quinta-feira, 29 de maio de 2014

De lá pra cá é um pulo.

Os que mudam de lado.
Nunca mudam.
Tudo só muda quando resta pouco.
 
Minta pra morte.
Fuja pro norte.
És fraco e forte. Sabes que és assim.

Diga que não.
Respondem que sim.
A pura verdade é uma grande mentira.

Se negam a acreditar.
Mas sejas quem for, caro leitor.
Tu sempre serás alguém.


Porém. Há algo além.
 
 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Tentei, mas nenhum título apropriado foi encontrado.

A sensação é de que o conhecimento é uma ilha. E toda vez que aprendemos algo novo, é como se retirássemos do oceano da ignorância uma pequena porção de areia e aumentássemos o tamanho das nossas ilhas. Logo, quanto maior é o nosso conhecimento, maior é nossa percepção de que temos mais a aprender.
Gente que sabe de tudo me cansa. Não só a mim, tenho certeza. Gente que não consegue se arrepender, que não consegue perceber as próprias cagadas, que concorda tanto consigo mesmo que até brilha no escuro. 
Gente que fala muito mais do que escuta.
Que se nega a ouvir outra opinião "porque essa ainda tá boa".

Que tem nojinho da vida. Nozinho, de viver.
Gente que se considera mais legal do que qualquer outra pessoa.
Que tem vergonha de dançar em publico porque "o que os outros vão pensar"?
Que não experimenta coisas novas. Que tem medo do diferente, mas diz que não gosta mesmo. Que se nega a ver o que apareceu agora. Que reclama da chuva. Que acha que está muito quente, muito frio, muito seco, muito molhado, muito feio, muito normal, muito qq coisa. Muito tudo. Muito nada.

A vida tem momentos em que só se vê algo com os olhos fechados.

Aquele instante, que só quem encara o abismo para pula-lo conhece. Você correu até aqui, passo por passo, ouvindo o som que seu sapato fez contra o cascalho do chão... 

Você continuou quando tantos outros pararam.

Foi pra frente, quando tanta gente disse que ia desistir.

Suou, sangrou e chorou em proporções muito similares. Mas principalmente, chegou.

Agora meu amigo: pula :)


 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Um cruzado de direita no teu queixo.

(Dê play e leia).
https://www.youtube.com/watch?v=KOIe7sU9KAg

Pensei que seria assim.
"- Aah sim" - eu pensei.
Se foi. Não foi.
A vida acelerava nosso slow motion.
E eu tentava ler a legenda.
Enquanto as cenas corriam.
Que péssima idéia, alguém falou.
Eu gostei. Até fez sucesso.
Olha aonde nós chegamos.
Tudo que fizemos.
Todos que ajudamos.

Nada disso importa.

O vida é uma viagem sem direção. 

Aproveite a vista.

"-Viagem pra onde querido?"
"- Pra casa..."








quinta-feira, 22 de maio de 2014

Quem disse isso?

Brilha, brilha estrelhinha.
Gira, gira planetinha.

Da insatisfação social do ser humano, eu quero só a vontade.
Das mentiras trançadas em um bloco tão solido que se tornam até verdade, eu quero a convicção.
De toda forma de violência que nos obriga a ser quem não somos ou quem somos sem querer, eu aceito a iniciativa.
Dos dias que passamos sem perceber, pintando um do lado do outro com a mesma forma, eu quero a calma.
Dos sonhos que gritam dentro do nosso peito a todos os pulmões que nosso lugar não é aqui, e que a vida está acontecendo lá longe. Eu quero a alma.
De toda forma de gentileza que aplaca a humanidade. Qualquer tipo. Do menor ao maior ato, eu quero a simplicidade.
Da esperança em que tudo vai melhorar, que o futuro será diferente e que estamos no caminho certo. Disso eu quero o próximo passo.

Como a folha branca desafia quem desenha, quem escreve e quem imagina. É o próximo dia.

Que nos desafia a estar lá.
Que nos desafia a não ficar para trás.
A continuar caminhando. A continuar lutando.

Até, que o que é visto como fim, seja encarado como um novo começo. Eu digo.

 
 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Deixa assim.

