quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Meu VT de Natal.

CORTE SECO NA CENA ABAIXO.
O vídeo mostra uma cidade no final da tarde. Céu "instangrônico", vermelho amarelado com núvens cinzas mescladas nas brancas. Com morros emoldurando um sol poente.
O locutor de voz grossa e adulta, parecendo um "conselho de vô" diz:
"- A parte que realmente importa da vida é difícil de encontrar."
Começa trilha no estilo Tiago Iorc na referência mas sem vocal. (CLIQUE AQUI).
Mostra uma igrejinha estilo cidade do interior, bem de perto. Com um movimento de cabeça de tripé suave enquanto algumas pessoas entram sozinhas e acompanhadas.
"- Porque essa parte pode estar em qualquer lugar."
Mostra um grupo de alguns seis jovens dançando em uma casa/quarto de pousada com um deck de frente para uma vista estilo Serra do Rio do Rastro em Santa Catarina.
"- E pode se materializar de tantas formas que é praticamente impossível conta-las."
Mostra uma sala de uma apartamento com uma mulher adulta com seus 30 e poucos anos, arrumada, de pé de frente para um aparador de pedra olhando para a foto antiga de um senhor. Quando o marido dela (um cara de 30 a poucos anos) aparece na porta com a filha dos dois. A mulher sorri ao os ver e os abraça.
"- Como uma saudade que nunca vai embora. Mas que pode aprender a ceder espaço."
Mostra uma rua de barro. Com um carro em movimento levantando pó. E um homem adulto, com idade entre 50-60 anos esperando na porteira de um sítio. O homem levanta a mão sorrindo sério. Enquanto o carro para e dois rapazes descem o abraçando.
"- Ou como uma saudade que gira o mundo inteiro, mas que não esquece o caminho de casa..."
Mostra uma praia cheia de pequenos balões (como a referência CLIQUE AQUI, do Festival de Lanternas em Taiwan). Com um casal jovem em foco se olhando e sorrindo. Ela usa um vestido claro com os cabelos soltos para o lado. Ele uma bermuda e camisa social. Barba por fazer e um sorriso aberto nos lábios. Um senhor grita em coreano para todos ouvirem enquanto a mesma locução continua:
"- Porque a parte mais importante da vida, é sentir. E é isso que nos torna especiais...."
Mostra um garoto no colo dos jovens pais.
"... porque sentimos..." (a voz sorri ao dizer).
Mostra um casal de idosos com ela chorando e ele sorrindo sério.
"... no fundo dos nossos corações."
Mostra duas mulheres sorrindo e quase se abraçando com um braço só.
"- E sentir é o que dá razão ao viver."
As lanternas decolam por um final de tarde na praia.
Surge a logo da empresa em um 2.5D com controle de máscaras e filtros de iluminação.
MARCA TAL, SLOGAN DA MARCA TAL.
Fim da trilha.
FADE OUT NO VÍDEO.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Desconecte-se ao final do texto:

O desconhecido. Frio. Longo. Silêncioso. O infinito. Interrogador. Desesperador. Absoluto. O espaço. Flutuante. Agonizante. Ritmado. O planeta. Azul. Molhado. Indiferente. O continente. Quente. Pobre. Pequeno. O país. Gigantesco. Rural. Sujo. O estado. Isolado. Perdido. Partido. O morros. Pobres. Pedras. Putas. A cidade. Orgulhosa. Envidraçada. Ignorante. A rua. Empoeirada. Esgotada. Indignada. A casa. Vazia. Elétrica. Cheia. A pessoa. Raivosa. Amante. Dormente. A alma. Transparente. Enorme. Inexistente. O desejo. Pulsante. Inflexível. Insistente. O vazio. Completo. Férreo. Mutável. O desconhecido. Frio. Longo. Silêncioso. O infinito. Interrogador. Desesperador. Absoluto?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Um inverso do universo.

