sexta-feira, 29 de julho de 2011

E vem um imbecil me falar sobre as imbecilidades do mundo.

Normalmente, quem se acha correto em algo não aceita novas opiniões. E é sem perceber, muitas vezes, que acaba se tornando tão errado quanto quem realmente está errado. Porque estar certo não é um ponto definitivo. Na realidade, estar certo é quase mais fugaz que estar errado. O errado pode se converter pra certo com relativa facilidade. Ele aprende. O certo fica ancorado ao ego. Se balançando como um carrapato pendurado no escroto de um touro reprodutor. Orgulhoso por ter todo aquele sangue da vitória vencida. Mal sabe o imbecil, que vencer alguma coisa é só um pedaço da fatia do bolo. E que pouquíssimos de nós vão comer o bolo inteiro. Então, enfia essa porra de fatia de bolo no bolso (isso mesmo, no bolso... bem melecado mesmo, com morangos caindo no chão e creme melecando nojentamente tuas mãos...) e continua a caminhar. Admite que estar certo é uma possibilidade e não uma obrigação. Ouve escutando o que te dizem e te lembra que o belo do mundo ainda está pra nascer.
Pouca coisa é tão insuportável quanto alguém que se acha muito alguma coisa. Muito bonito, muito legal, muito divertido, muito cheio de razão. Faça um favor ? Enfie sua confiança super desenvolvida em seu próprio orifício anal. E se sobrar espaço, puxe seu ego pelas orelhas e o coloque lá junto.
Chega de prepotência no mundo dos legais. O planeta é uma grande escola típica norte americana ? Eu vejo as cheerleaders, os atletas de corpos esculturais, os riquinhos imbecis, os riquinhos politizados, os nerds nerds, os nerds legais, os alternativos foda-se e os alternativos tristes, as bandas, os skatistas, ciclistas e patinadores, o herói, uma fila de coadjuvantes e um monte de paredes.
Chega, por favor.
Na minha própria lógica, e invariavelmente minha lógicas sempre me fodem, eu estou errado. Porque estou escrevendo esta merda sozinho, duvidando que alguém vá le-la e pensando ter um ponto na minha cabeça. Certeza que eu sou um coadjuvante de um filme de bosta de Bollywood. Sem orçamento, sem roteiro, filmado por uma RED quebrada e uma lente com fungos.

Bom (pensei em escrever "bolly" no lugar de bom. Foda-se), só pra constar: O Murro teve 397 acessos nos últimos 30 dias. Eu entro uma vez por dia, pra saber se ele ainda é meu. O resto, deve ter sido tu.

Cheers (é sexta feira).

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Os dias futuros e meus pés tortos.

Espirrei um momento.
Desses que não se pode planear.
Que ninguém espera ter.
Foi só uma gota de chuva,
no vento.
Como uma foto em movimento.
Em um domingo de sol lento.
Onde lembranças oscilavam.
E nem pude ver se aproximar.
Tão apressurado.
Impossível de represar.
Me saltou afora da alma.
Feito paixão apartada.
Sem anúncio de adeus.
Lágrima de mágoa.
Ou pesar regurgitado.
Momento maldito que saiu de mim.
Pairou por dois instantes.
Rodopiou e desapareceu.
Sem depois ou antes.
Tive que ser valente.
Fantasiado de grande.
Ouvi tudo que foi dito.
E caminhei pra longe
sozinho.
Asseando minhas narinas.

De novo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Guilhermina e seus sete namorados. (Subtítulo moral: Eu gosto é do gosto.)

