terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que realmente importa... !

Eu escrevo meu caderno.
Feito a bruxa do Oeste que hoje vive no Norte e escreve seu caderno no escuro da caverna, só com uma vela torta que não termina nunca. Ela escreve as páginas branco amareladas com uma pena de corvo e tinta negra. Quando todas as páginas estão totalmente negras e não á mais espaço nem para uma letra no canto da folha... Ela recomeça com tinta branca.
Eu escrevo meu caderno. Começo pela canto superior esquerdo e vou. Quando chego na margem direita da página direita eu continuo por cima da minha cama, subo a parede e vou escrevendo por dentro do ármario. Virando minhas camisas e camisetas penduradas em cabides. Por dentro das portas, no chão do corredor. Meu cachorro está sentado me olhando. Com a língua vermelha de fora balançando como um carrossel. Escrevo sobre ele e vou até a porta, escrevo no corredor, no elevador, nas escadas. Escrevo no chão da rua e pelos muros que olho.
Vou escrevendo.
Eu escrevo meu caderno.
A noite se forma no horizonte e o sol diz:
"- Tchau cara, te vejo amanhã."
"- Jamais." - respondo eu cerrando os pulsos e apertando forte a caneta que os elfos me deram.
Começamos a correr, eu atrás do sol o sol atrás da lua e a lua atrás de mim...
Depois de cinco ou seis voltas no Planeta a mão de Deus desce e me segura.
Cansado eu desisto, ouvindo o sol me caçoar:
"- Eu disse que você nunca vai conseguir, te avisei !"
"- Eu vou te provar que consigo... Ainda nessa vida !" - falo balançando os braços estabanado que sou.
O sol me olha sério e pensa que tanta vontade até pode funcionar. Mas mesmo assim desaparece como um fantasma. A mão de Deus me solta e a lua sobe minha cabeça.
"- Boa noite !" - me acalenta ela gentilmente.
A aceito como um filho que abraça sua mãe ouvindo:
"- Tudo vai dar certo meu pequeno... Tudo vai dar certo..."
Me entrego a gentiliza do seu carinho, mesmo que imaginário e sozinho. Pisco os olhos enquanto durmo e resmungo....
"- Por favor, não mude o assunto"
Toca Beattles no meu sonho, todos meus amigos estão lá. Bebo vinho e danço sorrindo despreocupado.
A noite é boa, mas só para dormir e sonhar com o sol.

Acordo. E me lembro do nada que sou perto do tudo que já existiu.
Sem ansiedade:

Eu escrevo meu caderno.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quem luta para respirar, sabe que essa briga é séria !

Se fosse menos complicado, perderíamos toda diversão. Essa é a verdade. Não é. Nada é verdade, tudo é !
Como quem fica a toa na sombra perto do mar eu me vi, mas não agora. Agora é hora de sangrar suor e suar saudade. Falei esses dias do Gentileza, e ouvi que a verdadeira poesia ainda não foi escrita.
Foi a poesia mesmo que falou:
" - A verdadeira poesia jamais será escrita, pois poetizar é como não viver..."

Agora tanto faz, o que não foi não é. Me fala o Los Hermanos.
Pode ser. Acho que é na verdade.

Eu não sou o tipo de pessoa que adora vomitar suas verdades, acho que eu prefiro ouvir na realidade.

Tenho desperdiçado muitas manhãs em copos de café.

Meus joelhos doem mais do que nunca. Minhas costas então, nem sa fala. Ok, se fala: elas tem 75 anos de idade... Setenta e cinco anos de idade. 75 anos de idade.
E o que muda quando viro a esquina ? A cor dos muros ainda é triste. E o céu existe só pros pássaros. E não há pássaro que não passe. Todos passam. Todos pássaros.
Tudo muda.

O que é vivo, morre.
O que funciona, quebra.
E para ter um fim, algo só precisa começar.

Um dia.
Um cigarro.
Eu e você.

Até.

