quinta-feira, 30 de abril de 2009

As cores bonitas : )

"Olá, você ligou pra mim. Mas agora eu não posso atender... No momento eu estou super ocupado tentando ficar invencível. Me deixa um recado depois do "bip" que assim que der eu te retorno. Tchau !"

Biiiiip...
- Leandro meu filho, que mensagem é essa ? É a mãe... me liga quando chegares em casa.

3 dias e meio depois:

- Oi mãe, me ligou ?
- Liguei... a uma semana atrás !
- Não faz uma semana...
- E se tivesse acontecido alguma coisa ? E se eu tivesse precisando de ajuda ???
- Tais precisando de ajuda mãe ?
- Não...
- Aconteceu alguma coisa ?
- Não...
- Entendi.
- (silêncio)
- Mãe ?
- Fala querido...
- Me liga quando acontecer alguma coisa ?
-....

Eu acho que ela já teve mais senso de humor... : )

Pensamento do dia (ou seria da vida?):

Quando nada parece dar certo, vou ver o cortador de pedras a martelar numa rocha talvez cem vezes, sem que uma única rachadura apareça. Mas na centésima primeira martelada a pedra abre-se em duas e eu sei que não foi aquela que conseguiu isso, mas todas as que vieram antes... (Jacob Riis)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Sobre a proteção de um Robocop.

Não esquecer quem somos.
Devia ter sido a nossa meta pra 2009: não deixar de ser quem somos. Seria uma ótima coisa. Todo mundo muda. O tempo todo. Não temos poder real contra tal força. É inevitável. Um problema sério é não sabermos quem somos. Daí nos cabe aquele velho e bom ditado cheio de paranhos e pó: "pra quem não sabe aonde está indo, qualquer caminho serve...". E tu podes muito bem me dizer que tens certeza do que queres fazer. De que podes me dar 50 bons motivos pras tuas decisões. Que teu objetivo é cristalino e simples.
Não vou discordar.
Na verdade eu vou concordar, como uma criança concorda com um papai Noel de shopping center no Natal. Quando não tem mais escolha, quando está cansada de toda aquela asneira. E só não quer mais desobedecer sua bucólica mãe que pensa estar fazendo uma grande coisa por seu filho. Balela.
O que tu vais fazer quando chegares lá ? Eu te pergunto.
Aaaaah eu quero me casar e ser feliz para sempre !
Aaaaah eu quero sair da casa dos meus pais e almoçar com eles todo domingo !
Aaaaah eu quero curtir todas as baladas do Universo paralelo com meus amigos !
Meu, eu vou pra Irlanda !
Eu não ! Eu vou pra Bangladesh vender suco de sirí !
Eu pretendo ganhar um oscar em no máximo uma década !
Eu vou curar o cancer e a diabete com um único remédio.
Eu vou conseguir voar. E vou fotografar tudo lá de cima...

Eu não.
Chega de metas. Chega de linhas de chegada. Chega de finais.
Eu quero começos e novos caminhos.
Quero filmes e sorrisos.
Quero vinho e amigos.
Quero um pouco mais...

Só um pouco mais.

Sobre cafés e ratos.

Caminho meu caminho.
Passo sobre passo.
Te trouxe um presente sem laço.
Tu pensou ser veneno.
E me escarrou a face.
O silêncio é um lugar ?
E o que é o amar ?
Além do tentar ?
Vejo aqui de cima o céu caindo.
Enquanto todos dançam cantando e sorrindo.
É a festa dos guizos, ao vencedor as batatas.
Tu deves ter perdido, só te deram ratos e baratas.
Leite estragado no ventilador.
Podia ser merda, e se for ?
A mentira é feito quadro mal pintado.
Todos olham, mas ninguém fica apaixonado.
Uma xícara de café preto.
O avião já devia ter decolado.
Abismo gigantesco e profundo.
Lá embaixo é o começo de tudo.
Daqui o sol cai sobre a gente.
Procurar abrigo é o perigo.
Se achar seguro na casa do inimigo.
Pensar que o mundo é o próprio umbigo.
E que nada de mal acontece contigo.
E comigo ?
Não vou ser mal educado.
Prefiro o rosto em um cartaz de "procurado".
Não me rendo ao chamado.
Sou velho e já estou ficando cansado.
Pega o que tu achas valioso.
Perólas negras, diamantes e ouro.
Nada disso te salva da chuva.
Mas não me importo com a tua opinião.
Curta.
Desde que me sobrem dias lentos.
Rostos ao vento.
Tardes suaves.
E noites de "quem sabe"...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Blá blé blí bló blue !

Fim.
E todos viveram felizes para sempre.
Foi então que ele se dobrou para frente suavemente e a beijou nos lábios. Os olhos dela foram se abrindo vagarosamente e sua boca sorriu quando o viu.
Ao encontrar o dragão o principe o desafiou para um combate. Foi uma luta muito árdua, mas o príncipe venceu a besta. Findando o combate com uma cravada de sua lâmina no peito do dragão. A princesa estava sob o efeito de um encantamento antigo, que a mantinha adormecida através das estações.
Um príncipe encantado foi chamado para ajudar. Ele viajou muitos reinos em busca do covil daquele que havia aprisionado sua princesa.
Em uma noite de inverno, um enorme dragão vermelho atacou o castelo da princesa a levando embora...
Era uma vez, em um Reino muito, muito distante. Lá vivia a mais bela princesa que o mundo já vira.

Mania chata essa de ser explícito o tempo todo.


domingo, 26 de abril de 2009

Um texto curto. (ouvindo Medulla)

O primeiro texto fora da fonte Arial.
E é a minha maneira de dizer que o casulo se rompeu.
E algo mudou.
E é a minha forma de dizer que não está tudo igual....

Desse muro alto eu vou ver de cima.
Cair, do céu, lágrimas de despedida.

Domingo esquisito.
Meu cachorro com cheiro de fandangos brinca pela casa.
Copos vazios com cheiro de café e chá preto.

