és..."

Tudo isso já foi feito antes. As dúvidas, os medos, as mentiras e os sorrisos incertos. A humanidade não tem 3 anos de idade ! Não se considere maior do que é maior que você. Não desista diante de grandes desafios. Não traia seu coração. No final, longe de casa e com um corpo velho como abrigo. Seu coração é tudo que restará.

Ouça a xícara ! ;)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A sinfonia dos lobos.

Alta noite, ninguém os desafia.
Sempre haverá quem admire a alcateia cantando seus odes a Lua.

Sempre haverá a Lua à ouvi-la.

Nem sempre haverá uma alcateia :)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Reino Das Coisas Que Se Acabam.

Eu escuto a tua voz na minha cabeça.
Vejo sombras me perseguindo na rua.
O amarelo antigamente é menos amarelo e mais antigamente.
O céu azul brigadeiro é um pouco menos doce aqui.
Uma gaivota fez coco no meu ombro e eu consegui sorrir, olha só que evolução !
Molde-me como madeira e me guarde como uma jóia. Não como uma ferramenta enferrujada e torta.
O negro da noite nem parece tão escuro aqui de cima.
O mundo é um balde sem fundo. Ninguém consegue carrega-lo. E tem uma torneira na base.
Pensamos na vida como se a eternidade fosse uma opção. Como se morrer fosse um pesadelo. E nem tudo é ruim.

Meus pulsos doem.
Minha cabeça gira.
Minhas costas estalam.

Eu perco meu tempo, pensando na gente. Pelo menos eu perco meu tempo fazendo algo bom.
Sem recados.
Sem cartas escritas a mão.
Só marionetes dançando no palco do teatro ao som de Bach.

Enquanto nosso diretor fuma longos cigarros na janela, vendo a banda passar.

Só isso.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Me encolhi ao levar o tapa.

Levanta a cabeça e vai, diz a canção evangélica enquanto eu dirigo meu carro passando na frente de uma igreja. Toda aquela gente, balançando o corpo bem de leve... Esquerda e direita, esquerda e direita, esquerda e direita... Suave. Parecem zumbis.
Minha janela mostra o mundo que eu não quero ver. A cidade é linda e nojenta ao mesmo tempo. Muitos postes, muitas casas abandonadas. Muitos muros pichados, muita sarjeta suja. As árvores bonitas e as pessoas estranhas brigando na frente dos bares. Flores e as rodas dos carros.
É foda, eu sei. Tudo que termina é uma merda. É sempre uma merda, é verdade.
Eu só queria estar aí contigo, é o que disse.
Nada do que você quer, é o que quero, foi o que eu ouvi.
Uma merda mesmo.
Me sinto um adolescente de 16 anos ouvindo Yellow do coldplay, dá pra sentir ? Foda né ? Parece que o mundo é um pinico e Deus está segurando sua sagrada pica sobre nossas cabeças. E urinando o mijo dos céus, literalmente. Tudo se preenche com aquele cheiro nauseante de dejeto humano. É uma merda ser humano.
Algumas vezes eu desejo ser algo diferente.
Conversando com um amigo ouço:
"A recompensa dos mortos é nunca mais morrer..."
Respeitável essa frase. A vida é aquilo que fazemos enquanto não estamos dormindo.
Malditos questionamentos infindáveis. Me sobe a cachola a escola Sofista, mais uma vez. E Platão era só mais um maluco barbudo drogado. Que tudo que sabe é que nada sabe. To meio cansado desses becos fantasiados de restaurantes chiques. Você olha por fora e parece ser do caralho, um belo deck, boa iluminação, gente bonita, vinho e o caralho.
Você entra e te avisam que só tem mesa nos fundos.
Lá é um beco lamaçento com cheiro de urina canina e sexo obrigado.

Nã!

Eu prefiro o amor das camas de cetim.
Prefiro as flores da primavera.
Uvas nas taças.
E sorrisos nos lábios.

Eu prefiro isso, me desculpe por isso !
É o que eu digo antes de ir embora.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que realmente importa... !

Eu escrevo meu caderno.
Feito a bruxa do Oeste que hoje vive no Norte e escreve seu caderno no escuro da caverna, só com uma vela torta que não termina nunca. Ela escreve as páginas branco amareladas com uma pena de corvo e tinta negra. Quando todas as páginas estão totalmente negras e não á mais espaço nem para uma letra no canto da folha... Ela recomeça com tinta branca.
Eu escrevo meu caderno. Começo pela canto superior esquerdo e vou. Quando chego na margem direita da página direita eu continuo por cima da minha cama, subo a parede e vou escrevendo por dentro do ármario. Virando minhas camisas e camisetas penduradas em cabides. Por dentro das portas, no chão do corredor. Meu cachorro está sentado me olhando. Com a língua vermelha de fora balançando como um carrossel. Escrevo sobre ele e vou até a porta, escrevo no corredor, no elevador, nas escadas. Escrevo no chão da rua e pelos muros que olho.
Vou escrevendo.
Eu escrevo meu caderno.
A noite se forma no horizonte e o sol diz:
"- Tchau cara, te vejo amanhã."
"- Jamais." - respondo eu cerrando os pulsos e apertando forte a caneta que os elfos me deram.
Começamos a correr, eu atrás do sol o sol atrás da lua e a lua atrás de mim...
Depois de cinco ou seis voltas no Planeta a mão de Deus desce e me segura.
Cansado eu desisto, ouvindo o sol me caçoar:
"- Eu disse que você nunca vai conseguir, te avisei !"
"- Eu vou te provar que consigo... Ainda nessa vida !" - falo balançando os braços estabanado que sou.
O sol me olha sério e pensa que tanta vontade até pode funcionar. Mas mesmo assim desaparece como um fantasma. A mão de Deus me solta e a lua sobe minha cabeça.
"- Boa noite !" - me acalenta ela gentilmente.
A aceito como um filho que abraça sua mãe ouvindo:
"- Tudo vai dar certo meu pequeno... Tudo vai dar certo..."
Me entrego a gentiliza do seu carinho, mesmo que imaginário e sozinho. Pisco os olhos enquanto durmo e resmungo....
"- Por favor, não mude o assunto"
Toca Beattles no meu sonho, todos meus amigos estão lá. Bebo vinho e danço sorrindo despreocupado.
A noite é boa, mas só para dormir e sonhar com o sol.

Acordo. E me lembro do nada que sou perto do tudo que já existiu.
Sem ansiedade:

Eu escrevo meu caderno.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quem luta para respirar, sabe que essa briga é séria !

Se fosse menos complicado, perderíamos toda diversão. Essa é a verdade. Não é. Nada é verdade, tudo é !
Como quem fica a toa na sombra perto do mar eu me vi, mas não agora. Agora é hora de sangrar suor e suar saudade. Falei esses dias do Gentileza, e ouvi que a verdadeira poesia ainda não foi escrita.
Foi a poesia mesmo que falou:
" - A verdadeira poesia jamais será escrita, pois poetizar é como não viver..."

Agora tanto faz, o que não foi não é. Me fala o Los Hermanos.
Pode ser. Acho que é na verdade.

Eu não sou o tipo de pessoa que adora vomitar suas verdades, acho que eu prefiro ouvir na realidade.

Tenho desperdiçado muitas manhãs em copos de café.

Meus joelhos doem mais do que nunca. Minhas costas então, nem sa fala. Ok, se fala: elas tem 75 anos de idade... Setenta e cinco anos de idade. 75 anos de idade.
E o que muda quando viro a esquina ? A cor dos muros ainda é triste. E o céu existe só pros pássaros. E não há pássaro que não passe. Todos passam. Todos pássaros.
Tudo muda.

O que é vivo, morre.
O que funciona, quebra.
E para ter um fim, algo só precisa começar.

Um dia.
Um cigarro.
Eu e você.

Até.

" Deixa de gostar, larga a mão do que ele já tem. Passa então a amar, tudo aquilo que não ganhou. Me dê motivo, pra outra vez acreditar. Na cascata da vez. Que você comprou assim zero mais dez. Um presente pra mim. Mas se eu perguntar: de onde veio esse agrado ? Voce vai gritar, diz que é homem feito... Sei não ! A faça me o favor... Diga ao menos o que foi e se eu faltei em te explicar. Diz que a gente sempre foi, um par !"


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Olhei pra cima e a Lua falou comigo.

Que tipo de coisa diria a Lua ?
Ela teria uma voz sexy e molhada ? Ou soaria feito uma tia gordinha bonachona ?
Qual seria o temperamento dela ? Mãezona querendo agradar a família no almoço de domingo ? Ou perversa e calculista ?
Me perturba imaginar o inimaginável ! Eu me sinto de mãos atadas perante algo que eu queria muito muito muito que fosse, mas não é...

Tipo a Lua falar.
Tipo meu cachorro voar pela janela do apartamento e depois voltar sacudindo suas asas feito um filhote de dragão. Com a língua de fora e coçando as patinhas no rosto...
Tipo ver o invisível feito o "Um" anel do Frodo. Um lugar onde só os espectros habitam, longe de tudo que é material e palpável. No mundo do "nunca seremos" como fantasmas agitando suas espadas, cegos e surdos. Caminhando através do aleatório.

Talvez os Los Hermanos tenham desvendado o mistério:

Primeiro Andar

Los Hermanos

Composição: Rodrigo Amarante

Já vou, será
eu quero ver
o mundo eu sei
não é esse lá

por onde andar
eu começo por onde a estrada vai
e nao culpo a cidade, o pai

vou lá, andar
e o que eu vou ver
eu sei lá

não faz disso esse drama essa dor
é que a sorte é preciso tirar pra ter
perigo é eu me esconder em você
e quando eu vou voltar, quem vai saber

se alguem numa curva me convidar
eu vou lá
que andar é reconhecer
olhar

eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou

Eu escrevo e te conto o que eu vi
e me mostro de lá pra você
guarde um sonho bom pra mim

eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou

Guarde um sonho bom pra mim : )

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Eu te digo que antes do amanhecer, vamos todos ser crianças novamente !

Não tenho tempo nem pra me coçar. Mas penso em chapéus todo dia !
Até andei pesquisando (só no google eu admito), e descobri várias coisas interessantes. Chapéus são tipo um dos pilares da humanidade... Sempre estiveram entre nós. Se você considerar a cobertura da cabeça dos esquimós mesmo ! Acho que usamos chapéus antes do fogo ! É incrivel !
Não Lê, não é !
É eu sei, não importa o quanto eu tente. Meus chapéus nunca mais serão incriveis... Os do homem Neolítica sempre serão ! E os deles eram de palha seca, colada com estrume. Não é possível que eu não consiga fazer um chapéu melhor que isso... !?