Guilhermina tinha vários namorados. Gostava de aspectos diferentes de cada um deles. Tinha um para as noites de solidão. Outro para pagar seus jantares e festas menores. Um para os presentes mais caros e viagens longas. Tinha o que sabia como lhe ouvir e dos carinhos que ela gostava. O intelectual que ajudava nos esclarecimentos. O que a fazia se sentir uma mulher bonita e que fazia amor como se fosse a última vez. E finalmente, tinha aquele por qual ela era apaixonada.
Desde pequena, Guilhermina sempre foi precoce. Beijava meninos escondida no primeiros anos de colégio. As vezes, até os forçava a beija-la. Continuou os beijando através dos anos, eventualmente beijava uma menina. Mas só para se sentir ousada na frente das outras pessoas. Fazia questão de não conter sua sexualidade em público. Isso desafiava os outros. A colocava em uma posição de excêntrica moderninha. E ela gostava disso. Adorava se sentir diferente das outras meninas de sua idade.
Com o passar dos anos, suas relações foram ficando mais e mais complexas. E foi no sexo que Guilhermina encontrou as respostas simples para seus questionamentos. Homens se aproximavam dela, interessados em seu corpo jovem, seu belo rosto e principalmente na sua sexualidade evidentemente aberta a novas tentativas. Ela começou a aceitar mulheres também. Namorou algumas inclusive. Já não sabia mais o que lhe dava prazer carnal. Guilhermina se acostumou com a dúvida. O sexo parecia uma resposta simples. Mas depois de anos de relações sem pés nem cabeça (na realidade, a busca pelo seu prazer eram os pés e a cabeça). Seu coração feminino gritou por liberdade. Chega pensou Guilhermina. Seu corpo já estava cansado e seu rosto já mostrava o mesmo cansaço. Seu coração extenuado se recusava a bater mais uma vez que fosse, em prol daquela busca pelo desconhecido.
Guilhermina chorou. Era uma noite fria e ela havia se entrega pela ultima vez ao ultimo amante que conseguira. Na verdade, ela se entregara a um amante e a uma amante ao mesmo tempo.
Deitada em sua cama, com a porta da varanda aberta e a televisão ligada. Seu quarto de luzes apagadas, somente com duas luzes suspensas nas laterais. Como taças de vinho iluminadas.
Guilhermina chorou.
Decidiu que nem seu corpo, nem seu coração sofreriam mais um dia. Que namoraria mais de um homem ao mesmo tempo. Que voltaria só a brincar com mulheres. E que jamais sofreria novamente.

No cinema, a chuva sempre representou a mudança. Guilhermina tomou um banho e a água lavou sua alma. Jogou fora os lençóis sujos da paixão passada. E esqueceu seu passado olhando pela janela.

O coração de Guilhermina lhe dera o que ela tanto queria. A liberdade de nada sentir. Mas não sabia ela que nada sentir não é liberdade. Que existem corações presos a raiva e a tristeza. Condenados a fins terríveis. Corações que morrem por se apaixonar eternamente. E corações que nada sentem, vazios como cavernas geladas. E era assim que o coração dela havia se tornado. Vazio e gelado.
Mas não por culpa somente da menina moça e sua busca por prazer e diversão. O mundo foi cruel com Guilhermina. Talvez não propositalmente, mas malfazejo ainda assim.

Guilhermina tinha sete namorados. Mas de alguma forma, é como se não tivesse nenhum.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Nada esconde a falta de gentileza.

Uma flauta transversal me acorda. É sábado de manhã. Tem cheiro de café forte vindo da cozinha. E o sol alcançou meus pés. Parece um sonho, e talvez seja, mas eu prefiro ficar aqui que acordar no mundo deles. Um abraço e o mundo gira tão rápido que eu nem consigo ver o tempo passar. O manto da noite se estende. Desdobrado sobre todos nós. Eu tenho bom gosto, mas não vá lamber minhas axilas atrás do sabor de morangos. Porque não é o que você vai encontrar. O corpo humano fede. A boca tem mais bactérias que teu intestino. Ainda assim, adoramos nos beijar.
Minha vida toda em 3 fotos. Meu RG não é quem eu sou. O cara do RG é outro. Um tal de Macauli Cauquin. Esquecido em casa pelos pais em uma noite de Natal. Supimpa !
O som da chuva me faz dormir.
A tua voz me faz acordar.
Meu cachorro lambe meu cotovelo.
O sol e a lua me visitam.
A adega cospe uma garrafa de vinho que o anão taverneiro abre com o olho. "PLOP" faz a rolha ao saltar.
Eu adormeço todo dia. Para nunca mais acordar.

