domingo, 31 de maio de 2009

Quem sabe alguém merece mais o teu amor !

Tarde suave. Domingo de sorrisos fáceis. Gente que se gosta por estar lado a lado. E não pela obrigação. Como uma viagem de carro com amigos, onde todos acordam em sorrir por estarem felizes. Não canso de repetir: a estrada é mais importante que o chegar. E aquele que quer chegar cedo, perde o mais importante.

Pensei em escrever. Mas não escrevo o que penso sempre. Não dá ! Tem muita coisa que precisa ficar aqui, guardada. Mas eu vi. É, não precisa ficar na dúvida não. Eu vi sim ! E tudo bem...
As vezes você vê com os ouvidos. Já aconteceu contigo ? Comigo já. Você ouve algo que te faz ver algo. É muito bom.
Você também pode ver e não enxergar. Isso é TÃO comum. E ninguém percebe. Isso porque a gente sempre tem certeza de tudo ! Já viu ? Tudo é tão óbvio o tempo todo no mundo dos olhos. Tá tudo alí. Não há mistério algum.
Péééeéééééééééééééé´- soa a sirene da resposta errada !
Acho que a gente pode fazer mais que isso.
Podemos tentar ver além do que os olhos deixam. Além do que a luz mostra. Oque existe nas sombras também está alí. E mesmo aquele teu amigo invisível, que acabou ficando pra trás nos corredores da vida. Ainda existe. Ele não deixou de ser legal. Nem de ser teu amigo só porque você parou de lhe dar "olá".
É tipo aquela: "um olhar vale mais que mil palavras...".
Pode ser.

Mas nem todo olhar vale ser visto. Como nem toda palavra vale ser ouvida.

Eu gosto do olhares que podem ser ouvidos.
Bem como das palavras que podem ser vistas.

Mas eu to errado. Só pra variar um pouco.

"Quis não mais viver

Com mais ninguém
A não ser com quem gosta de mim
Me esqueci numa curva que fiz
Tão veloz que o amor
Não morreu por um triz"
(Pato Fu - Um ponto oito)




sábado, 30 de maio de 2009

Tenho alguns amigos que se sentem como eu e você...

All I want is the best for our lives my dear,
and you know my wishes are sincere.
Whats to say for the days I cannot bare.

A Sunday smile you wore it for a while.
A Sunday mile we paused and sang.
A Sunday smile you wore it for a while.
A Sunday mile we paused and sang.
A Sunday smile and we felt true. (and)

We burnt to the ground
left a view to admire
with buildings inside church of white.
We burnt to the ground left a grave to admire.
And as we reach for the sky, reach the church of white.

A Sunday smile you wore it for a while.
A Sunday mile we paused and sang.
A Sunday smile you wore it for a while.
A Sunday mile we paused and sang.
A Sunday smile and we felt true.

(Beirut - Sunday Smile)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Aponta pra fé e rema.

"É de mágica
Que eu dobro a vida em flor
Assim!
E ao senhor de iludir
Manda avisar, que esse daqui
Tem muito mais amor pra dar..."
(É de lágrima - Los Hermanos)

Tá, eu não distribuiria pizzas na Câmara de Vereadores. Não, definitivamente.
Distribuir pizza é fazer parte do circo. É ser palhaço. É brincar com aquilo que não tem graça. E não é sobre rir dos próprios infortúnios que eu to falando. Rir de si próprio é muito bom, realmente. Mas quando rir de ti mesmo, envolve rir do abuso do teu poder. Rir de como tu podias ter ajudado alguém que precisa e não ajudaste. Rir do sofrimento alheio causado por ti.
Sinto muito em te dizer: a piada não vai ter graça.
E mais, porque de piada sem graça eu entendo, tua piada vai ser tu mesmo ! E mesmo que alguém diga:
"- Mas nunca acontece nada com eles..."
Acontece ! Pode esperar. Acontece sim. E mesmo religioso torto como sou, acredito e com muita fé. Que antes do fim, acontece sim ! Que antes do fim a conta é cobrada e paga !
Fazer o mal deliberadamente, por ganância, ignorância ou pura vontade não controlada tem sim seus reflexos. E como tudo que é feio e se olha no espelho: o reflexo do mal não é NADA bonito ! E ele te alcança...
Eu não distribuiria pizzas na Câmara. Como também, provavelmente não faria parte da palhaçada promovida com os caras pintadas em 92.
Isso não é rir de si mesmo. Isso é rir de quem passa fome e não tem instrução o suficiente pra arranjar emprego descente. Isso é rir de quem morre em corredores de hospitais por não ter um plano de saúde particular. Isso é cuspir na boca de quem é assaltado pegando a quinta lotação do dia, voltando pra casa. Isso não é "ser brasileiro e não desistir nunca". É ser burro !
Nós não deviamos fazer parte do circo. E sim botar fogo nele. Enforcar os palhaços e pendura-los em praça pública pra que sirvam de exemplo. Deviamos soltar os leões e os elefantes. E fazer todo aquele que discordar da gente, passar pela corda bamba sem rede de segurança.
Chega de votos de pessoas que não sabem ler.
Chega de propaganda política desregrada.
De motivar o ignorante a se sentir brasileiro, achando que tomar murro na cara e continuar a caminhar sorrindo é a verdadeira conduta de um patriota.
Um verdadeiro patriota respeita a pátria que o respeita também. E respeito é aquele negócio, você não pede pra ninguém. Você exige ou parte pro desrespeito também...
Entregar pizza ? Deviam é entregar pizza em comunidades carentes ! Pra quem tem fome de comida...
A Câmara ? Eles não tem fome de pizza. Eles tem fome de justiça. Fome de verdade. Fome de coragem pra ser o homem que seus pais queriam que eles fossem.
Roubar já é errado por si só. Roubar de quem não pode se defender é ser medroso. É ser fraco.

