quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Quem faz. Quem não faz. Quem disse que faz, e faz. E quem disse que faz, mas não faz. Todos vocês.

Na linha da vida, enquanto o cursor do tempo corre feito o clipe da Lauryn Hill, somos animações 2D pretas e brancas. Nosso render é SD. Nossa direção foi ruim demais. E não há de forma alguma continuidade. Acredite em mim nobre idiota, você vive mentiras demais. O mundo é assim mesmo, eu já disse isso antes: a fossa do universo. E seguimos perseguindo a felicidade feito um clipe de orçamento milionário com beats de 600 bilhões de dólares e pessoas lindas dançando em slowmotion. 
Nada, absolutamente nada, mudará o fato de que somos irrelevantes a vida. E por mais que nossas lagrimas caiam sempre que choremos. Nossa tristeza é burlesca. Redundamos por esse planeta, como tambores sem peles. A espera de um sinal que não precisamos envelhecer. Como uma criança que resolve não envelhecer. Ou como um jovem que nasce velho.

Nem tudo que brilha sempre será ouro. Eles me disseram. 
Me diga o que você sabe sobre sonhar ? Aposto que nada. Você sonha com dinheiro, com viagens e apartamentos na beira da praia. Tudo que você pode fazer com seus sonhos, é compra-los. E nada mais triste pode ser feito com um sonho, além de compra-lo... Me diga o que você sabe sobre a vida ? Aposto que nada. Você se enjoa do seu círculo de amigos como quem se enjoa da roupa que usa todo dia. Você é triste e se esconde atrás de uma máscara sorridente só para achar que é feliz. Você não tem amigos na verdade. Você é solitário e triste demais para se permitir ter amigos. No fundo, você não sabe te-los. Me diga o que você sabe sobre a morte ? Aposto que nada. Você foge dela como o diabo da cruz. Como o fogo da água. Como o ignorante da verdade. Você é um ignorante que foi afogado em poço fundo demais para sair sozinho. Foi retirado e reacordado. Seu papai e sua mamãe lhe deram um tapinha nas costas e disseram:
"- Vai filho, seja feliz".
E você achou que conseguiria.

Aqui, na virada da maré eu te reencontro só para tu perceber que não vais conseguir.

Só para tu perceber, que você não sabe nada Jon Snow.

"Saiba o caminho é o fim mais do que chegar." ;D

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dialogando com o vento.

Escrevi isso em uma máquina de escrever. Daquelas que são verdes azeitona, com teclas cinza enferrujada e uma alça para carrega-la.
Vai ver, foi por isso que deixei essa letra assim. Tão feia quanto o texto é ruim. 

O vento me soprou um dia inteiro. Foi do começo ao fim. Lembranças de amigos distantes, de pessoas que foram embora e de criaturas imaginárias. Vi figuras enormes, feito ursos de pelúcia monstruosos que caminhavam pelos dias do meu passado. Um duocórnio. Uma cobra com asas. E uma mão com quatro dedos e um rosto na palma.

Tudo que eu peço, é que seu joelho seja dobrado. Me foi dito. Mas não, não o dobrei. Morro livre antes de arrependido. Melhor assim do que um louco varrido. E tantos são eles, os loucos. Quanto mais sãos pensam ser, piores se tornam. O silêncio é profundo. Mas ao bom ouvido, o grito se escuta. Mudo e intrépido, mas ávido e bonito. Como sorriso distante. Como antigo feitiço. Como acorde em sétima menor. Com menos tempo, eu diria: me leve daqui pássaro gigante. Mas não hoje.
Hoje eu me calo e acompanho. Eu sigo. Eu vejo. Eu ouço. Eu venço. Obrigado, eu digo. Nada, escuto. A noite congela. E o dia muda o assunto.

Pé descalço no barro. Mundo girando, sempre tão rápido. Musgo nos ombros. Paranho nos olhos. Sinto meus dedos rangerem. Me dói a alma. Me dói o existir. Me sinto além de mim. E sopra o vento. Sem sentido. Como um carinho de ponta dos dedos nas costas. Me arrepia a pele e ergue os pelos. Me treme a calma. Me acalma a vida. Muda o gosto. Desfaz os rostos. E me abandona. Em paz. Sem paz. Nunca mais. 

