terça-feira, 21 de abril de 2009

Ouvindo Sunday Smile - Beirut

Vem feito tapa na cara. Rápido e imprevisivel. Te acerta, seco e silêncioso. Sem "com licenças" ou "por favores". Atravessa tua fronteira e invade teu castelo sem titubiar. Sem acanhamento, desorganiza teu horizonte e reorganiza tuas falas. Te transforma no que tu és, mas não queres ser. Naquilo que escondes de todo mundo, principalmente de ti mesmo. Te julga culpado, te considera pior. Sorri sarcasticamente. Parte teu coração. E vai embora como um amante pouco interessado no futuro. Te abandona, é verdade. Te larga como um copo plástico usado. Como um "outro qualquer". Sem desculpas. Sem sentimentos preocupados. Sem o mistério do romantismo ou a honestidade da sinceridade.

Não é a chuva. Ela é uma boa companhia.
Nem um antigo amor. Nenhum deles conseguiria produzir tanta balbúrdia.
Não é o silêncio da solidão. Ela comprou um violino e agora nos apresentamos aos Domingos.

É um filme em preto e branco.
Um daqueles oceanos gelados que temos na cabeça.
Uma cidade que acabou de passar pela guerra.
Nos vimos a liberdade virar pedra.
As casas de homens se transformar em sonhos.
E quando nada mais parecia certo, quando o mundo era um jardim feio e mal cuidado. Sem flores. Quando tudo deixou de ser tão importante.

Eu entendi: pra quem olha só pro chão, pouco importa se o céu é azul de brigadeiro ou não.


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