quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Meu VT de Natal.

CORTE SECO NA CENA ABAIXO.
O vídeo mostra uma cidade no final da tarde. Céu "instangrônico", vermelho amarelado com núvens cinzas mescladas nas brancas. Com morros emoldurando um sol poente.
O locutor de voz grossa e adulta, parecendo um "conselho de vô" diz:
"- A parte que realmente importa da vida é difícil de encontrar."
Começa trilha no estilo Tiago Iorc na referência mas sem vocal. (CLIQUE AQUI).
Mostra uma igrejinha estilo cidade do interior, bem de perto. Com um movimento de cabeça de tripé suave enquanto algumas pessoas entram sozinhas e acompanhadas.
"- Porque essa parte pode estar em qualquer lugar."
Mostra um grupo de alguns seis jovens dançando em uma casa/quarto de pousada com um deck de frente para uma vista estilo Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina.
"- E pode se materializar de tantas formas que é praticamente impossível conta-las."
Mostra uma sala de uma apartamento com uma mulher adulta com seus 30 e poucos anos, arrumada, de pé de frente para um aparador de pedra olhando para a foto antiga de um senhor. Quando o marido dela (um cara de 30 a poucos anos) aparece na porta com a filha dos dois. A mulher sorri ao os ver e os abraça.
"- Como uma saudade que nunca vai embora. Mas que pode aprender a ceder espaço."
Mostra uma rua de barro. Com um carro em movimento levantando pó. E um homem adulto, com idade entre 50-60 anos esperando na porteira de um sítio. O homem levanta a mão sorrindo sério. Enquanto o carro para e dois rapazes descem o abraçando.
"- Ou como uma saudade que gira o mundo inteiro, mas que não esquece o caminho de casa..."
Mostra uma praia cheia de pequenos balões (como a referência CLIQUE AQUI, do Festival de Lanternas em Taiwan). Com um casal jovem em foco se olhando e sorrindo. Ela usa um vestido claro com os cabelos soltos para o lado. Ele uma bermuda e camisa social. Barba por fazer e um sorriso aberto nos lábios. Um senhor grita em coreano para todos ouvirem enquanto a mesma locução continua:
"- Porque a parte mais importante da vida, é sentir. E é isso que nos torna especiais...."
Mostra um garoto no colo dos jovens pais.
"... porque sentimos..." (a voz sorri ao dizer).
Mostra um casal de idosos com ela chorando e ele sorrindo sério.
"... no fundo dos nossos corações."
Mostra duas mulheres sorrindo e quase se abraçando com um braço só.
"- E sentir é o que dá razão ao viver."
As lanternas decolam por um final de tarde na praia.
Surge a logo da empresa em um 2.5D com controle de máscaras e filtros de iluminação.
MARCA TAL, SLOGAN DA MARCA TAL.
Fim da trilha.
FADE OUT NO VÍDEO.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Desconecte-se ao final do texto:

O desconhecido. Frio. Longo. Silêncioso. O infinito. Interrogador. Desesperador. Absoluto. O espaço. Flutuante. Agonizante. Ritmado. O planeta. Azul. Molhado. Indiferente. O continente. Quente. Pobre. Pequeno. O país. Gigantesco. Rural. Sujo. O estado. Isolado. Perdido. Partido. O morros. Pobres. Pedras. Putas. A cidade. Orgulhosa. Envidraçada. Ignorante. A rua. Empoeirada. Esgotada. Indignada. A casa. Vazia. Elétrica. Cheia. A pessoa. Raivosa. Amante. Dormente. A alma. Transparente. Enorme. Inexistente. O desejo. Pulsante. Inflexível. Insistente. O vazio. Completo. Férreo. Mutável. O desconhecido. Frio. Longo. Silêncioso. O infinito. Interrogador. Desesperador. Absoluto?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Um inverso do universo.

Se o céu é azul agora, eu percebo, é porque foi noite antes. E será de novo. Não há erro, a noite e o dia vem e vão. As estações se alternam. As pessoas nascem, as vezes crescem mas sempre morrem. Sempre. Procurando por pilares inquestionáveis encontrei um garoto de 8 anos anos que achava que dragões existiam.
"- Eles existem!" - ele me disse cheio de certeza - "Eu já vi!".
"- Você viu aonde moleque dos inferno ??? (plurais errados propositadamente acentuam o tom agressivo)".
"- Existe uma caverna ali naquela montanha..."
"- Aquilo é um morro, não uma montanha!" - eu o interrompi.
"- É uma montanha!" - ele insistiu.
"- Aquilo ali é um morro! E por pouco não é uma colina. É um morro baixo!" - expliquei.
"- É uma montanha e tem um dragão que vive lá em uma caverna. Eu vi!" - 
"- Você está mentindo. Saiba disso. Podes pensar o que quiseres. Mas isso não é a verdade...".
Ele virou de costas para mim e saiu correndo. Corri atrás. Atravessamos uma avenida que ficava na base do morro. Subimos a rua de asfalto ladeando uma escarpa cheio de pedras e com algumas poucas árvores que cresceram equilibradas em rochas e barro.
Ele olhava para trás a cada quatro ou cinco passos, no começo meio nervoso. Depois parecendo estar gostando de eu o estar seguindo. Me peguei sorrindo para ele. Com aquele pequeno garoto de cabelos claros e camiseta listrada, correndo com seus braços em movimento. Sorrindo em camera lenta para mim.
Ele dizia:

"- Vem! Vem logo! Vaaaamoooooo!".
O acompanhei até o final do asfalto. Havia um mirante para os carros fazerem o retorno. Terminava ali. Ele pulou dentro do bosque como um esquilo. Confortável, correndo sobre as agulhas que os pinheiros soltaram. Seus pés faziam um som abafado. E ele olhava menos para trás, porque precisava desviar dos troncos das árvores.
"- Veeem! É logo ali! Vamo logo! Vem!".

Ele repetia.
Cruzamos uma baixada entre pequenos pinheiros, abetos e ciprestes que cresciam como se o mundo não existisse. Olha para cima enquanto passava ao lado de uma gigantesca sequóia que fazia sombra sobre outras árvores.
Quando percebi, ele estava parado a alguns metros a minha frente. 

"- Tá tudo bem?" - perguntei.
Ele me mandou ficar quieto com o indicador na frente dos lábios e apontou com a outra mão para o barranco a sua frente.
"- Ali, embaixo das raízes...."
Quando olhei pensei que era um buraco na terra. Me pareceu pouco natural, sendo que havia uma árvore sobre a protuberância que saia da terra. O buraco não tinha mais do que dois metros de diâmetro. E haviam algumas rochas nas suas laterais. Do tamanho de cabeças humanas.
"- Ele está ali dentro dormindo. Precisamos fazer muuuuuuito silêncio..."
Disse alto como quem duvidasse dele:
"- Para com isso, é só um buraco..."
E um jato de vapor emergiu das trevas da terra. Saindo pelo furo abaixo das raízes da árvore. Fazendo folhas e agulhas voarem em todas as direções. Seguido por um silvo agudo e oscilante como de uma criatura de um filme hollywoodiano.
Corremos.
Corremos como nunca.
Em algum ponto eu me lembro de ter pego o garoto com os braços enquanto ele gritava:

"- EU TE FALEI! É UM DRAGÃO! TEM UM DRAGÃO ALI!!!! VIU!!!??!?!"
Mais tarde eu me lembraria disso como uma brincadeira. Como algo que não poderia ter acontecido.
Anos se passaram até que um dia, em um parque eu vi um garoto dizendo para seu pai:

"- ... ele está dentro de um buraco pai! É um dragão com escamas verde e caramelo! Eu vi!"
"- Não fala bobagem guri. Me deixa terminar o jornal, vai lá jogar bola vai..."
Devo ter encarado o garoto desconhecido, porque ele me encarou de volta. Se o seu pai tivesse tirado os olhos da seção de esportes do jornal saberia que seu filho estava branco de medo. De um jeito que histórias de garotos não deixam seus interlocutores.
Ele me encarou.
Eu acenei levemente com a cabeça dizendo que sim. E balbuciei:

"- Eu sei..."
Ele me encarou sério por um par de segundos. E sorriu enquanto começava a acenar também.