Tira roupa do varal que vem lavar sua culpa
Seu cinzeiro cheio de memória curta
Assistir o filme do Spielberg roendo as unhas

E eu to cansado.
Lavo meus pés em água corrente enquanto as árvores conversam.
E adormeço me equilibrando na corda bamba.

Vende seus conselhos por auto-falante
toc.toc.toque de recolher
Elefantes num tsunami
Pra transformar o horizonte
E desdobrar o origami

E foda-se !

sábado, 25 de abril de 2009

Um sorriso de domingo.

Um sorriso de domingo.
Eu mudo de assunto.
E ele é grosso comigo.
A gente ainda é amigo.
Sempre junto, sobre tudo... pensei eu, mudo !
Tudo bem, não tem problema.
A vida é cheia de distâncias.
Isso é só mais um dilema.
Troca tuas moedas e segue adiante.
Tudo que tu sobra, são lamentações.
São poucas verdades.
Poemas tortos.
E uma grande cidade...
Linhas retas pintadas pela metade.
Um quadro velho.
E tua velhice termina com a tua elasticidade.
Tenho uma foto nossa na gaveta.
E antes que eu me esqueça.
Não lavei a cabeça.
Isso te irrita, não que tu mereça.
Mas a verdade é um pote cheio a beça.
Transbordando significância.
Me encho de silêncio e da tua ignorância.
Prefiro a conversa mole, antes de Kafka.
Mentira lavada.
Eu prefiro a verdade petreficada.
Prefiro a porta aberta e a janela fechada.
Prefiro a certeza.
E o caminho sem fim.
Eu estou errado, mas vou mesmo assim.
Confio na minha espada e em mim.
Sou ruim, mentiroso, torto e manco, pra ti.
Tu me acusa sem saber a verdade.
Como é um fim de tarde.
Esperando a noite chegar.
Enquanto seguro a mão de quem eu quero segurar.
E no meio do vale, me surge um mar.
Longe das fotos de baixa velocidade.
Longe das noites de morte.
Das falas falsas e dos sorrisos vazios.
Eu acredito nisso.
E não me importo em acreditar sozinho.

Solitário,
como um sorriso de domingo.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Between Love and Hate - The Strokes

Dois cafés e a minha sala começa a sacudir em um terremoto que marca 9 pontos na escala Richter. Não tem muito que eu possa fazer, além de tirar meu chapéu de cowboy da cabeça e começar a sacudi-lo com o braço esquerdo, enquanto o direito segura o mouse que controla o boi mecânico. E é claro, dar uns gritinhos: "iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiirrrrrááááá"...

Eu realmente não sei o motivo. Mas o sol nasceu com um sorriso hoje. Meu cachorro dormiu na minha cama e brincou com meu celular quando o despertador tocou "Janta" do Marcelo Camelo. A rua ainda estava vazia, mas o vento que vai me trazer o inverno já tinha chego. Eu gosto dele. E eu pude ver o silêncio da cidade por um minuto (que durou uns três no mundo real...) antes de vestir a roupa de vaqueiro.


Bom, eu pensei esses dias: devia escrever sobre coisas que qualquer pessoa pudesse gostar... Não devia ? Já sei, acho que vou começar a escrever dicas sobre "make-up" no meu blog. Vou fazer ele em tons pasteis, com fotos de produtos e pinceis. Que tal ? Assim você pode entrar aqui e aprender (comigo !?!?!!!) a se maquiar melhor... Extremamente util, não ?
Ou, eu podia falar sobre a vida do Justin Timberlake !?! Falar sobre as pessoas com quem ele foi visto, sobre qual vodca ele bebeu, sobre quais restaurantes ele frequenta, sobre que carro ele dirige ou onde mora...
Ou ainda, eu podia escrever sobre a desimportância da alma. Sobre o quanto não vale a pena pensar naquilo que você não consegue tocar. Sobre como tentar descer além de 3 cm da superfície de qualquer assunto é chato e está fora do que o mundo chama de moda...

Eu prefiro não entrar nessa piscina de torpor. Tudo bem se ela estiver cheia de gente linda, com abdomens trincados, com cabelos e sorrisos perfeitos. Eu fico aqui fora, com meu casaco, tomando um café e lendo o livro do Kafka que minha irmã e seu namorado me deram. Sem problema algum... sabe porque ?
Por que eventualmente, alguém de casaco, que também gosta metaforicamente de café, me pede fogo pra acender um cigarro (também metafórico). E é sempre nesse momento que eu tenho certeza de que vale a pena. Valeu e vale !


Não me entenda mal. Não quero julgar ! Tenho sempre um discurso contra isso... Só vou preferir ficar fora dá água, mas se alguém que estiver dentro da piscina quiser um gole do meu café. Eu dou sem problemas : )

"Cada destino tem um Senhor..."

Só não me venha com blogs sobre "make-up" ou fotos do Giannechini.









"Um sono de maracujá, eu quero ter pra te sonhar. E a flor mais colorida te mostrar...
Com seres verdes ao redor eu já me sinto bem melhor...
São verdes vivas vozes no jardim, sussurrando odores de jasmim...
Esperando, nós dizermos SIM !"

(Super Cordas - Mofo)

: )

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dedico esta ao primeiro verme que roer a carne do meu cadáver.

