terça-feira, 10 de março de 2009

Eu vi !

Eu sei que vi.
Meio torto, borrado e sujo.
Estava alí.
Não tinha asas, nem era bonito.
Mas sorriu pra mim.
Eu sei que vi porque senti o cheiro.
Ninguém mais me entendeu dizer.
Falei em silêncio, quem poderia entender ??
Dificil é fingir que nada é nada.
Que o mundo gira feito pá furada.
Que abraços terminam e a faísca é apagada.
Mentira lavada !
Eu sei que vi.
Passou bem rápido.
Fez ar de formosa.
Fechou a cara, mas ficou prosa.
Senti o cheiro e pude ouvir bossa nova.
Pensei ter sido só comigo, eu sei.
Me dei o título de único Rei.
Vesti capa de veludo e coroa de ouro.
Mandei matar os videntes que viam mal agouro.
Tropeçei e caí.
Alí no chão me lembrei convicto:
Eu sei que vi !
Retina maldita que carrega a visão.
Se fosses uma foto ou um quadro, eu te teria nas mãos.
Não se apalpa os olhares que a vida te dá.
O silêncio é pesado e podes pesar.
A fala é navalha, é simples sentir.
Um gesto é flor, qualquer um pode ouvir.
Beijo de amor, despedidas não tem tchau.
Mas se o olhar te aplaca com força.
É pior que carrasco de forca
Não te dá nem final...
Tu fica sem ver, surdo e atordoado.
Olhar é onda violenta que quebra do teu lado.
Arrasta pro fundo e não deixa sair.
Te deixa sozinho pensando.
Te faz refletir.
Se demoras um poquinho, coisa banal.
Perdes o trem e ficas sem o tchau.
Passa o ponteiro não sobra ninguém.
Eu sei que vi.
E tu também...

Sem comentários:

Enviar um comentário