sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Espere por mim. HEY ! De monstros e homens ?

Eu perdi um tempo danado dançando sozinho. Mas valeu a pena e não foi porque a alma não é pequena. Foi porque valeu mesmo. Matei o porco e joguei fora as partse mais nojentas: o torresmo e criatividade.
Continuo caminhando só porque meus pés não tem muita noção de espaço. 
Eles gritam enquanto o caminho segue por baixo dos meus pés.
Eu digo que nunca é um lugar cheio de gente burra que usa cabresto ao invés de olhar pros lados.
E essa gente toda ainda acha que dinheiro é mais importante que o por do sol. E talvez seja mesmo. Mas foda-se, entende ? :) Não ? Então foda-se também !
" Credo como tu fala palavrão !"
É verdade ! Fim da história.
Caminho sozinho, meus pés dançam sobre o chão de terra. A cabeça eu sacudo. E os braços, como eu não sei o que fazer com eles, me movo muito melhor que o Elvis Xubinha (que é como eu vou chamar o Elvis gordo agora.). Enfim, muito melhor que ele. Muito ? Uito ! ito ? To ! 

Cantei sozinho pra variar. Não gosto de etiquetas, nem de agendas, nem de hiperligações permanentes ! E estou lendo sobre o HTML5. Porque? Diversas razões, nenhuma que eu vá citar aqui.

Caminhei desse jeito, porque tinha pernas de grilo. E o inverno chegou. HEY ! Gritaram os monstrinhos no iPod. Eu dancei e eles acenaram pra mim cantando: "úúúúúúúúúúúúúúú", fazia a música.

Final do mundo ? Grande bobagem.
Eu prefiro um taça daquele dourado da árvore.

Silêncio profundo ? E a humanidade se preocupa demais com a vida alheia.

Verdade ? Verdade.

Você me olha torto, e eu acho graça.

A boca pequena, da língua bifurcada, com as palavras baixinhas, pronunciadas no escuro. Não são nada.

Não se engane: o dinheiro não vai te comprar felicidade. Tu ainda estás perdido. Tão perdido que tu nem percebestes que a vida se vai enquanto tu fica ai sentado ;)

E que venha 2019. Oi ?

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Existe um rosto, por trás do rosto, de todo aquele que olha para ti.

No mundo do eterno silêncio é onde elas vivem. Seus olhos são grandes e redondos, e lacrimejam constantemente um choro ritmado. Mesmo nos seus raros momentos felizes.
Elas se escondem por trás do véu da realidade. E fingem observar algo, enquanto olham para outro lugar. 

E elas raramente fazem algum som.

Quem nunca te viu sorrir, não pode te entender chorando. Eu me falei. Pode ser que precise ser assim para que tenha sentido. Para que a gente possa conseguir.

Eu não. A azia me irritava enquanto eu escrevia. Meus dedos tortos. Meus pensamentos mortos. Meus olhos cansados. Tudo isso junto, no mesmo lugar, é como um ralo entupido. Cheio de fezes em putrefação. Cheios de noites sem luz. Vazios de amor. Imersos em solidão.

Não há lugar como aqui, me canta a canção. Não há. Não há lugar como aqui. Eles adoram a repetição. Adoram reouvir. Adoram e não há lugar como aqui.

Eu sei que não. Por isso talvez seja a hora de ficar ou partir.

Talvez seja a hora de dizer. De viver.

De (não ?) sorrir.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Belos dias e longas noites (2) (eu não lembrava do 01, mas não vou mudar o título do texto)

Quando o sol se por, e o mundo estiver dormindo. Nós já estaremos muito longe.
E vamos cumprir nossos sonhos. Seremos finalmente livres. E a tristeza vai estar do outro lado do globo. Com suas picuinhas e línguas bifurcadas. Com seus dias e noites de longa data. Atrasados. Consternados. Possuídos e obcecados por toda tolice que permeia esse mundo. Por tudo que é vazio, falso e de pouca verdade. Toda essa loucura presa na garganta de um grito que nunca foi dado. Toda essa raiva, que palavras não conseguem mais externar.

Disso tudo, eu quero toda distância e mais nada.

Mesmo sabendo que não há quilometro que me permita ir para longe de tal sentimento. Pois  nada do que eu diga ou faça o controla.

Tudo que posso fazer é carregar comigo, um coração aberto e minha alma em paz.

E esperar que o novo sol me traga mais pessoas de verdade. Porque são só essas que eu consigo realmente amar :)

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Há dias que não começam. Há dias que não terminam.

Afronta da vida
é a morte

Saída para a entrada
dos dias

Como céu cinza
de desalento em chama

Em dias longos
que zarpam na noite

Erguendo-se solitários
à vida que finda

Olvidando a inevitável vereda.
De tudo que começa
e termina.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Faz mi dó, violão em ré. Que lá o sol si fá !

Eu acredito mais em sangrar do que em ganhar. Ganhar pode vir de todo jeito, pode ter o norte da sorte. Pode ser o acaso da parcelana quebrada do vaso. Pode ser destino de garoto menino. Pode vir e ir, sem dizer oi ou tchau. Ganhar é pra qualquer um. Para aqueles que usam sapatenis, e fazem compras aos domingos. Ganhar é para quem tem os intestinos cheios com carne vermelha putrefata, cheia de vermes e bernes brancos a se rastejar. Ganhar é pagode. É axé. É blog de maquiagem durante a semana para ocupar o dia. Ganhar é vazio como um gozo pago. Como uma amizade vaga. Como a falsidade, que é vasta. Ganhar é o que se dá a prostituta após o ato de carinho comprado. É o silicone exagerado no peito da dançarina idiotizada. Ganhar é papel sujo com fezes. Largado na chuva. Em um domingo a noite. De uma rua pouco movimentada.

Isso é ganhar.

Sangrar é outra coisa. Quem sangra pode não vencer. Mas jamais se permite o luxo de perder a batalha do acreditar.

Quem sangra pode cair. Mas nunca vai deixar o mundo lhe dizer como sambar.