" Deixa de gostar, larga a mão do que ele já tem. Passa então a amar, tudo aquilo que não ganhou. Me dê motivo, pra outra vez acreditar. Na cascata da vez. Que você comprou assim zero mais dez. Um presente pra mim. Mas se eu perguntar: de onde veio esse agrado ? Voce vai gritar, diz que é homem feito... Sei não ! A faça me o favor... Diga ao menos o que foi e se eu faltei em te explicar. Diz que a gente sempre foi, um par !"


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Olhei pra cima e a Lua falou comigo.

Que tipo de coisa diria a Lua ?
Ela teria uma voz sexy e molhada ? Ou soaria feito uma tia gordinha bonachona ?
Qual seria o temperamento dela ? Mãezona querendo agradar a família no almoço de domingo ? Ou perversa e calculista ?
Me perturba imaginar o inimaginável ! Eu me sinto de mãos atadas perante algo que eu queria muito muito muito que fosse, mas não é...

Tipo a Lua falar.
Tipo meu cachorro voar pela janela do apartamento e depois voltar sacudindo suas asas feito um filhote de dragão. Com a língua de fora e coçando as patinhas no rosto...
Tipo ver o invisível feito o "Um" anel do Frodo. Um lugar onde só os espectros habitam, longe de tudo que é material e palpável. No mundo do "nunca seremos" como fantasmas agitando suas espadas, cegos e surdos. Caminhando através do aleatório.

Talvez os Los Hermanos tenham desvendado o mistério:

Primeiro Andar

Los Hermanos

Composição: Rodrigo Amarante

Já vou, será
eu quero ver
o mundo eu sei
não é esse lá

por onde andar
eu começo por onde a estrada vai
e nao culpo a cidade, o pai

vou lá, andar
e o que eu vou ver
eu sei lá

não faz disso esse drama essa dor
é que a sorte é preciso tirar pra ter
perigo é eu me esconder em você
e quando eu vou voltar, quem vai saber

se alguem numa curva me convidar
eu vou lá
que andar é reconhecer
olhar

eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou

Eu escrevo e te conto o que eu vi
e me mostro de lá pra você
guarde um sonho bom pra mim

eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou

Guarde um sonho bom pra mim : )

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Eu te digo que antes do amanhecer, vamos todos ser crianças novamente !

Não tenho tempo nem pra me coçar. Mas penso em chapéus todo dia !
Até andei pesquisando (só no google eu admito), e descobri várias coisas interessantes. Chapéus são tipo um dos pilares da humanidade... Sempre estiveram entre nós. Se você considerar a cobertura da cabeça dos esquimós mesmo ! Acho que usamos chapéus antes do fogo ! É incrivel !
Não Lê, não é !
É eu sei, não importa o quanto eu tente. Meus chapéus nunca mais serão incriveis... Os do homem Neolítica sempre serão ! E os deles eram de palha seca, colada com estrume. Não é possível que eu não consiga fazer um chapéu melhor que isso... !?

Me lembro do prézinho, maternal ? Não sei. Enfim, eu era pequeno, tinha cabelo loiro e usava um uniforme que hoje me veste no máximo a panturrilha esquerda... Mas de qualquer maneira, um dia eu fiz um chapéu de marinheiro ! Com papel, sabe ? Daqueles com 4 dobras simples...
Eu nunca mais o tirei. Fiquei com ele por muito tempo (provavelmente não mais que um dia... e a minha memória está me pregando peças novamente). Até que então, eu estava na rua, de mão dada com meu velho. Vendo o mundo do meu jeito, pensando que os cachorros eram quem mandava nos humanos. Quando começou a chover.
Não percebi que meu chapéu voou para longe. Ao cair no chão e por ser de papel, ele se molhou e rasgou bastante... Consegui pega-lo de volta com a ajuda de algum adulto solidário ao meu problema infantil.
Meu pai disse que eu devia joga-lo fora e fazer outro.
Neguei, afinal, era o meu chapéu.
Ele sorriu e concordou:
"- Eu não faria diferente filho !"