Já mudei tudo de lugar
Inventei muitas frases pra dizer
Mas mesmo assim
Eu ainda estou só

Já comprei todos long plays
Dos artistas que você sempre gostou
Mas mesmo assim
Eu ainda estou só

E eu não vou nem ligar se você me disser
Que não vai mais voltar
E eu não vou nem ligar se você me julgar
Mais um cara vulgar
No fundo deste poço achei algo que vale a pena

Já roubei muitos corações com as canções mais nervosas
Que o mundo há de ouvir
Mas agora estou só

E não pense que é tão ruim
Sendo só os meus discos posso ouvir e ser feliz
Bem longe de ti

E eu não vou nem ligar se você me disser
Que não vai mais voltar
E eu não vou nem ligar se você me julgar
Mais um cara vulgar
No fundo deste poço achei algo que vale a pena...
(Pública - Long Plays)

"Eu não vou me ligar se você me disser, que não vai mais voltar..."
Definitivamente, não.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Indefinitely - Travis

Uma das minhas pedras me contou essa história:

Eramos nós, duas pedras.
Mas não dessas pedras pequenas cheias de rachaduras. Eramos pedras grandes e imponentes, as duas. Sempre existimos juntas. Desde o princípio lembrado, fomos as primeiras a chegar até aquela planice. Fomos paridas pela lava do centro do planeta, nos tempos do começo. Cuspidas grosseiramente, ainda líquidas, vermelhas, borbulhando e disformes. O tempo nos moldou através da sua vontade. Passamos por muitas estações, chuvas e nevascas. Passamos por noites frias e dias de forte sol. Cometas iam e vinham sobre o céu das nossas existências. Animais dormiam em nossas sombras e plantas cresciam e morriam ao nosso redor.
Se existia um sempre, o representavamos e muito bem.
As duas.
Alí.
Paradas através do tudo que pudesse nos surgir.
Inertes.
Frias no inverno e quentes no verão.
As vezes, no raiar de uma nova era, alguns humanos faziam suas moradas próximos a nos. Os observavamos enquanto eles cresciam, viviam e morriam. Enquanto suas vidas terminavam, como a areia de uma ampulheta. Alguns se casavam, alguns se mudavam para longe, alguns tocavam tambores e dançavam... Toda aquela movimentação parecia estranha. E nos sempre esperavamos a hora de ouvir o silêncio novamente.
E ele sempre voltava.
Às vezes na forma de um incêndio, ou de uma chuva de meteoros, ou como uma matilha de lobos famintos que atacava durante a madrugada...
De uma forma ou de outra, os humanos sempre iam embora.
Sempre.
Um dia (em mais um deles), enquanto o sol nascia. Um grupo de humanos se aproximou. Eles pareciam vir de longe. Pareciam ter viajado muito. Traziam tiras de couro e grandes bois presos uns aos outros.
Eles nos mediram com as tiras.
Posicionaram os bois.
Conversaram por algum tempo, nos apontando. Argumentaram. E decidiram.
Enrolaram uma de nós com cordas e as cordas aos bois. E a retiraram de onde ela sempre esteve. A cada passo dos animais, ela se afastava mais. Rolando sobre troncos e sendo puxada pelas cordas. Os homens gritavam ao redor, a ajudando a se mover.
Assim ela foi. Até que os homens pararam e a recolocaram no chão. Alí eles usaram lixas, lâminas e martelos para corta-la. Reduziram-na a um grande cubo com seis faces lisas.
Um cubo do tamanho de uma casa.
E então a arrastaram de volta, até onde nos encontraram. Lá a colocaram e depois partiram. Sem explicações. Sem se desculpar ou dizer adeus.
Lá ela ficou, parada. Confusa por se sentir diferente da outra. Mal nos reconheciamos.
Haviamos vivido a eternidade lado a lado. E alí, no mesmo local de onde sempre observamos o mundo, percebemos que jamais seriamos como fomos antes.
Quando a noite caiu, um Senhor se aproximou com seu pequeno neto nos braços.
Após nos observar por alguns instantes ele disse:

"- Vê garoto, essas pedras já estavam aqui antes de eu nascer... E aqui elas continuarão até mesmo depois da tua morte..."

E finalmente percebemos que pedras são pedras.
E humanos são humanos.


terça-feira, 21 de abril de 2009

Ouvindo Sunday Smile - Beirut

Vem feito tapa na cara. Rápido e imprevisivel. Te acerta, seco e silêncioso. Sem "com licenças" ou "por favores". Atravessa tua fronteira e invade teu castelo sem titubiar. Sem acanhamento, desorganiza teu horizonte e reorganiza tuas falas. Te transforma no que tu és, mas não queres ser. Naquilo que escondes de todo mundo, principalmente de ti mesmo. Te julga culpado, te considera pior. Sorri sarcasticamente. Parte teu coração. E vai embora como um amante pouco interessado no futuro. Te abandona, é verdade. Te larga como um copo plástico usado. Como um "outro qualquer". Sem desculpas. Sem sentimentos preocupados. Sem o mistério do romantismo ou a honestidade da sinceridade.

Não é a chuva. Ela é uma boa companhia.
Nem um antigo amor. Nenhum deles conseguiria produzir tanta balbúrdia.
Não é o silêncio da solidão. Ela comprou um violino e agora nos apresentamos aos Domingos.

É um filme em preto e branco.
Um daqueles oceanos gelados que temos na cabeça.
Uma cidade que acabou de passar pela guerra.
Nos vimos a liberdade virar pedra.
As casas de homens se transformar em sonhos.
E quando nada mais parecia certo, quando o mundo era um jardim feio e mal cuidado. Sem flores. Quando tudo deixou de ser tão importante.

Eu entendi: pra quem olha só pro chão, pouco importa se o céu é azul de brigadeiro ou não.


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Não existem coincidências.

Minha mãe me disse que se sente bem pela forma como educou seus filhos.
Ela disse isso e fez uma pausa olhando pra vazio. Com seu rosto sério. E por um instante eu ensaiei ficar triste pelo seu comentário bucólico. Por ver que ela percebeu que, finalmente está aproximando mais do final da tarde da vida do que do raiar de um novo sol...
Mas antes que eu pudesse realmente ficar triste, ela sorriu. Um sorriso sincero (eu conheço os sorrisos dela). Me olhou e repetiu:
"- Eu tenho orgulho de ter educado vocês três. De não ter repreendido todas travessuras. De ter deixado alguns vazos se quebrarem e algumas paredes serem pintadas sem reclamar. Sem dizer que vocês estavam errados o tempo todo..."
"- Obrigado mãe !"
Eu agradeci pela chance de quebrar coisas e pintar paredes sem ser repreendido. Ela me observou falar sorrindo e me beijou a cabeça depois.