Sigur Ros neles.

;D

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Hoje é dia do amigo ?

Deixa eu pensar em algo bonito pra dizer: foda-se.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Canção de ninar para leitões.

Textos substanciais me confundem. Eu perco a linha e perambulo por esse labirinto tateando as paredes. Curvando meu tronco pra ver o chão. Tentando ouvir a brisa que me levaria pra fora daqui. É fácil tropeçar no limo. Pisar em insetos gosmentos. Bem de longe eu ouço um bumbo marcando o tempo. Como um barco de escravos vikings com um contra mestre que ordena o ritmo das remadas. Ele comanda meus passos.
"- Seria esse som, o coração do labirinto ?" - devaneio em silêncio.
Minha mente me engana. E textos substanciais me confundem. As paredes estão cheios deles. Escrita em elfo, anão, orc e algo mais. Todas palavras substanciais de quem passou por aqui. Antes de mim. Eu deveria escrever algo também. Acho um pedacinho de pedra ainda lisa. Bem no alto do corredor. Me ponho na ponta dos pés. Apoio a mão esquerda na parede úmida. Seguro minha faca como uma caneta. E escrevo:
"Textos substanciais me confundem..."
Um dia, um coral vai contar essa história. Vozes ao vento. E ninguém que ouvir essa canção vai sentir o gosto de merda que eu carrego na boca. Mas tudo bem. Acho que algumas coisas são assim mesmo. Uma bosta.
Frases prontas me dão nos nervos. Já sinto asco do meu próprio escrever, só por ter escrito "Acho que algumas coisas são assim mesmo..." Você leu. É.
Pensei numa internet pra analfabetos. A televisão domingo a tarde é uma internet para analfabetos. Eles são tipo canais de chat público. Terrívelmente afiados como estiletes de presídio. Perfeitos para os crimes que cometem, mas se comparados a outras laminas além dos muros da cadeia. Não são nada demais. São de marmelada. Não são de nada.

Mas também não posso julga-los. Meus próprios erros me precedem. Como a má fama de um Czar violento. Ou de um cozinheiro egocêntrico. O mundo é um carrossel com um s só.

Seja lá o que esta bosta de sentença signifique: o meu mundo é um carrossel com um s só.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O enigma do Command+Z

O presente é o passado do futuro que não aconteceu.

Guarda o que tens.
Tua alma, amor ou dinheiro.
Salva do mundo, o que for.
Estou cansado de me perder.
De ir sem sair.
Quero ser sem ter.
Ouvir sem falar.
Pular sem cair.
Flutuar sem voar.
E escrever, sem rimar.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Yael Nain é a música da máquina do tempo

- Dança num campo florido que vais entender.
- Tá essa foi a coisa mais emo que te vi dizer em praticamente 3 décadas de vida.
- É, eu sei. Mas tenta, tu vai ver.
- Certo e desde quando tu escuta Fresno mesmo ?
- Desde que eu comecei a sair com a tua mãe !
- Não precisava.
- Imbecil.
- És tu.
- Ok, e aí ? Qual vai ser ?
- Bicho, não sei. Acho que nada. E você ?
- Igual. A mesma merda de sempre.
- É incrível como o ser humano consegue viver uma vida bacteriana e se sentir feliz não é ?
- Para com isso cara ! Parece que tais sentado na sala de espera do inferno ! Meu pirulito !!?!!! Cada um faz o que quiser com a sua vida ! Nem todo mundo precisa ter o ânimo do Amyr Klink pra sair por aí plantando árvores e se sentir o Indiana Jones ! Pessoas tranquilas gostam de vidas tranquilas !
- Ok, não precisa surtar. É que pra mim todo mundo é tanta gente que as vezes eu nem sei quem sou direito.
- Seu idiota, todo mundo é assim.
- Porra, precisas me chamar de idiota ?
- Preciso !
- Maldito...
- ...
- Ok, pessoas tranquilas gostam de vidas tranquilas. Eu odeio o verão que o resto das pessoas adoram. Eu não preciso ir pra balada seisecentas vezes por mês. Eu gosto de folhas verdes, de verdade. Bebo mais café que água. E acredito que Buda e Deus coexistem.
- Certo, e isso pra ti é normal !?
- Vai te fuder !
- Vai tu, mal educado.
- Impertinente.
- Imbecil.