Realmente existe um dragão lá.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

(in)correto(out)

Sempre que me sento para escrever, penso no que mais poderia estar fazendo. Hoje me ocorreu que eu poderia estar roubando, poderia estar mendigando, mas estou aqui no meu horário de trabalho de alguma outra forma, "trabalhando".
Um autor me diz que a produção de qualquer peça literária envolve o longo e penoso processo de confronto com o que temos guardado mais no fundo. Eu acredito que escrever seja como caçar um caranguejo no mangue. A diferença é que aqui eu me sujo de mim mesmo e não com lama.  Não tem banho que limpe esse tipo de "sujeira". É bastante terapêutico. As pessoas normalmente se acalmam depois desse processo. Depois de se conhecerem um pouco mais. As vezes você enfia o braço até o ombro na lama do seu âmago e o que sai não é um caranguejo. É uma outra coisa. As vezes algum dos seus caranguejos pode lhe pinçar a mão. Vai doer. Vai sangrar. Mas da próxima vez, você tira alguma coisa de lá que faz valer a pena.
É estranha essa idéia de evoluir baseado no que há dentro de nós mesmos.

Principalmente porque se nós temos o que precisamos para mudar, porque não mudamos?Porque só depois de nos lançarmos olhares de reflexão é que conseguimos crescer?
Tentamos caminhar tantas vezes caindo no chão das formas mais desesperadas que só quando demos aquele primeiro passo, aquele UM passo que antecedeu todos os outros. Que compreendemos que as tentativas falhas foram de alguma forma a base para o nosso sucesso.
Bonito isso, se você ler de novo talvez concorde. Talvez não. Eu não me importo realmente.

Lutamos por tantas coisas no decorrer da vida que é fácil não perceber que essas lutas acabam por formar quem somos. Perceba, o nobre marinheiro digital: não são nossas vitórias que nos definem. Longe disso. Somos, é claro, o que alcançamos. O segundo lugar no pódio na corrida da quinta série B. O décimo quarto lugar na lista de aprovação do vestibular. A terceira vez que beijei os lábios dela. A quinta vez que tentamos arranjar um emprego.
Sim, nós não somos feitos só de primeiros lugares. Na verdade, algumas muitas vezes, um segundo, terceiro e sétimo lugar nos muda mais do que um primeiro. A sede de continuar precisa ser maior que a certeza de ficar sentado a sombra da própria vitória.
Ao algo bem parecido com isso...


Sentei para escrever sobre escrever. E me perdi dentro de mim, de novo. Enfiei meu braço na lama do meu mangue e quando puxei minha mão, não era o caranguejo que eu queria.
Era outro.
Não vou recusa-lo. Da próxima vez talvez eu tenha mais "sorte". Ou menos. Depende de quem perguntar, de quem responder e de quem estiver lendo isso.

Talvez existam falhas que superam alguns acertos. 


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

As camadas da minha cebola.

O eu que fui é o que me deixou ser o eu que sou. Mesmo tendo errado tanto. Tendo sido tão ruim em tanta coisa. Só posso ser eu hoje e ver que o que fui não era, muita vezes, quem eu queria ser. Porque o fui. Se não fosse, talvez, ainda estaria sendo. Não que tenha alcançado no eu que sou, toda glória e razão que meu âmago almeja. Longe disso provavelmente. Continuo perdendo eus pelos caminhos. Batendo nas portas erradas. Cruzando as esquinas da dúvida. Partindo lindos vasos de rosas vermelhas. Por exemplo: a palavra vasos que acabei de escrever, saiu originalmente com z. Precisei corrigi-la. Mas originalmente a escrevi errado. E a partir do momento que a escrevo certo, continuo. Pena que entre seres humanos o "delete" não possa ser usado. Teria dito talvez:
"- Meo, sabe aquele dia que eu fiz aquilo?"
"- Sei Leandro...."
"- Acabei de deletar. Pronto!"
"- Obrigado."
Não. Infelizmente será? Sei que é não. Mas será que é infelizmente? Também houveram pessoas que passaram navalhas pela minha alma e pelo meu coração. Seja propositadamente ou não. Aconteceu. E durante o processo de fechamento desses cortes, de colagem dessas fatias minhas que caiam. Durante a tentativa de alterar o que acontecia, de remediar a dor... Eu mudei. E melhorei muitas vezes. Não que isso seja desculpa para o erro. Mas foi como foi. E aqui estou. Um outro eu que foi. Novo do que fui. Diferente.
Alguém me disse que se você está vivo, deu certo. Se você está vivo, não deu errado.
Concordo.
Talvez no final, a vida seja essa busca pelas feridas que nos tornarão o que éramos para ser. Talvez, viver essas dores seja um dos grandes propósitos de existir.

Vai que o próximo eu que sair de mim, discorde. Vai ver que esse outro eu, seja avesso ao processo. E que um dia eu me feche dizendo: "CHEGA DE NOVOS EUS! SEREI ASSIM E PRONTO!".

Até lá, se posso pedir algo, que seja:

"- Por favor mundo, descasque-me!"

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O que não acompanha o ritmo.

Perde o passo. Já passou.
Outro céu que voou.

Dia longo, se é assim.
Há de terminar.
Mesmo sem fim.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Se houver Deus.

Se houver Deus, eu sei que ele vai nos perdoar. Se não houver, nada mudará.
Esse texto até pode ser escrito por mim, mas a última coisa que ele é, é meu. Digo isso porque já escutei muita opinião sobre esse assunto e sei como pode ser violento construir ou descontruir a religião em alguém. E não, esse não é o meu propósito. Definitivamente.
Para começar, acreditar ou não acreditar em alguma forma de religião é algo com muita pouca importância para uma relação distante. Eu não quero saber se meu chefe ou meu funcionário acha que Buda é o cara ou se considera toda forma de crença um forma de charlatanismo. Deles (do meu chefe e do meu funcionário) eu quero uma boa relação profissional. Com ética, seriedade e comprometimento. Fim. Acredite em quem você quiser durante o processo, nada mudará para mim.
Mas ainda assim, algumas pessoas nos fornecem as suas referências matrizes (que por sua vez, foram recebidas por elas através de outros ícones ou formadas pela ausência de matrizes originais). Essas matrizes são por exemplo, o time de futebol para que você torce. Ou um comportamento social, o de roubar ou o de não roubar por exemplo. E também a religião. Temos algo de parecido com as pessoas que estavam ao nosso redor enquanto nos desenvolvíamos como seres humanos adultos. Essas matrizes também podem vir de amigos, familiares indiretos/distantes e de outras forma de influência como filmes, livros, etc.
Ok, a religião é uma forma de costume. Você aprende a ser religioso da mesma forma como aprende a falar. Ou você aprende a não ser religioso da mesma forma que aprende a não roubar. Ou qualquer combinação que você quiser. Entenda que isso é adquirido, ou que pode ser. Dependendo do caso.

Somos criatura finitas.
E em algum ponto da nossa existência, tendemos a olhar para dentro e ver nosso próprio fim.
E ali que muita gente resolve acreditar em alguma religião.
Eu chamo isso de "cair cagado". Quando o cidadão descobre que vai morrer e que nada mudará isso, a nossa natureza viva cria um complexo sistema de pensamentos e descargas químicas que nos permitem acreditar na popular "vida eterna". Seja ela o paraíso ou o renascimento em outra forma. Ela representa a continuação. A ausência de interrupção do viver.
Mas religião foi bem além disso.
Eu gosto de dizer que vai além disso, mas termina antes de dizer que os dinossauros não existiram. Porque sim, eles existiram.

