quarta-feira, 29 de abril de 2015

Tentando não escrever.

Eu tenho fugido daqui. Fugido nem começa a desenhar esse quadro. Eu tenho me escondido daqui. Tenho desejado teclar escrevendo, e me negado esse prazer. Porque?
Porque acredito que escrever tem me feito mal. Escrever me faz olhar dentro dos fossos mais profundos que carrego dentro de mim. Escrever é a luz que jogo em todos os meus segredos que guardo na escuridão atrás da minha alma. Escrever é uma explosão de tantas coisas diferentes que é dificil até não me emocionar só por ter conseguido me burlar e estar aqui agora. Dificil explicar. Facil sentir. Quase sempre é assim. Mesmo quando tu tentas provar para o mundo que és tão bom quanto sentes no teu coração. É assim que me sinto. Sendo um merda no jogo da vida e alguém com um bom coração. 

Não queria falar sobre isso, então vou iluminar outro lugar:
Estás escrevendo?
Não! Isso é só um texto para um cliente.... É um roteiro!
Roteiro? Me deixa ler...
Não tá pronto ainda.
Tu não está escrevendo um roteiro. Isso é um texto para aquele teu blog egocêntrico e infantil.

Não, é um roteiro conceitual... Eu vou escrever lá e depois formatar. Vai ficar bom.
Vai nada, vai ficar uma merda!

Vai ficar bom!
CALA A BOCA! A novela vai começar, assiste aqui.
Eu me recuso a assistir novela, vou ler.
Aqueles teus livros ridiculos?
Desisto de ti, vou ser outra pessoa.
O que? Tu não podes fazer isso... AAAAAH. O que é isso?
Isso sou eu mudando.
PARA! AAAAAAH! NÃÃÃÃÃO....

Cala a boca seu babaca.
"i'll be back..."
Tu era tão babaca que tu usou uma frase do Exterminador do Futuro, seu pereba!

AAAAAH.... 
Pronto.

Isso era o quão mal eu estava.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Aquele impalpável ali. Isso! Obrigado.

Li em algum lugar que cientistas prenderam 6 chimpanzés em uma grande jaula. No meio dessa jaula havia uma escada com um túnel de grade ao redor dela. No alto dessa escada, havia uma cavidade em que era colocado um cacho de bananas. Ok, macacos e bananas, isso não poderia ser mais óbvio.
Acontece que toda vez quem um desses chimpanzés começava a subir a escada, os cientistas jogavam água fervendo nos que 5 que ficavam para trás. Ao passo que a partir do terceiro cacho de bananas que fora trazido, mal e mal foi comido por todos os macacos.
Quando um macaco tentou subir pela quarta vez a escada, seus companheiros de cela o puxaram para baixo e o bateram com tapas, rasgaram sua pele com mordidas o intimidando tanto que o macaco ficou largado em um canto da jaula. Quase chorando de medo.
A partir dai, alguns dias depois, outro macaco tentou de novo. O resultado foi ainda pior. Os outros macacos quase o mataram. Ele precisou ser retirado da jaula e tratado separado.

Os cientistas colocaram então um macaco substituto dentro da jaula. Ele não conhecia essa dinâmica social da proibição da escada e assim que percebeu as bananas, ele correu para a escada. Esse macaco foi morto por seus companheiros.
Outro macaco foi adicionado a jaula. Outro que não sabia de nada e esse só não foi morto, porque os cientistas usaram dardos tranquilizantes para acalmar a macacada.
Acontece que enquanto a macacada dormia, os cientistas tiraram as bananas da jaula. Quando acordaram, os macacos continuavam se comportando da mesma maneira. Qualquer um que chegasse perto da escada era esculachado pelos outros 5. Alguns dias se passaram e os cientistas retiraram então outro macaco dos 5 originais que sobraram (não perca a conta, eram 6 originais mas um já havia sido substituído). Então, os cientistas retiraram um dos 5 originais e adicionaram outro novato. O novato viu a escada e deu pouca atenção a ela. Mas assim que ele se entediou e a tocou, dando a entender que poderia subi-la, tomou tapas e mordidas dos outros, novamente. Os cientistas retiraram então mais do dos originais deixando 3 originais e 3 macacos novatos, o mesmo aconteceu. O processo continuou até que somente um dos macacos que tomava água fervendo sobrou. A escada ainda era terreno proibido. Qualquer um que chegasse perto, ouvia gritos e tomava tapas e mordidas.
Por fim, os cientistas retiraram o ultimo macaco que fora machucado quando qualquer outro chegou perto da escada. Ou seja: os 6 macacos que se encontravam agora dentro da jaula nunca foram atacados por água fervendo, assim que algum deles tentava subir a escada.

Mas a mesma dinâmica continuou.
Toda vez que algum macaco chegava perto da escada, os outros o atacavam com gritos e tapas.


Qualquer semelhança com a nossa sociedade não é mera coincidência.

Eu acho.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Nossos dias em 147 letras.

Amanhece noite.
Anoitecem dias.

Corre o sol.
Oi lua.

Sopra brisa.
Passando tempo.

Envelheço.
Catavento.
Palavras faladas.
A escrita dita.

É poeira.
Somos cinzas.
Sendo passado.
Ser é humano.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Um dia desses.

Em um dia qualquer desses, que a gente vive e se esquece. Eu vou te lembrar de que a terra é um grão de poeira no universo. De que somos mais ignorantes do que sabichões. E de que as nossas vidas vão acabar igualzin a vida de todo ser vivo que já viveu e morreu nesse planetinha esquecido por Deus.
Nosso endereço galático, provavelmente é: Planeta terra, via lactea - fundos.

E tu aí tentando fazer parte da alta sociedade da tua cidade.
Um dia desses, a gente se lembra de que o baile de debutante não importa mais do que o desespero que um pai de família sente ao não poder pagar as contas no final do mês.
Um dia desses, entendemos que o breve momento que vivemos aqui, apesar de realmente bem breve, é mais importante que a nossa felicidade instantânea Tang de laranja.

Um dia desses a gente aprende a ser menos ruim uns com os outros, sem motivos aparentes. E deixamos de lado o que achamos de nós mesmos.
E aprendemos a sorrir mais.
A conversar mais.
A acreditar mais.

A ser melhor do que já fomos. E não do que os outros são.

Um dia desses.
Em qualquer um desses dias aí.
Desses que a gente vive e esquece, para nunca mais saber que viveu.
Como se fosse sonho.
Como se não fosse.