(Silêncio)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Na falta de um nome, esse é o nome.

O que ninguém sabe.
É desconhecido.
O que ninguém lembra.
É esquecido.
O que ninguém vê.
É invisível.
O que ninguém sente.
É desprezível.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Eu comprei um café enquanto chovia. Me molhei até voltar pro carro. Pensei em escrever um texto quando pisei numa poça. Descobri isso. E encontrei o

limite de palavras pro meu título.

"I miss your face like hell" cantam As cabeças e os corações no meu ouvido.

É. Não posso dizer que gosto do jeito que as coisas mudaram. Minha família vive em outro estado. E se você não sabe como ler isso, então nós não somos amigos. Não é bem assim. Mas pra Buda, minha mente agitada e sempre atenta, sempre pensando no passo além do próximo. É uma mente que precisa de ajuda. Acho que Buda está certo. Mas Buda não tinha internet, verdade seja dita. Muita coisa mudou desde a internet. Talvez Buda hoje pensasse diferente ? Possívelmente.
Falando sobre Buda eu me lembrei que a vida é como um rio. Fazemos de tudo para represar nossos problemas e sentimentos. Mas no final... adivinha só ? A vida é como um rio !

Rios e ruas, me corrigem eles. Rios e ruas, até eu te alcançar.

Me dá esse gosto amargo de que tá tudo bem. Pessoas ao redor de uma fogueira apontam pro céu durante uma chuva de meteoros. E eu mal posso esperar pela pós vida. Imagina a paz que sinto ao pensar em todo mundo feliz junto. Algumas vezes a beleza americana é o meu Norte e eu não acho que vá conseguir entender toda a beleza do planeta. Nem que eu consigo aguenta-la. Como a maldita sacola plástica que dança no vento. Filmado em mini-dv quando mini-dv era bom ! Hoje em dia a sacola pairaria sobre a grande tela de um cinema 3D. E a magia da sacola talvez se perdesse, porque todo mundo ia ficar prestando atenção em como o 3D é legal. E não na sacola. Nem no que ela representa ou quer dizer. Isso me leva a outro pensamento: a técnologia as vezes atrapalha mais que ajuda. Porque lá fora podem existir dezenas de sacolas dançando contra muros de tijolos laranjas, ao vivo ! Mas nós vamos estar dentro de salas de cinema 3D assistindo ao que eles nos mandaram. Faça você mesmo e filme suas próprias sacolas na rua. Saia desta maldita sala de cinema 3D super legal e ultra confortável. Merda.
A sacola não quer dizer nada. Não se você não quiser ouvir. Tenho certeza que em muitos dias ela vai ser só uma sacola idiota contra o vento. Mas talvez, só talvez, hoje seja um dia daqueles em que a sacola te conta uma história. Recita uma poesia que você gosta. Assobia Lou Reed. Corta como o Tarantino. Pinta como Monet. Ou cozinha como o Jamie Oliver.

Não vou me esquecer, eu sei. Algumas coisas não se pode esquecer. Respirar é uma delas. Na verdade, respirar é tão importante que a natureza não deixou o homem escolher se quer ou não. Nós somos literalmente obrigados a respirar. Os de nós que querem ficar vivos ao menos são. A fazer coco também ! Mas isso ninguém diz, o exemplo de respirar é mais socialmente aceitável. Ok, se você se recusar a respirar pode se encontrar morto com uma sacola plástica na cabeça discutindo filosofia com Kurt Cobain e Nietzche. Se bem que eu duvido que eles discutem filosofia na eternidade. Lá deve ser tipo uma festa ninguém é de ninguém.
"- E deixe essas idiotices filosóficas pros mortais atrapalhados seu imbecil !" - me repreende Sócrates com seu uisque de 900 anos de idade. E eu aqui achando que stolichnaya era uma boa vodca. E é : )
Mas se você se recusar a fazer coco, bom... Você vai se sujar. Confie em mim.