Tomo aqui como referência, a crença indiana de que Krishna carregava o Universo em todo seu infinito dentro de sua boca. E que sua mãe, Yasoda só percebe quando tenta retirar da boca do filho um pouco de sujeira que este comeu do chão. A algum tempo perguntei para um hindu o que ele achava dessa história. De como ele via isso.
Ele me respondeu: 

"- Eu vejo isso com a minha alma."
Ver com a alma? Nosso mundo, nossa existência, nossa ciência e toda tecnologia que nos cerca atualmente nos permitem ver somente com os olhos. As pessoas usam frequentemente argumentos racionais para dizer que a religião é uma crença sem comprovação física. Uma historinha para crianças.
Meu amigo hindu continua sua fala dizendo:
"- Se houver algo a ser acreditado na crença de que Yasoda viu o universo infinito dentro da boca de seu filho, Krishna, é que uma mãe e um pai percebem no filho as eternas possibilidades do mundo. Como se o filho fosse literalmente "um universo de possibilidades". Yasoda por tanto, vê o que o seu amor de mãe lhe permite ver. Isso é tão diferente do que nós vemos naqueles que amamos? Que consigamos ver universos infinitos de possibilidades nas bocas, almas e vidas do máximo de pessoas ao nosso redor. Isso é tão diferente de amarmos uns aos outros? Não."
E quando lhe perguntei se ele acreditava que Yasoda e Krishna realmente existiram ele me respondeu que sim: 
"- Claro. Eu sou Krishna e nesse momento você é Yasoda. Vendo, através da minha boca, um universo de possibilidades."
Muito ruminei antes de escrever essas palavras.
Mas se alguém chegou até aqui e estiver disposto a tentar. Que faça o seguinte:
Quem crê acredita.
Quem não crê, não acredita.
Acreditar é dizer que é verdade. Ou que pode ser.

Não acreditar é dizer que não é verdade. Mas que a verdade é provavelmente outra. 
Não acreditar é acreditar em outra coisa.
Mas ainda é acreditar.
Quem não acredita, acredita em outra história. Seja essa história a ciência, outra religião, ou nada.

Não acreditar na religião e acreditar na ciência, é acreditar.
Não acreditar em religião é crer.

Todos acreditamos, afinal.



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Aquele meu eu que te dei.

O mundo girou e me deixou aqui do lado. Não tenho pena de mim mesmo, sei que não é bonito. Não vivo a vida dos sonhos mas as vezes me permito. O mundo é um palhaço mambembe que vive a gargalhar. Mas pode ser que seja feliz. Depende de que boca fala e do que ela nos diz. Pelo que entendi da vida até aqui, quase tudo é questão de perspectiva. Quem tá em cima olha para baixo, quem tá dentro olha para a saída. Os do lado direito não olham pra esquerda e os lado esquerdo não olham pra direita. Os do centro gostam de sambar, os da ponta curtem mesmo é dançar Sigur Rós sozinhos pela casa. Tem quem adore preto, quem só use branco e o pessoal do roxo. Existe o simpático sincero, o antipático falso e o indiferente divertido. Aquele que não fala quase nada com nada, mas sempre dá um jeito de parecer ser teu amigo. Acho que o que estou dizendo é:  existem bons livros e livros ruins. E não é porque você começou a ler um livro que achou fraco que deve parar agora. Você pode termina-lo. Algumas leituras só fazem sentido nas últimas páginas. Antes disso eles podem parecer mais um embaraço do que a obra de arte que vai mudar a tua existência.
Insista.
Nem só de bons livros se faz uma vida.

Era isso ou algo bem parecido com isso.
Não consigo me lembrar.
:)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Você me dá um copo de água?

Mesmo com a boca aberta para o céu em um dia de chuva, minha sede não passou. As gotas enchiam minha língua e transbordava pelo meu queixo, escorrendo. Ensopando minha roupa. Enxaguando minha alma.
Mas a sede não passou.
A sede da vida deveria ser eterna. E talvez seja, não sei ainda.
Pena que tantos de nós tomam refrigerante no lugar da água cristalina que existe por aí.
A chuva, para a linguagem semiótica cinematografica representa a mudança, a alteração do curso. Como uma camiseta que era seca e foi molhada. Que ficou mais escura, que ficou mais pesada.
A sede da vida é a vontade de continuar. A necessidade de ir além daquele morro. De ver por cima daquela nuvem.
De fazer mais.
Um grito silencioso de liberdade. Um tapa no rosto da vida.
E um copo de água, por favor. Só mais um...

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Saudade é feito morte.
Não marca hora.
Ou lugar.
É vento forte.
Não tem mais tarde.
Para adiar.
Saudade é cachoeira.
Escorre se represar.
É feito a vida.
Feito amor.
Feito o mar.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Tu que passar por aqui, ouça: 



Perdi meu inferno de mim,
quando encontrei o teu.
Preferi tuas chamas.
O teu fosso.
E a tua lama.
Do que o meu 
próprio eu.
Me perdi quando
te achei.
Soube antes de ver.
Nú do que preservei.
Vestido do que me

mudei.

 



Ouvindo "The Cave Singers".

Encarando o impossível
Fez-se do utópico o real
Um sonho do imaginário
Como livro sem um final
É encarando o impossível
Que aprendeu a perder
Mas tornando-o verdade
Que se viu feito planta
Crescendo sem perceber.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Você vai me desculpar por tentar.

Vai. Eu sei que falhei. Deu errado, foi ruim, acabou mal, enfim... Mas deixa isso para lá e vai... Esquece da hora da tristeza. Daquele jantar sem mesa. Dos olhos em pranto. Dessa música sem canto. E do sofrimento tanto. Se rende, eu te peço. Joga fora todo esse imbróglio. Vira a página desse livro ágrafo.
Ou recomeça em um novo parágrafo.

Com outra fonte se preferires. 
Do jeito que achares menos pior. Nem te peço que retornes aos meus braços. Que consigas me beijar de novo nos lábios. Que tenhamos casa, cachorro e preguiça nos domingos. Não precisas disso. Tu sempre fostes a luz do dia, antes do sol. Os acordes das minhas noites em bemol. O diapasão das nossas notas musicais. A linha central do nosso rabisco inicial. O que jogava na cara dos outros casais o desdenho. Aquele não se importar tão bonito de se ver. Dificil de achar. Tão simples em sentir.
Tá tudo bem. Eu entendi. A gente cresce mesmo é sem se ver. Tipo a graça que te invade a alma e te faz rir. Quase que sem querer. Como suor a verter. Como o amor, o mar e o dor. Que não pedem, só vem.
Mas não pense que isso é uma carta a um amor perdido.
Nem a uma amizade atropelada.
Muito menos a um distante sentimento desatinado.


Não.

Eu falo é com a vida.

Com os dias que tem noites mais do que compridas.
Com a nossa existência labiríntica sem saída.
De dores sofridas.
E lágrimas escorridas.

Eu falo é com os amores todos, de uma só vez.
Com o amigos de taças de vinho das 20h as 6h.

Com os sentimentos mais insanos que escondemos por todo tempo.

E digo, me perdoem por tentar. Fiz meu melhor em tudo.
Fiz do meu melhor o meu mundo.
E não sem pesar lhes abandono.

Abrupto, assim, do jeito que vim.
Levando apenas o que traz a alma na chegada ao ventre.

O amor do coração e a paz da mente.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

É como escrever sem inspiração.

