quarta-feira, 30 de abril de 2014

Eu não posso.

No texto escrito. 
Nos sobram palavras.
Ao sentimento sentido.
Elas nos faltam.

O mundo é o lugar mais cheio de gente do Universo.

E foi no meio desse planeta humano que eu a encontrei.

A deriva em uma pedra.

"- Bom dia!" - disse eu.
"- Mas é noite!" - ela respondeu.
"- É verdade..." - percebi.
"- Tudo bem... Daqui a pouco amanhece..." - ela foi gentil.
"- Vou esperar pra te dar bom dia então..." - me apaixonei.

E ela sorriu.

O mundo parou.

Na hora, ninguém viu.
Mas todo mundo já notou.

domingo, 27 de abril de 2014

Concertando o mundo.

Diz o antigo ditado que "tudo que sobe desce, tudo que funciona quebra e tudo que está vivo um dia morrerá". Verdades indubitáveis pra gente chata acreditar.
Procurando palavras na ordem correta, eu me perdi. Mas achei isso. Que provavelmente é melhor do que eu ia dizer. Tudo bem.
Achei!
Eu ia dizer que nós vivemos o tempo em que ter o contato de alguém é saber seu telefone de cór ou possui-lo na lista do seu celular. E eu acho que isso é uma grandíssima falta de tato. 
Eles não entenderam nada, o mundo não precisava de tantas peças de plástico.
A gente tá é cansado de tanta fumaça.
As redes que nós lançamos vão muito mais longe do que deveriam. Tá ótimo. Podemos parar com elas por aqui também.
Eu acho o espaço lindo aqui de baixo.

Eu ia dizer que eu quero uma fogueira em uma clareira no meio de um bosque, com uma casinha de tijolos de pedra crua perto e um monte de gente gentil ao redor.


Tipo violões, vinho e vozes.


Ah mundo, podes ir nessa tua corrida maluca. 
Me deixa descer. Pra mim, deu.


 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Nada (imperativo Afirmativo do verbo nadar).

E eu aqui querendo saber porque estou ouvindo Lenine... Tudo bem. A vida realmente não para. Já disse isso aqui antes. Talvez como uma mensagem subliminar enviada diretamente para meu cortex frontal.
A teoria me diz que ninguém gosta de ler um texto que começa procurando sua própria essência. E talvez isso funcione somente para aqueles que se interessam pelo Big Brother da vida real. Ou para o navegantes cibernéticos de eventual passagem. Até mesmo, para nada. É. Nada "coisa alguma". Nada "pra que tu existe?". Nada "nem te vi, nem queria ter visto". Nada assim. Talvez.
Nããã... Isso foi mais uma arapuca textual.
Escrever é praticamente um prazer íntimo. A revelação de sençasões sequenciadas em palavras. Nada demais. Só isso.

Enquanto eu mudo de música, eu não vou fazer mais nada.

Nada.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Ouvindo Mumford e filhos com "Lover of the light"

"But love the one you hold
And I'll be your goal
To have and to hold
A lover of the light"

Não perca seu tempo amando algo tão sem futuro quanto o passado. Siga em frente.
A vida é muito melhor do que se imagina. Abra seu coração. Acredite no amanhã.
Evite ao máximo sentir pena de si próprio. Lamentar não ajudará em nada.
Lute contra seus pensamentos iniciais. O melhor fica no fundo. Suje-se em busca disso.
Não desista do que você acredita. Mesmo quando tudo for contrário. Os sonhos são os motores do universo.
Controle sua voz. Controle seu apetite. Controle seus impulsos. Mas ria como se você estivesse sozinho, sempre.
Faça amigos. Preserve sua família. Viaje. Leia. Medite sobre o mundo. Sinta o vento.
Beba alcool, mas não tanto a ponto de lhe fazer mal físico ou mental.
Apaixone-se. Mas não de uma forma infantil. Procure se apaixonar por algo verdadeiro.
Sua vida terá um fim. Tudo tem. Não viva esperando pelo final de nada.

Lembre-se: a felicidade só é verdadeira se for compartilhada.

Eu te vejo lá.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Para eu me lembrar de esquecer.

A noite termina em dia.
O dia termina em noite.
Os olhos cerram os punhos.
Nada de novo no horizonte.

A vida escorre dos dedos.
Os relogios seguem contando.
No céu o azul dos passaros.
No tempo o silêncio dos anos.


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Sem texto. Com texto. Sem texto. Com texto.