Lute como se a sua vida dependesse disso. Trabalhe duro. Não desista diante de dificuldades. Mantenha-se limpo e apresentável. Acredite em Deus e seja gentil com as pessoas.

Hey sugar, take a walk on the wild side ! ; )

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Indo pra frente.

Sem vontade alguma de escrever, um amigo me pede um texto. É bom saber que alguém lê essa jossa. Alguém sempre te vê passar. Alguém sempre te ouve falar. Alguém sempre se lembrará de ti. Esses são os anos de nossas vidas. E pode ser que agora, quando você lê isso eu já tenha ido embora. Morrido. Ou sido sequestrado por extraterrestres. Seja qual for o destino do planeta: esses são os anos de nossas vidas.
Tuas certezas são como brinquedos de madeira para o Senhor do Tempo. Ele ri de nossas frivolidades. Sobre a tutela dele, tudo é desimportante. Pouca coisa realmente aconteceu. E qualquer linha escrita ou falada por nós, é uma piada. Ele espera o fim da humanidade como quem aguarda a uma gota de água secar no sol. Sem nem querer perceber as revoluções moleculares que se passam no seu interior. Ninguém o vê, ou o escuta. Pois essa é a vontade dele. Invisível ao entender.
O Senhor do Tempo é um monumento a uma guerra que nunca ocorreu. Um marco de um dia que nunca chegou. Nem nunca chegará. Mas não se preocupe. Todos teremos nossa oportunidade de passar por ele.

No sol que amanhecia na planice eu vi teu rosto numa núvem. Com aquele sorriso que só tu tens. Redondo e que pede um abraço. Inesquecivelmente perfeito. É interessante, como nessa vida de bactéria que a gente leva, pouca coisa é inesquecível. Não sou velho, mas também não sou mais novo. Ainda assim, não tenho certeza do que é inesquecível de fato. Já vivi mais dias do que posso me lembrar. Mais noites do que gostaria. Já perdi mais do que achei que aguentaria. Já chorei mais do que imaginei que choraria. Já sofri o que só em pesadelos, pensei que sofreria. E ainda assim aqui estou.

Se meus olhos choram, enquanto escrevo isso. É porque eu ainda tenho um coração. E a falta de vontade em te fazer acreditar nas minhas palavras é o que move minhas mãos. Não me importa de fato. Eu sei. Que acredites ou não em mim. Porque eu sei o que sinto. Eu sou sim, o Senhor da minha razão. Mesmo que nem sempre confie nela. Ser o Senhor da minha razão, me permite acreditar em minhas próprias crenças. Acreditar em minha própria alma. Crer em meus próprios olhos e ouvidos. O que sabes tu ? Vivendo aí no mundo além de Mim ?

Eu não me julgo correto. A verdade é que eu me julgo errado na maior parte do tempo. Me acho antipático, desajeitado, as vezes grosseiro e até uma pessoa não muito boa.
Mas eu sigo meu coração.

Ele não me deixa ser essa pessoa de armadura negra com a espada suja de sangue inocente que o mundo as vezes pinta. Não.
Meu coração aprendeu fora de mim a acreditar em Deus, a ser bom e a lutar pelo que se acha certo. Indo em frente sempre.

Não sei qual é o final dessa história. Pra onde vamos ou muito menos onde vamos parar.

Mas te garanto que pra cada lágrima derramada, um novo sorriso deverá nascer.
E que a estrada seja gentil com os teus pés viajante.

domingo, 10 de julho de 2011

Volta, meu amor.

Eu termino em mim.
Dias nao.

Dias sim.
E por vezes minha alma brota.
Do mais distante rincao.
Sem certeza de quase nada.
Urrando aos ventos e aos mares.
Que nem um dia mais anoiteça.

Nem um amor me aconteça.
Nem uma flor mais, apareça.
Sem que isto seja assim:
É,
eu nao termino em mim !