Quem sangra é feito de carne e amor. Ao passo que tu que só pensas em ganhar, és feito de merda e rancor.

E é assim que é ;)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Desregradando.

Olhei para mim.
E não vi.
Sou invisível aos meus próprios olhos.
Insensível ao meu existir.

Aprendi a amar o que almeja meu fim.
A desejar o bem, a quem escarra em mim.
Seja na vida que vivo agora,
ou na que há por vir.

Calo minhas distância ao imaginar. Outro aqui.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Meu nariz e eu.

Não binto mais cheiros. É bior do que gribe de inberno.

Minha alma bartida escorreu bêlo ralo outro dia. A encontrei 3 dias debois. Usando um chabéu de lã chileno e montada em uma Harley. Não conversamos a resbeito.

Eu não guero saber.

Eu brefiro assim.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Enchendo minha taça de vinho, com água da chuva.

Passei tanto tempo ouvindo o som que o vento faz. Que não consegui ouvir mais nada. Parece que foi ontem que tudo era tão diferente, e que o vento soprava pra outro lugar. Hoje, com o sol nascendo no meio de uma tempestade de raios, eu pensei: "quando será que foi a primeira vez que o vento soprou ?"
Por esses dias, choveu no meu mundo. E nunca chove pouco por aqui. Chove muito e chove de tudo. Dá ultima vez, eu abri minha boca e coloquei a língua pra fora. Deixei algumas gotas caírem sobre ela e senti o gosto... Eram lágrimas.

"- Não está chovendo - eu disse - o céu está chorando..."



Me mandaram parar. Me calar. Me sentar. Ouvir. Fazer. Rezar. Acreditar. 

Consegui. Mas fiquei olhando pela janela. As lágrimas do céu batendo contra o vidro. 
Escorrendo. E morrendo na soleira de aluminio. 

As vezes é assim. Você chora e ninguém sabe que está chorando. Mesmo tu sendo um cara que todo mundo conhece, como é o céu. 


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Me diga, eu quero saber.

Pra onde vai o vento que sopra por aqui ?
Como escolhe o lado a folha, quando está a cair ?
O céu tem nuvens brancas ou azuis ?
As flores seguem o sol ou é ele que as empurra ?
Porque toda lágrima vai pro chão ?
Porque toda noite de luar, tem lua ?
Quando eu sinto, tremendo minhas mãos ?
O que muda, quando eu acordo, na rua ?
Existe vida na solidão ?
Ou a solidão é só dela, solitária e crua ?
Crianças que morrem, aprendem a falar ?
Pássaros sem asas, conseguem voar ?
Cães e gatos são amigos do mar ?
Eu existo ou sou só sonho. Ou sou só imaginar ?

Todos vamos acordar ?

Viver é morrer todo dia, para todo dia recomeçar ?

De onde vem as palavras ? Da garganta ?
Da alma ?
De todo lugar... ?

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A noite que nunca amanheceu.

Um grupo de jovens descobre, depois de participarem de uma festa na casa de um amigo que já era pro dia ter amanhecido. Mas a noite permanece. A medida que as horas avançam eles começam a lhe dar com problemas próprios de seu cotidiano, dentro desse contexto noturno. E seu desespero termina com uma descoberta do barulho.

Em breve nos cinemas longe de você.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Você que jamais disse que nunca iria.

Do lado de cá, o vento é forte. O amarelo é antigo. E pra todo lado, é norte.
Do lado de lá, o sol é violento. O chão é rachado. E a noite é só um momento.
Eu respiro o ar que amanhece o dia.
Penso sozinho.
Nada fica.
Imagino a métrica da distância entre as sílabas.
Corro pelo mundo, e quem não correria ?
Eu voei outro dia nas costas de um dragão. Ele era negro como piche e tinha um grande coração.
"- Tenha calma Leandro, a vida sempre ensina !" - ele falou.
"- Cuidado dragão, uma ave de rapina !" - eu esperniei.
E o dragão a engoliu de um jeito majestoso.
"- Veja bem meu querido, o que pra ti é desafio, aos outros é puro gozo !"
Sonhei com esse sonho, outros dois mil diferentes.
E não importa o quanto eu ande.
E quanto conheça de gente.
Ainda vejo aquele rosto, atrás das minhas costas.
Sempre que tomo banho.
Sempre que me vejo no espelho.
Sempre que me deito.
Sempre que tento não ve-lo.

Nada muda.

Tudo muda.

Nada e tudo mudam muito ligeiro.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Obituário.

Violinos me acordarão.
Com notas em sétima.
E acordes cheios, de amor.
A noite eu dormiria...
Mas caminho.
E descaminho sozinho.
Na linha da vida.
Com a rua vazia,
de almas e carinho.
O planeta não gira.
Ele fica parado.
O que voam, são as palavras.
Nas frases
(espaço dramático)
dos obituários.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

This can be the end of everything. So why don't we go, somewhere only we know.

Escrevo da minha máquina de escrever.

Ouço o bater das teclas e elas dão o ritmo as palavras.

Ouço as palavras e elas dão o ritmo a todo resto.



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Perdi a chance de fazer meu clipe para o Sigur Rós.

Doeu uma dor daquelas que a vida engole com o rodar do ponteiro.