Me lembro do prézinho, maternal ? Não sei. Enfim, eu era pequeno, tinha cabelo loiro e usava um uniforme que hoje me veste no máximo a panturrilha esquerda... Mas de qualquer maneira, um dia eu fiz um chapéu de marinheiro ! Com papel, sabe ? Daqueles com 4 dobras simples...
Eu nunca mais o tirei. Fiquei com ele por muito tempo (provavelmente não mais que um dia... e a minha memória está me pregando peças novamente). Até que então, eu estava na rua, de mão dada com meu velho. Vendo o mundo do meu jeito, pensando que os cachorros eram quem mandava nos humanos. Quando começou a chover.
Não percebi que meu chapéu voou para longe. Ao cair no chão e por ser de papel, ele se molhou e rasgou bastante... Consegui pega-lo de volta com a ajuda de algum adulto solidário ao meu problema infantil.
Meu pai disse que eu devia joga-lo fora e fazer outro.
Neguei, afinal, era o meu chapéu.
Ele sorriu e concordou:
"- Eu não faria diferente filho !"

Isso é tudo que eu consigo escrever hoje, sobre chapéus.
Mas se vc se interessar, pode ver mais coisas bacanas aqui:

http://www.merceariasukiyaki.com.br/historiadochapeu.html

Não te vejo depois.
;)


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

É sempre um saco quando alguém morre. E sempre, alguém morre.

Mesmo blá blá blá de sempre. Mas é inevitável não pensar na vida e na morte, perante a partida de alguém. Impossível conter aquele desejo de olhar pra si mesmo, pro que estamos fazendo de nossas existencias, com quem estamos fazendo e quanto isso está nos deixando felizes.
Digo isso com a experiencia de quem já perdeu muita gente, muito tempo, muita coisa... E eu não estou falando de discutir o amor ou a vida. Porque a morte só é o final pra quem acredita. Acreditar é toda fé que qualquer um de nós precisa. Pra bem ou pro mal.
Sejamos então aquilo em que acreditamos. Acreditemos em belos nasceres do sol na praia, de mãos dadas e sorrisos arrepiados nos rostos. Acreditemos na bondade alheia, na vontade de fazer o mundo um bom lugar. Acreditemos em dias de sol frio e cafés quentes. Em noites gentis de vinho e olhares apaixonados. Na eternidade de cada momento vivido.
Acreditemos então na eternidade das pequenas coisas. Na relação entre as vitórias e as tentativas de nossas vidas. Pois concordo que tentar é mais importante que conseguir. E querer é mais importante que poder.
Sejamos como pássaros voando sobre os prédios do céu de brigadeiro em Vanilla Sky, livres de si mesmos. Juntos e separados.

Fui eu, quem escolheu
Poderia culpar o mundo,
mas fui eu...
Não troco beijos por moedas
Abraços por presentes
E amores por favores

Eu vivo.
Sabendo que o tudo um dia,
será nada
E o nada terá tudo
Eu vivo, só
Até o fim do mundo
No começo de tudo.

Não vou te dizer adeus meu querido, porque a gente vai se ver depois.
Todos nós vamos nos ver depois.
Até lá ;)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Tempo - Móveis Coloniais de Acaju

A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim
Parece que até jantei
Com toda a família e sei
Que seu avô gosta de discutir
Que sua avó gosta de ouvir você dizer que vai fazer

O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim

Espero o dia que vem
Pra ver se te vejo
E faço o tempo esperar como esperei
A eternidade se passar nos dois segundos sem você
Agora eu já nem sei
Se hoje foi anteontem
Me perdi lembrando o teu olhar
O meu futuro é esperar pelo presente de fazer

O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Distante é devagar
Perto passa bem depressa assim

Pra mim, pra mim
Laiá, lalaiá

Se o tempo se abrir talvez
Entenda a razão de ser
De não querer sentar pra discutir
De fazer birra toda vez que peço tempo pra me ouvir
A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim

Eu que nunca discuti o amor
Não vejo como me render
Ah, será que o tempo tem tempo pra amar?
Ou só me quer tão só?
E então se tudo passa em branco eu vou pesar
A cor da minha angústia e no olhar
Saber que o tempo vai ter que esperar

E o tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Obrigado.

Abre a cortina, é dia.
Lá é tão longe
nem parece existir.
As vezes a vida se finge de amiga.
Só pra ser amiga de quem a garante o sorrir.
Gratidão é o odio de quem precisa de algo.
Gentileza também não precisa existir.
Multila o que eu sinto e o que digo sentir.
Esconde tua agonia no que sobrou de mim.
Abre a cortina, é dia.
Não mintas, ao menos hoje, pra ti.
Solidão fria que te busca sempre.
E se desespera por não conseguir.

Se brilha a estrela no teu céu de longe.
E dizem que falam mais do que podemos ouvir.
Se vives a vida, como se fosse um sonho.
E te serve a morte de manto para não existir.

Cala então, este meu pranto.
Nega a palavra que jamais vou ouvir.
Me proibe de ver sorrisos além do horizonte.

E me obriga a partir de ti.

Pois vivo é o homem que sonha, mesmo obrigado a desistir.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Que cheiro de queimado é esse ?

Aaah não é nada, é só o fogo ardendo em cima da minha cabeça...

Normal ;)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

"Ei, Sigur Rós me alcança aquela garrafa de vinho ?"

Como o tempo que passa ao contrário, eu vi o dia. Começou comigo adormecendo enquanto a lua sorria. Com nojo da rima, só mais um cigarro e já não tenho mais saida. Pensei com os botões do Benjamin que a vida podia ser sempre diferente. Que me tatuaria a pele dizendo para esquecer do que é igual, da lagoa azul sem ondas, do fim das conversas e das lagrimas que voam do chão de volta aos nossos olhos.
E quando me sinto tão certo de mim, cheio de certezas absurdamente corretas. Repleto de razões e motivos. Completo, enfim... Penso que o mundo é meu amigo e o abraço apertado. Depois é que percebo que estou abraçando uma sombra, e sombra não se abraça.
"- Você já devia saber disso Lê..." - diz ela desdenhando da minha ignorancia.
"- Você nunca mais vai me abraçar...." - repete olhando pela janela. Trancada no reino Longe de Mim. E eu digo:
"- Tudo bem, tua janela é de vidro e você é muito pobre para comprar cortinas... Fico daqui te olhando, me basta te olhar. Me basta te ver sorrir, mesmo que para outro cara..."
E a sombra mal liga.
Eu continuo meu dia, meus relógios giram ao contrario e nas ruas os carros só andam em marcha ré acelerada. As pessoas se movem de costas, feito carangueijos mamiferos bípedes. E a lua se inflama num sol de paixões impossíveis.
Que atire a primeira pedra quem nunca pecou, penso eu com minhas unhas mutantes dos dedos dos pés. E me voam avalanches de acusações e rompantes de raiva. Banho de saliva e a intrépida agonia de saber que daria certo.... De saber que poderia funcionar. De saber que posso mudar tudo na minha vida, mas a única coisa que eu não conseguiria seria o passado.
Porque mudar o passado é coisa pra gente maluca. É coisa pra gente medrosa, que tem medo do futuro. Que diz que sabe o que quer, que diz que sabe onde quer chegar. Mas não se cansa de andar em círculos. Que não se cansa de pensar com metade do cérebro e nenhuma veia do coração...
Porque entre tantas meias mentiras, eu encontrei algumas verdades. Estavam sujas e empoeiradas, tinham riscos e uns insetos em cima... Limpei com água cristalina, fechei as feridas com curativos de ervas e fiz um afago amigo. Daqueles que se faz na mãe ou na irmã que chega de viagem... Daqueles que se dá em amigo de longa data agradeçendo pela ajuda. Daqueles com a sinceridade que só a verdade carrega na lágrima do olho brilhando...
E não deu certo.
Algumas coisas demoram anos para se tornar verdade, mas quando se tornam, o tempo se esqueceu de como eram boas. Algumas coisas são como vinhos de uma ótima safra, da melhor de todas. Que se estragam pelo desuso. Porque queríamos guarda-las pro Natal de 2012. E se o arrependimento matasse, eu não morreria. Porque não me arrependo, eu guardo um pote com vento no meu quarto. Tem cheiro de lembrança do amarelo antigamente que tanto amo. Guardo uma núvem em cima do guardaroupa. O nome dela é Hufu. Guardo o dia em que fui feliz numa pintura. E desenhei no meu interruptor um homenzinho que conversa comigo enquanto durmo. Ele se recusa a me dizer seu nome, mas gosto dele mesmo assim.

Por definição, a felicidade é:
gama de emoções que vai desde o contentamento ou satisfação até à alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem ainda o significado de bem-estar.

Ser feliz é saber aonde se quer chegar. Não pelo resto da vida, mas ter um plano. Ninguém que não saiba nada de nada, ou de coisa alguma. Ou pense em nada ou planeje nada, é feliz.
Ser feliz é acreditar que vai dar certo.

Eu acredito e sei que vai.

A garrafa de vinho acabou, ótimo merlot :)



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

1,2,3...

Esperando o mundo mudar.
Chega de desentendimentos. Todo mundo fala a língua que todo mundo entende. Seria uma chatice, mas talvez funcionasse por 24h.
Chega de machucados. Ninguém mais morre, ninguém mais vai embora. Todos podemos pular do 15º andar dos prédios e caminhar até a cafeteria mais próxima.
Chega de quadros sem cor. Não queremos mais cimento. Mais tijolos laranja "não gosto de ti". Queremos erguer torres em nome da gentileza. Tudo colorido como um Monet esquecido no tempo... Que ninguém jamais viu antes !
Contamos os dias para nos encontrarmos. E quando a hora chega, tudo acontece em camera lenta. Os vinhos as taças como cordas ao chão... Os sorrisos e abraços, ultramente videoclípticos ! E é do caralho ! 
Aperta minha mão com força e diz que o horizonte é bom ! Que ninguém jamais chega lá. Que o lá é a inquietude do ser humano. Do tentar existir além do bom e ruim. E me desculpa se você não entendeu, mas eu preciso dizer.
Um relógio gigante gira no céu. Eu me lembro quando era 6h da manhã de ontem, e agora já se passou quase dois anos ! Eu me lembro do sol nascendo e de pensar:
"A lua morreu.."
E se existe mágica no mundo, o romance ainda não morreu. Tudo bem que ele foi enterrado, mas aposto que o Tarantino faz um roteiro genial que vira o Tarantino´s Mind 2 no youtube com o Selton Mello mandando o Seu Jorge "se fuder".
Eu aposto contigo ! 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Cat Power o unico amor da minha vida que não me causa arrependimentos !