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O meu ralo de idéias.

Dentro do meu mundo existe outra galáxia. Galáxia tem acento ? Foda-se. Já vi que vai ser um texto daqueles, vomitado diarréicamente (não tenho dúvidas que essa palavra não exista) pela ponta dos meus dedos.
Sinceramente, eu sigo em frente por sentir saudade. Isso é da letra do Camelo, aquele um que era bem mais legal com a banda. E que se fudeu, porque a banda do amiguinho, o tal do Amarante, é muito mais foda que o projeto solo dele. Eu acho pelo menos. Mas enfim, eu sigo em frente por sentir saudade. Eu sei que sim.
Dentro do meu mundo existe outra galáxia. Ela não tem nome. Mas tem data pra deixar de existir. Como todo ser humano que lê esse texto, eu também vou morrer um dia. E aí, tudo que eu escrevi, fiz, falei, toquei, caguei, amei, odiei, irritei, emputicei e tantos outros "eis" vai ficar pra trás. Algumas dessas coisas podem ser lembradas e vistas. Outras tantas, não. O caminho é mais importante que o chegar. Chegar é chato. A gente só chega pra ir pra outro lugar. Pra continuar a caminhar. Mesmo que a caminhada seja ficar lá. Ali ou acolá. O caminho ainda será mais importante.
Desisti desse texto.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Eu não sei.

Depois do pulo.
Pouca coisa te assusta.
E como uma maldição.
Como uma praga.
Não importa o que haja.
Pouco, será para ti.
Teus olhos eternamente,
verão,
em lágrimas passadas.

Teus dias são como linhas escritas em páginas viradas.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O velho Vidal.