Sem mais.
Sempre mais.
Até, mas, não mais.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Soneto, à solidão.

Doce amiga, onde tu estás ? Eu perguntei à calada do breu. Para onde tu foi ? Te procurei nas xícaras de café, nos sorrisos da rua, nos apertos de mãos e nos olhares das almas nuas. Para onde tu foi ? Ouvi o eco ou perguntei novamente ? Minha mente me engana. Truques silenciosos na escuridão. Suspiros em minhas costas. Sobras de sentidos pelo chão. Vejo um mundo com uma prisão. O albergue da vida. Onde tu estás ? Sinto o frio do medo. Da dor que antecede o que sempre vem muito cedo. Aquilo que postergaríamos se houvesse a chance. Se soubéssemos como. Se.
Nesse barco solto sobre o mar da vida. Com os ventos que uivam nossos dias. Eu imaginei, a terra é o barco. O universo o mar. A morte é a vida. Com caminhos que só nos levam a descaminhos. Minhas unhas quebradas e meus sonhos partidos. Com cabelo branco eu continuo em busca do sentido. Como um cego com uma lanterna na noite chuvosa, gritando pela solidão em rima e prosa. 
Não há espaço para mais disso. E sempre haverá espaço para um pouco mais de tudo. 

Doce amiga, onde tu estás.

Estou sozinho. 

Sempre só pra solidão.
Sempre sopra solidão.
Nessa direção.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012


O terror de se esquecer da linha
que se segue.

Na noite que cai.
O dia que se ergue.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Eu quero tchú ? Eu quero tchá ?

Me dói ver isso.

No peito, nos ossos e na alma.

Com meu dedo em riste eu digo:

silêncio ó silêncio, me muda a feição do rosto no tempo. Carrega minha vida e tudo que há nela ao relento. Abandona a boca que grita só vento. Silêncio ó silêncio, ergue tua espada e brande ao Universo. Teu mais profundo e incorruptível, silêncio.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Eu sei ei ei ei, ei.

Como no fundo de um poço. Com os pés imundos em lodo. Apoiando as mãos nas paredes frias e lisas. Como os passados dias de toda vida. Olhando para o buraco do céu. Cinza e pequeno como um anel. Lá de cima, dá pra ver as nuvens. Correndo. Alheias a tudo que já fomos. E fizemos. Parece estranho ser assim, e é. Mas não tanto. Só esquisito como saltar de um precipício para se perceber, que caminhamos sem pés. Caindo. Até o chão nos abraçar. E por 3 segundos, sentimos as madeiras que são nossos ossos. Envoltos em músculos rígidos como músculos podem ser. Se partirem. E o som da onda que quebra no mar, nos recorda do viver. Do deixar. E do morrer. E por três segundos, nos vemos pequenos na praia de areia arenosa, como um filme 8mm tecnicolor, batendo sob a bitola que o registra. Dando saltos e mostrando queimados nos cantos da tela. Enquanto meu pai corre atrás da minha mãe. E quando os dois se abraçam, tudo é camera lenta. O sol se lembra. O céu se deita. E voltamos a ter os pés abraçados pelo chão. Com as juntas de nossos joelhos vazando sangue e água transparente amarelada. Quando nosso corpo cai moribundo. E sentimos que nossas coxas entraram em por nossos intestinos como lâminas cegas cortam um corpo feminino. E são fezes que sobem a nossa boca. Com gosto amargo e profundo. Denso como comida estragada. Preparada com todo carinho do Universo. Com todo carinho do mundo.

Do poço fundo.
Ao fim do tudo.
Antes que o nada se mostre intermitente.

Antes que os dias acabem e comecem novamente.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nós dois.

Balançamos nossas pernas como se soubéssemos para onde vamos. Como se soubéssemos o que está acontecendo.


Tenho uma novidade: você leva suas pernas até ali. De lá em diante, suas pernas levam você.


Pera aí !
Eu disse que você leva suas pernas ?
Será ?