Quando decidimos vir para esse mundo, e provavelmente uma das ultimas coisas que fazemos no mundo além desse, é dar corda ao relógio da vida. No relógio que fica lá, além da cortina do material e que determina quanto tempo ficamos por aqui.
Eu penso nessa cena como uma despedida. Não eterna, numa despedida temporária. Do tipo:
"- Boa sorte ! Nos vemos mais tarde..."
Um monte de gente que nos conhece ou nos conheceu, ou quer nos conhecer. Paradas na frente de um arco de pedra que dá passagem pra esse planeta. Tu deu um passo a frente, só tu. Cabeça baixa, pés descalços. Ventava um pouquinho. Tirando o cabelo dos olhos, tu se virou e alguém te disse:
"- Que o caminho seja gentil com os teus pés..."
Você sorriu com medo. Mas o medo é algo que só aterroriza os vivos. Ali, não há medo da dor. Não há medo do incerto existencial. Não há lugar para as nossas picuinhas e desentenderes carnais. Não. O que tu sentia ali, era uma grande vontade de descobrir o que viria depois. Como a próxima página de uma livro que está sendo lido com fervor.
"- A gente se vê depois... né ?" - você perguntou, sentindo uma leve dormência nas pernas.
"- Sua mente já adquiri o formato humano de novo. É incrível como isso acontece rápido. Leva isso contigo minha querida: nós estamos nos vendo para sempre...".
Você sorriu. Levou uma das mãos ao rosto. E pareceu quase desmaiar enquanto ficava mais e mais tonta. De repente, como se tu estivesse ficando menor e menor, tuas roupas foram ficando mais largas. E foste descendo como se afundasse em um foço de areia movediça. Teus olhos se arregalaram e tu pareceu sofrer um desconforto muito intenso, mas ainda assim, nenhuma palavra foi dita. Como se houvesse magia no mundo (ou como se não houvesse) tu tinhas te transformado em um bebê de colo. Rosada e cheia de dobras na pele, que movia seus membros sem ritmo e desconcertada. Grunhindo para o mundo. Alguém te pegou no colo e te passou pro outro lado.
Da lá, todos vimos você nascer. Enquanto o relógio girava.
Perguntei:
"- Vai demorar pra ela voltar ?"
"- Isso depende, do que demorar é..."

Os mortos não se preocupam com a vida. Viver é morrer para continuar vivendo.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Lagrimas demais. (Sigur Rós-Fljótavík)

Me deixa aqui, cansei de caminhar. Pode ir, eu não tenho mais forças. Tenho, mas não consigo. Consigo, mas não posso continuar. Posso, mas não quero, só não para. Teus passos fazem minha vida respirar. Como um piano soltando notas sem nexo. Imaginando o que seria a vida ao inverso. Eu tenho medo, mas não me desespero. Tudo ficou tão escuro tão rápido. Como um mundo onde o sol nasce e foge. Onde cachorros voam em círculos com grandes asas brancas. E estátuas cantam músicas em línguas que não conheço.
Eu me vi sozinho.
Continuei falando.
Deixe o tempo passar.
E ele foi passando.
Como um relógio acelerado.
Com o ponteiro quebrado.
Sempre girando.
Caí do meu cavalo.
Esperando o solo.
Mas meu cavalo voava.
E eu continuei caindo, sem direção.
Subindo, na contra mão.
Voando.
Como o último segundo antes do chão.
Com meus olhos fechados.
E lagrimas no coração.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Kula Shaker, cigarros e um amigo transparente (mas não invisível).

Ao som da citra indiana eu pensei: "Dia após dia, tudo e nada. Nada em tudo."

Fica mais fácil de assistir a vida assim.

- Te falei que seria assim....
-... e que eu devia acreditar em ti. Eu sei. Me lembro.
- Ok. Não quero ser chato a respeito. Só to te falando...
-... que eu devia ter te ouvido. Eu lembro.
- Ok. Estou sendo.
- Sim. Apesar de que eu realmente deveria ter te ouvido.
- (silêncio).
- Eu segui o caminho que acreditava. E ninguém pode me culpar por isso. No final, eu tive coragem. O problema é que a linha que separa a coragem da tolice é muito tênue. E talvez eu tenha pisado do lado errado da fronteira.
- Naaa... Não te culpo. 
- Ninguém pode !
- Ok, ninguém pode... Todo mundo é meio tirano as vezes. Exigindo. Impondo a demanda. Nem que seja pedindo o que não pode ser negado.
- Verdade. Li isso outro dia na internet.
- É. Mas a grande jogada positiva, é encontrar verdade e carinho nos pequenos atos alheios. Se estiver tão difícil é porque provavelmente a vaca foi pro brejo.
- Tipo: parceiro é parceiro, filho da puta é filho da puta.
- E não importa o que os lábios digam...
- To ligado.
- Todo mundo demanda alguma coisa. Nem que seja de si próprio. E as vezes, esse é o pior tipo de criatura. A que se acredita, auto suficiente.
- Tipo gente que não erra nunca.
- Que não sabe pedir desculpas.
- Que acha que é melhor que todo mundo.
- E que mesmo sendo melhor, se prova uma péssima companhia. Até para os momentos mais agradáveis.
- Me passa um cigarro ?
- Tu ta falando com um espelho.
- Ok, deixa que eu mesmo pego.
- Talvez seja hora de usar mais uma carga da máquina do tempo. O que achas ?
- Pode ser, pra onde tu me aconselha a ir ?
- Qual é o primeiro destino que te vem a mente ?
- Pro futuro :)
- Excelente resposta.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Close your eyes, and i'll kiss you.

Imagine um mundo sem guerras. 

É fácil se você tentar.

Nunca diga nada com raiva. Porque a raiva tem a estranha mania de sempre voltar.
Ninguém se lembra do que perdeu. Mas todo mundo lembra do que deixou de ganhar.

Bom dia ou foda-se. Eu não me importo.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Publicar, o que ?

Como se cada letra fosse uma flecha que não volta mais. Como palavras. Talvez um mobile de 8 metros de largura aqui no estúdio ? Pra uma produção comercial ? Pode ser.

Eu só publiquei esse texto agora, enquanto o planeta arde nas chamas da atividade profissional, porque meu marcador de contagem nunca chegou a tanta gente. É incrível :)

Obrigado e por nada.

A vida segue um dia por vez. Por mais que alguns dias tenham mais de um dia de duração.

Att.
My name is Jonas.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

ROT(in)EIRO

Cena 01.
Interna: sala de casa antiga, tapetes no chão, muitos quadros nas paredes, grande janela que dá vista para rua, sofá de cor neutra, mesa central com diversos bibelôs sobre ela (confirmar com produção natureza dos quadros e bibelôs).
Iluminação parcial, abajur e iluminação externa (tapadeira 5m. + 2 x 5k de externa).
CAM + travelling em movimento de recuo (partindo das fotos familiares por toda extensão da sala ATÉ a porta).