Ouça: https://www.youtube.com/watch?v=I6JMzb3w_s0

Em um mundo cheio de deixa para lá. Sinto o formigamento da alma. As palavras não dizem o que pretendo. E olha que tento. Mas é difícil velejar sem vento. Não impossível. Até porque impossível é só um pensamento. E todo mundo sabe que pensamento vai e vem. Todo mundo menos o próprio pensamento. Pensamento é sonho acordado. Não se escolhe. É como final da vida, só quem sabe é quem morre. Todos os outros ficam esperando o depois. O depois que vem, sabe-se lá quando. Lá fora faz sol, mas podia estar chovendo. Não discuto o tempo. O tempo discute comigo. Mas somos amigos. Fujo para longe de mim, sem me mover. Me escondo atrás de outro eu e fico ali. Lendo um livro silencioso e fumando um gentil cigarro. E quando espio por cima da pedra vejo um pouco do eu que não queria ver. Mas como eu disse: é o tempo que discute comigo.
Lá fora é quintal. Plantam flores e eu piso na grama. Ouço uma ave que nos chama. Prefiro ficar aqui. Escolho não fazer, mas deixar isso para lá é uma arte que poucos conhecem. Fujo do dia em que a noite não vem.
Corro a favor do sol enquanto a lua vem chamar.
Seres humanos vazam.
Escorrem tanto vida quanto água.
Meu suor.
E as nossas lágrimas.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Eu me afoguei na história de mim.

Suei muito na vida. Chorei. Cuspi. Vomitei. Fiz xixi. Sangrei. Perdi cabelos, pele, unhas e dentes.
A vida não foi gentil. E nem é! A verdade é que o céu não tem o dom de ceder. O tempo não sabe voltar, só ir em direção ao desconhecido. O tempo não tem tempo a perder. Viver é ser sozinho. Somos solitários que se acompanham enquanto dividem um ninho. Nascemos com data para o que o divórcio da vida e do corpo aconteça. Só não a conhecemos. E nem gostamos de falar dela. Porque para a nossa ignorância morrer é o fim de tudo. Não só da vida. Mas também do mar, do vento e do mundo.
Se tudo precisa de um fim, que pelo menos esse texto seja eterno.

Eu me recuso a lhe dar um ponto final

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Pensei que ia me esquecer, mas acabei me lembrando. E entendi que não acabei.

Para céus azuis
asas no pé.
Nos caminhos,
passo de fé.
Dos outonos,
as primaveras.
Do que fomos
o que eras.
A eras: sendo

o que seremos.
Como moinho para o vento.
Noite pro relento.
Relógio pro tempo.
Estante pro momento.
Da lembrança ao esquecimento.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Sobre do que se deve levar da vida.

Leve da vida. O leve de levar. O cheiro da noite e o som do mar. O sol no teu olho. A música daquele dia. O sorriso do lábio e o frio que fazia. O trejeito gentil. A lágrima que caiu. A palavra bonita e a foto da cachoeira. O leve da vida de tão leve que é, nem se carrega. Flutua. Vem junto para onde fores. Como tuas unhas e teus amores. É leve de ter. De reviver. De recordar. O leve da vida é sem pesar. Sem chorar. Sem doer. Um leve transparente que guardamos sozinhos. Tão no fundo. Tão escondido. Que ele se solda ao que somos. E nos desperta sem acordar. Nos muda sem falar. Completando a vida. Como uma paisagem faz com o olhar. Enchendo nossos corações com asas que não conseguem voar. Que nos dizem que a vida está ali e lá. Longe e perto do errado e do certo. Em cima do embaixo. No esquerdo do direito. Para todo ser vivo, moça e sujeito. Sem nunca negar que é um leve difícil de achar. Principalmente em um mundo onde tudo pesa. Onde muito lesa. Onde tantos deixam. Alguns de pé e outros que deitam. Para no fim, não existir final. Não existir nada além do que existirá. Nada além do leve momento. Do cheiro da brisa. E do gosto do vento.



"Primeiro há que saber sofrer. 
Depois amar. Depois partir. 
Por fim andar sem pensamento." 
(Laranjeira em flor - Virgilio Expósito)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Existir e desistir.

O mundo é um lugar escuro, que insiste em não ser abismo, flertando com o sol.
O mundo é um lugar vazio, que insiste em ser vivo, como rio que escoa no mar.
O mundo é um lugar imoto, que insiste em girar, até o tudo ter fim.

- Mundo não sei para onde vais, mas serei em ti.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Ouvindo: The paper kites (featherstone).

Clique aqui. E vem comigo.

Flutua o vento sobre a terra. Invadindo toda casa e apartamento, pela porta ou janela.
Outro dia o vento jantou comigo. Ele é gentil e foi um bom amigo. Conversamos sobre devaneios e vendavais. Ele sussurava pelas cortinas e persianas enquanto eu falava cortando algumas cebolas. O vento é gente boa. Na hora de ir embora me disse que gostou da comida, mas que a minha companhia foi inspiradora. Eu disse "ah vento, obrigado!". Eu acho que o vi sorrir, um sorriso meio de lado. Ele não precisou pegar o elevador, desceu pela fresta da porta, direto no fosso. O olhei indo embora pela janela. Pulando de árvore em árvore, remexendo as folhas da rua. Até dobrar uma esquina e desaparecer. O céu era roxo azulado amarelo avermelhado branco esverdeado e cheio de núvens cinzas acizentadas. Pensei que o mundo fosse uma gota flutuando no oceano do espaço. E tive sono imaginando isso no céu do meu quarto. Dormi um sono cansado, de tv ligada com os pés calçados e acordei dolorido de uma noite em que não me lembro de ter vivido. Mas sei que dormi porque o céu nascia tranquilo esticando suas labaredas como tentáculos preguiçosos por cima das nuvens do mundo.
O mundo girou - pensei.
E eu fiquei aqui.
Tudo bem, eu acredito: A vida tem um significado mais bonito se fores verdadeiro contigo. A mentira te pega pelas entranhas e te faz virar tudo aquilo que tinhas medo de ser. No pior dos teus pesadelos. No mais profundo dos teus medos. Por isso estou aqui, eu digo. Tentando o meu melhor para ser o que sou. E nem um grama a mais.
No intervalo entre o tudo se transformar em nada e se tornar novamente algo.

Ou talvez entre o click da luz e o começo do sonho do Arcade fire (: 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Todo eu de mim.

Sou água.
Escorro.
Todo eu de mim vive.
Enquanto morro.

Derreto dias.
Gotejo sonhos.
Mergulho-me e esqueço.

Que me afogo
aos poucos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O mundo sangra.

Diz o ditado popular que opinião cada um tem a sua.
Mentira.
Opinião cada um bebe da fonte que pode ou quer pra criar a sua.
Uns leem jornais. Outros navegam na deep web em busca de uma espécie de calice sagrado cristão dos internautas. A famosa "notícia que ninguém (ou poucos) conhecem". Tem ainda os que façam a procura ao contrário... Ouvindo a Dona Chica dizer que escutou a Paulinha filha da Gertrudes falar que a Maricléia leu no jornal do bairro dela que o Aécio Neves vai acabar com o bolsa família se ganhar a eleição pra governador de MG de novo... Oi?
A informação é uma das formas mais antigas de poder. Reis, lordes, padres, presidentes, governadores e Papas a utilizaram. Controlaram seu fluxo. Incentivaram a sua propagação ou contração na sociedade ao seu bél prazer. E se você, coxinha zeguedé, acredita que com a internerd a coisa "melhorou", eu te pergunto: melhorou pra quem? Porque como sempre, nesse blog e na vida, depende do ponto de vista de cada um.
Melhorou pro Lula ele lançar a pérola cinematográfica "Lula: o filho do Brasil"? Bom meu nobre leitor(a), eu desconfio fortemente de que ninguém visita esse espaço, ainda assim: melhorou pro barbudo esquerdão mensalista "não sabia de nada...".
O filme "Lula o filho do Brasil" teve o orçamento de 12 milhões de reais para sua produção. Nada tão diferente da realidade brasileira. Enquanto nos EUA, "Piratas do Caribe (No fim do mundo)" um dos filmes mais caros da história torrou 332 milhões de dolares, a média do país tupiniquim é bem menor. "Tropa de Elite 2" custou 14.5 milhões de reais.
E aí você pergunta: e eu com isso?
Se eu te disser que pra conseguir os 12 milhões iniciais mais os 4 milhões que foram posteriormente captados, o filme do Lula teve como principais "investidores" empreiteiras com contratos públicos.
E que isso nunca tinha acontecido no cinema brasileiro.
Sim, outras empreiteiras já "investiram" em filmes nacionais.
Não, nunca com tantas empreiteiras juntas, fazendo uma "vaquinha" pra "investir" no longa.
E vamos dizer que o Lula me pergunte:
"- E daí? Isso não prova nada!"
"Eu" "responderia":
"- E tem algo que se precisa provar aí?"

