quarta-feira, 11 de março de 2009

Pablo Neruda e a Terra das Sombras do meu apartamento

O insólito me visitou de madrugada. Conversamos sobre nossas vidas.
"- Sou pássaro preso em gaiola" - ele disse - "dependo da boa vontade das imaginações alheias para existir..."
O insólito flutuava enquanto falava. Alí parado na janela da minha sala eu o ouvia dizer:
"- É como se eu não pudesse existir de fato. Como se fosse um verme de caixão. Esperando a boa vontade do ser humano para me alimentar. Estou cansado dessa vida."
Entre um gole e outro eu ficava imaginando para aonde ele iria quando fosse embora.
"- Você conhece Pablo Neruda, Insólito ?"
"- Claro ! O odeio !"
"- Pois eu o adoro !"
"- Isso é porque, tens ossos, carne e pele... Eu não ! Eu sou um "algo". Nem entendido, sem mentira e sem verdade... Não tenho porque gostar dele. De suas questões. De seus longos e intediantes ensaios sobre a conduta de um viver..."
"- Tais um saco hoje hein ?"
"- Não me perturba que me vou... sabes disso ! Por sinal, só estou aqui porque tu me convidou. Por perturbada que anda tua imaginação me convocaste a conversar..."
"- Isto é verdade..." - concordei embaraçado.
"- Tudo bem. Realmente Pablo Neruda e eu temos nossas diferenças... Me desculpe."
"- Será que eu consigo escrever um texto que fala sobre a falta de solidez me pedindo desculpas ?"
"- Duvido muito..."
"- Concordo contigo."

"A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas."
(Friedrich Nietzche)

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