Ela é divertida:
http://www.youtube.com/watch?v=MVGgGW1ZalY&feature=channel

Ela é lindíssima:
http://www.youtube.com/watch?v=_lJiwKskTlE&feature=related

Ela não se importa:
http://www.youtube.com/watch?v=vktyEV1yrCk&feature=related

Além de ser absolutamente sexy:
http://www.youtube.com/watch?v=dk6qD1Uh4PQ&feature=&p=3375ADEA3FCA4530&index=0&playnext=1





Pipópópórópó !

Sempre ser além de si.
Como quem vive apaixonado,
arrependido por sorrir.

:)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Para mim de Fernando Pessoa...

    Outros terão
    Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
    A inteira, negra e fria solidão
    Está comigo.

    A outros talvez
    Há alguma coisa quente, igual, afim
    No mundo real. Não chega nunca a vez
    Para mim.

    "Que importa?"
    Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
    Nem um casual mendigo à minha porta
    Sentar-se veio.

    "Quem tem de ser?"
    Não sofre menos quem o reconhece.
    Sofre quem finge desprezar sofrer
    Pois não esquece.

    Isto até quando?
    Só tenho por consolação
    Que os olhos se vão acostumando
    À esta escuridão.



Vampire Weekend e meu ipod.

Assista:
http://www.youtube.com/watch?v=1e0u11rgd9Q

Ou não assista, duvido que alguém vá ler mesmo !

São precisas duas pessoas para se suspirar silenciosamente, grita o pessoal do Death Cab for a Cute. Eu meio que me envergonho de gostar de Death Cab... Não sei porque, mas desconfio que seja o fato de eles parecerem ultra eminhos sem sal. Acho que é isso.




segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Café com leite de cabra e uma corridinha pra acordar.

Tudo bem que nada me agrada. Mentira, facinho me agradar. Eu sou daqueles que se contentam com pouco. Um cachorro solto da coleira, correndo no gramado verde de um parque num domingo sem ponto final já me é suficiente.
Não preciso muito mais. Mentira, preciso de muito mais. Mas não fico infeliz por ainda não te-lo. O muito mais é algo que está lá e dificilmente algum de nós não irá alcança-lo. Sem pressa. Sem desespero. Sem se trair. Ou se perder por entre os corredores do "eu acho que sou assim" !
Prefiro o cheiro de café na cama num sábado de manhã do que o imediatismo da Estátua da Liberdade. Prefiro conhecer o cheiro da grama misturado com chuva numa terça feira a noite de vinho, do que "fazer a costa dos estados unidos de carro".
Prefiro o silêncio do beijo simples. Do que a complexidade do aperto de mão obrigado.

Pensando bem, talvez seja mais dificil me agradar do que a outras pessoas.
Eu demando verdade, eu procuro a felicidade. Não tenho intenção alguma de compra-la. Empacota-la. Etiqueta-la e a guardar numa estante dizendo:
" VEJAM TODOS AONDE MEU DESESPERO ME LEVOU ! AGORA SIM SOU FELIZ !"

Pura perda de tempo.
Temperada com muita infelicidade. ;)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tesouras e sintetizadores

Imerso numa banheira cheia da água. Eu vi meu corpo. Olhos abertos, piscando lentamente a cada dez ou quinze segundos. Bochechas cheias de ar. Braços e pernas esticados, flutuando suavemente. Um breve momento de paz, eu sei. Meu corpo olha para mim e sorri gentilmente. Acho que eu devo estar sorrindo de volta, não sei. Me sinto tonto, sem saber pra onde devo olhar. Um pouco agoniado por achar que estou sonhando. Minha visão fica turva em intervalos que vem e desaparecem. Dificil entender.
Me cabe perguntar, o que sou ?
Que parte do mim precisaria perder para deixar de ser eu ? Ou: o que tenho de essencial ?
Se meu corpo não me pertence, e serve de veículo por este plano. A resposta é o invisível da alma ?
Que alma ?

Um amigo me convence que a existencia da alma é o acreditar. E eu chamo isso de ignorancia, pedindo desculpas. Crer em algo que precisa ser acreditado para existir, é se esforçar para ver uma núvem em formato de coelho. Dragão. Carrinho de madeira. Ex-namorada. Você entendeu.

O mundo escorre diante dos meus olhos. A luz vem de cima e vai caindo, até desaparecer no chão. Aí vem as trevas. A escuridão traz sons estranhos. Grunhidos e gravetos quebrados nas minhas costas.. Tudo fica muito Tinm Burton misturado com Guilhermo del Toro numa criatura estranha e formidável. As pessoas viram mosntrinhos, as ruas viram vielas. A lua vira uma entidade. E eu um grande olho com duas pernas longas e finas. Caminhando a passos lentos, piscando. Adorando as cores invisíveis que não vejo.

O mundo gira tão rapido.
Tudo é tão bonito.
O fundo desfoca na lente que carrego na cabeça.

Eu me considero apaixonado. Um grande apaixonado convícto.

Quando tudo vai mal, eu procuro visitar os quebradores de pedras. Que após martelaram o mesmo ponto por trezentas ou quatrocentas vezes, conseguem partir a rocha exatamente como desejam.
Sabendo que de nada serveria a ultima martelada, sem todas as que vieram antes dela...

Assim eu consigo continuar a martelar minhas pedras ;)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lamina da liberdade.

Vou deixar crescer meu bigode.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Eu te escrevo e te conto o que eu vi. E me mostro de lá pra você. Guarde um sonho bom, pra mim...

Tem coisa que não desentorta !

Árvore que cresce torta, dificilmente volta pro lugar.
Algumas opiniões.
Idéias também são frequentemente fechadas, é preciso ser muito esperto pra dizer: "realmente vc pensa de um jeito mais legal que o meu".

Li outro dia que usar pontos de exclamação é o mesmo que rir da própria piada. Acho que as vezes é importante que se ria da própria piada ! Pra ter alguém que ri dela... Pra não ficar aquele silêncio constrangedor. Aquele negócio, tipo:

"- Oi ? vc disse alguma coisa ?"
"- Sim, na verdade eu contei uma piada !"
"- Oi ?"
"- Engraçado né ? hahahahaha (perceba o ponto de exclamação na frase anterior)"
"- heern... Pois é né... !?"

E passa o tempo. Que coisa maravilhosa, sobra espaço no eixo. E voa como se fosse vento. Passa rápido pra todo mundo ! E quando tu vê, todos já somos prostitutas para alguém ! Como a luz para os olhos. A palavra pra frase. A vida para morte e por aí vai !

Se isso fosse uma música aqui entraria o "laiá laiá lá" do refrão (exclamação) !

(Som de bateria pós punchline de talkshow - caixa caixa caixa, bumbo, chimbal - tun tun tun TUN tsssssssss)

Porque eu continuo escrevendo aqui ? Eu mesmo me pergunto em textos sem pé nem cabeça como esse ! Eu realmente não acho que alguém leia, e talvez esse seja o motivo ! Sinceramente.

Por pretensão ou amor próprio, algumas estradas são sem volta. Teimosia é desculpa pra se ter medo de voltar ! Cá pra nós, que falem os teimosos. E rufem os tambores.
Metais dos Móveis Coloniais de Acaju e meu pé direito pula feito pipoca na panela (comercial anos 90 do guaraná antártica).

Lembrar de quem somos, eu já disse antes. É chegada a hora boa de separar os bons livros dos maus. E os bons amigos também...
Fico feliz que alguém pague suas contas, isso não acontece comigo ! Acho que no final, pessoas conseguem exatamente o que querem ! Eu só não consigo me imaginar prostituto de alguém que não amo verdadeiramente.

Eu prefiro me prostituir por aqueles que realmente amo.
Pois essas pessoas sim, me possuem verdadeiramente...





segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Eu vejo ossos afundando.

Sobre tentar e não conseguir
Falar o que nenhum ouvido vai ouvir
E se pensar fosse como sonhar pro existir,
seriamos sonhos do passado que está por vir...
Ver o amor que vai sobreviver
Aprender sobre o voar, ganhar e perder
Jamais desistir ao não conseguir
Pois viver é sofrer ou se entregar
Viver é correr para não ver
Pensar sobre ouvir
Ouvir sobre falar
E adormecer só.

Ninguém adormece junto, mesmo estando junto.
Ninguém morre junto, mesmo estando junto.
Ninguém vê igual ao que o outro vê.

Tudo é palco, luz e nada.
Tudo é lágrima muda que não morre.
Tudo é deserto e solitário.

Pois de mim, o que se vê são só os ossos ao contrário, flutuando na imensa lago do meu mundo imaginário...


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre acordar e dormir.

A vida é o intervalo que lembramos entre longos períodos de sono.

Acordo com meu celular gritando. Se sonhar vou viver mais, dizem os Madeixas no meu iTunes.
Clipes anos 90 me lembram de como a televisão era mística para mim. Vejo Matchbox 20 que é uma bosta mas é legal. Placebo que é ótimo mas o os shows (ao menos para mim) foram uma bosta. E me aparece PANTERA "this love" que sempre foi e sempre será uma bosta.
Eu lembro de pegar fitas VHS com meus amiguinhos de colégio pra assistir clipes em casa. A gente chegava na aula e alguém dizia:
"- Vocês viram o novo clipe do Metallica ? Enter Sandman ?"
"- Já saiu ? Meeeeeu, sério ???"
"- Siiiim ! O primo do amigo do meu vizinho conseguiu gravar (gravar na época era em fita cassete ou VHS). Amanhã eu trago pra quem quiser..."
Eu voltava pra casa e ficava o máximo de tempo possível na frente da televisão da sala, esperando passar... Vendo aquelas vinhetas engraçadas com VJ's que hoje são figurantes em comerciais de bancos e empresas de telefonia. Como o infortúnio é a piada dos Deuses, era só eu ir ao banheiro que o clipe começava... Não preciso dizer que piá que eu era ficava todo agoniado e fazia xixi no banheiro todo menos na privada, com pressa pra voltar e ver o bendito clipe.
No outro dia meu amigo emprestava a fita, que provavelmente alguém viria na minha casa pegar umas 14h30 de walkmachine pra poder copiar e depois entregar pra outro alguém...
Não existia youtube e meus pais tinham UM celular. Sim, os dois tinham UM celular que era do tamanho de uma manga grande e tinha três baterias pra serem trocadas no decorrer do dia. Anotava uns 40 números na agenda e não tinha vibracall.

