quinta-feira, 14 de julho de 2016

O relógio da chuva.

De rompante, o hoje virou ontem. O tempo flutuou para o longe. E sabe-se lá, onde esse longe há de chegar? O incerto, virou certo. O correto do inverso que o estranho, conheceu. Se esqueceu. E quando encontrou, se perdeu. Confundido continuou caminhando. Nossa alma é pedra, a carne é pano.
Em um mundo de fantasia, a realidade imita a arte. E a vida imita quem?
De tudo que nós fizemos, a única certeza é de que nada é certo.
E todos somos,

ninguém.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Forasteiro, de flor e cheiro.

Dia cinza, longas datas se passaram. Eu nem aqui. Talvez você nem aí. E a gente, acabou que nem foi. Ficamos sós? Quem fica só? Ninguém sabe pra onde ir. O caminho chama, e vai quem foi. Fica quem está. Tudo é presente, já disse e me repito. O mundo gira sem parar, por nem um minuto. Todo dia é dia. Toda noite é escura. Sobe o sol e descem tantas luas. Voa um pássaro para o ninho. Foge outro querendo ficar sozinho. E as ondas dos oceanos que nunca terminam. Sempre indo e vindo. Dando sentido ao fluxo contínuo. Ao eterno mover do que é vivo. Seja a folha que dança ao vento. Sejam as pernas que dançam a música em hipnotizante movimento. E as gotas da chuva que te molham. Rasgam o céu em silêncio. E explodem em destempero. Criando poças e fazendo correr as moças. Abrindo os guarda-chuvas. Encharcando as roupas nuas. E escorrendo para além de onde nossos olhos veem. Descendo fundo na terra. Por entre as rochas, raízes e cadáveres. Até onde é estranha ao mundo. Onde não é mais água. Mas é vida. E assim é sugada e consumida. Subindo em forma de flor. De cheiro. E sem ter fim, se torna despedida. Todo adeus é um novo começo, nos ensinam.
Como flor. Secando. Cheirando. Do começo ao fim e ao começo.

De flor em flor, me despeço. Me despedaço. Me esqueço. Me lembro. Me termino. 


E me começo.