Não existem coincidências. Eu sei. Ontem ainda, eu falava pra uma amiga que quero desenhar uma parede do meu quarto novo. Meu traços são tortos e estão longe de serem considerados profissionais. Minha lógica pra quadrinhos é bem manca e qualquer um pode olhar pros meus desenhos e dizer que não estão bons. Tenho plena conciência disso.
Mas eu realmente acho que vai ficar muito legal : )

Tive uma irmã que não cheguei a conhecer. O nome dela era Iara. Ela não tinha o movimento das duas pernas. Vivia sobre uma cadeira de rodas, mas sem perder o sorriso. É o que todos na família contam. Ela foi uma das primeiras filhas do meu pai. A Iara cantava no Teatro Carlos Gomes e tocava piano muito bem. Ela gostava de ler e desenhar. E não conseguia desenhar meninos...
Eu não conseguia correr direito, quando era pequeno (por causa das pernas tortas e das botas de ferro). E jamais consegui desenhar meninas...
Eu vou desenhar uma parede do meu quarto. E na próxima vez que minha mãe estiver lá em casa, vou perguntar oque ela achou !?!





quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quantos olhos tem uma alma ?

Chega de escrever e apagar.
"I´m gonna tell it all !" canta o Doves no meu iTunes...

Queria ter tempo pra pensar sobre os olhos da alma. Aqueles que ela usa pra ver coisas que os nossos olhos não conseguem...

Nossa alma é o pássaro e nosso corpo, a gaiola.

Quando tomamos um tiro, é por esse furo que o pássaro foge. Voa pra além de onde nossos olhos conseguem ver. Acho que hoje eu entendi, que mesmo lá longe... Mesmo lá, além do ver... A alma consegue enxergar ! E ela olha pra vários lugares inalcansáveis ao mesmo tempo. A alma tem o mesmo número de olhos que o coração tem de tiros.

Hoje eu vi um turbilhão de coisas. Gente que fala, e eu não escuto. Cameras que sobem até o céu e descem com pedaços de núvens nas lentes. Fotografias e videos em camera lenta. Lembro dos cafés e dos cigarros. Mas não de todas as palavras. Não de todas as luzes que foram acesas. Não de todas os partos que se sucederam na minha frente.

Acho que minha alma voltou pra casa no final da tarde. Junto com o crepúsculo. E com o vento de inverno. Gentil e bem educado. Bom amigo ele, abre o armário da adega e me serve vinho hobbit. Conversa sobre Medulla, sobre o novo cinema holandês, diz que sente falta dos bons lançamentos do nosso tão antigo video game, de quando eu tinha meus dois joelhos no meu time e de quando meu coração tinha menos furos.
Eu não sei o que responder, Mestre Vento. Respondo.
Ele me observa por cima de seus óculos psicodélicos, acareciando seu longo bigode negro. Franze uma sombrancelha e sorrindo diz que não tem problema. Que isso já aconteceu antes.

Quantos olhos tem uma alma ?
O vento vai me ajudar a saber... : )

ps: Uma hora dessas eu recupero minha sanidade (ou parte dela) e volto a escrever coisas que façam sentido.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Eu acredito nisso.

Não tenho tempo pra escrever.

E tudo que escrevo, parece me morder o cotovelo.



segunda-feira, 13 de abril de 2009

Viðrar vel til loftárása

Seja bem vindo ao Reino de Mim.

Nós não acreditamos em heróis e vilões. Nenhuma estátua é erguida em honra aos que se foram. As figuras da nossa história não recebem nomes de praças e de ruas. Não temos bustos de bronze e cobre espalhados pelo perímetro da cidade.
Nossas muralhas são altas e bem protegidas, mas mesmo um batedor estrangeiro, de um reino desconhecido será bem vindo. Desde de que sua palavra seja dada em respeito as nossas leis. Tudo que você precisa para adentrar os portões de Mim é pedir de forma sincera. Não temos muitas leis, mas existe um acordo entre todos os habitantes que puni qualquer um que faça o mal propositadamente.
Acreditamos no amanhã e é pra isso que trabalhamos o hoje. Ninguém vive sem trabalho nas terras de Mim. Mesmo o mais rico dos homens precisa realizar alguma atividade profissional. Um de nossos Reis já foi carteiro, outro lenhador. Nossa atual Rainha costura flores de crochet para passar o tempo...
Em Mim ninguém vê os mortos. Quando alguém morre, seu corpo é colocado sobre uma canoa cheia de galhos e flores secas. E depois é posto sobre a Lagoa das Lágrimas, onde um arqueiro acerta-lhe uma flecha com fogo. A canoa queima até afundar. Muitas das flores boiam ainda pegando fogo. A família do morto pode chorar suas lágrimas sobre a Lagoa. Assim ela nunca fica vazia. Mas é proibido chorar dentro de Mim. As vezes, durante a madrugada, alguém corre até a Lagoa para deixar duas ou três lágrimas cairem...
As campos ao redor das muralhas são cheios de cães. Nossos cachorros são um dos principais patrimônios de Mim. Eles correm livres brincando o dia todo. Algumas vezes é possivel ver algum membro da família Real correndo entre eles. Brincando e abraçando-os. Na verdade, em Mim não existem cavalos. Nossos magos criaram uma super raça de Yorkshires que podem ser montados. Nossas patrulhas montam esses animais durante o serviço. O comandante da tropa se chama Gregory.
O comércio de Mim vende livros de histórias. Além disso, sabemos que é costume na cidade a fabricação de vinhos, tecidos estampados, quadros pintados e músicas.
Os moradores de Mim adoram estar entre seus bons amigos. Adoram comemorar e constantemente são encontrados contando piadas pouco engraçadas entre si. Em Mim evita-se ficar triste. Quando é impossivel, ninguém sai de casa choramingando ou reclamando da vida. Não.
Quando acontece, as portas das casas não se abrem pela manhã. E o cheiro de café nas ruas, será o único indício de vida na cidade.
Falando em café, ele é a bebida oficial do Reino. Toma-se muito café em Mim. Durante a tarde é comum encontrarmos os habitantes sentados em mesas de café. Debatendo sua rotina e vendendo mercadorias.
O hino de Mim muda anualmente. Ele é costumeiramente tocado usando-se uma viola, um violino e um violoncello. Algumas variações incluem flautas doces, violões e pianos.
Os indices de violência no Reino de Mim são baixíssimos. A última guerra não deixou muitos mortos, apesar de ter ferido algumas pessoas e derrubado um pedaço da muralha. Os elfos estão terminando a reconstrução até o começo do inverno. Quando acontecerá o Festival de Inverno de Mim. Uma grande festa, que consome praticamente toda produção de vinho do Reino e mobiliza toda população.