Ator homem, aproximadamente 30 anos, calça jeans, camiseta estampada, tenis.
Ator caminha em direção contrária ao travelling, deixa um bilhete preso nas fotos se vira para a lente e sai do quadro olhando para baixo com o rosto sério...

CAM + travelling em movimento de aproximação (partindo da porta até as fotos e parando com o bilhete deixado pelo ator dentro do foco).

Bilhete diz:
"Nunca, é uma promessa."

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Pó e cia.

Da linha que eu fiz o traço,
estiquei a aste do desenho em laço.
Pintei da cor que eu quis
a paisagem.
De verde o céu e de azul a
árvore.
Mudei o enredo no meio do filme.
A letra da música.
O final da peça.
Contratei crianças para brincar de roda.
Fiz roleta russa com a velha guarda.
Me joguei no meio da platéia.
Dançando Joy Division a meia luz.
Acendi meus cigarros.
Imaginei que seria assim.
Sem ninguém aqui.
Sorri pra mim.
E comigo mesmo, 
eu morri.

Leiam leiam, o arauto gritou.

E tu leu.
Foi assim que foi escrito, e ainda assim tu continuou lendo. Deslizando teus olhos sobre as letras e ligando sinapses nervosas a cada conjunto de palavras que terminava com um ponto. Imaginando, concluindo, acrescentando, registrando, se revoltando ou achando lindo. Pouco me importa. Ultimamente, realmente pouco me importa. E o que me importa, me importa tanto que não pode ser tocado por mais que uma trinca de pessoas. Aprendi isso com os dias da minha vida. Os últimos dias que vivi. Quando o tempo passava manso. E as tardes eram o deleite de uma existência.

Esses dias ficaram para trás da realidade. 

Mas eles sempre vão atrás, negando o seu troféu de maiores idiotas do mundo.

O barco seguiu. 
A tempestade passou. 
O sol mostrou os dentes e com os olhos fechados olhei por cima do meu ombro e disse:
"- Obrigado por ter sido assim."

Nenhuma tempestade pode te impedir de chegar, a não ser que tu não faça a mínima idéia de onde quer ir. 

Nesse caso, é passada a tua hora de pular do barco.

E por mais que todos digam, que tu não vai alcançar. Tape seus ouvidos e continue a caminhar.

Existe muita tolice no mundo. E boa parte dela está ai, do outro lado da tela.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Quem faz. Quem não faz. Quem disse que faz, e faz. E quem disse que faz, mas não faz. Todos vocês.

Na linha da vida, enquanto o cursor do tempo corre feito o clipe da Lauryn Hill, somos animações 2D pretas e brancas. Nosso render é SD. Nossa direção foi ruim demais. E não há de forma alguma continuidade. Acredite em mim nobre idiota, você vive mentiras demais. O mundo é assim mesmo, eu já disse isso antes: a fossa do universo. E seguimos perseguindo a felicidade feito um clipe de orçamento milionário com beats de 600 bilhões de dólares e pessoas lindas dançando em slowmotion. 
Nada, absolutamente nada, mudará o fato de que somos irrelevantes a vida. E por mais que nossas lagrimas caiam sempre que choremos. Nossa tristeza é burlesca. Redundamos por esse planeta, como tambores sem peles. A espera de um sinal que não precisamos envelhecer. Como uma criança que resolve não envelhecer. Ou como um jovem que nasce velho.

Nem tudo que brilha sempre será ouro. Eles me disseram. 
Me diga o que você sabe sobre sonhar ? Aposto que nada. Você sonha com dinheiro, com viagens e apartamentos na beira da praia. Tudo que você pode fazer com seus sonhos, é compra-los. E nada mais triste pode ser feito com um sonho, além de compra-lo... Me diga o que você sabe sobre a vida ? Aposto que nada. Você se enjoa do seu círculo de amigos como quem se enjoa da roupa que usa todo dia. Você é triste e se esconde atrás de uma máscara sorridente só para achar que é feliz. Você não tem amigos na verdade. Você é solitário e triste demais para se permitir ter amigos. No fundo, você não sabe te-los. Me diga o que você sabe sobre a morte ? Aposto que nada. Você foge dela como o diabo da cruz. Como o fogo da água. Como o ignorante da verdade. Você é um ignorante que foi afogado em poço fundo demais para sair sozinho. Foi retirado e reacordado. Seu papai e sua mamãe lhe deram um tapinha nas costas e disseram:
"- Vai filho, seja feliz".
E você achou que conseguiria.

Aqui, na virada da maré eu te reencontro só para tu perceber que não vais conseguir.

Só para tu perceber, que você não sabe nada Jon Snow.

"Saiba o caminho é o fim mais do que chegar." ;D

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dialogando com o vento.

Escrevi isso em uma máquina de escrever. Daquelas que são verdes azeitona, com teclas cinza enferrujada e uma alça para carrega-la.
Vai ver, foi por isso que deixei essa letra assim. Tão feia quanto o texto é ruim. 

O vento me soprou um dia inteiro. Foi do começo ao fim. Lembranças de amigos distantes, de pessoas que foram embora e de criaturas imaginárias. Vi figuras enormes, feito ursos de pelúcia monstruosos que caminhavam pelos dias do meu passado. Um duocórnio. Uma cobra com asas. E uma mão com quatro dedos e um rosto na palma.

Tudo que eu peço, é que seu joelho seja dobrado. Me foi dito. Mas não, não o dobrei. Morro livre antes de arrependido. Melhor assim do que um louco varrido. E tantos são eles, os loucos. Quanto mais sãos pensam ser, piores se tornam. O silêncio é profundo. Mas ao bom ouvido, o grito se escuta. Mudo e intrépido, mas ávido e bonito. Como sorriso distante. Como antigo feitiço. Como acorde em sétima menor. Com menos tempo, eu diria: me leve daqui pássaro gigante. Mas não hoje.
Hoje eu me calo e acompanho. Eu sigo. Eu vejo. Eu ouço. Eu venço. Obrigado, eu digo. Nada, escuto. A noite congela. E o dia muda o assunto.