- Se tu passares por aqui, me faz o favor de trazer um pouco de gentileza?
- É incrível que tu continues assim, depois de todos esse anos...
- Eu to precisando, é serio. Comprei pela internet, mas não me entregaram.
- Tu precisas dar um jeito no teu proprio jeito. Isso não te faz bem.
- Foi por mercado pago ainda, e aqueles malditos não me mandaram nada... Inacreditável! Certeza que vão descontar do cartão de crédito. Vou me incomodar com isso ainda...
- Talvez se tu voltares a conversar com alguém sobre isso, o que achas?
- Eu procurei nas gavetas de casa também, e acabou. Não tinha nem uma migalha...
- Todo mundo sofre um pouco com as mazelas da vida. Isso é normal.
- Eu fui no super e o gerente gritou comigo dizendo que a gentileza estava em falta! Voltei pra casa sem nenhuma...
- A vida não precisa ser tão dificil, sabia?
- No deposito de gentileza municipal a porta tava fechada com um cadeado. Achei isso bem pouco gentil. Tinha uns cachorros latindo lá dentro também...
- Isso pode ser só uma crise temporária. Ou não. Eu te aconselho a procurar ajuda... Sinceramente.
- Caminhei pela rua olhando pro céu, pra ver se chovia alguma. Mas trombei com um cara que começou a falar que eu devia olhar por onde andava, que eu era burro, que a vida não é assim... Corri dele.
- As tuas analogias estão cada vez piores.
- Vi um pouco de longe, mas estava com umas meninas e eu fiquei com vergonha de pedir.
- Eu não sei mais o que te dizer.
- Talvez tenha um pouco na casa da minha mãe. Mas é um saco ir lá só pra isso. E eu já tenho idade de ter a minha própria gentileza.
- Para.
- Outro dia eu pensei em fazer uma maquina para aumentar o nível de gentileza do mundo. Bolei um plano e tudo. Com um desenho em um guardanapo de papel, manchado por uma roda de xícara de café marrom clara...
- Tu surtou. Eu vou ligar pra um médico.
- A máquina não só não funcionou como eu acabei de machucando enquanto fazia ela. Levei seis pontos no peito.
- Espera um pouco, eu já volto.
- O médico disse que meu coração se partiu. Que isso acontece com o coração humano as vezes.
- Marquei uma consulta pra ti.
- Eu precisava de um pouco de gentileza. Me ajudaria muito.
- Onde estás indo?
- Seria muito bom, pra variar um pouco...
- Para! Onde tu tá indo? CUIDADO!
- Um alívio, de fato. Isso me faz pensar...
- Tu vai cair! PARA!
- Esse mundo é tão grande as vezes. Tão grande e tão vazio.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOO! MEU DEUS! ALGUÉM???! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

segunda-feira, 12 de maio de 2014

É muito pouco...

Eles começaram atirando bananas em campos de futebol. 
Muitos de nós, a maioria, achava que eles eram um pequeno grupo de pessoas. Um grupo de poucas pessoas ruins. As fotos voavam pela rede mundial de comunicação. Lotando revistas, jornais e televisões com a notícia. Pessoas que postavam desacordos com a atitude. Pessoas falavam sobre o assunto nos bares, empresas e casas do país. A maior parte das opiniões eram contrárias ao ocorrido. Autoridades se manifestavam a respeito. Diziam condenar. Condenavam publicamente. Campanhas eram instauradas. Publicitários e marketeiros cheios de "sacadinhas digitais" tentavam a sorte na roleta russa da viralização. Apostando em hashtags e artes de camisetas ou fotos no instagram cheias de acidez.
Parecia que estava tudo bem.
Mas foi aí que aconteceu.

Emergindo como o Kraken das profundezas de um oceano. E foi assustador.

No princípio a maioria de nós ficou assustado. Duvidamos que seria verdade.
Mas alguém disse que tinha o direito de não gostar de negros. De dizer que eles realmente parecem macacos. Que são inferiores que os brancos.
E quando um de nós falou que tudo isso já havia sido dito antes. Que alguém no planeta já havia cometido esse erro. Que isso era absurdo.
Foi ali que alguém falou que como fumar, beber ou assistir cachorros transarem, os que não gostavam de negros também tinha direito de ter sua opinião.
Um cientista foi a televisão dizer que eramos todos humanos e iguais.

Um pastor religioso gritou que não somos todos iguais.
O pai de um menino branco empurrou o pai de um menino negro na saída de uma escola publica.
Um proprietário de bar se negou a atender um homem branco que tentava comprar um café e um salgado em uma quinta feira de manhã.
O vizinho de alguém espalhou cartazes pelas ruas de seu bairro dizendo que #somostodosmacacos. E um homem negro se ofendeu com as palavras. Os dois começaram conversando e o assunto terminou quando uma faca de 25cm penetrou o abdomem de um deles. Enquanto o sangue jorrava vermelho quase negro.
Nas empresas, as pessoas começavam a falar baixo. Umas com as outras. Em coxixos conspiratórios. 
O silêncio se adensava. E começava a pesar.
As opininões eram postadas nas mídias sociais. Cheias de razão. Cheias de embasamento. Cheias de certezas.
Até que um motoqueiro negro foi derrubado por um motorista branco.
A discussão no trânsito que acontece todos os dias no mundo, virou violência. Outros motoristas negros tomaram partido pelo motoqueiro. Outros motoqueiros brancos tomaram partido pelo motorista do carro.
Quando os jornais mostraram as imagens aéreas dos carros pegando fogo no centro do Rio de Janeiro. As pessoas em casa pensaram que isso era comum no Brasil. Mas logo outras cidades tiveram o mesmo problema.