Se o céu é azul agora, eu percebo, é porque foi noite antes. E será de novo. Não há erro, a noite e o dia vem e vão. As estações se alternam. As pessoas nascem, as vezes crescem mas sempre morrem. Sempre. Procurando por pilares inquestionáveis encontrei um garoto de 8 anos anos que achava que dragões existiam.
"- Eles existem!" - ele me disse cheio de certeza - "Eu já vi!".
"- Você viu aonde moleque dos inferno ??? (plurais errados propositadamente acentuam o tom agressivo)".
"- Existe uma caverna ali naquela montanha..."
"- Aquilo é um morro, não uma montanha!" - eu o interrompi.
"- É uma montanha!" - ele insistiu.
"- Aquilo ali é um morro! E por pouco não é uma colina. É um morro baixo!" - expliquei.
"- É uma montanha e tem um dragão que vive lá em uma caverna. Eu vi!" - 
"- Você está mentindo. Saiba disso. Podes pensar o que quiseres. Mas isso não é a verdade...".
Ele virou de costas para mim e saiu correndo. Corri atrás. Atravessamos uma avenida que ficava na base do morro. Subimos a rua de asfalto ladeando uma escarpa cheio de pedras e com algumas poucas árvores que cresceram equilibradas em rochas e barro.
Ele olhava para trás a cada quatro ou cinco passos, no começo meio nervoso. Depois parecendo estar gostando de eu o estar seguindo. Me peguei sorrindo para ele. Com aquele pequeno garoto de cabelos claros e camiseta listrada, correndo com seus braços em movimento. Sorrindo em camera lenta para mim.
Ele dizia:

"- Vem! Vem logo! Vaaaamoooooo!".
O acompanhei até o final do asfalto. Havia um mirante para os carros fazerem o retorno. Terminava ali. Ele pulou dentro do bosque como um esquilo. Confortável, correndo sobre as agulhas que os pinheiros soltaram. Seus pés faziam um som abafado. E ele olhava menos para trás, porque precisava desviar dos troncos das árvores.
"- Veeem! É logo ali! Vamo logo! Vem!".

Ele repetia.
Cruzamos uma baixada entre pequenos pinheiros, abetos e ciprestes que cresciam como se o mundo não existisse. Olha para cima enquanto passava ao lado de uma gigantesca sequóia que fazia sombra sobre outras árvores.
Quando percebi, ele estava parado a alguns metros a minha frente. 

"- Tá tudo bem?" - perguntei.
Ele me mandou ficar quieto com o indicador na frente dos lábios e apontou com a outra mão para o barranco a sua frente.
"- Ali, embaixo das raízes...."
Quando olhei pensei que era um buraco na terra. Me pareceu pouco natural, sendo que havia uma árvore sobre a protuberância que saia da terra. O buraco não tinha mais do que dois metros de diâmetro. E haviam algumas rochas nas suas laterais. Do tamanho de cabeças humanas.
"- Ele está ali dentro dormindo. Precisamos fazer muuuuuuito silêncio..."
Disse alto como quem duvidasse dele:
"- Para com isso, é só um buraco..."
E um jato de vapor emergiu das trevas da terra. Saindo pelo furo abaixo das raízes da árvore. Fazendo folhas e agulhas voarem em todas as direções. Seguido por um silvo agudo e oscilante como de uma criatura de um filme hollywoodiano.
Corremos.
Corremos como nunca.
Em algum ponto eu me lembro de ter pego o garoto com os braços enquanto ele gritava:

"- EU TE FALEI! É UM DRAGÃO! TEM UM DRAGÃO ALI!!!! VIU!!!??!?!"
Mais tarde eu me lembraria disso como uma brincadeira. Como algo que não poderia ter acontecido.
Anos se passaram até que um dia, em um parque eu vi um garoto dizendo para seu pai:

"- ... ele está dentro de um buraco pai! É um dragão com escamas verde e caramelo! Eu vi!"
"- Não fala bobagem guri. Me deixa terminar o jornal, vai lá jogar bola vai..."
Devo ter encarado o garoto desconhecido, porque ele me encarou de volta. Se o seu pai tivesse tirado os olhos da seção de esportes do jornal saberia que seu filho estava branco de medo. De um jeito que histórias de garotos não deixam seus interlocutores.
Ele me encarou.
Eu acenei levemente com a cabeça dizendo que sim. E balbuciei:

"- Eu sei..."
Ele me encarou sério por um par de segundos. E sorriu enquanto começava a acenar também.