Seja bem vindo ao Reino de Mim. Não existe muito que possa lhe ser ensinado sobre nossos costumes, você irá preferir aprender sozinho.
Siga as placas.
Seja gentil.
E não caminhe em nossas ruas sozinho durante a noite... nossas patrulhas ainda investigam o estranho sumiço de alguns moradores durante a madrugada.

Até mais ver viajante : )



quinta-feira, 9 de abril de 2009

Sobre ver a chuva:

Ela molha. Depois seca. Depois molha de novo.

A chuva vem por cima do nosso céu azul. Deixa tudo escuro. Faz as nuvens dançarem e estoura relâmpagos sobre nossas cabeças. Assusta. Ela derruba pingos, preenche os vazios com água, transborda potes e pneus. Faz as crianças saltitarem pelas calçadas e pelos campos de várzea sorrindo e correndo, daqui eu ouço até seus gritos de alegria. Ensopa as roupas de quem não quer se molhar. Faz as filas de carros, nas ruas, crescerem. Mergulha os sapatos nas poças. Coroas de água a cada pingo que atinge seu alvo. A chuva fecha tua janela. O vento levanta nossa cortina. Alguém desliga o telefone apressadamente dizendo que a chuva chegou. As plantas olham para cima bebendo vida. E lá longe, no silêncio selvagem da mata. A floresta agradece ao céu. A água corre por baixo das folhas secas, carregando insetos e barro. O asfalto solta fumaça enquanto esfria.

Assim, como vem, ela vai. Sem avisar.

Alguém olha para cima, abrindo a persiana com os dedos e diz que parou. As crianças param exaustas com as roupas cheias de barro e suas mães correm repreendendo-as severamente. Os carros abaixam seus vidros e começam a andar. O sol volta e faz sombra sobre as poças. De dentro de uma casa é possível ver os raios passando pelas cortinas. E aquela mulher que tem tanto medo da chuva fica feliz ao sentir o gentil calor sobre sua tão antiga e cansada perna. Ela sorri sozinha, como sempre. Dentro da mata ainda se ouvem os pingos. As árvores, com seus galhos e folhas estão se secando. E no asfalto uma rachadura frita no calor do sol. A água evaporou rápido e não foi o suficiente para resfriar profundamente a estrada.

Ela veio e foi. É isso que a chuva faz.


Alguém grita meu nome na rua.
Eu olhei de forma despreocupada.
Voa uma bigorna na minha direção. Não há piedade. Me acerta bem no meio do rosto.
Sinto ? Sinto !
Uma camera lenta na cena revelaria que meu nariz é empurrado para dentro e ouço o som da cartilagem se partindo em vários pedaços, o sangue espirra pra fora. Como uma amora madura explode na boca de quem a mastiga. Minha testa e meus olhos são atingidos junto com minha boca e queixo. Tudo se parte e afunda. Ouço os ossos se quebrando como madeira molhada. Meus globos oculares são rasgados junto com as pálpebras e os dentes arrancados. Engulo alguns gritando. Minha gengiva se rompe em sangue. Os ossos do maxilar são empurrados em direção a nuca. Se deslocam vagarosamente enquanto minha língua se perde contra o aspero metal negro. Minha cabeça empurra o corpo todo para trás.
Cai no chão com 180 quilos de ferros enfiados no rosto.

Alí, caido no chão eu pensei:
Eu sou assim ruim ? Se sou joga outra... Pode jogar !

Eu sou aquilo que ninguém vê. E se só pra mim não pareço ruim é porque é pra mim que me importa não parecer.
Não vou ser bom por ter medo do inferno.
Nem deixar de roubar por ter medo de ser preso.
Não vou vergar porque tu pensas que tenho medo do que tu pensas. Do que tu falas.
Não !
Vou ser bom por querer ser bom.
Não vou roubar, por não querer roubar.
E vou manter minha posição por ver o mundo do jeito que vejo... e não do jeito que você quer.

Bigorna ? Carrega quem quer. E se jogar é porque acha que pode...
Bigorna eu tenho várias em casa, as guardo no quintal. Não fico jogando nos outros o que não quero que joguem em mim. Muito menos as carrego pra onde vou... tenho coisas mais legais pra fazer !
Quer saber se é bom levar uma na cara ? Não, não é. Mas tem um lado bom nisso: saber quem joga e quem não joga. Porque errar todo mundo vai. A questão é saber se teu erro vai se converter em munição posteriormente ou não ! Eu me afasto de quem tenta me agredir com meu próprio passado.
Eu dou meu presente de presente pra quem me tolera e aceita. E tento ao máximo tolerar e aceitar essas pessoas também.
Gente ruim no mundo ? Tá cheio. Mas ninguém é bom o tempo todo, logo, ninguém é infalível.

Tem problema não.
Eu levanto e arranco a bigorna da cara tipo desenho animado do pica pau. Meu rosto sai da cabeça como se fosse de borracha. Essa bigorna eu carrego comigo, até em casa pelo menos. Vou colocar ela junto com as outras e deixar enferrujar. O tempo as enferruja. O tempo e a chuva.

O tempo é bom amigo.
Só ele pra enferrujar as bigornas do meu quintal.
O tempo é bom amigo... e acabou de começar a chover ! : )

Boa Páscoa a todos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Gram - Antes do fim.

"Veja o beijo que ganhou
Da mais bela do lugar
Quanta sorte, vive bem
Mas seu jogo nunca deu
Tal modelo, forma chuva
Em seus dias de verão..."