Pé descalço no barro. Mundo girando, sempre tão rápido. Musgo nos ombros. Paranho nos olhos. Sinto meus dedos rangerem. Me dói a alma. Me dói o existir. Me sinto além de mim. E sopra o vento. Sem sentido. Como um carinho de ponta dos dedos nas costas. Me arrepia a pele e ergue os pelos. Me treme a calma. Me acalma a vida. Muda o gosto. Desfaz os rostos. E me abandona. Em paz. Sem paz. Nunca mais. 

Sem mais.
Sempre mais.
Até, mas, não mais.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Soneto, à solidão.

Doce amiga, onde tu estás ? Eu perguntei à calada do breu. Para onde tu foi ? Te procurei nas xícaras de café, nos sorrisos da rua, nos apertos de mãos e nos olhares das almas nuas. Para onde tu foi ? Ouvi o eco ou perguntei novamente ? Minha mente me engana. Truques silenciosos na escuridão. Suspiros em minhas costas. Sobras de sentidos pelo chão. Vejo um mundo com uma prisão. O albergue da vida. Onde tu estás ? Sinto o frio do medo. Da dor que antecede o que sempre vem muito cedo. Aquilo que postergaríamos se houvesse a chance. Se soubéssemos como. Se.
Nesse barco solto sobre o mar da vida. Com os ventos que uivam nossos dias. Eu imaginei, a terra é o barco. O universo o mar. A morte é a vida. Com caminhos que só nos levam a descaminhos. Minhas unhas quebradas e meus sonhos partidos. Com cabelo branco eu continuo em busca do sentido. Como um cego com uma lanterna na noite chuvosa, gritando pela solidão em rima e prosa. 
Não há espaço para mais disso. E sempre haverá espaço para um pouco mais de tudo. 

Doce amiga, onde tu estás.

Estou sozinho. 

Sempre só pra solidão.
Sempre sopra solidão.
Nessa direção.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012


O terror de se esquecer da linha
que se segue.

Na noite que cai.
O dia que se ergue.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Eu quero tchú ? Eu quero tchá ?

Me dói ver isso.

No peito, nos ossos e na alma.

Com meu dedo em riste eu digo:

silêncio ó silêncio, me muda a feição do rosto no tempo. Carrega minha vida e tudo que há nela ao relento. Abandona a boca que grita só vento. Silêncio ó silêncio, ergue tua espada e brande ao Universo. Teu mais profundo e incorruptível, silêncio.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Eu sei ei ei ei, ei.

Como no fundo de um poço. Com os pés imundos em lodo. Apoiando as mãos nas paredes frias e lisas. Como os passados dias de toda vida. Olhando para o buraco do céu. Cinza e pequeno como um anel. Lá de cima, dá pra ver as nuvens. Correndo. Alheias a tudo que já fomos. E fizemos. Parece estranho ser assim, e é. Mas não tanto. Só esquisito como saltar de um precipício para se perceber, que caminhamos sem pés. Caindo. Até o chão nos abraçar. E por 3 segundos, sentimos as madeiras que são nossos ossos. Envoltos em músculos rígidos como músculos podem ser. Se partirem. E o som da onda que quebra no mar, nos recorda do viver. Do deixar. E do morrer. E por três segundos, nos vemos pequenos na praia de areia arenosa, como um filme 8mm tecnicolor, batendo sob a bitola que o registra. Dando saltos e mostrando queimados nos cantos da tela. Enquanto meu pai corre atrás da minha mãe. E quando os dois se abraçam, tudo é camera lenta. O sol se lembra. O céu se deita. E voltamos a ter os pés abraçados pelo chão. Com as juntas de nossos joelhos vazando sangue e água transparente amarelada. Quando nosso corpo cai moribundo. E sentimos que nossas coxas entraram em por nossos intestinos como lâminas cegas cortam um corpo feminino. E são fezes que sobem a nossa boca. Com gosto amargo e profundo. Denso como comida estragada. Preparada com todo carinho do Universo. Com todo carinho do mundo.

Do poço fundo.
Ao fim do tudo.
Antes que o nada se mostre intermitente.

Antes que os dias acabem e comecem novamente.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nós dois.

Balançamos nossas pernas como se soubéssemos para onde vamos. Como se soubéssemos o que está acontecendo.


Tenho uma novidade: você leva suas pernas até ali. De lá em diante, suas pernas levam você.


Pera aí !
Eu disse que você leva suas pernas ?
Será ?

segunda-feira, 30 de julho de 2012

50 tons de cinza

Achei que era um dia colorido. E era. Só que ao contrário. A cor estava lá, escondida de preto e branco.
Voando sobre o pasto, alheio a humanidade. Alheio a realidade.
Alheio a tudoidade.


Tanto cinza.
Até depois do morro.


Depois do morro, o dia é azul e amarelo. O fim da tarde é púrpura saudade com roxo de verdade. E a noite é só um manto de sombras em cima disso tudo. Brincando como uma criança, com fogo.


Brincando como uma criança brinca, enquanto a morte lhe observa em silêncio.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A punk - Vampire Weekend.

Flautas doces não salvaram sua pele.


O fogo morreu, a água o matou.


O tempo cura tudo, ou quase.


Quem ri por último, ri melhor. Ou passa vergonha.


Verdade seja dita: você não sabe nada Jon Snow.



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Publique aqui.

E a lingua insiste em ser o chicote do anus.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Então deixo estar.

E eu ?
Perguntei outro dia. 
Tanta gente legalzona por ai... Garrafas abertas na casa do sorriso... Pés que ultrapassam os continentes... A terra que não tem por do sol. E eu ?


Eu me canso. Mas não do gosto do ranço. Me largo do precipício. Tento não viver o desperdício. Faço amigos e me esqueço de limpar meu umbigo. 
Quem vai ler esse texto sobre uma pessoa só, Clarice Falcão ?
É.
Hoje eu falei pra mim, jurei até, que essa não seria pra você. E agora é.