Realmente existe um dragão lá.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

(in)correto(out)

Sempre que me sento para escrever, penso no que mais poderia estar fazendo. Hoje me ocorreu que eu poderia estar roubando, poderia estar mendigando, mas estou aqui no meu horário de trabalho de alguma outra forma, "trabalhando".
Um autor me diz que a produção de qualquer peça literária envolve o longo e penoso processo de confronto com o que temos guardado mais no fundo. Eu acredito que escrever seja como caçar um caranguejo no mangue. A diferença é que aqui eu me sujo de mim mesmo e não com lama.  Não tem banho que limpe esse tipo de "sujeira". É bastante terapêutico. As pessoas normalmente se acalmam depois desse processo. Depois de se conhecerem um pouco mais. As vezes você enfia o braço até o ombro na lama do seu âmago e o que sai não é um caranguejo. É uma outra coisa. As vezes algum dos seus caranguejos pode lhe pinçar a mão. Vai doer. Vai sangrar. Mas da próxima vez, você tira alguma coisa de lá que faz valer a pena.
É estranha essa idéia de evoluir baseado no que há dentro de nós mesmos.

Principalmente porque se nós temos o que precisamos para mudar, porque não mudamos?Porque só depois de nos lançarmos olhares de reflexão é que conseguimos crescer?
Tentamos caminhar tantas vezes caindo no chão das formas mais desesperadas que só quando demos aquele primeiro passo, aquele UM passo que antecedeu todos os outros. Que compreendemos que as tentativas falhas foram de alguma forma a base para o nosso sucesso.
Bonito isso, se você ler de novo talvez concorde. Talvez não. Eu não me importo realmente.

Lutamos por tantas coisas no decorrer da vida que é fácil não perceber que essas lutas acabam por formar quem somos. Perceba, o nobre marinheiro digital: não são nossas vitórias que nos definem. Longe disso. Somos, é claro, o que alcançamos. O segundo lugar no pódio na corrida da quinta série B. O décimo quarto lugar na lista de aprovação do vestibular. A terceira vez que beijei os lábios dela. A quinta vez que tentamos arranjar um emprego.
Sim, nós não somos feitos só de primeiros lugares. Na verdade, algumas muitas vezes, um segundo, terceiro e sétimo lugar nos muda mais do que um primeiro. A sede de continuar precisa ser maior que a certeza de ficar sentado a sombra da própria vitória.
Ao algo bem parecido com isso...


Sentei para escrever sobre escrever. E me perdi dentro de mim, de novo. Enfiei meu braço na lama do meu mangue e quando puxei minha mão, não era o caranguejo que eu queria.
Era outro.
Não vou recusa-lo. Da próxima vez talvez eu tenha mais "sorte". Ou menos. Depende de quem perguntar, de quem responder e de quem estiver lendo isso.

Talvez existam falhas que superam alguns acertos. 


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

As camadas da minha cebola.

O eu que fui é o que me deixou ser o eu que sou. Mesmo tendo errado tanto. Tendo sido tão ruim em tanta coisa. Só posso ser eu hoje e ver que o que fui não era, muita vezes, quem eu queria ser. Porque o fui. Se não fosse, talvez, ainda estaria sendo. Não que tenha alcançado no eu que sou, toda glória e razão que meu âmago almeja. Longe disso provavelmente. Continuo perdendo eus pelos caminhos. Batendo nas portas erradas. Cruzando as esquinas da dúvida. Partindo lindos vasos de rosas vermelhas. Por exemplo: a palavra vasos que acabei de escrever, saiu originalmente com z. Precisei corrigi-la. Mas originalmente a escrevi errado. E a partir do momento que a escrevo certo, continuo. Pena que entre seres humanos o "delete" não possa ser usado. Teria dito talvez:
"- Meo, sabe aquele dia que eu fiz aquilo?"
"- Sei Leandro...."
"- Acabei de deletar. Pronto!"
"- Obrigado."
Não. Infelizmente será? Sei que é não. Mas será que é infelizmente? Também houveram pessoas que passaram navalhas pela minha alma e pelo meu coração. Seja propositadamente ou não. Aconteceu. E durante o processo de fechamento desses cortes, de colagem dessas fatias minhas que caiam. Durante a tentativa de alterar o que acontecia, de remediar a dor... Eu mudei. E melhorei muitas vezes. Não que isso seja desculpa para o erro. Mas foi como foi. E aqui estou. Um outro eu que foi. Novo do que fui. Diferente.
Alguém me disse que se você está vivo, deu certo. Se você está vivo, não deu errado.
Concordo.
Talvez no final, a vida seja essa busca pelas feridas que nos tornarão o que éramos para ser. Talvez, viver essas dores seja um dos grandes propósitos de existir.