Almost forgot myself - Doves

Tá bom vai... A ampulheta do tempo realmente não está ao meu favor. Acho que isso se aproxima do que chamo de definitivo. De permanente.
"- Nada é permanente !" - ouvi alguém gritar dentro da minha cabeça.
É verdade.
Mas essa maldita ampulheta soa como o tilintar de uma bomba relógio dos anos 80. Daqueles que davam a opção pro mocinho, cortar o fio azul ou o fio vermelho...

Estou exagerando. Momento auto-análise "tang". Misturei com água e está pronta. A minha auto análise favorita é sabor laranja...

É, eu preciso lembrar mais de mim mesmo.
Preciso fazer mais yoga.
Assistir mais Marcelo Masagão bebendo vinho.
Ouvir mais Beatles.
Ler mais Tolkien.
Jogar mais RPG.
E dormir mais. Aah como era boa aquela época em que eu dormia...

Bom, temos um pequeno feriado pela frente.
E eu vou cortar o fio azul...

Atividades para o feriado:

Procurar o coelhinho.
Cortar o fio azul.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Não deixar a vida te levar - Charme Chulo

É perigoso esse tal de "sonhar".
Te invade a cabeça como virada de mar.
Cheira a beijo matinal e abraço apertado.
Sorriso triste e olhar minguado.
E agora, quem ficou do teu lado ?
O que tu queria ou o que havia sobrado ?

É perigoso esse tal de "sonhar".
Não me entrego, nem pensar.
Já estou aqui mesmo e também sei chorar.
Prefiro minha verdade do que o teu olhar.
Prefiro meu erro do que o teu acertar.
Caminhos muito longos não tem um chegar.

É perigoso esse tal de "sonhar".
É como filme sem final.
Casamento da verdade com a vontade.
Teu filho chama infelicidade.
Vive sempre escondido
Come solidão e arrota amigos...

É perigoso esse tal de "sonhar".
Bate forte na cara de quem o nega
Escarra na boca de quem o pega
Corre na frente e ninguém alcança
Ri de quem perde e no palco dança.
É impossivel vencer assim.
Agora não adianta mais.

Esse tal de "sonhar" vai ver só.
Quando a luz se apagar.
E o mundo todo dormir, ele vai entender.
Vai ver um desenho na parede.
Sentindo o vento no rosto, vai sofrer.
"Porque não me fiz alcançar ?" ele vai perguntar...
Triste e sozinho vai ser a vez dele sonhar...

É perigoso esse tal de "sonhar".

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um pouco melhor...

Espero que tenhas sempre um sorriso guardado no bolso, pra quando a vida te contar uma piada sem graça...
Te desejo amigos verdadeiros. Não tantos que te faça se perder entre eles, nem tão poucos que possas sentir o sopro da solidão...
Tomara que consigas todas as moedas que precisas pro teu porquinho de porcelana. E que não esqueças que um dia ele vai se quebrar irremediavelmente. Nas tuas mãos, ou nas de outra pessoa...
Espero que tenhas tempo pra pescar. Ou cavalgar, ou sentar sobre uma toalha em um domingo de inverno e tomar uma taça de vinho. Ou qualquer outra coisa que te deixe tranquilamente feliz !
Te desejo uma família. Do jeito que ela vier. Com muita gente, com pouca gente, com pais separados ou não, com enterros ou sem, com sete irmãos socialmente desajustados ou mesmo que tu sejas filho único. Tanto faz, desde que saibas que alguém nesse planeta te aceita exatamente como tu és. Te tolera e está lá por ti sempre. Não importa o que aconteça.
Tomara que tu viajes, pode ser pra Nova York com teus amigos ou sozinho pra um sítio longe do planeta terra... Espero que consigas ver o mundo até aonde tu realmente queres !!!
Espero que encontres uma companhia gentil. Alguém que te escuta quando falas. E que é escutada por ti também, quando fala. Espero que ela quebre teu coração da maneira mais carinhosa possivel...
Te desejo um bicho de estimação bem engraçado. Pode ser uma iguana albina alada ou um golden retriever. Não importa a raça desde que te faça feliz quando vocês cruzarem seus olhos...
Tomara que tenhas dias quentes de verão e frios de inverno. Que vejas as folhas de outono cairem e as flores da primavera sorrirem.
Espero que tenhas música. Que quando saias na rua vejas o mundo dançar. Ouças a voz do tempo te levando com suavidade através dos dias. Não com pressa pra chegar em lugar algum.
Te desejo também, despedidas apertadas. Abraços fortes e lágrimas de alegria. Não se engane, todo mundo vai embora. Esperar o eterno é buscar a infelicidade. Deseje apenas a chance de dizer: "te vejo depois...".
Tomara que o Sol seja teu amigo. Que ele te de belos dias. E que a Lua seja tua confidente. Que ela te traga longas noites. Belos dias e longas noites... tomara que tu os encontre.
Espero que o vento te leve pra casa. Que tu lembres de onde vieste. Que jamais deixe as luzes do palco e os aplausos da multidão te fazerem sentir especial demais pro teu próprio mundo. Sinceramente espero que consigas fazer isso.
Te desejo um calçado bem confortável, porque não posso desejar menos pedras no teu caminho... Ninguém realmente pode.
Tomara que aprendas a voar logo. O céu é um dos melhores lugares aonde eu já dormi na vida.
Espero que tuas pernas não se cansem muito rápido. Que tuas mãos não tenham muitos calos. Desejo que teu rosto não fique muito marcado pelo tempo. Que ele seja bom contigo. Que te deixe um pouco da saúde da juventude misturada com a alegria da infância...
Tomara que tenhas boas coisas. Mas não a fantasia de um mundo sem coisas ruins.
Espero que tenhas sonhos verdadeiros e alguns objetivos alcançaveis no meio de devaneios fantasiosos.
Desejo que acordes as 3 horas da manhã pronto pra ir pra alguma festa cheia de gente querida que estava te esperando pra ver o sol nascendo.
Tomara que consigas também, acordar as 9 horas da manhã de sábado ao lado de alguém que queres só ouvir respirar e sentir o calor do corpo próximo ao teu.
Espero que a chuva lave tua vida.
Desejo que o sol venha depois pra seca-la.
Tomara que a lua seja a próxima a chegar. E que ela te traga um sorriso sincero.