Uma senhora branca foi derrubada por jovens negros em Porto Alegre. Ninguém acreditou que ela seria espancada até parar de respirar. Mas aconteceu.
Um homem negro teve seu corpo içado a um poste em uma rua, de um bairro nobre de Manaus.
Uma criança branca cuspiu no rosto de uma criança de outra etnia em uma escola publica em São Paulo. Os pais terminaram se socando no estacionamento do colégio. Os professores tomaram partido e brigaram entre si também.
Uma mulher chorava a dor de uma mãe enquanto seu filho era levado por uma ambulância.
Um policial atirou para cima para tentar interromper um embate.
Os telefones tocavam.
As pessoas corriam.
Os programas de domingo tentavam todo tipo de campanha publicitária ou reportagem forçada para trazer a população de volta ao estado apático original.

Mas algo havia começado.


Por culpa de todos e de nenhum.




E desse vez o final não seria nada parecido com uma novela do Manoel Carlos.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Como cuspir em um estranho (ouvindo Pavement)

Textos não importam. Textos são pretextos para aliviar o peso da vida.
Em uma época muito mais simples, as coisas eram, assim. Com bicicletas que voavam, sorrisos sem medo e gente que adorava morar na mesma casa.
O tempo passou. O mundo girou. E todo mundo continua do mesmo jeito. 
Amamos uns aos outros. Achando que cada história é única. Apesar de algumas serem só estórias. Enquanto tentamos. Enquanto dizemos tentar. Enquanto nos enganamos de que estamos tentando...
Até o dia em que o relógio do mundo resolver parar. Nossos relógios de pulso continuarão "tic taqueando". Os relógios dos bancos continuarão digitais. Os relógios das torres ainda avisarão os horários das missas. Os relógios pontos ainda baterão os cartões.

É só o relógio do mundo que vai parar. E quase nada vai ser igual a antes de novo.


Porque gostamos de viver como se estivessemos parados em um lugar permanente.
Mas a impermanência é uma regra inquestionável.

E toda vez que dá a hora, o relógio para, o sinal toca, o recreio acaba. 

Como aquele texto que começou dizendo que textos não importam.
Que textos, são pretextos.
E mais alguma coisa sobre o peso da vida.


terça-feira, 6 de maio de 2014

Mim tá, Tarzãn. Aham.

"- Eu não vou me ligar se você me julgar mais um cara vulgar..."

A vida é cheia de graça.
A menina, cheia de trança.
O mundo é cheio de praça.
Tem livro cheio de traça.
Calendários cheios de terças.
Com portas cheias de trancas.
Corações cheios de troços.
Baralhos lotados de trincas.
Baús com seus trecos.

E tem as mentiras.

Que são cheias de nada.
Vazias e maquiadas.

 
 
 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

O dia em que a igreja católica disse sim para o casamento gay.

Mundo. Imundo. iMundo? Confuso.

Disse Carlos Drummond de Andrade:

"Mundo, mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo, mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração."


E a gente ainda briga porque não queremos que outras pessoas amem as pessoas que quiserem.

Em um diálogo hipotético seria:


- Você não pode amar o João?
- Que? Porque não?
- Porque você se chama Pedro!!!
- E dai?
- E dai que isso é errado pra mim.
- Sinceramente: entre o que você acha certo e errado e o amor que tenho pelo João, eu prefiro o amor...
- Se você amar ele, eu nunca mais vou falar contigo! E vou falar mal de ti pra todo mundo!
- Eu sinto muito cara. Perai! Na verdade eu não sinto muito... Tu estás sendo um ignorante.
- Não precisas me ofender só porque tu amas outros homens.
- Eu não amo outros homens. Eu amo o João!
- Seu viadinho maconheiro de esquerda!
- ....

 O que se pode pensar sobre isso?

Na revolução dos bichos a pouco tempo atrás já eramos todos iguais. Só que alguns de nós ainda são mais iguais que os outros...


Infelizmente.