Pra algumas culturas orientais, quando um indivíduo morre ele é levado até o rio que divide o mundo dos vivos e o mundo dos mortos...
Lá, um balseiro faz a passagem das almas. Ele pede um pagamento diferente a cada uma.
Dizem que os homens justos e verdadeiros, são levados em troca dos feitos que provam seu valor. E que ladrões e mentirosos só podem ser levados se pagarem todo o dinheiro que roubaram enquanto caminhavam no mundo dos vivos.
Como nenhum dinheiro é levado conosco após a morte... A alma dos que roubam e enganam, pena pelo mundo dos vivos lamentando suas falhas e choramingando sua desgraça. Até se apagar completamente e desaparecer.

Cada um escolhe o que vai pagar ao balseiro. E por mais que você erre as vezes. O que vale mesmo é tentar acertar. É não roubar propositalmente. É saber a diferença entre o bom e o ruim.

Entregar pizzas ? Não ! Vamos entregar bóias para que eles tentem atravessar o rio sem pagar o balseiro...



quinta-feira, 28 de maio de 2009

O invisível que é bonito por poder ser visto.

Quebra onda na praia branca. Ouço a batida arrastada de um tambor.
"- Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba ?" me pergunta Camelo.
Eu aponto com o dedo e digo:
"- Ele ! Ele se atreve !"
Uma cachoeira de cores é despejada sobre minha rotina. Verde, azul, lilás, branco e amarelo sujam meu dia. E todas as pessoas nos carros ao meu redor começam cantar em coro:
"- Avisa que eu só vou chegar no último vagão. É bom te ver sorrir e eu também vou atrás... Vem que a tua solidão me dói..."

Acho que o Frodo concorda comigo. Algumas feridas machucam fundo demais para cicratizar. Mas você nunca consegue ter certeza quais delas pertencem a esse grupo de machucados eternos.
Algumas vezes a eternidade tem prazo de validade. Outras não.
E você passa tanto tempo esperando, que no final, nem sabe se quer que o machucado se feche.

Ainda bem.



quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um café e um doce de nozes com damasco em forma de triângulo.

Eu não tenho nada pra dizer, além de escrever sobre a obrigação de escrever. Obrigação essa que eu adoro ter !

Tem uma dragão azul na recepção e o rei dos leprechauts dançando ao meu redor.

O mundo é um lugar lindo !

Beijos.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Notícias do Reino de Mim.

Um mensageiro cruza a fronteira do Reino de Mim apressadamente. As Torres da Borda, responsáveis pela segurança do Reino soltam fogos de artifício duendes como aviso. O castelo é avisado da presença de um mensageiro. Soldados correm se preparando para o desconhecido. Uma esquadra com sete Cavaleiros da Antiga Ordem saem da Cidade Imperial. Entre a antiga ordem, não existem líderes. Eles cavalgam lado a lado, usando como identificação uma pequena bandana presa ao ombro direito. Em sinal do compromisso que possuem.
Enquanto cavalgam eles assumem a posição de combate, um deles grita:
"- Caaavaaaaleeeeiiirooooossss, armas !"
E todos retiram suas espadas das bainhas em um uníssono "SCHZiiiiiiMMMM" hollywoodiano. E se colocam lado a lado como a tropa comandada por Faramir que deixou Minas Tirith em direção a morte em Osgiliath !
Assim eles atravessam a campina.
Quando no horizonte um cavaleiro, montando um animal de assalto (usando exclusivamente por aqueles que percorrem longas distâncias sem pausas), soa sua trombeta. Avisando ser um mensageiro.
"- PooooooooooÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚ...."
"- É o mensageiro" - diz um dos cavaleiros aos companheiros.
Eles se aproximam e prontos para o combate. Os Cavaleiros da Antiga Ordem conhecem as Leis de Mim como ninguém. Eles sabem que são proibidos de matar um mensageiro pela mensagem que ele trás. Por pior que ela seja.
Eles não o reconhecem, na verdade, nenhum dos Sete (como são conhecidos), jamais viram esse homem.
Um deles grita:
"- Identifica-te mensageiro...."
Todos os outros estão prontos para ataca-lo se necessário for...
"- Meu nome não é importante, além de ninguém neste texto ter o nome revelado... Eu não serei diferente...."
Todos os Cavaleiros começam a rir. Essa é uma piada escrita para quem escreveu o texto.
"- Trago notícias do Norte.... da Grande Guerra ."
"- Revela tua informação homem..." - pergunta um cavaleiro.
"- A Grande Guerra finalmente encontrou seu fim Cavaleiro, o exército de Mim está voltando para casa... Escreve o comandante de vossas tropas" - tirando um pergaminho de dentro da armadura e lendo:

"Aviso através desta mensagem, com enorme felicidade, que a Grande Guerra da nossa Era termina ao alvorecer do primeiro dia de inverno da regência da 4ª Coroa do Reino de Mim. Nossas tropas deixarão o campo de batalha com a certeza de que nosso adversário recua por não conseguir subjugar a vontade de nossa Majestade. Nossos mortos foram enterrados sob o solo em que morreram. Nossas espadas lavadas com o sangue daqueles que nos ameaçaram a liberdade. Retorno para minha família e morada, levando a paz como presente a aqueles que acreditaram em nossas tropas. Escrevo esta carta à Coroa do Reino de Mim e confirmo a autenticidade dessa informação através da frase secreta que me foi dada pelo próprio Rei no dia em que deixei nosso Reino:
Aquilo que deres ao próximo, em dobro será dado a ti...
Até breve.
Oficial sob a patente de Comandante das Tropas do Reino de Mim para A Grande Guerra do Norte."