Outra época.

To ficando velho, será ?
Diz o pai de um amigo meu que velho é quem aceita a velhice, que todo homem e mulher sempre é novo no coração.
Eu não sei muito sobre isso, mas a proximidade com os 30 anos tem mesmo me causado pensamentos alinhados com o futuro (WTF?). Tudo bem que trabalhar no mínimo dez horas por dia ajuda a preencher a cabeça. Mas mesmo assim, quando de banho tomado, deitado, olhando pro teto do meu quarto, eu me confronto.
É tipo uma batalha final ! As vezes eu venço, as vezes eu perco.
A vantagem é que posso tentar no outro dia e a desvantagem é que mesmo que eu não queira eu sou obrigado a tentar no outro dia...

É, até me deu sono.
Mentira nem deu ! ; )


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pássaros terrestres, ornitorrincos e lagartos mamíferos entre outros animais peculiares.

Ele traga o cigarro demoradamente. O segura entre o dedo indicador e o dedo médio, com o filtro preso bem próximo a mão. E esconde praticamente todo o rosto quando fuma. Cerrando gentilmente os olhos. Os pelos do seu rosto roçam contra a pele por dentro da mão, chiando bem baixo. Como o som de uma lixa.
Solta praticamente toda fumaça pelo nariz enquanto olha para fora da janela. E diz:
"- Amanhã é outro dia, o planeta gira e todo mundo fica feliz de novo. Aquela merda de sempre... Ela vai achar um cara para segura-la com força. Um desses que parece macho, mas que não passa de um franguinho maquiado. Tu sabes como é... Mas fica tranquilo, também vais te sair bem... É só ter paciencia..."
Eu não conseguia falar muito. Mas estiquei minha mão até a garrafa de uisque, torci a rolha entre os dedos e deslizei aquela valvulazinha de plastico transparente até meu copo. A ultima dose tinha entrado tão rapido que o gelo estava praticamente estático... Um terço do meu copo e ele me pergunta de novo:
"- Não vais me servir um desses também ?"
"- Vou, digo, queres ?"
Concordou com a cabeça tragando o cigarro novamente. Eu o observei por mais alguns instantes, tipo uns cinco segundos que fazem qualquer interlocutor ficar estranho. Porque você fala algo e espera que alguém te reenvie uma mensagem, normalmente. As vezes a negação, ou a explosão de raiva não são tão estranhas quanto um interlocutor que se porta fora do padrão de comunicação do contrato social humano.
Ele me observa. Levanto pego um copo, torço a tampa, coloco quatro cubos de gelo, derramo a bebida. Tudo muito Guy Ritchie. Acelerado. Cortes secos e planos curtos. Termina a sequencia no dedo dele girando os gelos. Cinco voltinhas só pra começar a derreter e PIMBA ! Goela abaixo.
Bebemos nossos uisques em silêncio. Dentro do meu apartamento no centro da cidade. Eu sentado no sofá, um pouco desconfortável. Ele na soleira da janela. Pernas cruzadas como de uma mulher. Corpo magro, rosto fino. Cabelo abagunçado. Olhos azuis. E uma cara de quem está adorando aquilo...
" - Eu sempre te imaginei diferente..." - digo.
" - Tunica, cabelos lisos, barba longa e sem bebidas ou cigarros... Certo ?"
" - Teoricamente, nem precisaria te dizer isso... Tu criou essa porra toda ! Não é pra ser onipotente e onipresente e tudo mais ?"
"- Sim e não. O que vcs chamam de infortunio, de azar e destino é pra mim algo bem interessante na verdade... Mas eu acho que o que vc quer ouvir é: sim eu também posso me enganar..."
"- Agora fudeu tudo !" - falo olhando para baixo.
"- Fica tranquilo, eu vou te ajudar..." - diz ele enquanto acende outro cigarro calmamente - "o mundo é um lugar bom, o que atrapalha é forma como vcs enxergam as coisas da vida..."
"- Blá blá blá Freudiano ! Tua próxima pergunta é se eu gosto de Glauber Rocha ? Por favor !"
"- Sempre tão certos de tudo... Sempre tão cheios de si. Eu não errei na violencia, errei na prepotencia de vocês !"
"- Eu sinceramente acho que deverias ter parado nas samanbaias !"
Ele traga novamente o cigarro e solta a fumaça me olhando nos olhos. Não sorri ou move as pálpebras. Só fumaça e o rosto sério dele.
"- É, eu não !"


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Doze anos.

cabelos brancos perto da orelha
la luna rosada, vermelha
não mais é noite de lua cheia
passa o tempo, envelheço
sinto que não mais só estou
sinto o cheiro do veneno
passo por cima e vou
sem pedir, vou querer
se sonhar, vou viver em paz
se ao menos uma vez
ao menos uma vez

sofrer a dor
reconquistar
sem pedir
vou querer
se sonhar
vou viver em paz
(Madeixas - Doze anos)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sigur Rós e um pouco de vinho no funeral da vida.

Gostamos de ver o dia nascer.
Nos lembra que somos pequenos.
Nos lembra do fim das coisas.
E durante aquela hora, onde quase tudo é roxo.
Sorrimos sem parar.
Os abraços são mais quentes.
O mundo não parece um lugar tão sórdido durante a noite.
Poucas pessoas vivem o suficiente pra ver além do mar.
Gigantes em seus castelos imponentes.
Acordes cheios em sol maior.
Uma camera presa em uma grua
desliza suavemente sobre um travelling.
E todos que ali estão prendem a respiração por aproximadamente 60".
Não 60 segundos, sim 60".
A orquestra da vida se ilumina e alguém chora em paz.
Não é um choro avacalhado, cheio de soluços e gemidos bizarros.
É um choro limpo, cinematograficamente alinhado.
Daqueles que tu ficas com pena de ver, mesmo achando legal.
A luz no rosto dela é suave, mas deixa uma sombra que grita:
"- Estou aqui"
E o diretor de fotografia toma seu capuccino satisfeito com um sorriso de canto de rosto, fingindo ter certeza de que acertou porque queria.
E não que a sorte o ajudou...
Porque na verdade ela o ajudou.
A sorte ajuda a todos.
Desde o nascimento até a morte.
Quando somos espermatozóides ele diz: "vc entra, vc não"
Quando soltamos nossos corpos ao infinito do nunca mais ela diz: "acorde, vc morreu !"
Perceba que me refiro a ela como ele as vezes.
É porque a morte não tem sexo.
No lugar do genital ela tem pele lisa. Mas ele não gosta que as pessoas saibam disso.
Por tanto agora que vc leu isso, ele deve estar chateado com vc.
Diga:
"- Me desculpa sorte" e sorria, as coisas devem melhorar.
Tudo melhora quando você sorri.
Quase tudo.
Praticamente nada.

Boa sorte.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Meus cabelos brancos.

O passar dos dias leva embora a tinta da vida. Os cabelos ficam brancos, a pele vai ficando seca e enrugada, os olhos vão se fechando gradativamente... Cada vez mais.
Como quem espera algo desconhecido na chuva, meu corpo se mantém de pé contra o tempo. Mas o tempo não molha, ele seca como areia...

De braços abertos vejo meus braços se atrofiarem, minha coluna se arcar para frente como um pedaço de madeira e meus cabelos esbranquiçarem.

Minha voz fica rouca. Minhas mãos menores. Minhas fotos ficam mais velhas. Minha vida mais curta. Meus dias mais distantes.

E é facil perceber, acho que todos conseguem ver: nada disso pertence a ninguém.
Tempo, vida ou cabelos brancos.

Woody Allen disse uma vez que podemos nos preparar o quanto acharmos importante para a vida, mas dependeremos mais da sorte do que achamos. Sempre.

Toda peça tem um fim.
Toda música um acorde final.
Todo dia um por do sol.

Sempre será assim.

É só mais um pensamento que atravessa o rio da vida na minha frente, só pra ir embora logo em seguida. Desaparecendo na curva do ontem.

Como tudo mais é.

Pois é :) !


terça-feira, 5 de outubro de 2010

O super infindável contra Tiririca e o baixo astral.

Se você conhece alguém que votou no Tiririca, tente matar essa pessoa.
O Brasil é um lugar mais burro depois de domingo. O palhaço Tiririca, por profissão, faz o que pouquíssimos políticos fizeram com o nosso país: ele faz rir com o ato político e não dele. Estivemos acostumados até hoje em ignorar roubas e falcatruas conhecidas. Fizemos e fazemos através das décadas a popular vista grossa, fingindo não ver/ouvir/falar a respeito dos absurdos tomados como decisão em nossas casas políticas. Chegamos ao extremo de aceitar que parte da população, parte essa cada vez maior, argumente:
"- Não falo sobre política !"
Como se houvesse alguém acima das decisões tomadas por quem ajuda a comandar essa caravela chamada Brasil.
Aceitamos interpretar um impeachment, brincando de que decidimos algo. Aceitamos tocar nossa constituição com todo amor que um cliente toca uma prostituta. Aceitamos sambar sobre o túmulo dos poucos que tentaram fazer algo pelo povo enquanto passava a banda...
Aceitamos a morte "acidental" dos mais poucos ainda que foram além de tentar. Daqueles que remaram contra a correnteza até o topo do rio, apenas para poder ver um mundo melhor antes de desaparecerem por entre os comerciais sensacionalistas da oposição. Ou de sumirem dentro de enormes geladeiras cheias de escandalos descobertos em suas vidas privadas.
Fomos até a linha do absurdo, da vergonha internacional. Vislumbramos os escandalos como crianças que assistem desfiles de final de ano. Cheias de esperança e alegria de que algo mudaria.

Mas uma década depois de eu completar 18 anos. Esse país continua provando que os parametros para ser uma vergonha são sempre expansíveis.