"Opinião," cada um "tem" a "sua". "Acho".

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ele não entendeu a piada.

Ouça: https://www.youtube.com/watch?v=ZqJhd9M7Zdk

Ele caminha o caminho, sozinho. Porque o caminho não se caminha de outra forma. Caminhar é algo solitário. Solitário mesmo quando feito em conjunto. Não, ele não acredita em cooperativismo. Ele acredita em "acreditismo". Acha que a maior parte da sua geração acredita demais em algo. Nem que seja o acreditar na ausência de algo. A crença humana se tornou uma doença.
"- Somos todos escravos de algo". - diz ele com frequência.
Ele escuta a voz dos outros e as palavras que suas bocas fazem durante o movimento de contração e relaxamento das mandíbulas. Ele percebe suas línguas dançando coreografias umidas de saliva dentro dos salões rosas das bochechas, enquanto procura pelo significado além das palavras.
"- É burro quem escuta só com as orelhas". - ele me disse um dia.
A vida que vivemos é um sonho. Quase tudo se resume a dinheiro, poder, amor, prazer, luxo, gordura, doenças e finalmente a morte. E a única parte que eu consigo entender é a que todo mundo odeia: a morte. La muerte. Morrer.
"- Não fale sobre a morte". - ele imita uma velha rabugenta enquanto diz.
"- Credo não tenx assunto meió não??" - ele imita uma pessoa ignorante esquartejando o tópico antes de ele nascer.
Todos nós somos abortados nesse universo. A sociedade é um erro. O sonho americano, um pesadelo. E a vida acaba sendo uma grande e grávida mentira que nunca pare seu feto.
"- Morremos na praia, entende? Nadamos, nadamos e morremos na praia...". - ele exemplificou para um terceiro amigo nosso que o observava com os olhos mais soturnos que já vi. Assustado com as verdades. Irritado com a visão que rompeu seu ciclo Disney fastfood e-comerce da vida two thousand and fourteen do ultimo pagamento salarial que recebeu antes dos descontos mensais.
Ele me dava medo. Essa é a verdade. Parei de procura-lo porque era mais fácil ver a vida de plástico que se vendia nas esquinas do centro da cidade. Era mais simples comer o lanche cheio de gordura, frito em mais gordura e besuntado de gordura para descer mais fácil.
Pensei que um dia, depois de ficarmos velhos e cansados da vida,  quando nos aposentássemos em nossos apartamentos de frente para o mar. Com nossos livros antigos e nossos habitos antigos... Eu talvez encontrasse ele sentado em um banco, lendo algo, fumando algo, olhando algo...
Eu lhe diria:
"- Tu não entendeu! A vida é uma piada!"
E ele, depois de retirar seus óculos lentamente e de inspirar e expirar o ar suavemente me diria:
"- Puta que o pariu..." - sorrindo.

Agora ouça:
https://www.youtube.com/watch?v=ghb6eDopW8I&list=RDrVeMiVU77wo&index=6



quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Ele atendeu o telefone.

Se fosse um curta metade sci-fi, metade comédia romantica idiotíca, metade independente, metade "tallest man on earth", seria algo assim:

Um grupo de poucos amigos, eram 4 mais um fez sucesso pra caralho e foi morar em algum lugar maneiro na europa. Ficaram os 3 meio frustrados na cidade em que nasceram.
O cara que foi morar fora acabou se mostrando meio que um pica das galaxias em técnologia e recebeu um puta emprego em uma puta empresa.
A vida é chata e cheia de rotina.
Um dia, um deles volta pra casa e encontra o amigo famoso na cozinha.
Conversam de como ele entrou ali sem a chave.
O cara é foda e não precisa de chave. Ele da respostas incompletas, do tipo:
"- Eu nunca precisei de chave pra abrir nenhuma fechadura na minha vida... Não vai ser agora que vou precisar..." - sem nenhuma outra explicação.
Ele, aparentemente voltou temporariamente.
Explica pro amigo que precisa reunir todo mundo e precisa ser agora. Eles se juntam e o geniozinho famoso explica que descobriu uma coisa que o fez precisar de férias forçadas. E como não conhece ninguém no mundo que confie mais que nos 3, resolveu contar pra eles, caso algo aconteça com ele.
A jogada é: todo telefone celular no planeta é uma escuta. Isso se baseia principalmente no fato de todo telefone smart que está ligado só precisa de toques na tela touch pra funcionar. Ou seja, eles podem transmitir imagem e audio mesmo sem o toque do proprietário. Desde que alguém se conecte a ele.
Isso não é novidade para uma gigantes corporação de empresas com base política que vem desde o início do ano 2000 espionando a vida de muita gente. Assim produtos são lançados através de pesquisas ilegais. Comportamento, moda, política, música, entretenimento, enfim quase TUDO é baseado nisso que eles chama de "A OPINIÃO".
O amigo famoso descobriu isso enquanto criava um sistema pra ser base pra um programa que evoluisse a comunicação entre as pessoas. Ele revela que é o mentor do whatsapp.
Todo mundo cai cagado.
O cara trouxe um dispositivo instalado em um tablet que permite que a pessoa escute e veja através das cameras de telefones num raio de 100km.

Ele termina dizendo que vai deixar o tablet com eles e que vai sumir por algum tempo e que quando estiver na boa, ele voltará. E se ele não voltar, é porque foi pego ou algo pior.

O desenrolar disso é muito simples:

Os amigos acabam utilizando o dispositivo para o benefício próprio. E se enrolam em "mil e uma enrascadas sociais" (mais sessão da tarde impossível).
Idéias são:
1)descobrir oque todo mundo acha deles.
2)uma releitura do Big Brother.
3)conseguir ganhar rios de dinheiro de formas bizarras.
4)conhecer os segredos de todo mundo.
5)conseguir meninas.
6)finalmente serem populares mudando a opinião dos outros a seu respeito.
7)brigarem entre sim por se auto espionarem.

Depois das alternativas escolhidas, eles precisam acabar mal. Precisam ficar sozinhos, chateados uns com os outros. Algum deles pode querer ficar famoso e manipula a informação pra conseguir isso. Outro rico e outro conseguir comer a(s) menina(s) que ele sempre quis.

Quando tudo estiver cagado, depois de um clipe do tipo "deu tudo errado" com imagens deles mais solitários do que nunca, o gênio volta.

Ele resolve todos os problemas deles. Pega de volta o dispositivo.
E os torna amigos de novo. Ele dá uma lição de moral nos amigos do tipo "cresçam!".

Eles continuam brigados.

Alguns dias depois eles se encontram e o gênio acaba aparecendo também (esse encontro pode ser marcado o casual, não faz diferença) ali ele junta eles de volta. Explica que são amigos, momento "nhé nhé nhé" melosinho, flashback, "chúruru", etc...

Na saida explica que inventou outra parada nesses dias que ficou parado.
Os caras não querem saber, mandam ele calar a boca...
Ele sorrindo diz, tá bom, eu to indo resolver uns assuntos com o pessoal que me forneceu a técnologia necessaria pra esse novo projeto, algo que ele espera que revolucione a humanidade... Ia convidar todo mundo pra ir junto, mas então vai sozinho mesmo...
Na volta procuro vocês, ok?
Todos concordam.
Ele aperta alguns botões em um relógio de pulso mega blaster e se teleporta na frente de todo mundo com um pulso elétrico. Aparentemente saindo da órbita terrestre.

