quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tchá que explico o/

É que pra algumas pessoas, se dar bem na vida é ser melhor que você.


E é possível que elas sejam nos padrões próprios delas.


Melhor profissional.
Melhor família.
Melhor carro/apartamento/qualquer outra coisa que o dinheiro compre.


Pra essas pessoas eu tenho um riso fácil. Ou, de vez em quando um murro na cara fácil.

Povo besta.

Nas profundezas de um vale. No fundo de um bosque. Bem no meio de uma clareira aberta a machadadas. Vive um povo peludo como guaxinins. Com caudas como ratos. Presas para fora das bocas e olhos avermelhados. Eles tem em média um metro e meio a dois metros e pouco de altura. Alguns gordos, outros barbados, todos se locomovem grunhindo e arrastando os pés.


Eles são o povo besta.


Perai. Não são não... me enganei. Povo besta é outra coisa... Deixa pra lá :)

terça-feira, 29 de maio de 2012

Pé no pó.

Passeio no falseio.
Enganado pelo passo.
Do pé descalço.
A passar.
Na súplica me deito.
Feito pó sem jeito.
Como espinhos,
no leito. De quem
espera minha
derrota chegar.
Atrapalho.
Incomodo.
"Má" nem tente
me baralhar.
Privado do teu gosto 
amargo.
No ranço do estrago.
Como peso no fardo.
Que és forçado a carregar.
Marchando de ré.
Mas ainda de pé.
Te digo que o que digo.
Não só por falar.
Me rendo, sem perder.
Venço sem querer.
Amolado feito adaga
cega.
Que furo o bucho do
bode.
Só pra lhe 
ver sangrar.


Quem chora no túmulo.
Do imoto difunto.
Não sabe que 
sua hora.
É a próxima a chegar.


No badalo do cuco.
Ferve teu sangue ralo.
Que esse fardo que carregas.
Ao chão 
vai tombar.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O homem tem um lobo para o homem.

Lá dentro da caverna que construí, habita um lobo gigante. Uma besta terrível, de fato... Presas do tamanho de mãos adultas. Olhos vermelhos borrados com sangue. Pelo sujo e com tranças em nódulos grossos de quem nunca se banhou em água... Ele caminha de cabeça baixa, com os músculos das patas retesados. Pronto para o salto que termina no chafariz de sangue da vítima. Mas não agora...
Agora ele espreita na calma. Ele observa o teu movimento lá de dentro. Sem pressa. Analisa teu padrões. Respeita teu momento. E tu vive, por força de vontade ou obrigação, na campina verde dos pôneis da alegria. Com girassóis cantores e duendes engraçadões e amigos de todo mundo. E lá tu caminha e cantarola. E saltita feito um viadinho. Feito um homenzinho importante entre os seus.
O lobo sabe que a chuva se aproxima do teu céu. Que nuvens negras se formarão. Que as taças se quebrarão. Que teu sorriso logo será substituido pelo nojo que é teu viver, transmutado nas tuas ações. E logo, vais querer ir a outro lugar. Ir para um lugar melhor. Mais alto. E de novo, vais dar as costas a tudo que é adulto e importante. Buscando proteção no escudo alheio. 
E é nessa hora, seu merda, que o lobo sai da caverna. Ele caminha até a linha da sombra com passos calmos. Respiração controlada. Não ofega. Não sua. Não tem medo. Seu objetivo e tudo que ele faz nesse exato momento, tem um único caminho: cravar dois pares de presas em tuas jugulares. Sacudir a cabeça com a rapidez de uma chuva de verão. Largar. E partir.


Talvez seja em breve.


Talvez demore.


Por hora, o lobo espera.


Por hora, o lobo só espera...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Antes que eu me esqueça:

O vento do inverno voltou: (clique e veja) :)

Vá de lá. Vou de sol. Pensou em si ? Que seja bemól !

Passados os anos, após a destruição das cidades.
O que sobrou vivo ou se movendo por vontade própria, assumiu novamente o nome de sociedade.
Não éramos poucos, éramos milhares.
Com cores e jeitos variados.
E pouquíssima veracidade.
Mudamos os planos, mas não os mudamos de verdade.
Ainda existia um pouco de nós, em nós mesmos...
No fim de quase tudo, o fim do mundo,
foi a humanidade.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Meleca do meu nariz.

