segunda-feira, 28 de maio de 2012

O homem tem um lobo para o homem.

Lá dentro da caverna que construí, habita um lobo gigante. Uma besta terrível, de fato... Presas do tamanho de mãos adultas. Olhos vermelhos borrados com sangue. Pelo sujo e com tranças em nódulos grossos de quem nunca se banhou em água... Ele caminha de cabeça baixa, com os músculos das patas retesados. Pronto para o salto que termina no chafariz de sangue da vítima. Mas não agora...
Agora ele espreita na calma. Ele observa o teu movimento lá de dentro. Sem pressa. Analisa teu padrões. Respeita teu momento. E tu vive, por força de vontade ou obrigação, na campina verde dos pôneis da alegria. Com girassóis cantores e duendes engraçadões e amigos de todo mundo. E lá tu caminha e cantarola. E saltita feito um viadinho. Feito um homenzinho importante entre os seus.
O lobo sabe que a chuva se aproxima do teu céu. Que nuvens negras se formarão. Que as taças se quebrarão. Que teu sorriso logo será substituido pelo nojo que é teu viver, transmutado nas tuas ações. E logo, vais querer ir a outro lugar. Ir para um lugar melhor. Mais alto. E de novo, vais dar as costas a tudo que é adulto e importante. Buscando proteção no escudo alheio. 
E é nessa hora, seu merda, que o lobo sai da caverna. Ele caminha até a linha da sombra com passos calmos. Respiração controlada. Não ofega. Não sua. Não tem medo. Seu objetivo e tudo que ele faz nesse exato momento, tem um único caminho: cravar dois pares de presas em tuas jugulares. Sacudir a cabeça com a rapidez de uma chuva de verão. Largar. E partir.


Talvez seja em breve.


Talvez demore.


Por hora, o lobo espera.


Por hora, o lobo só espera...

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