sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Eu sei ei ei ei, ei.

Como no fundo de um poço. Com os pés imundos em lodo. Apoiando as mãos nas paredes frias e lisas. Como os passados dias de toda vida. Olhando para o buraco do céu. Cinza e pequeno como um anel. Lá de cima, dá pra ver as nuvens. Correndo. Alheias a tudo que já fomos. E fizemos. Parece estranho ser assim, e é. Mas não tanto. Só esquisito como saltar de um precipício para se perceber, que caminhamos sem pés. Caindo. Até o chão nos abraçar. E por 3 segundos, sentimos as madeiras que são nossos ossos. Envoltos em músculos rígidos como músculos podem ser. Se partirem. E o som da onda que quebra no mar, nos recorda do viver. Do deixar. E do morrer. E por três segundos, nos vemos pequenos na praia de areia arenosa, como um filme 8mm tecnicolor, batendo sob a bitola que o registra. Dando saltos e mostrando queimados nos cantos da tela. Enquanto meu pai corre atrás da minha mãe. E quando os dois se abraçam, tudo é camera lenta. O sol se lembra. O céu se deita. E voltamos a ter os pés abraçados pelo chão. Com as juntas de nossos joelhos vazando sangue e água transparente amarelada. Quando nosso corpo cai moribundo. E sentimos que nossas coxas entraram em por nossos intestinos como lâminas cegas cortam um corpo feminino. E são fezes que sobem a nossa boca. Com gosto amargo e profundo. Denso como comida estragada. Preparada com todo carinho do Universo. Com todo carinho do mundo.

Do poço fundo.
Ao fim do tudo.
Antes que o nada se mostre intermitente.

Antes que os dias acabem e comecem novamente.


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