Que grande tolice esse nosso viver. Foi o que eu pensei na fila do banco. Cheio de coisas para resolver. Com o telefone tocando. A agenda abarrotada. Uma camera rodando. E um punhado de tudo e nada. Que grande tolice é isso tudo. Eu tenho convicção de que todos somos um pouco malucos. Mas tudo bem, é bom quando a gente encontra gente maluca igual e consegue se entender. Nos sentimos bem. Nos fazemos bem. Nós somos assim, eu acho. Pensei que um dia todos iríamos para a puta que o pariu. Pra um lugar bem longe, gramado, com céu azul e gente feliz cantarolando músicas legais. Eu sei, já descrevi esse lugar meio bilhão e meio de vezes. Mas é pra lá que vou. Meus muros são altos, demora pra escalar, a queda é mortal e ninguém aqui em baixo vai te convidar à ficar. Não. Mas eu realmente acredito, repetidamente, de novo, mais um vez, again, keep goin', once more please, hit me baby one more time (wth ?), que o futuro além da vida nos revela a ignorância que é viver todos esses dias como se nossos problemas fossem sérios. Como se nossas vidas fossem importantes. Como se nossos dias fossem eternos. E como se não fossemos um punhado de ignorantes. Cheguei a drástica, mas possivelmente verdadeira conclusão de que só o amor realmente importa. Porque todo o resto é um grande lixo melequento ao melhor estilo, minhas melecas de nariz. O problema mais sério dessa bosta toda é quando o amor é falso. Nem vou entrar no mérito da questão de quando ele é um engano. E acredite quando eu digo: se tem uma coisa que o ser umbanda, digo, ser humano faz bem, é se enganar. Adoramos nos enganar. Vivemos nos enganando. Enganamos tanta gente que nem percebemos quando nós mesmos nos enganamos. Se enganar fosse profissão, até bebes de colo receberiam salários. Nem todo engano é proposital. Nem todo engano é ruim. Nem todo acerto é legal. Aquela porra toda, vc sabe do que eu to falando. Livro de auto ajuda de banheiro público. Só de segurar na mão você pega alguma DST escrota (há, escrota... tendeu ? Não... ?).
Desvirtuei.
Voltando a realidade: a grande tolice do nosso viver.


Pra mim quem reencarna, resolve dar uma voltinha tipo tirar férias ou passar um final de semana prolongado por um feriado em algum lugar bacana com um grupo de desconhecidos por quem se espera ter alguma afinidade no final do período. Tipo viagem de igreja ou empresa. Ou de sei lá o que. Se você não pintou o quadro ainda, por favor, pare de ler. Serio.


Por favor, se você não entendeu, pare de ler. Esse texto já é uma merda sem os teus olhos nele. E você não está ajudando.


Desvirtuei de novo.


No final, eu nem tinha "virtuado" pra poder desvirtuar.


Desimportante tudo isso né ?


Legal que tem gente que parece não se importar... Com o que, hein ?


Ai que ódio não acabar de escrever nunca. Talvez eu devesse nem ter começado.


Calma. Volta o rolo 1 minuto.


Isso, ali ! Mais 1 segundinho... Isso aí. Parou. Satura a cor. Desce o black um "tico". Puxa pro azul e pro verde. Satura mais um pouquinho... Aí. Agora sim. Agora vai ser aprovado.


(Sonoplastia: som de projetor começando a rodar.)
Trilha vai a BG:
Locutor :

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sobre o insistir.

Uma estrela caida no chão me deu "boa noite".
Disse que o dia estava prestes a amanhecer e que era quase um "bom dia".
Pouco mudou. Mas ainda assim, pude ouvir o som da vontade. De quando se deseja algo com tanta intensidade que a eletricidade pode ser sentida no ar. É lindo, de fato. 
A lua me reclamou dizendo: "Leandro, devolva-a já !"
"Mas que culpe tive eu Dona Lua ? Ela que caiu !", argumentei.
Sem resposta a Lua mudou as marés e ondas de confusão e anarquia romperam meus horizontes. Pouco se faz com uma bateria sem baquetas. Eu uso minhas mãos. Mas não é por nada não. É porque tenho vontade só.
A estrela caída sussurrou: "Eu tenho um recado do Universo para ti... abaixa aqui pra eu te contar."
E as ondas da Lua urgiam em destruição e agonia. Não havia muito o que fazer, ou ouvia o segredo da estrela ou me salvava da onda da Lua...


É sobre insistir que escrevo. E ultimamente, é sobre estandarte de insistir que me mantenho.
Agachado ouvi a estrela dizendo:
"- Todo homem nasce. Nem todo homem morre."


E meu mundo foi preenchido por água salgada, turva 
e gelada.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Somos nós.