Eu sei que já tivemos cantores na política, bem como apresentadores de televisão entre outras profissões que superdimencionam o próprio valor...Já tivemos condenados como legisladores. Conheçemos bandidos que bancaram campanhas com o dinheiro de sangue e cocaina. Entre outros tantos absurdos.

Um palhaço como Deputado Federal na maior cidade do Brasil, na SEXTA do planeta, é só a cereja do bolo. A única diferença é que ele se elege brincando não de fazer política, ele se elege brincando DA PRÓPRIA política.
Quando nosso Deputado Federal eleito diz: "pior não fica..." ele admite que nada mudará, ele assume que não desfará amarras antigas ou os nós de bandidismos anteriores. Não, o "pior não ficará" conservará tudo de ruim que já existe, visando é claro o benefício do palhaço Tiririca.
E quem poderá reclamar ? Somos a nação que literalmente elegeu um palhaço como legislador. Somos a nação que aprovou Lula com quase 80%, caso ele pudesse ser candidato novamente.

Somos o país dos miseráveis famintos cheios de injustiça. Mas ainda assim com esperança e sorrisos nos rostos. Somo a terra em que plantando tudo dará. Lugar paradisíaco esse Brasil, cheio de mulheres lindas, caipirinhas e samba. A terra da pedofilia, dos assassinos livres, dos bandidos que governam e dos palhaços deputados federais.

Um povo não pode reclamar do que concorda.
Hoje eu não me sinto brasileiro, porque eu não concordo com o que a maioria concordou. Nem que fosse como protesto eu não concordaria.
Hoje eu tenho vergonha de ter nascido aqui.

E enquanto os analfabetos famintos, que trocam votos por pães ou entradas de circo para que palhaços vençam eleições. Continuarem votando dentro do Brasil que também é meu... É com vergonha que ficarei.




sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Não sei de cór.

Sei que não sei
Saber é sempre tão arrogante
Somos mais do que isso
Mas jamais seremos
O que somos em nossos corações
Pois ser é sentir mesmo sem ver
Ser é existir sem tocar
Sem ser assim, nada serei.

Sei quando sinto medo.
Quando sou dor.
Quando não sei dos amores e das cores.

Tudo que quero é nada saber de cór.

Que amanheça a lua e anoiteça o dia.
Que chovam folhas de árvores e voem os cães.
Que os poemas falem e os amores nunca se acabem.
Que sejam eternas as amizades gentis como música para nossos ouvidos.
E vivam para sempre, aqueles que um dia já foram vivos.

Eu vejo você.


Sonhei com Sauron me dizendo isso.
"- Eu vejo você !" - com aquela voz rouca demoniaca que praticamente todo filme holywoodiano tem ultimamente.

Meu iTunes grita Madeixas - Pilares:
"é pelos cantos e recantos deste mundo. é só você chamar que eu corro num segundo. se for urbano, campo ou praia, não me esqueço. eu me proponho a tudo isso, eu confesso..."

Acho que não tem muito mais que eu possa dizer.
É tem sim...


(Crédito a arte: Nestor Jr. - http://atelieestiloarte.blogspot.com/)


quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A minha nova banda de antigamente favorita.

Acordei com minha tv ligando no timer. Logo depois meu celular faz o som de um piano. O mundo se levantou, e eu também preciso...
Superchunk é o nome deles, estavam tocando Art Class (http://www.youtube.com/watch?v=yzcUOX1vOKA). O google me contou que eles são de 1989, eles vieram do passado. Possivelmente em uma máquina do tempo construída lá pelo Dexter fortão do cartoon network que se perdeu no eixo tempo x espaço.
Dificil saber quem ainda não se perdeu... !?

Num planeta onde o restart é cogitado pra ser a banda "revelação" é claro que eu vou me sentir um alienígena. E tomara que todas essas meninas com 13 anos e 2 meses de idade sintam muita vergonha de ter gritado um dia pra eles. Diz um amigo meu com toda calma do mundo:
"- Elas pensam neles, como se fossem os Beatles".

A normalidade insiste em se formalizar. O mundo das pessoas iguais não para de crescer. E estamos em guerra. É desesperador. As guerras do novo mundo são travadas em praticamente absoluto silêncio. E na maioria das vezes, ninguém tem certeza a que exército pertence.
O que eu sei é que o "restart" não pode me comandar. S2

Era uma vez
Exatamente, era uma vez...
Um dia sem sol
A luz que morreu
O tempo passando daqui
Como o invisível
Somos só
Sem além
Lado a lado
Sem ninguém.






segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Esboço.


Minha cama se transforma num oceano de tecido.
Meu barco flutua triste, meio que perdido.
Pensamentos que antes eram claros e gentis.
Agora se distorcem em pesadelos de agonia sem fim.
No peito, meu coração se rende a lama e ao chorume.
Escorre por minhas narinas e orelhas, a insatisfação.
Meus pés tão felizes que eram antes, caminhando sob o sol.
Agora se prendem a erva daninha, que me corta a carne sem dó.
O caminho muda e parece impossível ficar pior.
Meu ver se perde por entre tudo que percebe.
Abandonando minha razão ao desespero.
Rasgando a gentileza como pano velho.
Me forçando a ver, o que só vejo com esforço:
Nada e tudo são só um esboço.

Arte de: (Thamar de Araújo - Esboços de lápis e carvão)



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dizem as más línguas.

Que feliz é o passarinho que voa todo o céu !

E o Hitchcock nunca recebeu um Oscar.

E a morte só é fim pra quem tem medo.

E é isso aí.


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Micro conto (1) (Sem título)

Havia se perdido, de novo. Sem mapas, GPS ou pessoas na beira da estrada para lhe informar a direção.
"- Se ao menos eu conseguisse não me lembrar do caminho..." - pensou enquanto dirigia.


Embrulhado no meu cobertor.

Existe um portal pra outra dimensão: meu cobertor. Todo sábado de manhã, quando eu fico acordado, deitado, balançando meus pés embaixo do meu cobertor o portão se abre. E eu posso entrar.
São as Terras de Mim, já falei sobre esse reino aqui antes. As Terras de Mim são um aglomerado de reinos mágicos, onde praticamente tudo é possível. Posso me ver criança brincando com meu pai, posso visitar a "antiga armadura" quando quero (também já escrevi sobre ela aqui...). Posso visitar o lago das Eternas Lágrimas quando preciso ou tomar um café com os elfos do Bosque Mais que Verde. Todos são ótimas companhias aqui. Normalmente quando me percebo, já é hora de voltar... Infelizmente o portal se fecha ao sol do meio dia de sábado. De todo sábado. E eu preciso voltar antes disso. Ou eu ficaria preso lá para sempre.

No último sábado, ouvi uma boa história contada por um Mestre Armeiro das Terras de Mim. Ele disse fumando seu cachimbo de barro cheio de erva hobbit:
" - Aquele peso em mim - meu coração."
" - Isso é Fernando Pessoa seu Mestre Armeiro mentiroso !"
E de volta, ele me sorriu.
" - É ?"


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sobre estar só, eu sei. Nos mares por onde andei. Devagar.

Doce o mar, perdeu no meu cantar. Por que Los Hermanos é tão legal ? Não rimou.

Em época de propaganda política eu vi um bom filme. Eu assisto vários filmes em época de propganda política, Fantastic Mister Fox não é novo mas (tsc tsc blinc) é bom pra caramba.
Eu disse caramba !? Maldita geração anos 80. Mentira, bendita geração anos 80.

Bateria marcada e eu vi um caminho diferente. Menos pedras na terra fizeram meu cavalo alado decolar voo. De cima tudo é mais bonito, o céu é mais azul, as núvens mais branca e até o ska tocando no meu ipod ficou ouvível.

Meu texto tem tido muitas censuras ultimamente, muita coisa do que escrevo eu mesmo me proíbo de publicar.
Não que seja mais ou menos importante. Só que que a tua solidão me dói e que é dificil ser feliz ! Mas do que somos feitos todos nós, você supõe o céu.
;)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Eu e tudo que já passou por aqui.

As vezes, não poucas vezes, muitas vezes...
Vou recomeçar:
Quase sempre, eu me sinto como sentado numa pedra na beira do caminho, vendo todo mundo ir. Tá bom que a grande maioria também não faz a mínima idéia de para onde está indo, mas ainda assim vai. E mais, riem de quem não os acompanha.

Algum idiota disse que a estrada é cheia de pedras e blá blá Paulo Coelho blá blá... Dificuldades todo mundo tem, pra mim depende de como você olha pra dificuldade. Parece imbecil e piora se você pensar a respeito, mas ainda assim vale a pena: existe uma perspectiva da dificuldade que torna ela em prazer. Encontra a sua.

Babaquice. Eu ando meio mal educado. Enclausurado na minha jaula. Ando tocando meu violão baixinho pelos cantos da minha casa. Ando dormindo demais. Eu não ando.

Tudo que já passou por aqui, deixou um pedaço comigo. Eu costumo costurar os pedaços ao meu próprio corpo, me torno a soma de um conta que nunca termina.

Tanto faz.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Yoko Ono é uma idiota.

Sigur rós é um cara legal. Na verdade eu não posso dizer isso, não o conheço. Nem conheço a Yoko também. Chamar de Yoko como se ela fosse a menina da confeitaria que me vende café, é nem de Yoko eu posso chama-la. Preciso chama-la de Yoko Ono.
Mas posso corrigir esse título pra uma ofensa quase mais áustera do que chama-la de idiota. Posso dizer que a arte da Yoko Ono é uma idiotice. Uma das grandes.
Digo isso baseado no que vi recentemente dela. A gente já volta nisso.
Mas antes:

A um mês e pouco atrás conversava com um amigo sobre o trabalho do filho do John Lennon, o Sean Lennon. Que apesar de se chamar Sean Lennon, vai pra todo sempre ser o filho do John do Beatles. E sobre o episódio dele no Brasil, conversando com os Mutantes que ainda eram legais por não tentarem reerguer suas carreiras das cinzas de todos baseados fumados nas décadas passadas. Enfim, diz a lenda que Sean Lennon, o filho do John do Beatles perguntou empolgado pra algum integrante dos Mutantes:
"- Acho o som de vcs demais, quais foram as influências do Mutantes ?"
"- Nossas influências ? Seu pai, seu idiota !"