(Fim).

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Ele morreu.

O roteiro do curta (10-12 minutos) precisa começar com fotos de amigos.
Um grupo no melhor/pior estilo Friends da Warner. 3 caras e 3 meninas.
Um pode ser negro e bem sucedido.
Um pode ser branco e galã.
Um pode ser jambo e gay.
Uma das meninas pode ser loira inteligente e bem sucedida.
Uma pode ser morena e curta no sentido ignorante da palavra.

E uma pode ser castanho claro/escura com sérios problemas de grana na vida.

Pronto.


Agora esquece o Friends. Era só um molde. Joga ele fora.


A história vai ser o seguinte:

Um dos caras convence os amigos a postar no facebook mensagens referentes a morte dele. O motivo pode ser:
a) o término de um namoro.
b) uma amiga que se declarou para ele.
c) a necessidade de fugir da sociedade por qq motivo (emprego, dívidas, crime que ele acha que cometeu mas que será inocentado no final, um cara chato que o procura por qq motivo, etc...)
d) férias forçadas
e) algo escondido que será revelado no final.

Os amigos topam por efeito dominó. O primeiro a topar carrega os outros com um argumento do tipo "eu faria isso por todos vocês aqui, a gente é amigo ou não é?!". Todos topam.

O cara morre no facebook. Animação gráfica de likes me fotos póstumas e msgs de luto.
Eles enterram ele fisicamente. Caixão vazio.
O cara morreu de algum motivo que não permitiu a presença do corpo (acidente de avião, naufrágio de barco, ebola, etc...)
Planos revelando a tensão nos rostos dos amigos se olhando, pela mentira contada.
A ignorante chora de verdade e faz diversas referências dizendo que está triste porque ele morreu de fato.


Um dia um conhecido dos amigos, um cara chato, vê o "falecido" na rua.
Posta uma fota.
A mentira é desmascarada.

Um monte de gente (milhares de pessoas por compartilhamento) xingam ele no perfil, dizendo que vão mata-lo e coisas assim.
O amigos também acabam discutindo com um ultimo take da morena burra dizendo algo do tipo:
"- EU ACHEI QUE TINHAS MORRIDO CARAAAAA!" ou algo assim.

A vida dele acaba.
Cenas dele sozinho, desistindo da internet. Tomando café em um dia cinza. Triste. Solitário.
Fumando cigarros e vendo as fotos dos amigos (algumas do começo).

Uma sequencia de cortes de ele trancado dentro do seu apartamento, enclausurado, dizendo que nunca mais vai sair. Nem mais pelas janelas ele olha. Fim.


Eis que então: troca trilha/silêncio pra trilha positiva
Quando alguém toca o interfone do seu apartamento. Ele acorda embaixo de uma pilha de almofadas na sala. Se levanta. Atende. Alguém diz:

"- FULANO?"
"- QUEM É!???? EU MORRI PORRAAA! ME DEIXA MORRER EM PAZ!"
E desliga.

Começa a ouvir um coro:

"- FULAAAAANOOOOOOO!"
"- FULLLAAAAAAANOOOOOO!"
"- FULLLLLLAAAAAAANOOOOOO!"

E quando ele olha pela janela do segundo ou terceiro andar (não pode ser muito alto), todos seus amigos do facebook estão lá. Com os 5 melhores amigos que um ser humano capitalista comercial MTV HBO pode ter. Sorrindo, com placas e coisas legais.


No final, alguém com pena dele (provavelmente o "pseudo amigo chato" que o viu na rua quando ele estava morto) fez um grupo/evento dizendo que "Todo mundo erra"/alguma coisa assim. E convenceu a maioria das pessoas que o julgaram por "morrer" falsamente na internet a estar na casa do cara no dia X na hora Y.

E o mundo é um lugar bom de novo.


Nos créditos tudo acaba bem. Festa. Bebida. Gente bonita.
O protagonista que "morreu" vai a um show de televisão Danilo Gentili/Jimmy Fallon (que é a mesma merda, e é divertido) divulgar seu livro: "O imortal digital".
Vira celebridade instantânea.
Entrevista no TV Fama. Fantástico. Web shows. Etc...

Noticia no jornal. Istoé digital. Etc...

Corte nonsense para todo o grupo "friends" em uma praia ridiculamente paradisíaca onde o autor da "brincadeira" e do livro (imortal digital) pagou passagem, hospedagem e todo resto para todos amigos. Alguém faz alguma referência do tipo:

"- Ok Fulano, estás desculpado tu trouxe a gente pra cá, obrigado. Ta animal!"
Todos deitados lado a lado, alguns de oculos escuros. Super relax.
Quando o Fulano vê uma mulher linda passando e dando o maior mole pra ele que se senta dizendo:
"-  GALERA! JÁ SEI! EU TIVE UMA IDÉIA GENIAL"
E todos os amigos ficam assustadíssimos negando a nova "ótima" idéia dele. Sobe a trilha.

(Fim).

A letra que vem depois do Z.

Se João me fala sobre o erro de Paulo, aprendo mais sobre João do que sobre Paulo.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Destino mudo, porque destino igual e falante é uma sacola furada.

No vapor do sonho, ele morreu.
Foi porque quis também, ninguém obrigou.
E tudo bem.
O destino é mesmo um merda.
Tipo daqueles merdas brincalhões que todo mundo odeia mas ninguém consegue assassinar.

E eu desconfio que só não conseguimos matar porque ele é mudo.
Se o destino se quer pudesse falar, ele seria definido por uma locução de um trailer da seção da tarde:


"Nesse verão, esse garoto conheceu seu detino.
E juntos eles vão aprontar mil e uma estripulias entre seus amigos!"


Algo assim. Talvez.
 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Ligue: 0800-DEUS

Deus me ligou.
Não metaforicamente. Deus realmente me ligou no meu telefone celular.
Atendi um número escrito "Desconhecido?". Achei estranho ter a interrogação. Era o único "sinal". Foi algo como:

"- Alô?"
"- Leandro?"
"- Sim, quem é?"
"- Deus!"
"- (silencio)"
"- Sou Deus!" - ele repetiu calmamente.
"- Qual é o sentido da vida?"
"- Não adianta, o mais perto que vais chegar disso é a dica que dei no Guia do mochileiro das Galáxias: 42!"
"- Eu li. Mas 42 não me diz nada!"
"- É, nisso eu não posso te ajudar... Mas to ligando por um outro motivo..."
O interrompi:
"- Tu já tinhas ligado pra alguém na história da humanidade?"
"- Sim..." - ele respondeu um pouco ressabiado.
"- Pra quem?"
"- Eu mandei uma carta pra Cristovão Colombo... Falando da América... Já era hora de eles sairem do continente que vocês chamam de Europa."
"- Mas muito antes dele, outros navegadores já estiveram lá... Ele não descobriu porra nenhuma!"
"- Mas eu não disse que ele descobriu a América. Por sinal, porque vocês chamam essa faixa de terra de "A-M-É-R-I-C-A"? Ou "E-U-R-O-P-A"!? Acho isso muito infantil. A propósito, vocês são beeem infantis! Enfim garoto, ele colonizou a "américa", pq eu mandei uma carta pra ele...."
"- Pra quem mais?"
"- Não quero responder."
"- Por favoooor... Mais dois e não te peço mais nada!"
"- Pro resto da tua vida?"
"- Não, até o final do ano só..."
"- Ok... Me deixa pensar um pouco..."
Um silêncio um pouco constrangedor se formou. Nada além do tempo que você levou pra ler essas frases... Então ele disse:
"- Mandei um sonho pro Thomas Edison, ele acordou e fez o que eu pedi. Mas ele não descobriu a eletrecidade e nem a inventou. Quem a inventou FUI EU! E o primeiro de vocês a usa-la foi Tales de Mileto, 700 dos seus anos antes de eu mandar aquele pedaço meu que vocês assassinaram aí em uma cruz.... Insolentes!"
Eu não soube o que dizer, fiquei quieto. E ele continuou:
"- Eu sussurei algumas palavras no ouvido do rapaz que se chamava Siddhartha Gautama e ele ficou doidão. Alguns anos depois vocês chamariam ele de Buda. Tenho uma história interessante sobre isso, eu achei que vocês iriam chamar a eletrecidade de buda. Já que buda significa "iluminado". No sonho que eu mandei pro garoto Thomas inclusive, ele era um indiano navegando em uma jangada pelo Ganges... Mas essa parte não deu certo. Eu não ligo" - ele riu.
Permaneci em silêncio.
"- Porra Deus, mas se tu mandou um recado pra esses caras, o que estás fazendo me ligando???"
A risada dele foi gutural.
"- HAHAHAHA" - e continuou - "Eu pensei que poderias me perguntar isso. Um dia vais entender, te garanto."
"- Esse papo com conceitos filosoficos inalcancáveis é um grande saco!" - disse cheio de coragem.
"- Me processa Leandro!"
"- hahahaha"
"- HAHAHAHAHAHA, tchál !"

tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

Fim da ligação.