Pra quem ?
Pra mim ?
E eu ?
Eu sou o tal mim.


É ?
Depende. Mas acho qué (que + é = qué) !


Viver de gosto amargo é duro. Eu sei qué. A vida não é só bonita. Mas é bacana estar aqui. Feito um cientista russo que prova por a+b que xingar a água torna ela menos legal, eu vim pra cá. Cheguei faz 30 anos. Já tomei tapa na cara, soco na rua e suco de goiaba. Já chorei de rir, chorei de triste e chorei por chorar. Já dancei pelado, já montei cavalo, corri pra todo lado. E ainda não estou cansado. Fico só, as vezes, um pouco. As vezes muito. Feito pipoca doce colada. Só que ao contrário.


E não. Eu não trocaria um sorvete de flocos por você.


De longe, Marcelo Camelo. De longe !

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ouvindo: Silva - 12 de maio.

Bate o tambor em um repique descompassado. Descontente com o passado. Deconcertado.  Mesmo quando ela não está se arrastando pelo som da batucada, ele diz.
O vidinha morna a dessa gente. Bocas cheias de palavras irritam mais do que os olhos que tudo vêem. Ou as grandes e gordas orelhas que tudo escutam e são surdas. 
Eu prefiro o silêncio. 
Xícaras de café com leite. E a fumaçinha voa feito beija-flor feliz na primavera. Cheiro de terra molhada. Um olá amigo ao telefone. Uma msg de "e aí ? como estás ?". Um dia comprido sem umbigo. Um abraço apertado dos meus cachorros. Corri alguns quilometros e pronto. Já podemos recomeçar.
Onde paramos ?
Acho que nunca paramos.
Você parou. Eu continuei.


O vidinha besta dessa gente.


Que pisca todo o tempo. Sem tempo pra nada. Que odeia cometas. Que espera mais vida. Mas não encontra. Até o dia em que a vida acaba.

terça-feira, 17 de julho de 2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

We have our lives.

Me passa o traço.
Que fez da linha o vaso.
Mostra a calma.
A paz da guerra.
O grito da alma.
Caminha deitado.
De frente e de lado.
Presente futuro, do passado.
Me esqueci do que.
Te fiz um desenho.
E morri.


Viver é pouco.
Eu prefiro sorrir.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Me encontra no morro de Mim.


Onde eu existo ou não existo.


Mas sempre prefiro assim.

Don't you worry. Don't worry by me ;)

O passado chegou em mim. Roupas anos 90. Jogos eletrônicos anos 80. Gírias das antiga ! Sim ! Foi como se algo tivesse mudado. Mudado de mim, para outro lugar. Outro corpo. Outra alma. Outro dia. Outra vida. Outra pessoa. Outro treco.

Subindo a colina, era fim de tarde. Ouvi o som da fogueira queimando. Cheiro de madeira molhada jogada no fogo. Daquela que demora pra queimar, que faz brasa quente. Vermelha e amarela. De calor intenso. Vi as fagulhas primeiro, a uns 3 metros do chão. Voando como moscas em chamas. Ziguizaguiando a esmo através do vento. Do mundo. E do tempo. Depois vi as cabeças deles, girando e rindo. Como elfos saidos de um conto de Tolkien. E meus pés estavam descalços, foi quando percebi: não sabia se o sol morria ou nascia. Não importava. Ninguém estava com sono. Ninguém queria estar em outro lugar, além de ali. Ninguém queria ver o dia acabar, nem acabar. 

Tanto faz, alguém sorria pra mim dizendo, vem ! E eu fui. Pisando sobre grama molhada. Olhando para um céu roxo azul vermelho verde amarelado. Como se nunca tivéssemos ouvido falar da morte. Ou de como a vida acaba.

Antes do fim, será assim. Outra voz falou.

Tudo bem, eu disse.

Mesmo quando não. Sim.

Eu me perco.
E assim me encontro de novo.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Um conto e meio.

Me diga que a vida se faz de dias e não de sonhos.
Te chamarei de burro e não de louco.
Tentam me convencer que ter é melhor que ser. Entre outros engronhos.
Desisto do que foi quisto e parto ao que existo, invés.
Mudo de lado, como vim ao mundo nu e pelado.
Roupas me pesam e relógios me irritam de tédio.
Sempre que vem, mudo alguma coisa. Ou coisa alguma talvez...
E fico mudo calado, mesmo gritando ao teu lado.
Sou muito ruim em ouvir rádio.
Prefiro a letra.
Prefiro a reta.
Prefiro o eita.
Como quem semeia, sem esperar a colheita.
Porque escanchalado, é só uma palavra que inventei.


Não me pergunte se tem significado.
Nem eu mesmo sei.


No meu castelo eu mudo de tudo.
Da tapeçaria aos nomes que já usei.
Espero que nunca, ou quase nunca,
esse castelo mude de Rei.


Ninguém sabe.
Ninguém viu.
Ninguém ouve.
Ninguém nem puta que te pariu.

Em paz.

Da série: publicando devaneios.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Rivers and roads...

rivers and roads...
rivers
'till i reach you !

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A baboseira sem fim.

De dia vivia.
A noite dormia.
No resto do tempo, sentia.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Todas as quintas feiras da sua vida.

Me disseram que eu não devia escrever mais aqui. Encolhi a cabeça entre os ombros e esperei a pedrada costumeira.


Me disseram que eu devia escrever em um livro e publica-lo.


Apesar de achar o elogio lindo, duvido que fosse funcionar. Além do que, se alguém pagar para ler essas asneiras, que essa pessoa procure ajuda profissional.


Se o Jimmy comeu o mundo. Ele cagou a via lactea.


Eu nunca agradeci a quem le isso.
Na verdade, eu já agradeci, de um jeito escroto e ácido. Que pode ser facilmente confundido com uma brincadeira dessas sem graça.


Nunca agradeci de verdade. Nunca, até agora:


De verdade, pra você que leu uma vez, pra você que lê de vez em quando e pra você que lê sempre.