Ok, é culpa da Yoko vai. A maldita fez o que nem as baterias débeis do Ringo conseguiram. Ela acabou com os Beatles. Provavelmente eles acabariam por qualquer outro motivo, e eu sei que o Ringo foi um puta compositor enquanto atuava. Mas foda-se, monte seu próprio blog e diga o que vc quiser. Isso não é o site da Tramavirtual, e eu não me importo com a sua opinião (oque é uma grande mentira, mas só em um nível de relação semiótico).

A arte da Yoko é uma bosta, e pra piorar ela se adora. Sabe quando tu percebe que uma pessoa é tão cheia de si, que ela adora tudo que faz. Eu sei, não a conheço. Mas porra ! Pra segurar um microfone e fazer isso a pessoa precisa se amar muito:

http://www.youtube.com/watch?v=7GMHl7bmlzw

Ok. A Yoko, mãe do Sean Lennon, filho do John Lennon dos Beatles é uma idiota. Seu mundo mudou. O meu também. O dela também. E é só por isso que eu escrevo estas merdas: pra mudar o mundo conhecido.

Até.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fernando Pessoa.

Nesta vida, em que sou meu sono,
Não sou meu dono,
Quem sou é quem me ignoro e vive
Através desta névoa que sou eu
Todas as vidas que eu outrora tive,
Numa só vida.
Mar sou; baixo marulho ao alto rujo,
Mas minha cor vem do meu alto céu,
E só me encontro quando de mim fujo.


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Assista: http://www.youtube.com/watch?v=RCNbbGwAguA

"Quem vê, não acha que ele pode ! Mas ele sempre tenta e vai atrás... Negando seu troféu de maior idiota do mundo !"

Não é nada de novo, mas é bom : )
Bom, pelo menos que acho bom ! Acho do caralho, tipo take de olho de peixe bem enquadrado, bem iluminado, num steady bem equilibrado, com um ator que atua bem, num roteiro bem escrito,
Corta.

Existem algumas coisas que não podem ser dissecadas. Se você as explicar, elas perdem a magia e caem por terra. É como se o sentido estivesse no mistério. Se o mistério for perdido, a magia foge para o Mundo da Magia Fugitiva.

Outro dia uma amiga me disse que meu blog parecia um diário. Quase a mandei tomar no cú. Só se fosse um diário de um leprechaun divorciado que jamais voltou de uma viagem ruim de ácido.

Mas eu n disse nada, só sorri de volta. Não valia a pena corrigir. Sabe quando não vale a pena corrigir ou explicar ? Como se pelo fato de eu ter explicado, a magia seria quebrada.

O murro da cara ainda tem magia.

E tudo que eu posso fazer é sorrir de volta :)

Final alternativo:

Abraços não são contratos nem um caso é o retrato fiel
de como fomos alvo fácil pra quem nego chamar de "amor".
Minha garganta treme e faz o que for
preciso pra não permitir.

Isso é sobre eu e você
e o que não faz parte disso
apenas são notas de rodapé.


Dispenso qualquer conselho, aposto mesmo é no improvável e vou
catalogando cada acerto. Comprovando que o norte comum,
que tanto procuramos pode estar
no erro de se entregar.

Isso é sobre eu e você
e o que não faz parte disso
apenas são notas de rodapé.

(Notas de rodapé - Tópaz)


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Só um pouco mais de Sigur Rós.

O café amargo, é mais amargo do que realmente é.
Café preto, desses sem cigarros. Sem nada para adoçá-lo.
Sem xícaras lado a lado. Esse café é solitário.
Sobre a mesa da cozinha, não há torradas, frutas ou esperança.
O café solitário é servido puro, forte e desacompanhado.
A manhã vem como um chamado.
O sol, chama que queima despreocupado.
Meu nariz quase sempre frio, do inverno passado.
Sem chocolates ou sorrisos.
Só o café solitário...
Passa pela janela do apartamento um cavalo alado.
Asas brancas em slow motion bem renderizado.
Seus olhos negros brilham contra o vidro, da janela ao meu lado.
Lá fora o mundo parece um lugar distante.
Avesso ao que é dado, eu rejeito futuro e passado.
Pois do que serve a previsão da árvore,
quando sempre lhe dão o machado ?

Viver é algo que faço calado.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Canetas não escrevem o que eu quero dizer.

Dá pra tentar falar, mas a voz vai se recusar a sair. Como se todas as letras de cada palavra reverberacem através da garganta e se chocassem por maestria do destino. Por pouco não sairiam. Ficariamos com aquela cara de tansos que fazemos quando caimos no chão. Quando achamos que algo é de um jeito, mas é de outro. Como quando tropessamos numa pedra ou escorregamos numa poça de lágrimas. Não é um tombo memorável, é só um deslize. As vezes, ninguém percebe. As vezes teu sobrinho te filma e manda a mini-dv pro Faustão passar em rede estúpida nacional.
De um jeito ou de outro, é essa a expressão do rosto. Como de quem achava que ia, mas acabou não dando pé...
Você engasga e alguém do seu lado pergunta se está tudo bem. Você diz que sim só com a cabeça... Que é pra não parecer estranho demais.
Dá pra tentar escrever, mas seus dedos vão formar um nó de marinheiro em cada mão. No melhor estilo Guilhermo Del Toro. Como se os ossos de cada um deles se dissolvesse no mundo da alegria e só sobrasse a pele, as unhas e os músculos. E eles se trancariam como um truque mágico barato. Você se levantaria empurrando essa cadeira na tua bunda com rapidez, num só golpe a cadeira cairia no chão. E você gritaria balançando suas mãos enquanto corre para lugar nenhum. Quem poderia te ajudar ?
Dá pra tentar pensar o suficiente para que alguém ouça seus pensamentos. Mas ela faria os teus pensamentos se curvarem a vontade deles. Como com vontade própria teus pensamentos se tornariam pesadelos. Demônios descontrolados tem enchendo de medo e ânsia. E tudo parecia turvo e borrado ! E você acordaria num hotel de beira de estrada, sem se lembrar de onde esteve na noite passada...
Definitivamente, o único jeito de dizer isso é apoaveqovjnqscmfdigfawlrqfnkvwva... desisto !

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Epitáfio.

Aqui jaz a solidão do solitário. A tristeza do improvável. A agonia do sem destino. E o medo do que teme.

Em vida, nada fez, além de mais um ser que foi. Existiu como todos os tantos que existem para somente morrer depois. Igual ao antigo, igual ao igual. Comum como tudo que há de similar e formatado.

Mas ainda assim, foi o único a viver seus dias. O único a viver seus amores. O único a viver suas mentiras.

E o único a sentir suas dores.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Meu coração e o vento.

Um sopra

o outro

uiva.

http://www.youtube.com/watch?v=RCNbbGwAguA

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Amargo.

Ao olvidar os dias, cicatrizo a cortina e me acalento.
Ditos próximos e intímos se evaporam agilmente em um momento.
Resta o amargo da lembrança e a triste esperança...
De que dor e pesar que comigo carrego.
Fujam para a névoa do jamais recorrer.
O mais intangivel dos pesos que tenho, é o medo.
Não por incomensurável tamanho.
Mas por as vezes ser um menino desatento,
e noutras um copioso ser truculento.
E lutam por minha atenção os sabores que me permeiam.
Numa valsa mórbida além do tempo.
Como se o viver fosse sempre embora.
Passam os dias,
estações, lágrimas
e as horas.
Só não passa o passar.
O escorrer das areias.
O morrer do viver.
E o nunca mais voltar !

Pois existir é eternamente morrer por se apaixonar.


terça-feira, 10 de agosto de 2010

Segura na mão de Deus e vai.