Era um senhor desses que tu vê como foi a vida nas marcas do corpo e do rosto. De uma magreza quase doentia, exibia somente uma barriga proeminente. Redonda como uma melancia inchada. Diferente dos braços esguios quase esqueléticos. Dos ossos da face no lugar das maças. Dos olhos azuis profundamente depositados no fosso que era seu rosto. Aparentava ter algo entre noventa e cem anos. E apesar disso ser muito subjetivo, basta dizer que o velho Vidal mal e mal havia cruzado os setenta. Seus cabelos negros e grossos de outrora, foram substituídos por uma careca brilhante e chamativa. Sobravam-lhe apenas alguns fios discretos e encabulados sobre as duas orelhas. Orelhas por sinal, dessas que os antigos chamam de abano ! Como uma referencia ao leque que formam. Grandes orelhas, mas pouco eficazes. O velho Vidal era praticamente surdo. Isso fazia com que suas sombrancelhas, essas sim grossas e sempre despenteadas, permanecessem praticamente sempre franzidas. A expressão dava a ele um ar de irritabilidade gigantesco.
Caminhando na rua com dificuldade, aos domingos de manhã ou talvez em um final de tarde tranquilo. O senhor sempre causava espanto. Crianças se escondiam e os adultos abaixavam as cabeças em respeito. Querendo na verdade, lhe tirar logo da vista. Ou fingir que não o viam para que o velho não lhes pedisse nada.
Pobres ignorantes que eram. Não sabiam que eram eles que deviam lhe pedir atenção. O velho Vidal sempre foi um homem muito culto. Desde mais moço, preferira a companhia de livros e compendiuns do que das mesas de bar. Diferente da maioria, o senhor apreciava sim a boa conversa. Era um ótimo argumentador, e educado como poucos. Repudiava brincadeiras frívolas e as "imbecilidades culturais", como dizia. Era um ser humano diferente. Pra começar, sempre morou na mesma casa na rua das Laranjeiras. A número 641, com um portão enferrujado na frente. Tinta caindo das paredes. E janelas sempre fechadas. Sozinho, mas não solitário. Durante as décadas de clausura que enfrentava, foi acompanhado pelos pensadores e filósofos clássicos. Discutia bossa nova e o pouco que foi gravado do samba original com os compositores de seus velhos LPs de vitrola. Mantinha alguns livros de poesia, apesar de não ser um grande conhecedor do genero, os utilizava como alívio para os males que o mundo lhe jogava no colo. E fotos, muitas delas. O velho Vidal tinha albúns, e mais albúns de fotos antigas. Sua juventude esquecida. Sua família e amigos. Seus trabalhos, ele fora professor por mais tempo do que eu tenho de vida neste planeta. Ensinava história a adolescentes.
No meio de tantas fotos, alguém com paciência, acharia a foto dela. Sim caro leitor, ela. A amada que nunca mais voltou. Vidal não era um velho quando pediu sua mão em casamento. Na época, a barba havia começado a lhe brotar na face. O que sabia ele ? Um garoto piá, como seu pai chamava. Estava apaixonado e decidiu se casar. Ela era linda, dessas meninas que fazem o mercado parar quando passam. Que os outros homens tiram os chapéus e dão licença nas passagens. Delicada como um flor jovem, recém desabrochada. E o melhor: amava Vidal mais do que ele a ela, só não lhe revelara isso.
Uma febre a matou. Assim, brutalmente. Vidal, lá ainda moço, fechou seu coração a sete trancas e o arremessou nas profundezas do inferno mais distante. Nunca olhou para outra moça com os mesmo olhos. Até as teve, por obrigação de ser homem que a época lhe demandava. Mas nenhuma teve seu coração, verdade seja dita. Nem ele mais o tinha. Nem ele mais queria te-lo.
Os anos foram se passando, e as moças que se apaixonavam por Vidal, acabavam revelando que era mesmo apaixonadas pela companhia que tivessem. Casavam-se as pencas. Seus amigos as tinham e morriam de ciume do rapaz que era motivo de suspiros quando passava. Com aquele ar enigmático de: "Sou imune ao amor".
Suas amizades se afastavam de mãos dadas com aquelas que queriam se casar com ele. Cada um para um canto desse planeta. E Vidal alí. No mesmo lugar. Assistia ao mundo como quem vê uma peça de teatro. Inerte ao que o roteiro lhe apresentaria.
Veio sua aposentadoria. Depois os problemas de saúde. E foi mais ou menos por aí que ele se perdeu em sua própria amargura. Havia se fechado por tanto tempo, quem nem mais um simples: "Bom dia" sabia trocar. Olhava para quem arriscasse o cumprimentar com estranheza e repúdio.
O velho Vidal não tinha bons dias. Nem boas tarde. Nem boas noites. Ele tinha dias, tardes e noites. Isso quando os tinha. Quando não os recusava. Os invertia. Os enganava. Isso quando não os humilhava com sua frequencia obrigatória cadenciada.

Morreu sentado no sofá da sala. Enterrado entre centenas de livros. De raridades que lhe deixariam ter um velhice muito mais confortável caso fossem vendidas a publicações próprias. Que pouquíssimas pessoas viram impressas.

Sua morte não foi percebida pela humanidade. Seus amigos não enterraram seu corpo com pompa e circunstância. O velho ficou ali, sentado por quase uma dezena. Até que seu corpo já cheirava tanto a ponto de fazer um ou outro vizinho sentir vontade de vomitar.
E foi por esse motivo, que o planeta soube da morte do velho Vidal: pela vontade de um vizinho vomitar.

Foi encontrado com as magras pernas cruzadas. Usando um casaco de lã grossa listrado. E um chapéu panamá cinza escuro com uma faixa bege. Nos pés tinha sandalhas. Um relógio no pulso esquerdo. Barba por fazer a dias. Olhos azuis abertos arregalados e um sorriso estampado.

Em sua mão a foto dela. Num preto e branco amarelado desses de antigamente antes do que era velho pra gente hoje. Ela sorria pra ele e bem no meio da fotografia. Somente seu busto jovem de menina moça pronta pra ter uma vida feliz. Antes da febre. Antes do coração trancafiado as correntes do inferno. Antes das décadas de amargura que Vidal sofreu.

Antes disso tudo. Ela lhe dera a foto e escrevera na base com uma tinteiro preto de ponta bem fina: "Para o amor da minha vida, Vidal !"