segunda-feira, 30 de julho de 2012

50 tons de cinza

Achei que era um dia colorido. E era. Só que ao contrário. A cor estava lá, escondida de preto e branco.
Voando sobre o pasto, alheio a humanidade. Alheio a realidade.
Alheio a tudoidade.


Tanto cinza.
Até depois do morro.


Depois do morro, o dia é azul e amarelo. O fim da tarde é púrpura saudade com roxo de verdade. E a noite é só um manto de sombras em cima disso tudo. Brincando como uma criança, com fogo.


Brincando como uma criança brinca, enquanto a morte lhe observa em silêncio.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A punk - Vampire Weekend.

Flautas doces não salvaram sua pele.


O fogo morreu, a água o matou.


O tempo cura tudo, ou quase.


Quem ri por último, ri melhor. Ou passa vergonha.


Verdade seja dita: você não sabe nada Jon Snow.



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Publique aqui.

E a lingua insiste em ser o chicote do anus.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Então deixo estar.

E eu ?
Perguntei outro dia. 
Tanta gente legalzona por ai... Garrafas abertas na casa do sorriso... Pés que ultrapassam os continentes... A terra que não tem por do sol. E eu ?


Eu me canso. Mas não do gosto do ranço. Me largo do precipício. Tento não viver o desperdício. Faço amigos e me esqueço de limpar meu umbigo. 
Quem vai ler esse texto sobre uma pessoa só, Clarice Falcão ?
É.
Hoje eu falei pra mim, jurei até, que essa não seria pra você. E agora é.


Pra quem ?
Pra mim ?
E eu ?
Eu sou o tal mim.


É ?
Depende. Mas acho qué (que + é = qué) !


Viver de gosto amargo é duro. Eu sei qué. A vida não é só bonita. Mas é bacana estar aqui. Feito um cientista russo que prova por a+b que xingar a água torna ela menos legal, eu vim pra cá. Cheguei faz 30 anos. Já tomei tapa na cara, soco na rua e suco de goiaba. Já chorei de rir, chorei de triste e chorei por chorar. Já dancei pelado, já montei cavalo, corri pra todo lado. E ainda não estou cansado. Fico só, as vezes, um pouco. As vezes muito. Feito pipoca doce colada. Só que ao contrário.


E não. Eu não trocaria um sorvete de flocos por você.


De longe, Marcelo Camelo. De longe !

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ouvindo: Silva - 12 de maio.

Bate o tambor em um repique descompassado. Descontente com o passado. Deconcertado.  Mesmo quando ela não está se arrastando pelo som da batucada, ele diz.
O vidinha morna a dessa gente. Bocas cheias de palavras irritam mais do que os olhos que tudo vêem. Ou as grandes e gordas orelhas que tudo escutam e são surdas. 
Eu prefiro o silêncio. 
Xícaras de café com leite. E a fumaçinha voa feito beija-flor feliz na primavera. Cheiro de terra molhada. Um olá amigo ao telefone. Uma msg de "e aí ? como estás ?". Um dia comprido sem umbigo. Um abraço apertado dos meus cachorros. Corri alguns quilometros e pronto. Já podemos recomeçar.
Onde paramos ?
Acho que nunca paramos.
Você parou. Eu continuei.


O vidinha besta dessa gente.


Que pisca todo o tempo. Sem tempo pra nada. Que odeia cometas. Que espera mais vida. Mas não encontra. Até o dia em que a vida acaba.

terça-feira, 17 de julho de 2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

We have our lives.

Me passa o traço.
Que fez da linha o vaso.
Mostra a calma.
A paz da guerra.
O grito da alma.
Caminha deitado.
De frente e de lado.
Presente futuro, do passado.
Me esqueci do que.
Te fiz um desenho.
E morri.


Viver é pouco.
Eu prefiro sorrir.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Me encontra no morro de Mim.


Onde eu existo ou não existo.


Mas sempre prefiro assim.

Don't you worry. Don't worry by me ;)

O passado chegou em mim. Roupas anos 90. Jogos eletrônicos anos 80. Gírias das antiga ! Sim ! Foi como se algo tivesse mudado. Mudado de mim, para outro lugar. Outro corpo. Outra alma. Outro dia. Outra vida. Outra pessoa. Outro treco.

Subindo a colina, era fim de tarde. Ouvi o som da fogueira queimando. Cheiro de madeira molhada jogada no fogo. Daquela que demora pra queimar, que faz brasa quente. Vermelha e amarela. De calor intenso. Vi as fagulhas primeiro, a uns 3 metros do chão. Voando como moscas em chamas. Ziguizaguiando a esmo através do vento. Do mundo. E do tempo. Depois vi as cabeças deles, girando e rindo. Como elfos saidos de um conto de Tolkien. E meus pés estavam descalços, foi quando percebi: não sabia se o sol morria ou nascia. Não importava. Ninguém estava com sono. Ninguém queria estar em outro lugar, além de ali. Ninguém queria ver o dia acabar, nem acabar. 

Tanto faz, alguém sorria pra mim dizendo, vem ! E eu fui. Pisando sobre grama molhada. Olhando para um céu roxo azul vermelho verde amarelado. Como se nunca tivéssemos ouvido falar da morte. Ou de como a vida acaba.

Antes do fim, será assim. Outra voz falou.

Tudo bem, eu disse.

Mesmo quando não. Sim.

Eu me perco.
E assim me encontro de novo.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Um conto e meio.

Me diga que a vida se faz de dias e não de sonhos.
Te chamarei de burro e não de louco.
Tentam me convencer que ter é melhor que ser. Entre outros engronhos.
Desisto do que foi quisto e parto ao que existo, invés.
Mudo de lado, como vim ao mundo nu e pelado.
Roupas me pesam e relógios me irritam de tédio.
Sempre que vem, mudo alguma coisa. Ou coisa alguma talvez...
E fico mudo calado, mesmo gritando ao teu lado.
Sou muito ruim em ouvir rádio.
Prefiro a letra.
Prefiro a reta.
Prefiro o eita.
Como quem semeia, sem esperar a colheita.
Porque escanchalado, é só uma palavra que inventei.


Não me pergunte se tem significado.
Nem eu mesmo sei.


No meu castelo eu mudo de tudo.
Da tapeçaria aos nomes que já usei.
Espero que nunca, ou quase nunca,
esse castelo mude de Rei.


Ninguém sabe.
Ninguém viu.
Ninguém ouve.
Ninguém nem puta que te pariu.

Em paz.

Da série: publicando devaneios.