Diz a lenda, que existe um grande Rio entre o mundo dos vivos e o mundo dos não vivos. Dizem também que o Rio foi feito com o dedo indicador de Deus, abrindo uma vala e a preenchendo com as lágrimas da humanidade. Mas Deus sabia que nem todas lágrimas eram verdadeiras, que por trás de algumas existiam pensamentos avesos a tristeza. Pois que as misturou sem titubear, dizendo a si mesmo:
"- Cada qual verá somente lágrimas semelhantes as que derramou..."
Quando visto da margem dos vivos o Rio é revolto e cheio de pedras ponteagudas. Nem nas margens ele se acalma, arrasta pequenos animais que ficam para trás. E nem a grama alí cresce... deixando a terra vermelha aberta. Como uma ferida molhada. O som da água lembra, as vezes, trovões de verão. Pois o Rio enche piscinas represadas por grandes pedras e quando estas transbordam, a violência da água é implacável.
Quando visto da margem dos não vivos, o Rio é calmo e limpo. A água é transparente e corre suavemente rumo as curvas do desconhecido. Gordos peixes dourados pulam comendo mosquitos e insetos que o sobrevoam. A luz do sol atravessa sua superfície o deixando brilhante como uma lampada. Do lado dos não vivos, flores de todas as cores crescem nas margens. E os mais belos pássaros cantam as mais lindas canções.
Dizem que na hora de nossa morte, nossa alma é levada até a margem do Rio. E vemos então as lagrimas que derramamos, pois a mais ninguém elas importam. Não importa se você chorou sozinho sofrendo ou se fingiu que sentia dor. Não importa se chorou preocupado com alguém ou se traiu a confiança de seu melhor amigo. Alí, de pé. Na beira do Rio, tu verás todas tuas lágrimas. De fato, ele será composto por elas. Pois como disse o poeta: viver é derramar um rio de lágrimas. E pobre de quem pensa que as lágrimas só saem dos olhos. Pobre de quem vê o mundo como o que o mundo se mostra. Pobre e coitado (no sentido etimológico da palavra, se referindo a extensão carnal de coitar).
Não amigos e amigas, alí não existe maquiagem ou desculpa. De pé na margem do Rio, com as solas dos pés tocando a terra vermelha e molhada. Nus como viemos a este mundo, é como devemos deixa-los. E não bastará fechar os olhos, pois como eu disse, pobre de quem acha que são eles que vertem as lágrimas. Não. Mesmo os cegos verão e os surdos ouvirão. E como num beco fechado, sem saídas. Confrontaremos nosso viver.
Todos erramos, nossa natureza é falha. Existem os que não admitem errar, e particularmente são os que mais me enojam.
Continuam as lendas, falando sobre um balseiro. Ele foi posto alí por um motivo. Antes do princípio das eras conhecidas, o Criador pensou:
"- Se tudo que vive morre, preciso permitir que os que quiserem voltem a mim. Para o recomeço do fim."
E deu ao balseiro sua balsa de boa madeira trançada com cordas brancas de linho, uma túnica grossa e um longo remo de sândalo. E lhe disse:
"- A ti, eu dou a tarefa de cobrar o que cada alma fez em vida. E munido disso, trarás a mim aqueles que puderem vir..."
O balseiro nada decide. Ele vem lentamente em nossa direção, arrastando o longo remo no lodo do rio revolto, subindo e descendo as águas atormentadas dos nossos dias. Mas parecendo fazer isso sem se esforçar. Ele para na margem e pergunta:
"- O que fizeste enquanto estava deste lado ?"
E nossas bocas falarão mesmo sem nossa vontade. Mesmo que tenhamos morrido mudos ou com nossas línguas arrancadas por lâminas enferrujadas e nossos dentes por sussetivos socos e pontapés. Ainda assim, ouviremos nossa própria voz dizer:
"- Eu fui bom..."
"- Eu fui ruim..."
"- Matei cinco inocentes e roubei treze carros..."
"- Abandonei minha família..."
"- Eu roubei tudo que pude de todos que consegui..."
"- Eu tentei meu melhor..."
"- Menti, traí e fugi..."
"- Não ajudei ninguém que não pudesse me ajudar..."
"- Roubei do povo o que eles não tinham..."
O balseiro já ouviu de tudo. Nada mais o impressiona. Ninguém vê seu rosto, nunca. Mas na verdade ele sorri por baixo do manto. Sorri, enquanto escuta nossos atos. Acha graça dos que roubam e matam. Acha graça dos bons e acha graça dos ruins. Pois nada lhe importa de verdade. A vida é um instante efêmero. Um momento que pode ser transformado em uma boa coisa ou em uma piada ruim. É como pensa ele.
Quando terminamos, ele pede que demos a ele o que mais fizemos com nossas vidas. Os que mais roubaram, sem se arrepender, tentam tomar-lhe o remo a força. Os que mais mentiram, tentam prometer-lhe algo. Os que mais mataram, tentam afoga-lo nas próprias lágrimas. Mas somente os que não foram de todo maus e ardilosos. Somente os que não tiveram raiva do viver, inveja ou maldade podre no coração lhe estendem a mão. E sobem na balsa.
Esses o balseiro carrega a outra margem, onde são recebidos por seus pais e avós. E pelos avós de seus pais, ao lado dos avós dos avós deles. Todos alí estão. Sorrindo em paz e satisfação em receberem mais um dos seus. E juntos, na eternidade dos grandes salões, a morte continua em seu mistério eterno. Deixando para além do véu da vida os segredos do terra e do firmamento.
Aos que tentam ludibriar o balseiro, pagar-lhe o dinheiro roubado durante a vida. Matar-lhe cruelmente ou enganar-lhe em mentiras eternas e pegajosas, a esses... O balseiro nega a passagem. E não há eternidade para eles. Haverá, numa próxima vida, vivida em pagamento a anterior. Outra chance. Mas antes, eles deverão viver algum tempo somente ao lado de seus iguais. Sendo enganados e mortos e roubados. Dia após dia. Até realmente se arrependerem do que fizerem e fizeram.

Mas isso, provavelmente, não passa de uma lenda idiota...

Hoje é um bom dia pra ouvir isso (COPIE E COLE):

http://www.youtube.com/watch?v=nOuKdeZ2x-M


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=ttum1g_-5PM

Lobos, lobos, corram os lobos chegaram !

Gente pra todo lado, sombras correm nas florestas. Som de portas se trancando, janelas batendo e gritos de nomes:
"- Manwë !!! Maaaanwë !"
"- Ramha ! RAAAAAAMHAAA !"

E os guerreiros tiram suas espadas e machados das bainhas e erguem suas tochas. O longo som da trombeta vindo da torre acusa que algo foi avistado. São dois silvos.
Mais gritos e mais gente correndo. As ruas de barro e grama pisada estão praticamente vazias. Os cavalos foram presos nos estábulos, mas um deles passa com a sela solta. Trotando sozinho na escuridão com os olhos arregalados, sentindo a presença deles. Turin o ilumina com a tocha e aperta sua mão direita ao cabo da espada. O animal relincha mas não para... O guerreiro sabe que seu dono não teve tempo de prende-lo, provavelmente percebeu alguma movimentação suspeita próxima a sua casa e preferiu não arriscar. O cavalo está agora sozinho e provavelmente não verá o próximo sol nascer.
Turin nasceu nessa vila e não é a primeira vez que os lobos vem. Eles sempre atacam no começo do inverno. A luz de uma tocha surge na escuridão. As pernas de Turin param de caminhar em uma poça de lama... Ele firma o apoio e cerra os olhos por baixo do elmo. Espada em punho e a mão da tocha tem um broquel comprado no Porto do Rio. O povo da floresta negocia madeira com os elfos, os broqueis de lá aguentam algumas mordidas de lobos antes de racharem ou mesmo lascarem sua superfície. Mas lobos não carregam tochas, assim, ele aguarda.
Som de passos apressados. Turin não o reconhece e nem ele ao guerreiro. Mas os dois param. O homem faz um sinal circular com a tocha... Turin responde e traz a chama até o próprio rosto.
"- Turin, sou eu, Mëklar !" - fala alto, provavelmente revelando a posição deles.
Turin o manda ficar em silêncio e ele obedece enquanto se aproximam lentamente.
Entre eles a uma bifurcação a esquerda, a loja da esquina é de Ghontar a curandeira. Ghontar raramente fica em casa, seu filho vende as ervas que mãe traz da floresta. Turin e Mëklar ouvem o som de algo respirando. Como se estivesse correndo... Não e humano, isto sem dúvidas. Parado de pé, sem tocha ou lamparina. Com uma espada em punho, apesar da guarda estar baixa. Ele respira.
Os soldados ficam estáticos.
"- Em três luas, todos que ficarem para trás serão mortos. Levem todos embora... É tudo que posso fazer por esse lugar..."
Nem Turin, nem Mëklar o reconhecem. Nunca o viram antes... Seja quem for, ele vira de costas e caminha para longe deles. Mëklar grita:
"- Quem és tu ???" - de forma agressiva.
Ele para. Respira ofegante ainda, como se estivesse correndo... Um lobo uiva não muito distante... Hoje a noite vai chover, os trovões não perdoam o céu.
Turin olha para Mëklar assustado, e os dois olham ao seu redor percebendo que estão cercados por vultos. Os telhados das casas estão cheios de homens armados, sem escudos ou gibões. Só com lanças e tinta azul na pele. Eles tem ossos presos a pele, com amuletos e adereços. Parecem selvagens, e são bem diferentes deste que lhes falou no chão. Não fazem questão de se esconder ou se proteger, são mais de vinte. Talvez mais de trinta, agachados, próximos uns dos outros como cães. Como uma matilha. Os encarando, prontos para atacar.
Aquele na rua de costas se vira e responde:
"- Em três luas, os que aqui ficarem, vão descobrir..." - enquanto os lobos uivam...
Turin e Mëklar ouvem os pulos deles. Nenhum se aproxima dos soldados, eles correm por cima dos telhados. Alguns correm pelo chão mais a frente.
Todos desaparecem na escuridão. A sensação de que eles poderiam ter sido mortos a qualquer momento é extramente desconfortável e frustrante. Mas nenhum dos dois duvida do aviso... Como também não duvidam e Ghoas, o regente, não vai deixar a vila.
"- Em três luas, sangue será derramado..." - diz Mëklar ao amigo.
Turin sorri assustado.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

( ; ; )

Não se faz poesia sóbrio.
Pensando em cálculos ou angulos.
Poesia é como espirro desavisado.
É susto de pulo e grito.
Chega sem por favor ou com licença.
Entra de assalto e te rouba
a vida presa entre os dentes.
Vento que leva a areia da mão.
Dito que perturba a direção.
Noite que escurece sem permissão.

Não se escreve poesia de alma limpa.
De alma lapidada.
Poesia é resultado de rachaduras,
sorrisos e lágrimas.
Como água antes represada.
Ou luz acesa de repente.
Que agrada uns e acorda outros.

Não se faz poesia de mãos dadas.
Poesia é paixão viva, dolorida.
Não carinho de tia.
Ou "olá" de vizinha.
Poesia é tapa forte na cara.
É a vergonha do tapa.

Poesia é o amor e o ódio do nada.
Sem indiferença ao cadáver no chão.

Poesia é o vento, o barco e a direção.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Todas as vozes fora da minha cabeça.

Título rebuscado. Violão folk, frio e chuva. Dia corrido no reino das cadeiras com rodinhas e muita gente querendo ouvir um: "alô !"
Não reclamo, na verdade eu gosto ! Aplausos, sites e botões pressionados !

Será que se algum grande poeta clássico escreveria sobre os botões que temos para apertar todo dia, se fosse vivo ? Sim, porque a gente aperta botão pra caralho, já percebeu ? Do elevador, ao código do prédio, no carro, no celular e no caixa eletronico, no computador trabalhando então ? Pufff... Na academia, do código da catraca até a esteira e se você resolver conversar pela internet então... Pronto ! Você já apertou botões demais...
Conversar pela internet ? Não né ? Linguagem escrita é bem diferente da falada ! Claro, tem gente que só toma coragem de dizer as coisas pela internet ! E da-lhe email, msn e os malditos sites de "relacionamento". Que relacionamento ? Ok a idéia era boa, mas se perdeu... Como tantas, por exemplo essa minha. Desisto. Minha idéia também se perdeu.

Sinto falta de ar. Ta frio pra caramba e enquanto os pássaros devoram a ração do meu cachorro eu penso que vou sentir falta do frio. Já, já.

Eu havia pensado em escrever sobre as vozes que orbitam ao redor das minhas grandes e supersônicas orelhas. É eu tenho orelhas supersônicas, manja de Thundercats ?
"Espada justiceira me dê visão além do alcance !!?!"
Eu tenho audição além do alcance, é uma desculpa pra mãe natureza ter me feito orelhudo. Not true : (

Vozes fora da minha cabeça. Pablo Neruda uma vez disse que toda beleza da humanidade existe em deixar de existir. Claro, nada do que é eterno é mensurável ! E a gente adora viver sentimentos para sempre !
"Seremos amigos eternamente"
"Nos amaremos até no pós vida"
"Nada vai nos separar"
"Nunca vamos parar de fazer isso"
"Sempre, nunca, eternamente"

Como se alguém controlasse alguma coisa ? Claro, a gente controla um monte de coisas. Diz um treinador de futebol em entrevista coletiva:
"O futebol é parecido com a vida: se você deixar a vida vai sozinha e algumas decisões demoram pra mostrar se foram certas ou erradas. Mas se você batalhar pelo que quer, consegue o resultado na hora."
Eu digo que Platão se virou no túmulo em agonia. Talvez agora ela esteja posicionado corretamente, de tanto que já se virou pra cima e pra baixo...