Vai que o próximo eu que sair de mim, discorde. Vai ver que esse outro eu, seja avesso ao processo. E que um dia eu me feche dizendo: "CHEGA DE NOVOS EUS! SEREI ASSIM E PRONTO!".

Até lá, se posso pedir algo, que seja:

"- Por favor mundo, descasque-me!"

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O que não acompanha o ritmo.

Perde o passo. Já passou.
Outro céu que voou.

Dia longo, se é assim.
Há de terminar.
Mesmo sem fim.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Se houver Deus.

Se houver Deus, eu sei que ele vai nos perdoar. Se não houver, nada mudará.
Esse texto até pode ser escrito por mim, mas a última coisa que ele é, é meu. Digo isso porque já escutei muita opinião sobre esse assunto e sei como pode ser violento construir ou descontruir a religião em alguém. E não, esse não é o meu propósito. Definitivamente.
Para começar, acreditar ou não acreditar em alguma forma de religião é algo com muita pouca importância para uma relação distante. Eu não quero saber se meu chefe ou meu funcionário acha que Buda é o cara ou se considera toda forma de crença um forma de charlatanismo. Deles (do meu chefe e do meu funcionário) eu quero uma boa relação profissional. Com ética, seriedade e comprometimento. Fim. Acredite em quem você quiser durante o processo, nada mudará para mim.
Mas ainda assim, algumas pessoas nos fornecem as suas referências matrizes (que por sua vez, foram recebidas por elas através de outros ícones ou formadas pela ausência de matrizes originais). Essas matrizes são por exemplo, o time de futebol para que você torce. Ou um comportamento social, o de roubar ou o de não roubar por exemplo. E também a religião. Temos algo de parecido com as pessoas que estavam ao nosso redor enquanto nos desenvolvíamos como seres humanos adultos. Essas matrizes também podem vir de amigos, familiares indiretos/distantes e de outras forma de influência como filmes, livros, etc.
Ok, a religião é uma forma de costume. Você aprende a ser religioso da mesma forma como aprende a falar. Ou você aprende a não ser religioso da mesma forma que aprende a não roubar. Ou qualquer combinação que você quiser. Entenda que isso é adquirido, ou que pode ser. Dependendo do caso.

Somos criatura finitas.
E em algum ponto da nossa existência, tendemos a olhar para dentro e ver nosso próprio fim.
E ali que muita gente resolve acreditar em alguma religião.
Eu chamo isso de "cair cagado". Quando o cidadão descobre que vai morrer e que nada mudará isso, a nossa natureza viva cria um complexo sistema de pensamentos e descargas químicas que nos permitem acreditar na popular "vida eterna". Seja ela o paraíso ou o renascimento em outra forma. Ela representa a continuação. A ausência de interrupção do viver.
Mas religião foi bem além disso.
Eu gosto de dizer que vai além disso, mas termina antes de dizer que os dinossauros não existiram. Porque sim, eles existiram.

