domingo, 24 de janeiro de 2016

A vida que escolhi.

Como quem vê um filme, eu assisto o mundo pela janela. Os carros e as motos correndo apressados ao seus destinos distantes. As pessoas preocupadas com seus assuntos tão importantes, caminhando, falando, pagando e comprando tudo que podem. Sempre imagino como seria o mundo sem o ser humano. Todas as árvores que deixariam de ser cortadas, todas as aves que não seriam proibidas de serem aladas. Tudo que seria tão diferente, e que ficou assim. Com essa ferida de asfalto quente. Com essa crosta de cimento duro e seco. Com tanta fumaça e barulho. Cedendo esse curto espaço para que o mundo seja mundo. Do jeito que seria se não tivéssemos tanta sede, tanta fome, tanto medo e tanta raiva. O bicho homem é engraçado. Mas um engraçado triste e insensato. Vivemos esse curto dia que é a nossa vida, como se ele fosse eterno. E quando chega o por do sol do nosso viver, choramos as lágrimas que foram guardadas por toda manhã e tarde. Dizemos que a vida é injusta. Que não existe um sentido. Que somos a razão de tudo que acontece nesse planetinha distante do resto da galáxia povoada. Enquanto isso, longe dos pequeninos espaços que ocupamos nessa terra de Darwin, a água corre cristalina e livre por entre as rochas ancestrais que já estavam aqui muito antes da gente. Cavalos cruzam uma campina coberta de gelo, ao amanhecer de um dia de inverno. Mares de folhas se movem ao prazer do vento com a sincronia visual que os computadores mais velozes dos homens dificilmente alcançariam. No alto de uma alta montanha, longe do mais alto dos prédios humanos, a neve se acumula formando padrões que nunca nenhum de nós verá. E na profundeza do mais profundo oceano a escuridão é tão intensa que os que lá habitam produzem suas próprias formas de iluminar o caminho. Com lâmpadas literais balançando de seus corpos, como em um dos nossos filmes de ficção. Só que de verdade. Sem 3D, sem animações de alta complexidade e sem a direção de um humano.
Convenhamos, humanos não dão direção alguma.
Nós só fazemos do mundo um lugar cheio de falta de tempo. E é só.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Reververbo.

Na falta do nome.
A chama acende, chamado.
Na distância do acerto.

Percebo:
quem é errado?
Ser-se verbo, é.
E, se não for.
Põe de lado.