Quando terminou de ler o mensageiro que chorava e sorria ao mesmo tempo disse:
"- Terminou rapazes. Terminou !"

Os cavaleiros também sorriam. E alguns mal continham a felicidade amarrada a face...

Uma grande festa esperará os combatentes da Grande Guerra do Norte.
O festival de inverno se iniciará em poucas semanas.
Um enorme carregamento de vinho hobbit será entregue em poucos dias.
A Coroa não poderia estar mais feliz...

: )


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Amanhã é o seu dia de sorte. Bem, aqui está o seu "amanhã"...

"It really really really could happen
Yes it really really really could happen
When the days they seem to fall through you
Just let them go..."
(The Universal - Blur)


domingo, 24 de maio de 2009

Sem ouvir som algum.

Preserva-te intacto para não esquecer quem és.
Pois vasta é tua vontade de ser feliz.

sábado, 23 de maio de 2009

However you feel, whatever it takes, whenever it's real, whatever awaits, whatever you need, however so slight, whenever it's real, whenever its right

Se sobra sol sob meu céu.
Se digo lá quando em seu véu.
Sempre que sigo só sonhos gentis.
Sem sobrar sentimentos sobre o silêncio
Sem soprar verdades ao vento.
Se me dizem que só não há solução.
Que só é contra mão.
Que só não há vento de redenção.
Sorrio em cortesia.
Acho graça de quem acha que só é sem direção.
Que só se leva triste solidão.
Pois assim só, sabe-se melhor...
Que só se é o que se é só.
Que além de só, nada podes-se ser...

E toma um murro na tua cara ! : )

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ouvindo Pavement.

Tive um professor de faculdade muito querido. Era o tipo do cara boa praça que todo mundo queria ao redor. Sempre simpático, muito educado, tinha opiniões engraçadas e inteligentes. Ouvia o que era dito pelos outros e sempre tinha algo agradável para acrescentar, nem que fosse o seu sorriso silencioso.
Além de ser um bom professor. Ele era conhecido por ser bastante positivo. Na verdade, dizíamos que com ele não tinha tempo ruim. Tudo era agradável, tudo tinha um lado positivo muito forte. Sempre o convidávamos para ir ao bar da faculdade depois das aulas. Para os churrascos e festinhas da turma. Para as mesas de truco. Ele sempre era visto sentado com os alunos ao lado de fora da sala, contando piadas, rindo dos acontecimentos do final de semana e aconselhando os corações apaixonados.
Um dia, quando chegava em casa depois do trabalho, nosso professor encontrou a porta de sua casa aberta. Como morava sozinho, pensou que pudesse ter esquecido de tranca-la e o vento se encarregou de empurra-la... Achou estranho mas entrou silenciosamente. Logo de cara ele percebeu que a sala estava revirada, tinha gavetas abertas, almofadas largadas pelo chão, uma grande bagunça... Foi quando ouviu um som vindo do seu quarto. Exitou, mas se aproximou vagarosamente. Era um garoto, não devia ter mais de 20 anos de idade, estava revirando uma gaveta. Usava uma camiseta toda suja e rasgada, estava descalço e tinha um arma em sua mão direita. Parecia muito transtornado.
Nosso professor pensou em fugir, mas o assaltante lhe ouviu e apontou a arma para seu peito gritando que queria dinheiro, jóias e o telefone celular. A reação do professor foi a mais calma possivel, começou a dar-lhe o que tinha na carteira, tirando um escapulário que ganhou de presente de uma ex namorada e dizendo que tinha mais algumas coisas em cofre que estava em outra sala...
O garoto o empurrou com a arma até o cofre e quando o professor começou a abrir o segredo da fechadura ele pensou que poderia morrer. Que mesmo que desse o dinheiro a aquela criança ele poderia ser baleado e morrer alí. Um medo gigantesco lhe invadiu o coração e ele ficou nervoso. Errou o segredo, duas vezes seguidas. O garoto desconfiou que talvez estivesse sendo enganado. Ele estava drogado. E também ficou nervoso...
O assaltante começou a gritar e o professor a pedir calma.
A situação saiu do controle.
Do lado de fora da casa, os vizinhos puderam ouvir quatro tiros. Altos e secos. Não como os de hollywood. Eram tiros de verdade, seguidos de uma porta batendo e de um garoto correndo desesperadamente pela rua. Com os pés descalços. Desaparecendo na dobra da esquina.
Um vizinho entrou na casa do professor correndo também e saiu gritando:
"- CHAMA UMA AMBULÁÁÁNCIA, ELE VAI MORRER, RÁPIDOOOOO..."
Toda vizinhança se juntou na porta da casa dele enquanto os paramédicos o levavam cheios de pressa. As mulheres faziam o sinal da cruz. As crianças choravam enquanto viam aquele corpo sendo levado em camera lenta , pingando sangue... Desacordado.
O professor não era bem quisto só na faculdade. Ele era querido em todo lugar que frequentava. No seu bairro, não era diferente. Ele sempre era convidado para almoços de domingo com seus vizinhos. Para jogos de futebol contra o time da rua de cima. Para ajudar a pintar muros ou para um simples bate papo em um final de tarde de sábado...
Todos ficaram chocados ao ver o que aconteceu.
"- Logo ele..." - alguns lamentavam.
Na ambulância a caminho do hospital, ele despertou enquanto os paramédicos faziam os primeiros socorros. E alí, ele já percebeu que sua situação era muito ruim. Ele viu isso nas expressões dos dois paramédicos. O professor tentou falar, mas não conseguiu. Ele ouviu o motorista avisar no rádio que seu estado era gravíssimo.
No hospital, uma equipe de médicos o aguardava. Enquanto ele era levado através do corredor, até a mesa de operação o professor conseguiu recuperar um pouco mais da sua conciência. Como um sopro de vida que surge e ninguém consegue explicar... Ele não parecia mal, apesar dos quatro buracos de bala. Dois na altura dos pulmões e dois um pouco abaixo do estomago.
Um dos médicos se aproximou e percebendo que o professor estava conciente ele perguntou:
"- O Senhor consegue me ouvir ?"
O professor lhe olhou com seriedade. Piscando.
"- O senhor é alérgico a algum medicamento ?"
Toda a equipe médica parou o que estava fazendo, aguardando uma resposta.
"- Senhor... o senhor é alérgico a algum medicamento ?" - repetiu o médico.
Ninguém achou que ele fosse responder. Ele estava morrendo. Todos sabiam disso. Todos viam isso.
Foi então que se ouviu a voz rouca do professor dizendo:
"- Sim.... eu sou !"
Todos pararam novamente. Enfermeiras segurando máscaras e ciringas. Médicos que discutiam o que fazer. Dois estagiários que observavam tudo... Todos ficaram em silêncio aguardando a resposta...