Ok (:

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Numa noite dessas.

Foi de dia que pensei em escrever. Mas por algum motivo essas palavras só puderam ser digitadas a noite. Aí eu pergunto:
"- Quem digita, também escreve?"
Pensei em não fazer da minha própria pergunta a pergunta de um personagem. Mas no final (seja lá quando ele for), todos somos personagens de alguma(s) história(s).
Não liga a falta de substancialidade nas palavras até aqui. É que o impalpável me agrada mais do que o físico.

Então lá vai o que eu queria dizer:

Numa noite dessas eu ainda descubro o céu e faço a lua virar sol.
Numa dessas noites que a gente mal percebe que passa, sabe?

Vai ser um final de tarde comum. Cheio de cores no céu.
E a noite vai vir toda silênciosa e cheia de escuridão.
Se derramando sobre nossas vidas. 
Como o próprio passar dos nossos dias.
E quando o sino bater a meia noite.
Antes do dia virar, de um pro outro.

No ponto alto da negro breu.
Eu deslizo meu dedo pelo interruptor gentilmente e
acendo essa luz.

E mesmo só, sem ninguém além de mim,
sozinho e cheio de vazio...
Eu sei que vais ver.
E numa noite dessas, numa dessas igual a tantas outras, o mundo nunca mais vai esperar uma noite comum.

Numa noite dessas.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Bombay Bicycle Club e uma tarde outonal.

Se muda de direção é ruim. Se não muda também. E você fica aí imaginando quando foi que a sua vida lhe pegou pelas bolas e gritou que tu és um covarde. Ontem? Ano passado? A 10 anos atrás? É dificil saber. Algumas pessoas atribuem esse comportamento a um casamento daqueles chatos cheios de coisas chatas e de gente tão curta que dá nojo. Outras a um espírito que já foi jovem e morreu ao chegar aos 32 anos de idade. A hora de arranjar juízo. Mas que na verdade só mudou o status de existência de "normal divertidinho" pra "rancoroso cuzão".
Enfim, você arranjará uma desculpa sem dúvidas. Dirá que não pode fazer isso. Que queria ter feito aquilo. Que a vida poderia ter sido assim ou assado. Usando e abusando do pretérito mais que perfeito para justificar a sua peidada na farofa.


A tarde cai em cima de todos nós. Me ensinaram desde cedo. A Esfinge perguntou a Tesseu que animal tem quatro patas de manhã, duas durante a tarde e quando a noite chega tem três. A resposta foi o ser humano, representando a infância, a vida adulta e a velhice.


Não se deixe enganar. A Esfinge queria que todos nós entendessemos que a vida é um sopro, um instante, um momento. E que como todo sopro/instante/momento, a vida termina.

Mude de direção todas as vezes que precisar. Você pode fazer isso sem perder quem realmente é de vista.
Perca tudo e seja xingado, recupere tudo e convide quem lhe xingou para um churrasco na sua piscina nova. Você pode fazer isso e continuar com as suas convicções sobre a humanidade.

 Acredite. Duvide. Opine. Gente política é tão agoniante quanto uma bela ave que late ao invés de cantar. Posicione-se, se você o fizer com educação, as pessoas vão gostar de lhe conhecer melhor.
Cante. Dance. Desenhe. Escreva. Assista filmes. Faça filhos. Tire fotos. Movimente-se.

A vida é curta, mas não precisa ser pequena.
 
 

Até assim.

Aos encontros sem hora marcada.
Por do sol não combina data. 
Sól vem.
Dia que termina em outro dia.
É só a memória que te fugiu.
O caminho é teu olho que ilumina.

A estrada é sem fim.
Para quem nunca partiu.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Pátria a(R)mada.

Ouvindo isso: https://www.youtube.com/watch?v=WlatHB9jZ1g

Eu pensei: que enquanto eu pensava no meu sonho dentro do sonho que tive ontem e que eu ainda nem sei se acordei. Aí descobri que não sei se eu sonhava meu sonho ou se o sonho que eu sonhava era seu.

Na nação do futuro incerto, muitos dos seus filhos falam baixo em uma silenciosa valsa com o caos.
Enquanto somos feitos de idiotas todos os dias, o mundo se recusa a girar mais devagar.

E o flerte com a maldade passa de uma suspiro para um discurso. E chega a virar motivo de novela das 20h. Enquanto você visita seus blogs de maquiagem. Seus lançamentos de carros que custam nosso ouro e nossa prata.

Meu país é uma amante fria e mentirosa. Que se entrega a quem lhe paga mais. Mais de uma vez por dia.

Seus filhos choram de fome enquanto ela se diverte bebendo cachaça e fumando cercada por homens de bem. Com a sua gordura abdominal e seus ternos italianos da última estação.

Por que somos todos brasileiros e não podemos desistir nunca, é o que nos ensinam a repetir.

Somos filhos da pátria amada. Idolatrada. Salve-salve.
 

Mas nunca te disseram que essa pátria não te ama.
E que tentou te abortar, mas não conseguiu.

Entre outras mil és tu Brasil:
O Patria amada, Idolatrada, Salve! Salve! 
Brasil, de amor eterno sejas piada!
O labaro que ostentas está quebrado!
E diga o verde-roubo cor sem vergonha
- Guerra no futuro e ao teu presente só o passado.


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

"The head and the heart" e eu :)

Rios e ruas.
Rios e ruas, até eu te encontrar.


Era isso que eu queria dizer.  (Clique para ouvir, seu tanso(a).

O destino não é o fim. Eu já te disse. Caminhar é mais fim do que o chegar. Os "Little Joy's" já disseram. Eu caminho o caminho. E sinto falta do teu rosto, mais do que consigo dizer em palavras. Talvez toda a minha forma de amar tenha sido alterada pelo fato de tu teres ido embora mais cedo do que deverias. Ou pelo fato de eu ter aprendido que não existe "ir embora mais cedo do que se deveria" e só "ter ido embora".
Quando alguém me diz que a vida anda dificil, eu penso que sei como é.

Mas pelo menos temos coragem.
Que seremos julgados por nossas falhas, isso é certo. E é quase um alívio. Ser punido pelo que se fez errado, pagando o preço. Mas que ninguém diga que tivemos medo de encarar nossos medos. Que não fomos bravos. Que fugimos. Não. Nossa luta é contra nós mesmos. Como o primeiro voo dos que voam.

Ficar no ninho com cara de medo é o que eles fizeram.
Nós nos jogamos.

E se o chão for o destino, que seja. No final ele é o mesmo destino para todos.

Que o mundo receba nossa coragem como detrimento. Mas a receba.