Tomo aqui como referência, a crença indiana de que Krishna carregava o Universo em todo seu infinito dentro de sua boca. E que sua mãe, Yasoda só percebe quando tenta retirar da boca do filho um pouco de sujeira que este comeu do chão. A algum tempo perguntei para um hindu o que ele achava dessa história. De como ele via isso.
Ele me respondeu: 

"- Eu vejo isso com a minha alma."
Ver com a alma? Nosso mundo, nossa existência, nossa ciência e toda tecnologia que nos cerca atualmente nos permitem ver somente com os olhos. As pessoas usam frequentemente argumentos racionais para dizer que a religião é uma crença sem comprovação física. Uma historinha para crianças.
Meu amigo hindu continua sua fala dizendo:
"- Se houver algo a ser acreditado na crença de que Yasoda viu o universo infinito dentro da boca de seu filho, Krishna, é que uma mãe e um pai percebem no filho as eternas possibilidades do mundo. Como se o filho fosse literalmente "um universo de possibilidades". Yasoda por tanto, vê o que o seu amor de mãe lhe permite ver. Isso é tão diferente do que nós vemos naqueles que amamos? Que consigamos ver universos infinitos de possibilidades nas bocas, almas e vidas do máximo de pessoas ao nosso redor. Isso é tão diferente de amarmos uns aos outros? Não."
E quando lhe perguntei se ele acreditava que Yasoda e Krishna realmente existiram ele me respondeu que sim: 
"- Claro. Eu sou Krishna e nesse momento você é Yasoda. Vendo, através da minha boca, um universo de possibilidades."
Muito ruminei antes de escrever essas palavras.
Mas se alguém chegou até aqui e estiver disposto a tentar. Que faça o seguinte:
Quem crê acredita.
Quem não crê, não acredita.
Acreditar é dizer que é verdade. Ou que pode ser.

Não acreditar é dizer que não é verdade. Mas que a verdade é provavelmente outra. 
Não acreditar é acreditar em outra coisa.
Mas ainda é acreditar.
Quem não acredita, acredita em outra história. Seja essa história a ciência, outra religião, ou nada.

Não acreditar na religião e acreditar na ciência, é acreditar.
Não acreditar em religião é crer.

Todos acreditamos, afinal.



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Aquele meu eu que te dei.

O mundo girou e me deixou aqui do lado. Não tenho pena de mim mesmo, sei que não é bonito. Não vivo a vida dos sonhos mas as vezes me permito. O mundo é um palhaço mambembe que vive a gargalhar. Mas pode ser que seja feliz. Depende de que boca fala e do que ela nos diz. Pelo que entendi da vida até aqui, quase tudo é questão de perspectiva. Quem tá em cima olha para baixo, quem tá dentro olha para a saída. Os do lado direito não olham pra esquerda e os lado esquerdo não olham pra direita. Os do centro gostam de sambar, os da ponta curtem mesmo é dançar Sigur Rós sozinhos pela casa. Tem quem adore preto, quem só use branco e o pessoal do roxo. Existe o simpático sincero, o antipático falso e o indiferente divertido. Aquele que não fala quase nada com nada, mas sempre dá um jeito de parecer ser teu amigo. Acho que o que estou dizendo é:  existem bons livros e livros ruins. E não é porque você começou a ler um livro que achou fraco que deve parar agora. Você pode termina-lo. Algumas leituras só fazem sentido nas últimas páginas. Antes disso eles podem parecer mais um embaraço do que a obra de arte que vai mudar a tua existência.
Insista.
Nem só de bons livros se faz uma vida.

Era isso ou algo bem parecido com isso.
Não consigo me lembrar.
:)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Você me dá um copo de água?

Mesmo com a boca aberta para o céu em um dia de chuva, minha sede não passou. As gotas enchiam minha língua e transbordava pelo meu queixo, escorrendo. Ensopando minha roupa. Enxaguando minha alma.
Mas a sede não passou.
A sede da vida deveria ser eterna. E talvez seja, não sei ainda.
Pena que tantos de nós tomam refrigerante no lugar da água cristalina que existe por aí.
A chuva, para a linguagem semiótica cinematografica representa a mudança, a alteração do curso. Como uma camiseta que era seca e foi molhada. Que ficou mais escura, que ficou mais pesada.
A sede da vida é a vontade de continuar. A necessidade de ir além daquele morro. De ver por cima daquela nuvem.
De fazer mais.
Um grito silencioso de liberdade. Um tapa no rosto da vida.
E um copo de água, por favor. Só mais um...