"- Eu sou alérgico a tiros...."

Ninguém acreditou.
Como poderia um homem, a instantes da sua morte, fazer uma piada da sua própria desgraça ?
Os dois médicos foram os únicos que não riram. Eles permaneceram sérios, se entre olhando.
Enquanto as enfermeiras e estagiários sorriam nervosos com a situação ele começou a falar:
"- Eu sou um homem e estou vivo. Não quero morrer. Não me deixem morrer. Parem de me ajudar como se eu já estivesse morto. Por favor... me façam ficar vivo..."
Um dos médicos se aproximou e lhe colocou a mão no ombro pedindo calma. Ele fez sinal para que uma das enfermeiras lhe desse a medicação que o sedaria.

Meu professor acordou no quarto do hospital. Quase dois dias depois. Sem um pedaço de um dos pulmões. Com alguns metros a menos dos intestinos. E quatro marcas de tiros gigantescas no tronco.
Ele sorriu ao perceber que estava vivo. Que não havia morrido. Depois ele chorou e se lembrou do que aconteceu. Alguém abriu a porta cuidadosamente, era uma enfermeira. Ela também sorriu ao ver que ele estava acordado. E disse:
"- Boa tarde professor..."
Ele a olhou espantado e se perguntou:
"- Como você sabe minha profissão ???" - foi então que viu que a sala estava repleta de buques de flores, caixas de chocolates, corações e ursos de pelúcia e mais de uma centena de cartas coladas pelas paredes. Todos desejando que ele se recuperasse logo... Ele se sentiu muito querido e pensou que sorrir pras dificuldades da vida, valiam mais a pena que reclamar...

Ele chorou sorrindo. A enfermeira também se emocionou. Foi muito bonito...

Eu encontrei meu professor caminhando pelo campus a umas duas semanas e gritei:
"- Tudo bem professor ?"
Ele se aproximou, me abraçou e disse:
"- Se melhorar estraga, quer ver minha novas cicatrizes ?" - abrindo alguns botões da camisa.
Começei a rir enquanto ele me contava a história... quando ele terminou, me deu dois tapas nas costas dizendo que tinha um compromisso com sua namorada !

Eu o vi indo embora. E pensei:
" É incrivel como a tua perspectiva altera a realidade... Tudo depende de como você vê alguma coisa..."

: )




quinta-feira, 21 de maio de 2009

Decifra-me ou... te deixo ir embora !?!

"Um dia, uma solidão.
De um lado o trapézio do outro o chão..."
(Medulla - O novo)

Era pra ser decifra-me ou devoro-te ! Não né ? Sem canibalismo... por enquanto.

Uma vez alguém me disse que escrever assim é mais fácil. Porque eu não preciso realmente me travestir com minhas próprias palavras. Discordei. Ou tu acha que todo mundo que conversa contigo durante o dia te diz tudo que pensa ? Ou tu pensa que ninguém te vê de uma forma diferente do que tu mesmo ?! Um professor uma vez, durante a aula de Psicologia da Comunicação disse que existem três de cada um de nós. Aquele que nós vemos. Aquele que somos dentro de uma realidade ponderada pela racionalidade. E aquele que os outros enxergam. Dá pra ser mais metafórico que isso ?
É assim que eu escrevo. Pra "aquilo" que eu me vejo. A forma como você lê ou como a "realidade ponderada pela racionalidade" mostra, tem pouco a ver comigo... E tanto faz ! :)

"And you know you’re never sure
But you’re sure you could be right
If you held yourself up to the light
And the embers never fade in your city by the lake
The place where you were born"
(Smashing Punpkins - Tonight, tonight)

E durante a noite ele disse:
- Queria eu ser vento. Pois o vento, tu não proibe de te beijar. Pois o vento tu não tranca do lado de fora do teu mundo. Ele simplesmente entra, a qualquer momento. E se me disserem que eu deveria ser sentimento, digo que não. Discordo até o fim e me faço momento. Como momento sou o que quero, nem que por um instante. E nesse instante, escolho ser vento. E como vento, te invado e te vejo por dentro. E no teu peito deito. Escutando o som que faz.
Não o vento.
Nem teu peito.
O momento...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

E começa a chover pássaros mortos sobre a triste cidade da alegria.

