sábado, 14 de fevereiro de 2015

Na dúvida: nós gostamos de você.

Eu sou da geração que nasceu analógica e virou digital no meio do caminho. A gente procurava livro em ficheiro, brincava com comandos em ação ou de barbie dependendo da relação X e Y. E principalmente, quase todos nós temos o momento em que encontramos a linguagem binária além do Atari.

É um pouco complexo de explicar, mas o mais legal não era ninguém ter celular (que nem seria legal...). O mais legal era ninguém ter vontade de olhar para o celular. Tipo aquele novo estereótipo do casal falido que sai pra jantar e fica cada um deitado na sua rede social. Separados por um mar de bits e pixels. Tirando férias separados, sabe-se lá do que...

De qualquer forma, nos anos 80 e por boa parte da década de 90 as coisas eram assim. Mais lentas, de alguma forma. E parece que daquela forma, ninguém parecia se importar. Como se o carro não tivesse ido rápido ainda... Eles estavam felizes viajando de bicicleta. Aí uns jovens apareceram com o avião a jato e tudo mudou.
Não que tenha melhorado ou piorado. Mas definitivamente mudou.

A sensação que eu tenho, as vezes, é de que a vida perdeu um pouco do seu mojo. Perdeu aquele charme de não existir o Tinder. De dançar sem ensaio. De desfile de carnaval sem coreografia. Perdeu o tempo da bola e chutou o ar. Parece que a vida azedou um pouco e dormiu na virada do reveillon sem contar nem o 3, 2, 1... Antes não era só mais devagar. 

Antes também era mais intenso.

Não era mais perto, demorava. 
O que hoje, as vezes, é mais longe apesar de ser mais rápido.

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