Espero, desejo e tomara. Não posso fazer muito além disso. O caminho é teu. E cada um escolhe os próprios atalhos. Cada um decide quais esquinas dobrar ou não.
De uma forma ou de outra, a gente se encontra a diante... Podemos sentar na mesa do "lado de lá" pra trocarmos nossa experiência sobre o que aconteceu.
Descançarmos um pouco. E voltar pro começo da estrada ! ;)

Ouvir isso ajuda a entender (Clique aqui).




Do you realize ? - Flaming Lips

No aniversário se comemora o começo. Normalmente isso é ligado a vida. Se comemora o nascimento de algo. Seja dos sobrinhos da Soila e do Sergio, ou o meu...
Se eu pudesse escolher qualquer presente de aniversário do mundo. Qualquer coisa pra mim (eu não to falando de ter a opção de pedir os famosos: "acabar com a fome", "acabar com as guerras", etc...). Eu pediria para garantir que eu morresse enquanto ainda estivesse vivo. Pediria para não morrer e continuar caminhando, trabalhando, correndo e brincando com o Gregory. Pediria pra que quando fosse a hora de acabar, realmente acabasse ! E que não tivesse a vida como um caminho sem sentido. Sem propósito. Sem linha de chegada.

Não to afim de falar de morte no dia do meu aniversário. Na verdade, eu tinha pensando em outro texto pra colocar aqui. Mas me "contra inspirei" mediante os últimos telefonemas que recebi...

Parabéns pra todo mundo que faz aniversário. Não só hoje.

Hoje se comemora o começo : )


domingo, 5 de abril de 2009

Como é mesmo o nome dessa música ?

"Disse a raposa - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."
(O pequeno príncipe - pag.68)

Amanhã eu completo 9.855 dias de vida.
Parece tão pouco daqui. Assim falando parece um final de semana.
Não sei como vou me sentir na hora que acordar amanhã. Será que é amanhã que eu acordo e percebo sutilmente que meu corpo foi transformado no de uma barata gigante ? Ou será que acordo cego ? Ou que veja a notícia na TV de que ninguém mais morre no Brasil... De que a morte finalmente tirou suas férias....

Bom, não sei.
Eu sei que hoje, ainda com 9.854 dias de vida, eu estou feliz !
Assim, do meu jeito. Quieto. Desenhando. Ouvindo os outros falarem e pensando a respeito. Tentando entender. Tentando não se confundir. E no final pensando que nossa vida é um filme...
Rodado em preto e branco.
Com um ótimo diretor de fotografia.
Cheio de atores principais e com alguns secundários...

Acho que ouvi alguém dizer que temos chance de ganhar um oscar.
Eu não quero ganhar um oscar.
Prefiro sorrisos sinceros e olhos que brilham no escuro !

É. Prefiro isso !

"Diz, quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além. Vão dizer
que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela
vai cair"
(Los Hermanos - Conversa de botas batidas)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Are you in ? - Incubus

Meu mundo é regido por três aranhas.
A maior delas é a Aranha da Justiça ela é robusta e temperamental. Suas teias são grossas e difíceis de cortar. Quando alguém toca nos fios da Justiça, ela desce lentamente dos céus (onde fica sua morada) usando teias especialmente feitas para isso. No chão a Justiça é lenta e demora bastante tempo até conseguir alcançar seu alvo. Quando o pega com suas garras ela é implacável. Marca a testa do alvo com um símbolo para que todos saibam que ele já foi tocado por ela. E depois o enrola em um casulo. A Justiça joga o casulo no Foço das Lamentações, e o abandona. Lá casulos se acumulam sobre casulos. E quando o foço está muito cheio a Justiça tira alguns por baixo (alguns daqueles que já ficaram tempo demais lá), abre os casulos e os devolve pra sociedade. Como se nada tivesse acontecido... Como se tivesse lhes ensinado alguma coisa... Mal sabe ela que qualquer um que tenha sido posto lá uma vez, que tenha passado alguns anos dentro do Foço, jamais vai ver as cores do mundo de novo. Ou sentir cheiros, ou o vento, ou sorrir de verdade. Uma vez no Foço das Lamentações, nada mais é igual...
A segunda é a Aranha dos Costumes.
Ela é manipuladora e covarde.
Ela possui fios frágeis e não é fisicamente forte. Mas quando alguém rompe suas teias, ela avança de forma avassaladora sobre o intransigente. O abraça com toda sua força e lhe marca a testa com seu símbolo. Nada mais acontece. Mas existe um acordo: ninguém pode falar com os indíviduos que foram marcados por ela. Ninguém pode nem toca-lo. E principalmente, se alguém o fizer, será marcado também. Os marcados são párias vagando solitários pelo mundo. Os símbolos do Costume são marcados nos ossos do crânio daqueles que a desafiam. E jamais podem ser apagados. A Aranha dos Costumes passa seus fios entre as pessoas. As juntando ou afastando conforme sua vontade. Se afastar demais ou se aproximar demais de algumas pessoas, fazem com que os fios do costume se rompam...
A terceira Aranha é a menor das três. Ele é magra, pequena e sem coloração. Seu corpo ossila entre um ton claro e o transparente... Ela é facilmente não vista. Eles a chama de Aranha da Religião. Ela é que dispõe da menor quantidade de fios. São poucos e muito finos. É muito fácil esbarrar em um deles sem saber. Quando alguém toca os fios da Aranha da Religião, em um primeiro momento, nada acontece. Mas a medida que os dias passarem essa pessoa perceberá que está sendo seguida pela Aranha da Justiça e dos Costumes. Quem a pegar primeiro, leva. A aranha da Religião raramente aparece em público. Mas por algum motivo, ela parece comandar as outras duas. Muitos dizem que ela não existe. Que podemos transpassar seus fios sem medo. Mas outros acreditam com muita fé que pagaremos um alto preço caso isso aconteça. E pior, acreditam que se pedirmos com muita vontade, coisas maravilhosas podem se realizar. Que ela tem poderes mágicos...
A Aranha da Religião tem unica regra inviolavel: todos humanos que morrerem devem ser postos em fogueiras ou enterrados profundamente na terra, dentro de caixas de madeira. Os antigos nos ensinaram isso e não questionamos o porque... Esse é o jeito que é ! Foi assim que aprendemos a fazer...