Muitíssimo obrigado :)

terça-feira, 19 de junho de 2012

The end is not near - Band of Horses

Por mil anos ouvimos falar sobre as terras além das Montanhas Altas. É bem possível que se elas se chamassem Montanhas Baixas, nós tivéssemos tentado atravessa-las. Mas não tentamos. Não, nós realmente não tentamos. 
Aqui em nossa terra, faz um frio bastante perverso. A neve as vezes soa como uma espécie de música macabra. Contamos histórias aos nossos netos e aos netos deles, sobre criaturas de sangue frio, finas como folhas de papel e grandes como grandes Olmos primaveris. Lhes contamos como tais criaturas tocam músicas ancestrais em suas flautas de pedra para chamar a neve e a morte. Dizemos que o frio é como um prelúdio do fim. Como uma aviso para que não deixemos nossos bebes sozinhos, para que fiquemos juntos e armados, para que não saiamos de nossos tetos. Para que esperemos.
Por mil anos tem sido assim. Até agora, quando todos estamos juntos ao redor da grande fogueira sobre a laje de pedra, no centro da vila. Na tutela do regente e do ancião. Que nunca são do mesmo sangue. Para que a vila sempre receba a melhor orientação possível... Para que a vila sempre sobreviva ao próximo inverno.


Aqui. Hoje. Agora, enquanto comíamos e conversávamos, um batedor da Borda soprou o corno e avisou da presença dele. Um estranho com cabelos claros e barba curta... O rosto queimado pela neve. Magro e aparentemente, sem dormir por dias. Ofegante e de pé com muito medo nos olhos... Ele chorou, e as lágrimas que correram por sua face foram vagarosas e assustadoras. Tentou falar em uma língua desconhecida. Tentou de novo em outra. Novamente em outra língua...
Até que o ancião respondeu. E os dois falaram por instantes breves.
Quando pararam, o estrangeirou caiu sobre seus próprios joelhos e adormeceu. As mulheres e dois caçadores o tomaram pelos membros e o levaram. Vão ajuda-lo, sem dúvida.
Todos olhamos para o ancião, que encarava o fogo. Semblante sério. Nenhuma sombra de reação.
Ele disse algo em uma língua que ninguém entendeu. Parou. Ergueu os olhos, movendo a cabeça suavemente entre todos nós... E disse:
"- Chegou a hora de irmos embora."

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Escrevo cantando.

Tanto faz, que nunca me lembra do mais. Sempre passo e volto atrás. Vejo dias de nobre ver. Perco tempo lembrando em me conter. Grito alto pra sorrir. Choro junto sempre aqui. Porque se for pra ser que seja de uma vez. E não como os outros te mandam fazer. Ou como o mundo te obriga a ser. Claro, todo mundo se veste de árvore as vezes. Parado no campo com os braços retesados. Isso acontece. O vento passou, lá do lado de cá. E cantou uma música me dizendo que era hora de chegar. Foi muito vento, mas pouco tempo.

Passa tudo nesse mundo, menos alguns momentos.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

1 minuto a +

Ter que perder.
Ter que vencer.
Tanto faz.

Ter que viver.
Ter que morrer.
Até nunca mais.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Desenhei um boneco invisível.

E alguém me grita um grito inaudível. O cheiro de fumaça invadiu meu dirigível. Balança mais não cai era uma novela dos anos em que eu era pequeno. Mas me achava gigante. Mesmo não sendo. Meu tamanho mudou de prumo no rumo da história sem rumo. Dessa fruta eu gosto até do caroço, mas odeio o sumo.


O cheiro de urina nesse blog hoje me fez vomitar.


Vomitei sangue, coco e um pouco de "deixa pra lá".


Deixa pra lá !

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Mudo em mim. Gritando à ti (atchim).

Pensamos na linha reta que é a vida. Vão engano amador. A vida não é linha reta. A vida é torta e cheia de deformidades. Linha reta é a morte. Linha reta não é nem a verdade... Pode ser que muito seja descrito desse jeito. Como muralhas eternas em tamanho. Como vilões perversos e sem respeito. Muda muito pouco. Todos somos roteiros com um só final. É bem triste, mas o que muda é o miolo. Vem um de lá. Muitos de poucos. Me canso tão fácil de certas coisas: Michel Teló, gente pra trás, comida enlatada, água sem gás. Eu quero é grito de dor de um parto sem filho. Quero sangue que voa da jugular de nossas bocas em palavras e sentimentos guturais. Quero vida após a morte não por medo do inferno. Ou acreditar em algo, não por terror do invisível. Quero dias nublados em um país de desconhecidos. "Sois" nascendo ao contrário e luas discutindo comigo. Quero do tudo o nada e o tudo ao mesmo tempo, num compasso sem ritmo que muda todo momento. Que o facebook e seus duendes queimem no fogo da justiça. Quero mais do que lágrimas. Mais do que premissas. Eu vivo em um contorno do que foi sem poder ter sido. Do que aconteceu sem ter pedido. Da víscera suja de sangue seco do amor antigo. E do meio dessa merda toda, emerge um amigo. Que é tão inimigo como pode ser, na verdade dos fatos corrompidos. E pintamos um quadro em preto e branco colorido. Como uma orquestra interpreta a Flauta Mágica de Mozart só tocando guizos. Sou o rato que se escondeu na fresta e agora salta como diabólica besta sobre a platéia de fingidos. Desejo a morte dos que vencem e a solidão dos inimigos. Eu quero mais.


Muito mais do que isso.


Temo no dia em que eu mudar de rumo.


E me tornar triste, por não poder mais viver tudo e nada disso...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Está mesmo na hora do mundo acabar.