Eu caminhava na rua quando avistei um senhor vindo na minha direção. Ele se movia com dificuldade, mas não usava muleta ou bengala. Olhava para baixo para perceber exatamente aonde pisava. Tomava um cuidado metódico com cada passo que dava. Como se estivesse se equilibrando em um trapézio. Não demorou muito para ele levantar a cabeça e me olhar. Tinha olhos azuis. Cabelos brancos e o rosto severamente castigado pelo tempo.
A passagem era curta, tinha menos de meio metro de largura. Eu precisava dar a vez a ele, não queria que ele tivesse que mudar sua rota por minha causa. Olhei para trás, por cima do meu ombro direito e vi um caminhão gigantesco se aproximando. Eu não podia pisar na rua e nem dar passagem ao meu mais novo amigo imaginário real. Precisava fazer alguma coisa. Lhe olhei de novo, girando a cabeça em sua direção.

E foi aí que aconteceu.

Os prédios ao nosso redor começaram a tremer. O globo parecia ter saido do eixo de rotação normal. Girando mais rápido. E somente eu e aquele senhor não sentíamos a vibração. Continuamos em pé enquanto tudo ao nosso redor ruía. Os tijolos se dissolviam em pó. As pessoas desapareciam em fade outs. Os carros, caminhões e motos se desmontavam ao chão e as peças enferrujavam sendo levadas pelo vento. As árvores encolhiam de volta a terra. As núvens corriam muito rápido, desaparecendo sobre as montanhas no horizonte.
Novas construções surgiam. Menores. Mais antigas. Um grupo de crianças em preto e branco passou correndo atrás de uma bola, usando calções curtos de pano. Pude ouvir seus gritos e risadas com um eco bem suave.
Sob meus pés havia terra e grama. E levantando minha cabeça, o senhor estava parado, bem na minha frente. Sorrindo um sorriso reconfortante.
Não tive reação.
Ele esticou a mão até meu braço esquerdo. Senti sua pele gelada e áspera. E ele falou:
" - O que aos outros deres, em dobro receberás..."

Eu pisquei. Tudo voltou ao normal. O caminhão passou.

Pisei no asfalto enquanto o senhor passava por mim agradecendo. Não consegui dizer "por nada". Só sorri de volta, olhando para baixo.

No final da rua, eu olhei de novo para ele. De costas, longe. Alguma outra pessoa lhe dava passagem e ele agradecia da mesma maneira.

E eu pensei: " - O que aos outros deres... Em dobro receberás... É bem simples na verdade."

;)



terça-feira, 19 de maio de 2009

Você não viu.

Sonhei em morrer.
Não no dia de partir.
Ou na hora de sair.
Sonhei com meu velório, caixão e lágrimas no chão.

Se teu alívio tem casa, é fim de tarde.
Bate em meu rosto.
Pois só tenho duas faces.
Só duas faces.

Paixão é corpo, alma não se aproxima.
Alma vive por baixo da pele. Escondida.
Ama o corpo de quem te toca a alma.
Vivo em teu silêncio distante.

Ouvi a chuva começar.
Vi pássaros no céu.
Janela fechada, só o sol pode entrar.
Dia longo demais para passar.
Você não viu.

Você,
não viu.


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Flugufrelsarinn (Sigur Rós)

Se for pra melhorar, eu não vou.
Serio, se for pra melhorar, eu fico aqui.
Se me vier com esse negócio de que preciso crescer, que é hora de virar um pai de família, que preciso de responsabilidades ligadas a um relacionamento estável e (in)feliz.
Eu fico em casa, tomando vinho e lendo alguma coisa esquisita.
Minha lógica é problemática. A racionalização dos problemas me impediu de viver muita coisa na vida. Tornou muita coisa muito simples (ou menos complicada). Me impediu de chorar quando todo mundo chora. De não rir enquanto todo mundo gargalha. De sentar e esperar. E até o ponto que isso é bom e ruim, só o tempo vai me dizer.
Eu vou ser adulto o resto da minha vida.
Cheio de papeis importantes guardados nas gavetas. De construções legais que levei anos pra pagar. De trecos, coisas, bugigangas, fotos antigas e alguns outros objetos espalhados pela casa.
Eu vou ser adulto sem minhas madrugadas. Sem tantos sorrisos despreocupados. Sem piadas sem graça e sem tudo que me faz lembrar que eu ainda não sou um adulto.
E quando eu for um adulto, eu vou me lembrar que devia ter ficado mais tempo "não sendo".
Vou dar uma de William Wallace e fazer um discurso dizendo que quando "vocês forem velhos e fracos e estiverem sentados em suas cadeiras de balanço vendo o por do sol da vida, desejarão trocar tudo que tem, inclusive o ultimo sopro de vida, pra voltar pra cá..."

Eu jamais serei um adulto desses.

Jamais.



domingo, 17 de maio de 2009

Eu e meu pé de peróba.

"Acordei sem nem dormir
Haviam pessoas no jardim
Uns brincando de viver
E uns vivendo sem sorrir
Logo a tarde anunciou
Que o futuro era azul
E o sol se recolheu
Deixando sombra onde era luz
Então alguém
Que tanto fez
Que não se esquece mais de ti
Chorou em vão e o coração
Como num filme sem um fim..."

(Pública - Como num filme sem um fim...)


Um domingo de inverno. Olha que coisa boa :) Eu tomo um xícara de café ouvindo a rua respirar. Meu cachorro lê um pouco sobre a história do jornalismo enquanto eu jogo video game. Ou será o contrário ? Acho que a gente se revesa a autoria dos nossos crimes.
Sempre os mesmos crimes.
Sempres os mesmos.
Sempre.
Sem.

Falando em velhas tatuagens, minha mãe me lembrou de como adorava me apertar quando eu era pequeno. E depois disse que preferia quando eu podia ser levado no colo dela, que era mais fácil me controlar. Eu tenho a impressão de que minha mãe precisa de mais cachorros.