As três aranhas moram em palácios acima das núvens. Não podemos questiona-las ou negar suas ordens. Somos servos de suas vontades. As vezes elas brigam... O céu se pinta com clarões quando isso acontece. E é normal que pedras voem do céu sobre prédios e casas na Terra. Muitos humanos morrem. Muita gente sofre. Mas depois de algum tempo elas param e nossas vidas continuam normalmente. Como se nada tivesse acontecido.
Existe quem diga que as aranhas fingem brigar para matar alguns humanos. Como uma forma de controle, como uma maneira de garantir seu poder através do tempo...
Todos os livros que falavam sobre a origem das Aranhas foram queimados. E os que os leram foram marcados pelo símbolo do Costume. As aranhas fizeram isso a muito tempo para garantir que ninguém falasse a respeito. E depois nos deram livros novos, para que fossem lidos pelas crianças... Hoje, essas crianças são nossos bisavós. E os livros que elas nos deram continuam em nossas estantes.

No meu mundo, os humanos já aprenderam que não adianta muito lutar contra a vontade das Aranhas. Que é uma batalha perdida. Que com o passar dos anos, vamos nos cansando e mais hora ou menos hora nos tornamos também seus lacaios...
Os mais velhos dizem:
"- Não desafie as aranhas garoto ! Você não será feliz se o fizer... Tudo que você precisa é de uma esposa, que também tema as Aranhas. Para que vocês possam ter um par de filhos... E principalmente, que ensinem a essas crianças duas importantes lições: a terem medo das Aranhas e fazerem seus filhos também terem..."

Eu acho que essa altura a Aranha do Costume já me marcou...
Vou rezar bastante para a Aranha da Religião, pra ver se melhora...



quinta-feira, 2 de abril de 2009

Tudo bem.

Não quero que o "Murro na Cara" seja um diário. Afinal, quem quer tomar diariamente murros na cara ? (que péssima piada...).
Mas por outro lado, eu procuro escrever o que penso e sinto. E não me atenho realmente a limites do tipo: "o que os outros vão pensar ?". É definitivo o pensamento de que no decorrer da minha vida se eu tivesse me preocupado com o que os outros vão pensar, jamais teria chego até aqui. Só não consigo dizer ainda se isso é bom ou ruim... Mas tudo bem !
Uma amiga me perguntou:
"- Teu blog é meio um diário né ?"
Eu não soube responder prontamente. Mas também não consegui nega-la por completo.
Meu blog é "meio um diário" sim ! É meio um devaneio descontinuado. Meio que um lugar "público" em que eu não tenho vergonha de postar as asneiras que escrevo. Meio que uma forma de expressar minha opinião. Meio que uma chance de dizer "poucas e boas". Meio que uma tentativa de, estando ocupado durante o dia, abrir as válvulas da represa que controla meus impetos. E dizer. É, dizer o que penso, o que quero, o que acho, como vejo, o que sinto e por aí vai.
O "Murro na Cara" é cheio de metades. Ele tem umas oito ou nove metades. E dependendo da forma como você o encara, ele vira diário, historinha pra boi dormir e idiotice em forma de linguagem não verbal... Tanto faz !
Eu já disse antes e repito: A única pessoa pra quem eu realmente consigo escrever, é pra mim mesmo. Não penso em agradar ou desagradar ninguém. E é por isso mesmo que escrevo.
Escrever aqui, é como viver uma vida. Por isso eu não apago os textos antigos. Mesmo muitas vezes querendo. Mesmo muitas vezes achando-os falhos, tortos, limitados e ruins. Porque ninguém tem a chance de voltar atrás e apagar os dias ruins. Porque ninguém pode mudar o que passou.
Podemos sim, escrever textos melhores. Podemos aprender com os erros e acertos. E continuar caminhando... esperando que a vida não te de um ponto final. E sim, novos parágrafos todas as manhãs. Parágrafos com tema livre. E figuras coloridas, que ocupem páginas inteiras. Que a vida nos dê marcadores para que nossa memória jamais abandone os dias bons. Mas também não adianta querer rasgar uma página ruim.
Não !
Teu livro ia perder o sentido. Toda vez que alguma coisa menos boa fosse escrita, tu ias arrancar a página e joga-la no fogo pra que ninguém mais pudesse le-la. Imagina, o final de um livro, onde várias páginas foram arrancadas ? Personagens que tu nunca conheceu voltando a trama ? Finais épicos e cheios de romantismo de pessoas que nem brigaram... A felicidade daquele que jamais esteve triste ? Ou a morte do vilão que tu nem chegou a conhecer.
Nossos livros (blogs, diários, poemas e vidas) precisam de páginas ruins.
Ou será que todo bom escritor senta diante do seu computador/máquina de escrever/caderno de anotações e já começa textos acabados. Textos perfeitos. Com dentes brancos e sorrisos lindos. Cabelos arrumados e comportamento impecável ? Eu acho que não...

O "Murro na Cara", como minhas pernas é todo torto.
E eu gosto dele assim.
Mas não vivo com a idéia de que ele está bom do jeito que está. Pelo contrário. Eu vivo com a idéia de que preciso faze-lo melhor. Como em minha vida. Que preciso continuar tentando melhorar. Que preciso dobrar as esquinas. E subir as escadas. Que sentar e aproveitar, ainda, não é uma alternativa...

"O bom homem atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros." (Confúcio).