Com tanta gente sofrendo. Sem comida, sem casa, sem vontade de continuar. Acho mesmo que é hora do mundo fechar a cortina do palco e ir pro backstage do universo. Chega. Já deu. Sofremos com ventos, com as águas, com a terra e com nós mesmos. O mundo não aprendeu a viver junto. Odiamos coisas demais, dos vizinhos de porta até coisas que ficam do outro lado do planeta. Estamos cheios de nós mesmos. O planeta é um lugar bonito, pra alguns é lindo. E não é do tamanho da rua onde você cresceu, mas também não é grande demais. Era pra todo mundo caber. Sendo caber, ter algum lugar para chamar de seu. Algum lugar para ser zona de conforto de cada um de nós. Isso pode ser utópico. Pode ser virgula, é. Mas se pensarmos bem, quando digo que não cabemos mais aqui, não me refiro ao tamanho físico. Fisicamente, era pra Terra ir bem. Mas não vai. E agora, vivemos uma era de achar culpados. A culpa é de quem come carne. A culpa é de quem votou no Fulano. A culpa é de quem acredita em Maomé. A culpa é deles, não é minha. Perceba cara leitor imaginário, já fizemos isso antes. Na verdade, historicamente estamos perseguindo aquilo que desejamos guardar somente para nós mesmos, matar ou comer. Ou também, uma combinação desses três. Sejam bois pré históricos, princesas com cintos de castidade, bruxas que precisam ser queimadas ou ouro (em todas suas formas). E mais ultimamente ainda, temos fortalecido a um grupo de pessoas que pode ser realmente muito perigoso: aqueles que tem "direito de". As pessoas que tem "direito de" podem fazer o que quiserem. Desde que estejam na via de ação do "direito de". Podem recriminar os outros. Podem furar filas. Podem ofender. Podem falar. Podem se calar. Podem virtualmente, tudo. Porque eles tem direito. Pra mim, tem sido cada vez mais difícil tentar e conseguir compreender. Os caminhos e descaminhos parecem se confundir. E no final, ninguém parece saber se é sim ou não. Preto ou branco. Bom ou ruim. E ainda conheço pessoas que dizem que assim é melhor. Eu vejo um mundo cinza. Com gente que não sabe quando está feliz ou triste. Com pessoas que não acreditam em absolutamente nada. Ou acham que não acreditam. E não falo de religião, falo de amizade, família, de ajudar os desconhecidos. 

Talvez o mundo sempre tenha tido tudo isso. Mas essas coisas eram guardadas em um quartinho da bagunça. A família cresceu e a casa não acompanhou. Tivemos que abrir o quartinho da bagunça para fazer mais um quarto. E a bagunça agora ficou espalhada pela casa...

Tem dias em que eu realmente preferia quando todos sabíamos onde guarda-la. Pra mim ao menos, era melhor do que quando ninguém mais saber que dia da semana é.


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tchá que explico o/

É que pra algumas pessoas, se dar bem na vida é ser melhor que você.


E é possível que elas sejam nos padrões próprios delas.


Melhor profissional.
Melhor família.
Melhor carro/apartamento/qualquer outra coisa que o dinheiro compre.


Pra essas pessoas eu tenho um riso fácil. Ou, de vez em quando um murro na cara fácil.

Povo besta.

Nas profundezas de um vale. No fundo de um bosque. Bem no meio de uma clareira aberta a machadadas. Vive um povo peludo como guaxinins. Com caudas como ratos. Presas para fora das bocas e olhos avermelhados. Eles tem em média um metro e meio a dois metros e pouco de altura. Alguns gordos, outros barbados, todos se locomovem grunhindo e arrastando os pés.


Eles são o povo besta.


Perai. Não são não... me enganei. Povo besta é outra coisa... Deixa pra lá :)

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pé no pó.

Passeio no falseio.
Enganado pelo passo.
Do pé descalço.
A passar.
Na súplica me deito.
Feito pó sem jeito.
Como espinhos,
no leito. De quem
espera minha
derrota chegar.
Atrapalho.
Incomodo.
"Má" nem tente
me baralhar.
Privado do teu gosto 
amargo.
No ranço do estrago.
Como peso no fardo.
Que és forçado a carregar.
Marchando de ré.
Mas ainda de pé.
Te digo que o que digo.
Não só por falar.
Me rendo, sem perder.
Venço sem querer.
Amolado feito adaga
cega.
Que furo o bucho do
bode.
Só pra lhe 
ver sangrar.


Quem chora no túmulo.
Do imoto difunto.
Não sabe que 
sua hora.
É a próxima a chegar.


No badalo do cuco.
Ferve teu sangue ralo.
Que esse fardo que carregas.
Ao chão 
vai tombar.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O homem tem um lobo para o homem.

Lá dentro da caverna que construí, habita um lobo gigante. Uma besta terrível, de fato... Presas do tamanho de mãos adultas. Olhos vermelhos borrados com sangue. Pelo sujo e com tranças em nódulos grossos de quem nunca se banhou em água... Ele caminha de cabeça baixa, com os músculos das patas retesados. Pronto para o salto que termina no chafariz de sangue da vítima. Mas não agora...
Agora ele espreita na calma. Ele observa o teu movimento lá de dentro. Sem pressa. Analisa teu padrões. Respeita teu momento. E tu vive, por força de vontade ou obrigação, na campina verde dos pôneis da alegria. Com girassóis cantores e duendes engraçadões e amigos de todo mundo. E lá tu caminha e cantarola. E saltita feito um viadinho. Feito um homenzinho importante entre os seus.
O lobo sabe que a chuva se aproxima do teu céu. Que nuvens negras se formarão. Que as taças se quebrarão. Que teu sorriso logo será substituido pelo nojo que é teu viver, transmutado nas tuas ações. E logo, vais querer ir a outro lugar. Ir para um lugar melhor. Mais alto. E de novo, vais dar as costas a tudo que é adulto e importante. Buscando proteção no escudo alheio. 
E é nessa hora, seu merda, que o lobo sai da caverna. Ele caminha até a linha da sombra com passos calmos. Respiração controlada. Não ofega. Não sua. Não tem medo. Seu objetivo e tudo que ele faz nesse exato momento, tem um único caminho: cravar dois pares de presas em tuas jugulares. Sacudir a cabeça com a rapidez de uma chuva de verão. Largar. E partir.


Talvez seja em breve.


Talvez demore.


Por hora, o lobo espera.


Por hora, o lobo só espera...