De eterno eu sei bem. Eu sei que não sei porra nenhuma.

Eternidade é um conceito filosófico que se refere no sentido comum ao tempo infinito; ou ainda algo que não pode ser medido pelo tempo, porquanto transcende o tempo. Se entendermos o tempo como duração com alterações, sucessão de momentos, a Eternidade é uma duração sem alterações ou sucessões.

Segundo Boécio, Eternidade é "a posse total, simultânea e perfeita de uma vida interminável".

E assim será.




quarta-feira, 21 de julho de 2010

Não há nada mais para fazer.

Eu me sinto um pouco frustado por perder idéias. Parece que todas as boas, vem e vão... É, eu admito que isso seja uma visão "sweet sixteen" da vida. Mas ninguém pode me culpar por desejar ter posse das minhas próprias idéias. Como se elas fossem uma parte de mim e eu uma parte de todo o resto.

Tempo e espaço se dobram na minha frente. Como a letra do "The accidental" eu vejo o bonito sol da manhã pensando que não há mais nada para fazer. Não agora. Digo, eu ainda preciso trabalhar como um cachorro. Ainda preciso correr como um desesperado. Ainda tenho meus incêndios para apagar. Meus demônios para exorcisar. E todos os meus outros trecos para resolver.
Mas ainda assim, não há mais nada para fazer.

E uma garrafa de vinho depois eu ouço de um amigo que estamos ficando velhos.

" Concordo contigo, mas preciso saber porque..."
" Tu não pensa, nem que seja as vezes, no que vai ficar pra trás no dia que morreres ?"
" Todo dia... Mas eu sou imortal bicho (adoro falar bicho) !"
" Ok..."
" É eu penso."
" : ) "

Pinot Noir, The Accidental ( http://www.youtube.com/watch?v=RZ7ei8c-FvE ), dois cigarros e um monte de sorrisos de amigos. Eu poderia ficar uma semana sem comer pra alimentar minha alma desse jeito, sempre. O alimento da alma é um bom tema. A alma é um bom tema. Tudo é um bom tema.
Nada é.

Eu me lembro de quando domingo era dia de sorvete. A vida era simples e eu não precisava ir mais longe do que a minha bicicleta pudesse me levar. Se isso fosse um filme, eu precisaria cortar essa cena pra um homem de 30 anos, barbado, com o rosto cansado e um sorriso.
Hoje em dia eu evito sorvete e não tenho mais tempo, nem vontade de andar de bicicleta.

É. Acho que isso também é parte de tudo.

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
(Mario Quintana - Espelho Mágico)


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Hey, what are you looking at ? She was a happy girl the day that she left me...

Sem escorneamento ! Eu acredito em segundas chances. Nã (sem "o"). Definitivamente, nãã !?

Assisti o vencedor do oscar (minúsculo conforme prometido) "Guerra ao Terror". Um ótimo roteiro realmente. Como um educado tapa no rosto de James Cameron, Kathryn Bigelow
manda ver num filme que vai muito além de explosões em camera lenta, tiros ao melhor estilo "bang bang" e interpretações dignas de Taxi (1978). Pra mim, e pra minha interpretação da realidade perturbada, Guerra ao Terror é sobre pessoas que se esqueceram como amar a vida. É a única explicação que eu encontro, na sequencia em que o protagonista se despede de um companheiro de companhia que foi baleado no femur. O soldado que tomou o tiro o manda se fuder com todas as células da boca, o acusando por ter arrastado a todos pra epicentro do problema da guerra. E diz que com sorte voltará a caminhar em 6 meses.
Nosso anti herói aterrorizado pelos próprios demonios o responde sorrindo:
" - Six months isn't so bad, isn't ?"
Pra quem se esqueceu como amar alguma coisa pode ser bom, eu indico normalmente "Branca de Neve e o sete anões". Mas pra quem não quer se lembrar, uma boa indicação seria "Guerra ao Terror".

A grande dificuldade do mundo moderno é o excesso ! Fazemos tudo demais. O descontrole é a regra ! Lógico, existimos nos limiares da aceitação e da consciência. Mas não é no mínimo paradoxal termos lutado tanto tempo nesse planeta por nossa própria existência e quando a garantimos, nos tornamos nossa maior ameaça ???
Nojento, eu sei.
Triste como uma lanterna pra um cego.
Os Pilotos do Templo de Pedra não ajudam, mas resolvem: http://www.youtube.com/watch?v=sT1DdO3SISg&feature=related




quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sinto muito.

Meu coração bate.
Tambor que a alma guia.
Minutos e horas.
Noites e dias.
Ouço meu nome,
viro devagar.
Fantasmas dançam chorando,
também me fazem chorar.
Como um livro sem fim,
vivemos acordados.
E continuamos lendo e lendo.
E lendo, desesperados.
Há quem grite, quem reclame.
Quem traia e quem ame.
Há quem faça ou fale.
E quem nada !
Somos um sem saber quem somos.
E nos descobrimos ao esquecer quem fomos.
Sinto muito por não sentir.
Eu sinto muito, mas muito além de ti.
Sinto a morte e a vida do sorrir.

Sinto muito por não te sentires assim...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Tin tin, um brinde...

A todo mundo que se revela de última hora. Aos gananciosos que se roem de raiva e agonia por não terem ou não serem. Porque possuir é tudo que importa.
A quem abre a boca e cospe abelhas sem ferrões... porque todos ficaram presos em suas línguas e na carne entre seus podres dentes.
A metáfora cotidiana daqueles que se fecham em razão.
E principalmente a sublinguagem corporal, aquela que fala mais que a boca. Aquela que se esconde lá no fundo da cavidade oral. Dentro da garganta, escolhendo que palavras saem e que palavras não saem.
"- Você passa, você não... Você passa, você ? Tá louco ? Quer me fuder ??? Se eu deixo essa merda sair to fudido porra !?!"

http://www.youtube.com/watch?v=GU_f2vqEgGM&fmt=18




quinta-feira, 24 de junho de 2010

Se eu fosse jovem.

Eu me mudaria para onde eu vivo, pegaria um avião e iria morar lá em casa.
Eu não desistiria profissionalmente da música, deixaria o cabelo crescer para cima (que é pra onde ele vai), tatuaria algum dos desenhos que vivo pensando em tatuar no peito, nos braços, nas bochechas, no pescoço ou nas panturrilhas.
Viveria como um eremita por 1 ano. Duvido que eu fosse conseguir ficar 1 hora, mas tentaria...
Adotaria todo cachorro, gato ou jabuti que se atravessa na minha frente. Levaria pra casa e daria o mesmo nome para todos: Bubble.
Assistira mais filmes e menos documentários. Ouviria mais música clássica. Beberia mais vinho. Comeria mais gordura. Correria menos. Me preocuparia menos com a vida idosa.
Definitivamente, fumaria mais.
Eu leria menos, mas se pudesse me aconselhar, me diria para ler mais. Diria: "bicho, vai ler alguma coisa !" e provavelmente me responderia: "vai se fuder !" e aí diria: "vai se fuder nada ! deixa de ser tanso e vai ler... porque daqui a 8 anos tu vai pensar... caramba ainda não ali aquela merda ?"
Falaria menos palavrões.
Conversaria mais com estranhos. Gente estranha é surpreendemente divertida.
Se eu fosse jovem eu iria, faria, teria e seria. E não me venha com esse papinho de que a juventude está na experiência e não na idade... Porque provavelmente eu vou concordar com você.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

(2)

Até pode ser que sim.
Mas, se for, que seja.
Que não minta em eco.
Ou se esconda em sombra.
Não cale falando.
Ou fuja com medo.
Porque de pensamento torto,
feio e manco !
Já basta meu desejo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Língua e nariz eletrônico (Caetano Veloso - Tropicália)

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país
Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga, estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta estende a mão
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores ele pões os olhos grandes sobre mim
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém, o monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eu tenho rosto e gosto meu.

Enquanto o dia ferve em movimentos eu sinto minhas costas doerem. E penso no murro !
Meu carro para em um sinaleiro e eu finjo ser um dos cegos do Saramago. Vejo um mundo em branco leitoso, com leves sombras de cinza. Ouço o carro de trás buzinar para que eu me mova e consigo rir de mim mesmo. De como me sinto ridiculo fazendo algumas coisas. E de pensar que essa é só uma delas...
Abro os olhos pra um mundo de cegos. E eu sou só mais um deles. Só mais um. É de cair o rosto no chão, como a máscara de David Ames em Vanilla Sky. Vanilla é com dois "L" ? O plural de "L" é "L" ou "Ls" ? Ou "L's" ? Existe essa apóstrofe na nova gramatica ? Existe uma nova gramatica ? Existe uma antiga ?
Sem relatividades.
Volto a David Ames e seu mundo utópico de sonhos. E minhas costas doem novamente. No meu mundo utópico minhas costas jamais doeriam. Sabe uma coisa chata sobre mundos utópicos ? É que ninguém pensa na utopia alheia. Lógico, desconsiderando o generalismo máximo de : "Sem fome, sem tristezas, sem guerras...". Puta que o pariu, dá pra entender que todo mundo desse planeta já teria morrido se não fossem as guerras ? Claro, isso não faz delas algo mais facil ou mais aceitável. Mas por favor, para de dizer isso como se fosse algo bom ! Como se o planeta fosse agradecer a existencia de todos os seres humanos não mortos pela violencia.
Duvido que iria. Na verdade o planeta deve viver pensando em acabar conosco. E as vezes eu até concordo com ele/a, it.
Sem muito mais agora, eu me volto pro que ainda existe de brando em mim. Ou seja, quase tudo. Faz frio, o que é bom. Está anoitecendo o que é melhor ainda. E aparentemente não há nenhuma meteoro vindo em direção ao meu computador, o que é aliviante.
Chico Science me lembrou:

Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar
Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um carangueijo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru

Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Peguei um baláio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
“Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir”
E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um carangueijo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru

Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Peguei um baláio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
“Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir”
E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana