segunda-feira, 11 de abril de 2016

Tudo é tão normal.

Há poucos que sabem,
que somos planta.
E morte não é fim,

é colheita.
Raízes profundas.

Rasgadas de qualquer maneira.
Vida que cessa.
E depois recomeça.
Sol que se põe,

e se ergue.
A água que correu o rio.
Amou o mar.
Subiu às nuvens.
E voltou a cair.

Os olhos que te viram.
E se fecharam.
Novamente se abriram.
E se apaixonaram.

Choramos no fim.
Sorrimos no meio.
Tantos

recomeços.

terça-feira, 5 de abril de 2016

As vezes, não dá pra dizer tchau.

Sabe como eu sei que esse vai ser um daqueles textos de merda? Porque sim, eu sei. Eu sei porque escrevo sobre a morte do pai de um grande amigo, porque toca Sigur Rós nos meus fones, e porque eu tive uma ideia que gostei.
Meu celular sabe tudo da minha vida. Ele completa minhas senhas bancárias, me avisa dos meus emails profissionais e pessoais com tons diferentes, me indica bandas para as quais eu realmente pago pau (ele acerta muita vezes, mesmo!) e completa minhas palavras nas msgs que mando para o mundo.
Enquanto eu digitava uma mensagem, noutro dia, percebi que meu celular não sabe escrever a palavra "pai". É bem simples, ele não sabia (e provavelmente agora sabe), porque eu não a escrevo. Meu pai nunca teve celular, email, spotfire ou qualquer outro app, gadget ou elemento virtual em sua vida. Ele morreu antes disso tudo acontecer. Logo, eu nunca pude trocar emails com o meu pai (então troquei cartas) ou conversar com ele no whatsapp (nós nos falávamos pessoalmente quase todos os dias).

A morte pode ser uma coisa bem fodida (eu ia dizer confusa, mas fodida representa melhor). Um dos problemas da morte é que ao contrário de tantas outras coisas que temos controle, sobre ela não temos. Ela pode ser anunciada em forma de uma doença que cause dor e sofrimento ou pode ser abrupta como um acidente que acontece em menos de 10 segundos. A morte não se importa. Ela vem. Acontece. E vai embora. Sem receios. Sem problemas. Fria. Rápida ou demorada. Simples como uma folha que cai da árvore ou complicada como uma menina que nunca conheceu seu pai, até um dia antes de ele morrer.
A morte não te julga por seres rico, pobre, bonito, horrível, negro, oriental, bisexual, perverso ou a Madre Tereza de Calcutá. Ela abraça a todos nós.
Eu já pensei muito sobre a morte.

E o que complica muito as coisas, é quem fica para trás.
Quem permanece aqui, vendo as fotos, sentindo os cheiros, ouvindo os sons e pensando em quem foi. É um processo mapeado, nós criamos até um nome para ele, nós o chamamos de: luto.
Todo luto termina. A vida tem essa mania de ser maior que a morte. Tem uma frase que li a muitos anos atrás que diz: "Todos nós um dia vamos morrer, mas em todos os outros dias, nós vamos viver...".
La muerte já foi motivo de poemas, de lindas obras de arte, já foi a razão para se estudar a filosofia da existência. E a verdade, nobre leitor(a), é que sem a morte nada seríamos. A morte é a última página do livro que escrevemos todo dia. O capítulo final. A sentença derradeira. A morte é o fim para tudo que vive nesse planetinha "Via Lactea fundos".
E apesar de não considera-la mais significante que a vida, eu ainda assim digo: a morte é mais importante que o amor.  

Amo-te. 
Amor. 
Morte. 
E as sentenças sem ponto final