Ler muita fantasia medieval deve ter mesmo mexido com a minha cabeça. Antigamente, pelo menos no passado romântico fantasiado, houve um cara que perguntou pq alguns eram reis.
"- Quem vai ser o Rei?" - ele pode muito bem ter perguntado.
Deve ter sido algo como:
"- Vai ser o primeiro de nós que conseguir se defender de outra espada como nehum outro consegue."
Porque mais alguém seria feito Rei? Pelas boas idéias de como pegar mais cervos? Não. Até porque eu acredito que naquela (e nessa?) época era cada um por seus cervos e no máximo os extraordinários amigos e seus familliares deviam ajudar.
Então o primeiro Rei foi um cara bom de briga. Ok. Acho que a população pode ter acreditado no ideal dele. Isso, junto com a capacidade de se defender de um jeito diferente de todos os outros, fascinou muitos alguéns. Ai deram uma coroa pro sujeito, que se sentou em uma cadeirona que alguns depois iam chamar de trono e pronto ele já deve ter dito:

"- Essa briga toda me deixou cansadão... To morrendo de fome...". 
E um outro sujeito, daqueles mais puxa sacos de gente que é ou se acha superior, se esguaniçou pra uma conhecida dele:
"- Oooooh Fuuuulanaaaa, vai lá schimiar um pão, vai! E já faz um pato pra mais tarde!"
E lá se foi a Fulana correndo pelos corredores do galpão de madeira com teto de feno dizendo: 
"- O Rei quer comeeeerrrrr" - enquanto tantos outros abriam espaço e corriam atrás dela pra ajudar.
Dá pra imaginar o resto inteiro. Com mais interessados na posição Real prometendo ajuda-lo. Com aqueles primos de terceiro grau que ninguém nunca vê dizendo que são parentes. Um monte de gente se colocando na frente dos outros. Comemorando. Se abraçando. Sorrindo.
E deu.


Tu pula pra hoje em dia de novo. E quem são nossos Reis?
Quem tá no comando dos nossos cofres?
Quem é o responsável pelas nossas defesas?
E pelo nossos planos coletivos? Quem se preocupa com eles?

Nossos melhores ladrões.
E vem um zeguedé reclamar aos ouvidos alheios de que o "Beeltranoooo" e o "Ciclaaaano" são diferentes. Que vão mudar esse cenário. Fazer o que ninguém fez.

E pronto.
Mesma história.
Mesmo personagens.


Diferentes, com textos. Espero.

terça-feira, 1 de abril de 2014

João ninguém.

Toda noite ele vagava pela rua. Dormia um pouco, onde podia. Onde cabia. Onde conseguia, talvez... Deitava na pedra da calçada que era aquecida pelo sol e procurava um pouco desse calor. Não sabia, mas também procurava um pouco de amor. Nunca achou nenhum dos dois. Se contentava com uma marmita do lixo. Comida fria. Ainda assim era comida. Acordava sempre que um carro desses da madrugada passava. Jovens, na sua maioria. Ele observava. Grupos de jovens apaixonados pela vida. Cantando músicas em outras linguas. Dançando e rindo. Tão felizes. Tão cheios de futuro. Tão encantados pelo mundo. Algumas vezes, homens ou mulheres, avulsos transeuntes da vida passavam. Pensava:
"- Deviamos conversar, eles também parecem tão sozinhos..."
Nunca falavam. Nunca tentava. Mas nunca falaram.
A muito tempo abandonado, ele aceitou seu próprio destino: Viver me será algo muito solitário. Lembrava sempre.

Já teve casa. Comida quente. Carinho constante. Sorrisos cheios de dentes.
Mas não agora.

Agora se alegrava com comida limpa para calar o estomago. Papelão novo para espantar o frio do corpo. Com noites tranquilas para seu pouco sono. Agora era diferente. Passava a maior parte do tempo deitado. Com seu par de olhos arregalados. Arfando no calor do verão, de uma terra sem vento. Ou com o maxilar trincado no ar seco de um inverno safado. De um ar condicionado que vivia ligado.
Durante o dia, quase ninguém o via. Mas não se escondia. Não corria dos carros. Nem dos policiais armados. Não. Ele se sentava próximo a rios, bares e estacionamentos lotados. Sempre olhando quem passava por ele, lado a lado. Nunca o olhavam. Pensava:
"- Será que o problema é meu?"
Mas sempre ficava calado.
Mesmo quando a saudade lhe atacava as entranhas e subia pelo torax até lhe encher o coração de um sentimento frio e devastador. Ele continuava calado. No máximo lhes olhava por mais tempo. Aos seus vizinhos temporários. Como se clamasse por um sinal de carinho da humanidade. Como se implorasse por algum tipo de verdade bonita. E não só aquela verdade. Não só a dureza ridicula dos seus dias de tristeza sem fim. Não só a frieza humana que despedaça qualquer coração de vidro vivente. Que estilhaça qualquer alma transparente e sem peso como o ar ao vento. Não. Sempre lhe era dado um pouco mais de nada. Pensava em partir, em fugir, em desaparecer, em deixar a vida ou em se mudar de mundo. Mas nunca teve coragem pra isso. E nem saberia por onde começar.
Assim levava seus dias. Dia após dia. Silênciando os gritos do mundo. Sempre humilhado, mas nunca com raiva dessa sina. Ele a aceitava e até a achava bonita.
Envelheceu assim.
E foi assim também que ficou doente.

Já sem forças pra recomeçar, pensou:
"- Sinto o fim vindo..."
Mas ele não veio.
Lhe demorou mais alguns anos.

De solidão e desespero.
De aceitação forçada e de noites com medo.
Morreu cedo. Tinha 11 anos.
Foi enterrado em vala comum.
Sem lápide. Sem nomes.

O homem que o levantou na pá xingou:
"- Puta que o pariu de cachorro."

Foi mais do que isso.
Só que ninguém nunca soube.