Isso é tudo que eu consigo escrever hoje, sobre chapéus.
Mas se vc se interessar, pode ver mais coisas bacanas aqui:

http://www.merceariasukiyaki.com.br/historiadochapeu.html

Não te vejo depois.
;)


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

É sempre um saco quando alguém morre. E sempre, alguém morre.

Mesmo blá blá blá de sempre. Mas é inevitável não pensar na vida e na morte, perante a partida de alguém. Impossível conter aquele desejo de olhar pra si mesmo, pro que estamos fazendo de nossas existencias, com quem estamos fazendo e quanto isso está nos deixando felizes.
Digo isso com a experiencia de quem já perdeu muita gente, muito tempo, muita coisa... E eu não estou falando de discutir o amor ou a vida. Porque a morte só é o final pra quem acredita. Acreditar é toda fé que qualquer um de nós precisa. Pra bem ou pro mal.
Sejamos então aquilo em que acreditamos. Acreditemos em belos nasceres do sol na praia, de mãos dadas e sorrisos arrepiados nos rostos. Acreditemos na bondade alheia, na vontade de fazer o mundo um bom lugar. Acreditemos em dias de sol frio e cafés quentes. Em noites gentis de vinho e olhares apaixonados. Na eternidade de cada momento vivido.
Acreditemos então na eternidade das pequenas coisas. Na relação entre as vitórias e as tentativas de nossas vidas. Pois concordo que tentar é mais importante que conseguir. E querer é mais importante que poder.
Sejamos como pássaros voando sobre os prédios do céu de brigadeiro em Vanilla Sky, livres de si mesmos. Juntos e separados.

Fui eu, quem escolheu
Poderia culpar o mundo,
mas fui eu...
Não troco beijos por moedas
Abraços por presentes
E amores por favores

Eu vivo.
Sabendo que o tudo um dia,
será nada
E o nada terá tudo
Eu vivo, só
Até o fim do mundo
No começo de tudo.

Não vou te dizer adeus meu querido, porque a gente vai se ver depois.
Todos nós vamos nos ver depois.
Até lá ;)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Tempo - Móveis Coloniais de Acaju

A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim
Parece que até jantei
Com toda a família e sei
Que seu avô gosta de discutir
Que sua avó gosta de ouvir você dizer que vai fazer

O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim

Espero o dia que vem
Pra ver se te vejo
E faço o tempo esperar como esperei
A eternidade se passar nos dois segundos sem você
Agora eu já nem sei
Se hoje foi anteontem
Me perdi lembrando o teu olhar
O meu futuro é esperar pelo presente de fazer

O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Distante é devagar
Perto passa bem depressa assim

Pra mim, pra mim
Laiá, lalaiá

Se o tempo se abrir talvez
Entenda a razão de ser
De não querer sentar pra discutir
De fazer birra toda vez que peço tempo pra me ouvir
A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim

Eu que nunca discuti o amor
Não vejo como me render
Ah, será que o tempo tem tempo pra amar?
Ou só me quer tão só?
E então se tudo passa em branco eu vou pesar
A cor da minha angústia e no olhar
Saber que o tempo vai ter que esperar

E o tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Obrigado.

Abre a cortina, é dia.
Lá é tão longe
nem parece existir.
As vezes a vida se finge de amiga.
Só pra ser amiga de quem a garante o sorrir.
Gratidão é o odio de quem precisa de algo.
Gentileza também não precisa existir.
Multila o que eu sinto e o que digo sentir.
Esconde tua agonia no que sobrou de mim.
Abre a cortina, é dia.
Não mintas, ao menos hoje, pra ti.
Solidão fria que te busca sempre.
E se desespera por não conseguir.

Se brilha a estrela no teu céu de longe.
E dizem que falam mais do que podemos ouvir.
Se vives a vida, como se fosse um sonho.
E te serve a morte de manto para não existir.

Cala então, este meu pranto.
Nega a palavra que jamais vou ouvir.
Me proibe de ver sorrisos além do horizonte.

E me obriga a partir de ti.

Pois vivo é o homem que sonha, mesmo obrigado a desistir.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Que cheiro de queimado é esse ?