 
Rivers and Roads

A year from now we'll all be gone
All our friends will move away
And they're goin' to better places
But our friends will be gone away

Nothin' is as it has been
And I miss your face like hell
And I guess it's just as well
But I miss your face like hell

Been talkin' 'bout the way things change
And my family lives in a different state
If you don't know what to make of this
Then we will not relate
So if you don't know what to make of this
Then we will not relate


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O que se foi.

Entendi:
a vida passa.
O vento,
a chuva, o verão,
e a estação das luvas.
Olhos derramarão rios.
Bocas soprarão versos.
Amigos partirão sozinhos.
Fotos se amarelarão.
Dias futuros serão passados.

Nada mudará isso:
a vida passa.
E enquanto leres isso
um pouco mais dela terá ido.

Ó vida, não sei para onde vais,

mas irei contigo.
 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

E quem disse?

Se a vida fosse um filme. Tudo que você teria assistido é ao trailler dos outros. Da sua não, da sua você lembra de cada quadro. Dos cortes do diretor. Dos comentários dos produtores e dos atores. Lembra de quem fez a iluminação. Da linguagem da camera. Das lentes que o diretor de fotografia quis usar. Das locações mesmo, tu lembra de uma por uma. Dia após dia de produção. Dos cafés tomados. Dos cigarros fumados. "Mas eu não fumo e nem bebo café!?!". Foda-se. Tu lembras dos teus sucos de tomate com hortelã. E das vezes que ninguém acreditou em ti. Tu lembras das trilhas sonoras. Dos enredos que as vezes eram de novela mexicana, as vezes pareciam escritos pelo Woody Allen. E em outras parecia coisa do Almodóvar. "Mas eu nem sei quem são essas pessoas!?!". Dane-se. Tu sabes cada nome. Alguns lembram dos dias e dos meses. Outros da sensação. Mas tu lembras...
É engraçado como a tua vida te parece um filme. E a vida do outro não pareça tão importante. "Mas eu não acho que a minha vida pareça um filme!?!".

A sabedoria tem limite. A ignorância não.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Tudo aquilo que não foi, mas que podia ter sido.

Não sabiam eles que estavam vivendo o momento da vida em que se sentiriam mais importantes.
"- Mas aa Marco véio" - gritou o menor, enquanto descia o maior no carrrinho (sim com 3 erres).
O morro da vó Salvelina ficou pequeno. 
Decolaram voo pela internet. A televisão bateu na sua porta. A radio os chamou pra falar. Filmes publicitários. Funk. Domingão do gordão. "Taca lhe o pau!", repetiam. A cidade inteira ferveu. O prefeito fez palanque, elogiou a família. Disse que a vó Salvelina era uma cidadã respeitavel de bem, como nenhuma outra. Que a chance que essa família estava proporcionando ao município precisava ser aproveitada. Que era a hora de brilhar.
E brilhou. E como brilhou...

O garoto de 12 anos perdeu a virgindade depois de aparecer no jornal de domingo a noite. A menina tinha 19 e nunca tinha olhado (e nem olharia, se não fosse o sucesso que ele vivia naquele instante) para o Marco "véio". Também pudera. Ele mal sabia o que estava acontecendo enquanto ela se sentava sobre o colo nu dele. As calças arriadas e as promessas da moça bonita lhe sussurrando ao pé do ouvido:
"- Calma, tu vais gostar... Isso assim..."
Os olhos arregalados do moleque. Seu gemido rápido e tudo foi apenas um instante. Ela repetiria isso algumas vezes, até ter certeza. Nos dias que se passaram eles passearam juntos atrás da igreja. Na cachoeira. Atrás da casa da vó Salvelina.

E engravidou. O filho recebeu o nome de Jr.
Eles se separaram 6 meses depois da criança nascer.
Marcos tinha 13 anos feitos. E ao contrário da aposta da garota, nenhum dinheiro... Ele havia se tornado uma criança hiperativa. Solitária. E com severos traços de depressão. Se mataria aos 16. Tomando remédios que encontrou na gaveta da casa da avó. Sua família nunca comentou o que houve.

O mais novo tentou ser modelo. A mãe o achava lindo. Tentou gravar outros vídeos. Emplacar outros jargões. Fez publicidade local. Depois estadual. Uma agência de comunicação de São Paulo o procurou para orçar um filme publicitário para uma grande marca de carros, uma montadora de fora do Brasil. A família lhe cobrou migalhas e ainda assim o orçamento não foi aceito. Seu pai lhe olhava torto. Como uma promessa que nunca se cumprira. Como um sonho que nunca chegou a se tornar realidade. Leandro era seu nome. Ele ficou sozinho. Marco (o tal Marco "véio"), tinha alguma fama. Tinha uma namorada. Tinha mais gente ao seu redor. Leandro não. Ele envelheceu triste e amargurado. Sua tristeza se tornou uma raiva. Sua amargura cresceu até torna-lo seco e duro. Grosseiro. Facilmente irritado. Arranjou um serviço de representante aos 18 anos. Algumas vezes dizia quem era. O que tinha feito.
"- Você já assistiu esse vídeo?" - ele perguntava.
"- Fui eu quem filmou..." - dizia em seguida.
No começo era reconhecido. Até foi bem tratado. Tratado com diferença.
Depois não.

Parou de perguntar.
Largou o emprego.

Bebia frequentemente. Cada vez mais.
Um dia desapareceu.
Alguns disseram que fugiu. Alguns, que morreu.
Sua família também não comentou seu sumisso.
Algumas décadas depois, um programa procurou os envolvidos para falar sobre as celebridades da internet. Para entrevista-los. Puro entretenimento "fastfood".
A casa da vó Salvelina havia sido vendida. A família não quis falar.
Os vizinhos comentaram que nada deu muito certo para eles.

"- Vocês conhecem aqueles meninos que gravaram o vídeo do "taca lhe o pau Marco véio"?  - perguntou o produtor.
E as portas se fechavam com poucas palavras:
"- Não".
(porta fechando).
"- Não sei nada deles".
(porta fechando).
"- Vão embora!".
 (porta fechada).

Surgiram e sumiram do mesmo jeito, sem ninguém notar.
Sem ninguém se importar.
Como se suas vidas nunca nem tivessem existido.
Como se fossem só um sonho de uma noite.
Breve. Intenso. E com pouquíssima verdade.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Embaralhe-me.

Pessoas que contam piadas por linguagem escrita compreendem que o texto realmente é uma forma imperfeita de reproduzir os sons que a língua humana é capaz de descrever.
Para algumas idéias, é necessário utilizar outras sensações. Como sons. Que de alguma forma também podem ser entendidos pela forma como você lê emoticons por exemplo. Ou uma alteração repentina da fonte em um texto perdido de um blog além da terra do nunca. Eu sou daqueles que são ligados a tudo que considera novo, pela pontes da internet e da tv. 
Isso me fez lembrar aquele cara que disse que comunicação era uma das formas que a natureza teve para nos fazer olhar para frente. 
"- É como se talvez, tudo que compõe a existência física fosse feito de energia lá no nível micromolecular. E a energia antes de se dissipar sempre dá show... O fogo é um exemplo disso. Um raio é outro. E o sol também descreve bem a idéia..."
Vai ver que eu sempre achei ele um cara bem doidão. Apesar de ele ter sido criado por mim mesmo. Como se alguém fosse entender que isso é um diálogo com uma acentuação diferente da que você aprendeu no colégio. Eu sei quem tu és! Quem, eu? Isso, tu! Tu és aquela voz que queria me convencer a uns 30 anos atrás há não me levantar. Que engatinhar tava legal. Vai ver que tu precisas de ajuda médica? Vai ver que não!
Porra, e tu és quem? É, tu és quem?? Penso que eu sou a pessoa que concorda com os dois. Tudo bem? Não! Ok. Não está ok! TCHAU (eu só escrevi assim maior pra dar mais ênfase). Boa, mas eu tenho certeza que alguém não vai perceber e vai achar uma merda. Mas é uma merda. Ok, olha isso que legal.

Todos Vocês São uns babacas por respeitarem as regras!