Fazendo uma flexão mental eu dissolvo um pouco de pó de pirilimpinpin em um copo de suor do Balrog (que seria lava) e vejo o futuro.
Eu to naquela bifurcação, de um lado um pantano maldito. Do outro uma campina verde com um céu azul no melhor estilo desktop do windows.
Papo muito sério pra metáforas disconcertadas do Murro. Melhor aguardar em silêncio o elevador. Ele sempre chega... É tipo a teoria do caixa de bar. Uma hora você precisa pagar a conta... Inevitavelmente.

Deixando a obscuridade de lado e tentando me lembrar do que aconteceu noite passada eu percebo que tatuei um filhote de dragão vermelho no peito. Primeiro pensei ser o brasão de algum time inglês. Mas depois entendi: agora eu faço parte de uma facção terrorista chamada "Chimitchanga" (não sei aonde ouvi isso, mas não consigo parar de dizer essa palavra).

Meu pé direito dormiu.

Vou leva-lo pra passear.

Encontro vocês lá...








sexta-feira, 15 de maio de 2009

Asfalto, céu azul e um tchau.

O que desejamos.
O que precisamos.

Nem sempre dá pra querer o que precisamos. As vezes é tipo um truque de mágica barato. Coelhos da cartola Batman... Digo, santos mini-coelhos gigantes radioativos Batman...
Eu devia parar, eu sei. Mas é mais forte que eu. E como eu sou tão fraco quanto uma senhora de 93 anos que é roubada pela própria família... Não consigo parar !

O mais importante primeiro. Dito isso, podemos dizer todo resto.
Tem como escrever um texto sem palavras ? Por exemplo, se eu disser: %&⪠)0=/!"><_(:)vyz.>
Tá, eu usei palavras. Eu sei.

Não tem como escrever sem palavras.
É tipo conversar em silêncio.

Mas peraí ! Conversar em silêncio dá ! Eu faço isso o tempo todo. Converso com Zigrifd, meu amigo imaginário, em silêncio. Minha psicóloga me convenceu que ele falava mentalmente e que seria melhor, do ponto de vista social. Se eu parasse de rir das piadas que ele me mostra na fila do banco.

Ok Zigfrid eu escrevo o que você disse: ______________________________________________________________________________________________________________

Boa né ? hahahahaha

Preciso de ajuda.
Asfalto, céu azul e um tchau.



(Ouvindo Sigur Rós... de novo)


quinta-feira, 14 de maio de 2009

.

Lembrar do que me esqueci.
Correr mais dias por semana.
Comer mais folhas.
Dormir mais.
De um pouco mais de paz. (É um problema sério gostar da confusão)
Tenho muita coisa pra ler, ouvir e assistir. Preciso de tempo.
Ver mais dias nascendo e menos dias morrendo.
Conhecer menos gente pelo nome e mais pelo que realmente são.
Um novo mundo em alta definição.
Quero mais comida japonesa e menos qualquer coisa entre um render e outro.
Menos cigarros e cafés.
Mais águas.
Quero uma camiseta do Nestor Jr.
Um allstar do Felipe Lobe.
Quero minha barba bem cortada. Sem pressa pra sair. Sem telefones tocando. Sem gente me lembrando que a noite chegou...
Acordes cheios. Sem "mis menores".
Quero mais que um sorriso. Quero um abraço apertado e um beijo sincero. Vários na verdade.
Mais filmes que ajudam a entender de vinho.
Menos "Wolverines" ou "Jogos Mortais 9 - agora com sangue na tua cara".
Tramas bonitas com finais verdadeiros.
Acordos eternos. Longos dias. Belas Noites.
Quero que o Frodo consiga chegar até a Montanha da Detruição.
Que o Rocky vença.
Que o Indiana Jones não envelheça.
Que Marty McFly coloque aquela porra de Delorean a 230 km/h... A 330km/h.... Tanto faz.

Eu quero tudo isso.
E não vou me importar de meus dias terem 6 horas cada.
Não vou me importar de não entender o motivo do teu riso.
De tu achares que eu sou horrivel. E tu é perfeito.
Tanto faz...

Eu quero tudo isso. E eu vou conseguir.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O fim tem um começo.

É verdade.
E tem outra também, quase ninguém lembra do começo do começo, quando chega no fim do fim. Essa é uma atitude muito normal. E não vamos nos julgar por isso (2).
O Billy Corgan continua sentado no canto da minha sala tocando violão. E ele disse que o tempo passa por nós como uma cortina. Envelhecendo tudo o que toca. E que eu vou envelhecer também. Que eu vou ver isso no meu reflexo no espelho. E no meu coração...

Tem tanta coisa pra se ver nesse mundo que as vezes eu consigo ter certeza que ninguém poderia ter só uma existência, por esse mesmo motivo. E é incrivel. Me sinto soterrado em paisagens, sentimentos e momentos.

"O mistério do amor é maior que o mistério da morte." (Oscar Wilde).

Outra boa verdade.
É bem inexplicável o mistério do amor. Cheio de desdobramentos estranhos, de confusões incorrigíveis e de uma tristeza incrivelmente feliz. Terceira verdade ? Eu não sei quase nada sobre isso e minha opinião é tão útil quanto uma pá furada... Pronto. Falei.

E se você acha que esse final ficou ruim. Tente se lembrar de que o começo do texto foi bom.
Posso achar isso sozinho, mas é o que eu acho... (como tantas outras coisas).

Cheiro vocês mais tarde.




terça-feira, 12 de maio de 2009

Sem conseguir parar de ouvir Editors...

O fraco não perdoa. Perdoar é virtude para homens fortes...

Que seja esse o Murro na Cara de hoje !
Apertos de mãos moles a todos que passarem por aqui !

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O conto de um soldado.