Aaah não é nada, é só o fogo ardendo em cima da minha cabeça...

Normal ;)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

"Ei, Sigur Rós me alcança aquela garrafa de vinho ?"

Como o tempo que passa ao contrário, eu vi o dia. Começou comigo adormecendo enquanto a lua sorria. Com nojo da rima, só mais um cigarro e já não tenho mais saida. Pensei com os botões do Benjamin que a vida podia ser sempre diferente. Que me tatuaria a pele dizendo para esquecer do que é igual, da lagoa azul sem ondas, do fim das conversas e das lagrimas que voam do chão de volta aos nossos olhos.
E quando me sinto tão certo de mim, cheio de certezas absurdamente corretas. Repleto de razões e motivos. Completo, enfim... Penso que o mundo é meu amigo e o abraço apertado. Depois é que percebo que estou abraçando uma sombra, e sombra não se abraça.
"- Você já devia saber disso Lê..." - diz ela desdenhando da minha ignorancia.
"- Você nunca mais vai me abraçar...." - repete olhando pela janela. Trancada no reino Longe de Mim. E eu digo:
"- Tudo bem, tua janela é de vidro e você é muito pobre para comprar cortinas... Fico daqui te olhando, me basta te olhar. Me basta te ver sorrir, mesmo que para outro cara..."
E a sombra mal liga.
Eu continuo meu dia, meus relógios giram ao contrario e nas ruas os carros só andam em marcha ré acelerada. As pessoas se movem de costas, feito carangueijos mamiferos bípedes. E a lua se inflama num sol de paixões impossíveis.
Que atire a primeira pedra quem nunca pecou, penso eu com minhas unhas mutantes dos dedos dos pés. E me voam avalanches de acusações e rompantes de raiva. Banho de saliva e a intrépida agonia de saber que daria certo.... De saber que poderia funcionar. De saber que posso mudar tudo na minha vida, mas a única coisa que eu não conseguiria seria o passado.
Porque mudar o passado é coisa pra gente maluca. É coisa pra gente medrosa, que tem medo do futuro. Que diz que sabe o que quer, que diz que sabe onde quer chegar. Mas não se cansa de andar em círculos. Que não se cansa de pensar com metade do cérebro e nenhuma veia do coração...
Porque entre tantas meias mentiras, eu encontrei algumas verdades. Estavam sujas e empoeiradas, tinham riscos e uns insetos em cima... Limpei com água cristalina, fechei as feridas com curativos de ervas e fiz um afago amigo. Daqueles que se faz na mãe ou na irmã que chega de viagem... Daqueles que se dá em amigo de longa data agradeçendo pela ajuda. Daqueles com a sinceridade que só a verdade carrega na lágrima do olho brilhando...
E não deu certo.
Algumas coisas demoram anos para se tornar verdade, mas quando se tornam, o tempo se esqueceu de como eram boas. Algumas coisas são como vinhos de uma ótima safra, da melhor de todas. Que se estragam pelo desuso. Porque queríamos guarda-las pro Natal de 2012. E se o arrependimento matasse, eu não morreria. Porque não me arrependo, eu guardo um pote com vento no meu quarto. Tem cheiro de lembrança do amarelo antigamente que tanto amo. Guardo uma núvem em cima do guardaroupa. O nome dela é Hufu. Guardo o dia em que fui feliz numa pintura. E desenhei no meu interruptor um homenzinho que conversa comigo enquanto durmo. Ele se recusa a me dizer seu nome, mas gosto dele mesmo assim.

Por definição, a felicidade é:
gama de emoções que vai desde o contentamento ou satisfação até à alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem ainda o significado de bem-estar.

Ser feliz é saber aonde se quer chegar. Não pelo resto da vida, mas ter um plano. Ninguém que não saiba nada de nada, ou de coisa alguma. Ou pense em nada ou planeje nada, é feliz.
Ser feliz é acreditar que vai dar certo.

Eu acredito e sei que vai.

A garrafa de vinho acabou, ótimo merlot :)