terça-feira, 19 de junho de 2012

The end is not near - Band of Horses

Por mil anos ouvimos falar sobre as terras além das Montanhas Altas. É bem possível que se elas se chamassem Montanhas Baixas, nós tivéssemos tentado atravessa-las. Mas não tentamos. Não, nós realmente não tentamos. 
Aqui em nossa terra, faz um frio bastante perverso. A neve as vezes soa como uma espécie de música macabra. Contamos histórias aos nossos netos e aos netos deles, sobre criaturas de sangue frio, finas como folhas de papel e grandes como grandes Olmos primaveris. Lhes contamos como tais criaturas tocam músicas ancestrais em suas flautas de pedra para chamar a neve e a morte. Dizemos que o frio é como um prelúdio do fim. Como uma aviso para que não deixemos nossos bebes sozinhos, para que fiquemos juntos e armados, para que não saiamos de nossos tetos. Para que esperemos.
Por mil anos tem sido assim. Até agora, quando todos estamos juntos ao redor da grande fogueira sobre a laje de pedra, no centro da vila. Na tutela do regente e do ancião. Que nunca são do mesmo sangue. Para que a vila sempre receba a melhor orientação possível... Para que a vila sempre sobreviva ao próximo inverno.


Aqui. Hoje. Agora, enquanto comíamos e conversávamos, um batedor da Borda soprou o corno e avisou da presença dele. Um estranho com cabelos claros e barba curta... O rosto queimado pela neve. Magro e aparentemente, sem dormir por dias. Ofegante e de pé com muito medo nos olhos... Ele chorou, e as lágrimas que correram por sua face foram vagarosas e assustadoras. Tentou falar em uma língua desconhecida. Tentou de novo em outra. Novamente em outra língua...
Até que o ancião respondeu. E os dois falaram por instantes breves.
Quando pararam, o estrangeirou caiu sobre seus próprios joelhos e adormeceu. As mulheres e dois caçadores o tomaram pelos membros e o levaram. Vão ajuda-lo, sem dúvida.
Todos olhamos para o ancião, que encarava o fogo. Semblante sério. Nenhuma sombra de reação.
Ele disse algo em uma língua que ninguém entendeu. Parou. Ergueu os olhos, movendo a cabeça suavemente entre todos nós... E disse:
"- Chegou a hora de irmos embora."

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