Repousava suas costas em uma cadeira acolchoada no final da tarde. Seu corpo cansado apreciava a calma do momento. Sentia os músculos das costas relaxando e fechava os olhos observando as núvens no por do Sol. Por vezes, adormecia imerso naquela paz.
Falava rápido e não conseguia encarar seus interlocutores por muito tempo. Tinha receio de ser grosseiro e por isso ficava em silêncio mesmo tendo diversos pensamentos a respeito do que era dito nas rodas que frequentava.
Caminhava pelo centro da cidade, conversando com comerciantes, donos de casas de cambio e investidores. Não deixava transparecer quais eram suas atividades profissionais. Ninguém precisava saber de sua saúde financeira.
Tinha sempre unhas bem cortadas, barba bem aparada e um chapéu limpo sobre a cabeça. Apesar de aparentar ser agressivo com seus movimentos bruscos, era doce e fiel as próprias crenças. Se arrependia dos anos gastos no exército e dos 28 homens que matou no campo de batalha. Carregava tal fardo em silêncio.
Por vezes se desesperava sozinho, sem motivo aparente. Quando acontecia, sentia que o mundo transbordava toda beleza que tinha sobre seus olhos e que não suportaria tal dádiva. Que era pequeno demais para isso. Tinha curtos surtos e se perdia em pensamentos confusos e complexos.
Recuperava o controle triste consigo mesmo. Sentia que o mundo só era realmente bonito quando envolto por seus surtos esporádicos. Desejava mais do que o cinza e branco.
No final dos seus dias, havia se afastado de tudo que conhecia por civilização. Procurava uma forma de encontrar a própria alma. Tal reduto jamais foi visto. Deixou textos escritos sobre os arrependimentos e pediu para que lhe escrevessem à lápide:
"O túmulo da direita é mais importante que o meu..."

Deixou alguns bens que foram passados ao nome de sua esposa. Muitas lágrimas foram derramadas. Muitas noites perdidas em seu nome. Mas no final sentado na eternidade, vendo nosso mundo através do espelho da razão, ele percebeu e disse:
"- Fui vivo e morri. Morto vi o viver e o entendi: todo aquele que se vai, vira uma foto antiga na prateleira de alguém..."

" :) " (sorriso entre aspas)


domingo, 10 de maio de 2009

Ouvindo Editors - Smokers Outside the Hospitall Doors.

Tá ouvindo a sinfonia ?
Os violoncellos graves tocando ao fundo. Os violinos estridentes na linha de frente. Os oboés, os metais e a percursão... A luz em cima de todo mundo. A platéia. O suor escorrendo da testa do maestro. O clima escurinho. Os olhos arregalados de quem assiste. Sendo filmados em DVCpro-HD em um travelling bem lento... Os detalhes que permeiam toda essa situação... Tá perfeito.

Você precisa ouvir a sinfonia ! Obrigatoriamente.
Eles tocam Bach, Tchaikovsky e Beethoven... Mas hoje eles também tocam Editors, e fica ótimo.

Você se acha especial ? Acha que a sua vida toda é um filme ? Um programa de televisão (como no filme de Peter Weir - Show de Truman) ? Você mora em Seaheaven ?
Pausa pra rir disso.

Tem pouca coisa que me irrita como "gente que se acha especial".

Lógico, todos somos unicos. Ninguém é pior que ninguém. E tudo mais...

Mas não me venha com essa tua atitude: "caralho, olha só como eu sou foda".

Porque você não vai ouvir a sinfonia assim...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Não desiste. Luta em paz que a vitória será tua ! : ) (minha, eeeeeee....)

Ao verdadeiro sábio, sua sabedoria lhe parece pequena.
Ao verdadeiro ignorante, sua ignorância lhe é inexistente.

Eu pensei em escrever um poema... Pensei nele na terça feira. Foi bem legal, mas decidi não usar. Aí na quarta ele voltou. Feito um murro na cara ! Pensei que seria pertinente dizer isso... Ele veio não sei de onde. Me acertou o nariz, sangrei. Ele foi embora como um valentão do colégio, irracional, prometendo me bater de novo se isso se repetisse.
Eu fingi não saber do que ele estava falando...
Levei outro. E vi: Ele queria ser publicado.
Obedeci.

De correr

Venci a corrida.
Ganhei podium, medalha e pétalas sortidas.
Foi de ouro que me veio.
Me bateu ao peito, corrente pesada.
Fiz força pra ficar em pé, pernas cansadas.
Sorriso no rosto, não controlei.
Meus olhos buscaram, mas não achei.
Faltou um você.
Pensei em ficar triste.
Em pintar quadros feios.
Tentei remar contra o vento.
Mas uma idéia me veio:
A vitória vencida, foi sem roubar.
Lembrei que aprendi muito.
Que não precisava chorar.
Sem lágrimas, eu vou voar.
Manhãs de sábado reencontrar.
Carinhos gentis e beijos no mar.
Abraços apertados e troféus pra guardar.
Outras corridas serão vencidas.
Mas não como touradas com touros sem vida.
Como luzes na grande cidade.
Como o olhar da saudade.
Como o beijo da verdade.
Sem meias palavras de maldade.
Eu quero mais um por do sol.
Quero violinos em dó.
Me lembrar que do pó, voltamos ao pó.
E que poderia ser pior.
Que poderia ser em outro lugar.
Procurando desesperadamente oque amar.
Mas não é.
É de pé.
Sabendo esperar.
Vendo a maré ir e voltar.
E aprendendo que a vida é suficiente.
Que tudo tem hora e lugar.
Que outra corrida começa.
E é hora de correr.
Linha de chegada não é objetivo...
Eu chego em último, mas sou o primeiro a vencer.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Moço, você me desenha um café ? Quer dizer... um carneiro ?

