terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Manifesto aos desconhecidos.

Tem muita coisa na internet já. E eu escrevo isso com a total convicção de que esse texto, é só mais uma das centenas de milhares de folhas que essa árvore digital sustenta em seus galhos. Não há pretensão aqui. Afinal, poucas pessoas ou quase ninguém, lê esse blog. Na verdade, a audiência desses textos é tão baixa que você pode se sentir alguém privilegiado por ler um conteúdo tão exclusivo.
De qualquer forma, o tempo flutua pelas areias da matéria. Ignorando todo e qualquer ato e sentimento humano durante o processo. E acredite em mim, ninguém vai se importar com a nossa rusga. Com a mágoa que a gente guardou porque ela falou isso e ele disse que somos aquilo. No futuro, definitivamente, ninguém vai escavar nossos túmulos em busca de um vestígio que seja das nossas diferenças com Fulano ou Beltrana. De fato, um dos conselhos que sempre carrego comigo é que todos percam a menor quantidade possível de segundos com esse tipo de pensamento. Sensação. Ou sentimento.
Todo dia o globo gira e gira de novo. Todo sol é o mesmo e nada impede o mar de fazer ondas. E tudo isso caga para a nossa existência. Tudo bem que fomos (praticamente) todos criados sob a tutela de uma sociedade existencialista onde o homem é mais do que o centro do Universo. O homem só é semelhante ao criador desse Universo. Quase como se o homem fosse seu próprio criador. Que subjuga tudo e todos as suas menores vontades.

Corte seco em um homem vestido com roupas de inverno glacial, com um taco de baseball dando uma única porrada na cabeça de uma foca filhote. O pelo branco do animal se mistura ao sangue e a neve. Os miolos do bicho voam pelo chão e pegam até no rosto do nosso personagem, que encara a lente da camera e diz: 
"- Só porque eu quero!".
E antes que alguém me classifique como "pet lover", eu digo isso para qualquer outro assunto. Sobre beber e dirigir. Sobre se importar com o sexo homo ou hetero do seu vizinho. Sobre beber cachaça e bater na cara da esposa que te traiu. Sobre jogar um copo plástico de café no chão da rua. E quando alguém te chama a atenção tu grita de volta que tu faz o que tu quiser. Que ninguém manda em ti.
O ser humano é um bicho engraçado. Ou seria desgraçado? Ultimamente eu me confundo. E acho que mais gente se confunde. Que mais gente estranha esse primata pelado cheio de ódio girando pelo cosmos. Que subjuga, mata e come praticamente qualquer outro animal que caminhe, voe ou nade por esse planeta (até a si próprio). O ser humano, é o único animal que se considera ser mais que os outros. Ser humano é ser mais que ser peixe. Ser humano é ser mais que ser gado. Ser humano é ser o que nenhum outro animal é.
Existe uma lenda por aí, que diz que todos os animais se reuniram no centro da floresta para discutir sobre o ser humano.

"- Eu ando com quatro patas - disse o lobo - ele anda com duas...".
"- Eu tenho ossos frágeis como gravetos - disse o pássaro - os dos humanos resistem a grandes quedas. Eles pulam e se equilibram..."
"- Eu morro se sair da água - disse o peixe - com a cabeça para fora do rio e já descendo para respirar e voltando - eles nadam quando querem e saem da água quando bem entendem..."
Vários animais continuaram a reclamar, alguns ao mesmo tempo. Hipopótamos reclamaram que tinham bocas muito grandes, ratos que tinham caldas muito longas, abelhas de que eram muito pequenas e gatos de quem tinham muito pêlo...

A coruja que ouvia a todas as reclamações, esperou todos se calarem para dizer:
"- Vocês, com os seus problemas não percebem que o mais feroz dos animais selvagens, não chega nem perto da maldade de um coração humano corrompido... Nenhum de nós tem tanto medo quanto o ser humano. E apavorado, qualquer animal é capaz de fazer as mais terríveis coisas..."

sábado, 20 de janeiro de 2018

Depois do silêncio:

Existe algo sobre o muro.
Nós somos aqueles que planejam

coloca-lo a baixo.
Somos aqueles que falam

sobre a revolução.
Sobre os sonhos daqueles

que sonharam e partiram.
Nos e nossas marretas.
Enferrujadas

e tortas.
Nossos pés descalços 

e mãos calejadas.
Somos o vinho doce
e a fumaça do aviso.
O silêncio que antecede 

a balbúrdia.
E estamos aqui.
Planejando com os 

nossos sorrisos.
Planos jovens de um

futuro melhor.
Para que mesmo que
não consigamos.
Alguém continue a sonhar

na nossa partida.