Que viva o tempo em nossas entranhas. Digo que sim, por ter medo de quem só pensa em não. E que viva a solidão da montanha. Coroada pelo sol que a inflama, não em chama. Mas em luz que vem do fogo. E arde em arte de até logo. Pois sempre voltamos a ver o que fomos. Mas jamais podemos saber o que seremos. Ou não teremos sido. Ou teremos, não sei. Sei mais não seis do que seis. Sei menos do que um dia saberei. E mais do que já soube ou pensei saber. 
Saber é leve e não pesa. Saber não ocupa e não quebra. Saber pensa em voltas e mais voltas sobre o que se sabe. E se não sabe, se esquece do tempo que cabe. E vá em frente. Lute com força, com garra. A guerra não termina sempre que acaba. A vitória nem sempre é o oposto da derrota. E que chova a chuva dos anos sobre nossos telhados. Que não percamos nenhuma gota.


Pois o tempo se revela todo dia. E não há dia no mundo, que não veja o tempo passar...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Viver é deixar vir e ver.

Era assim que era. Não de outro jeito. Não era reto e liso. Bonito e fácil de entender. Era complicado. Mas bom ao mesmo tempo. Como tanto é na vida. Letras dos Beatles pouco vão me resolver. Existe quem jamais se esquece do esquecer. E existe quem nunca se lembra do jamais ver. 
Cegos em muralhas altas gritavam para que eu tomasse cuidado. Muito era dito. Pouco era falado. O dragão veio e matou a todos que viviam aqui. Fugimos eu e minha sobrinha. E logo ela me viu morrer. Sozinha no mundo, caminhou por todo tipo de rincão distante e isolado. Apavorada e faminta, a pequena aprendeu a arte desde cedo. Estava em seu sangue. E ela não o negou. Magia e feitiços. Muralhas ela derrubou. Vingou a morte dos seus. Derramou mais sangue do que deveria. E não se arrependeu por isso.
Apareci em um sonho dela e lhe disse:
"- Querida, erga uma estátua em nome da tua família e uma em nome dos que morreram por nós. E então saberás o que escrever na base de cada uma delas."
"- Sim meu tio" - ela respondeu.
E o fez.
Ergueu em nome da família um dragão dourado com escamas de ouro e fogo vermelho saindo em labaredas pelas presas.
Ergueu um soldado encolhido em nome dos que morreram para vingar nosso sangue injustamente sacrificado.
E percebeu que deveria escrever, e escreveu.


Minha sobrinha morreu 104 invernos depois. Sem filhos ou herdeiros. A última do nosso sangue.


Até hoje os que passam pela cidade em que vivíamos encontram as estátuas com os dizeres:


"Aqui jazem milhares de mortos sem lágrimas."


E:


"Aqui jazem milhares de lágrimas aos mortos."


Qual frase estava em qual estátua ?


Tanto faz ;)





terça-feira, 8 de maio de 2012

E quem vai ?

Quem vai dizer que não houve aviso ? Que o tempo se recusou a passar a solidão. Que não é a hora para pensarmos nisso. E que nada que o vento nos traz é em vão ? Quem resolveu levantar o primeiro punho ? E erguer bem alto uma das mãos ? Sentindo o vento da mesosfera entre os dedos ? E paz que (não) existe no coração ? Quem perturbou o sono do ogro ? E se recusou a pagar a dívida ? Que moeda corrente, corre em tuas veias ? Que pensamentos tristes, seguem tuas meias ? Nada a frente, além do passado. Passando bem rápido, me esqueço que fui enganado... O caminho que ninguém mais trilhou, é só meu. Pode ser errado. Pode ser uma cova. Pode ser um teatro. Ou uma camisa nova... O que o mundo nos lembra, é que a morte existe. E quem tem medo da morte ? Quem não tem ? Quem se recusa a ver o invisível, visto por todos ? O que faz de ti alguém tão especial ? A tua vontade de ser ? A tua vida cheia de dias lindos ? Há quem eu devo dizer, que tenho medo ? Aos que fogem em segredo ? Aos covardes que se acham grandes, mas são pequenos ? As orelhas de barro dos santos ? A multidão de joãos que são tantos ?


Conta ao segredo.


Ouço.


Conta a ele e confia.


Vivemos dias negros. Sim, dias negros são os que vivemos. Onde os que sabem, tem dor. E o que nada sabem, não tem medos.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Há braço ?

É tão prático lembrar do esquecer.
Perder tempo de vida.
É nunca lembrar do morrer.




É nunca lembrar, do que ?