A juiza que julgou o personagem do Selton Mello em "Meu nome não é Johnny" lhe mandou um cartão de Natal dizendo: "O verdadeiro lugar do nascimento é aquele em que lançamos um olhar inteligente sobre nós mesmos..."

Eu, concordo : )






segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ouch !

Sem tempo, nem pra limpar o nariz.
Eu tenho um pensamento pra escrever:

Retirar a sinceridade da amizade é torná-la uma virtude teatral;
(Baron de Montesquieu
)

domingo, 3 de maio de 2009

É sempre amor mesmo que alguém esqueça o que passou.

Os mortos esquecem do nosso mundo.
Na verdade, ao fechar os olhos pra nossa realidade, os mortos percebem o quanto somos desimportantes. Nossos gigantes problemas, extremamente sérios. Nossas questões egoistas. Nossa infinita eterna e inquestionável tristeza é uma piada para o mundo além das cortinas do respirar.
Do lado de lá eles sabem, que pouca coisa do lado de cá pode ser levada realmente a sério.
Em uma mesa de madeira vermelha, com grossas pernas e algumas cadeiras dispostas irregularmente ao redor. Einstein, Hitler, Nicodemos, Sócrates, Ghandi, Buda e meu pai fumam cigarros enquanto dão risadas sobre nossas trapalhadas. Enquanto repetem:
"- É incrivel como eles perdem tempo..."
Em uma das cartas psicografadas de Chico Chavier (não, eu não sei se acredito plenamente nisso...) alguém de lá filosofa:
"- E o que existe no mundo dos vivos além do amor ??? Muita coisa sem importância alguma !"
Não quero pensar que tudo que passo, sofro, que me deixa angustiado, feliz, empolgado, chateado, nervoso ou tranquilo é sem importância... Isso é muito foda ! É uma armadilha !!!
Eu acredito que isso tudo seja no final, uma maneira que a vida tem pra te dar as coisas que valem a pena. Por exemplo, se não deu certo um trabalho, uma amizade ou um casamento, é porque a vida precisava de ti em outra estrada. Caminhando outro caminho...
Podemos ver esses dias negros. E esses sentimentos tristes, como uma passagem obrigatória para a vitória.
Tomara né ?
Vamos esperar que sim...


sábado, 2 de maio de 2009

Se eu não sei dizer, o que quer dizer. O que eu vou dizer:

Acho que to ficando gripado. De onde eu poderia ter pego essa gripe ?
Vai estar tudo bem, desde que não seja do Presuntinho...
A gripe suína me atormenta. Vislumbrar a possibilidade de morrer ou perder alguém querido, é realmente tocante. Se paro pra pensar que todo dia muita gente morre, fico assustado. A vida é como uma chama fraca. A gente já fez tanta coisa nesse planeta e fora dele, mas mesmo assim ainda somos completamente suscetíveis a vontade da natureza e do tempo. E não há muito o que se fazer... Tudo bem vai ! Eu sugiro trocarmos de assunto ! Vamos fazer uma votação ?
Eu voto pra trocarmos !
Mais alguém ?
Ganhei ! : )

Existe uma simplicidade muito grande dentro daquilo que ninguém vê. O invisível é bastante limitado. Por não se expor, por não se chocar contra outros objetos de fala. Ele transcende a regularização da idéia. Ele ocupa seu espaço sem se preocupar com a realidade imposta por terceiros (quartos, quintos, sextos, etc...).
Comummente o invisível é suposto e classificado sobre pré idéias. Ou "achamentos". Todos nós fazemos isso. E vamos tentar não nos julgar a respeito. Acontece, que eu já vi, invisíveis que eram antes quase disformes. Opiniões que não tinham amarras, sentimentos que não tinham base, falas guardadas que não poderiam ser pronunciadas... Se transformarem naquilo que foram classificados. Como alguém que está cansado de lutar. O invisível diz:
"- Aé ? Pra ti eu sou assim ??? Ok ! Mate-me... eu realmente não me importo !"
Os invisíveis são extremamente orgulhosos. Dentro de suas profundidades oceânicas, eles escondem a sua mensagem. E se não há tempo hábil para expor essa idéia da forma como ela foi "parida" pela Senhora Mãe de Todas as Idéias do Universo. Eles desistem dela. Desistem não... Eles a devolvem para a entidade em questão em silêncio dizendo:
"- Ainda não é a hora..."
Como toda boa mãe de qualquer coisa. Ela aceita, as vezes contradita. As vezes feliz por não ter quisto ceder tal pensamento naquele momento.
O fato é que os invisíveis tem pra quem devolver. E isso torna o pensamento ainda mais valioso. Quando não nos atravessamos, de forma intrometida. E acabamos pressipitando o fim de algo que poderia ser realmente tão bom.
Cabe a cada um de nós, tentar tornar o ambiente em que estamos agradável para que os invisiveis se materializem. Para que se tornem palpáveis. Belos ou feios. Da forma como são.
Assim decidimos o que é ruim.
O que é bom.
E continuamos no nosso infinito processo de classificação diário.
Onde etiquetamos, pesamos, medimos e opinamos sobre tudo e qualquer coisa que possa ser vista pelos nossos olhos.

Acho que é isso que levou o invisível a se esconder em um primeiro momento.
É um bom pensamento pra sábado a noite.

Agora com a tua licença, vou limpar meu nariz.
Ele está romanticamente escorrendo sobre meu lábio superior.

Até :)



sexta-feira, 1 de maio de 2009

Suspiros...

Eu não quero ouvir o som que você faz, quando fica triste !
Isso é só um pedaço, do tudo que existe !
Longe daqui, a noite morreu...
Sucumbiu ao sol, quando ele nasceu.
Mas tudo bem, não vou chorar.
É só esperar a maré mudar.