sexta-feira, 17 de abril de 2009

Não existem coincidências.

Minha mãe me disse que se sente bem pela forma como educou seus filhos.
Ela disse isso e fez uma pausa olhando pra vazio. Com seu rosto sério. E por um instante eu ensaiei ficar triste pelo seu comentário bucólico. Por ver que ela percebeu que, finalmente está aproximando mais do final da tarde da vida do que do raiar de um novo sol...
Mas antes que eu pudesse realmente ficar triste, ela sorriu. Um sorriso sincero (eu conheço os sorrisos dela). Me olhou e repetiu:
"- Eu tenho orgulho de ter educado vocês três. De não ter repreendido todas travessuras. De ter deixado alguns vazos se quebrarem e algumas paredes serem pintadas sem reclamar. Sem dizer que vocês estavam errados o tempo todo..."
"- Obrigado mãe !"
Eu agradeci pela chance de quebrar coisas e pintar paredes sem ser repreendido. Ela me observou falar sorrindo e me beijou a cabeça depois.

Não existem coincidências. Eu sei. Ontem ainda, eu falava pra uma amiga que quero desenhar uma parede do meu quarto novo. Meu traços são tortos e estão longe de serem considerados profissionais. Minha lógica pra quadrinhos é bem manca e qualquer um pode olhar pros meus desenhos e dizer que não estão bons. Tenho plena conciência disso.
Mas eu realmente acho que vai ficar muito legal : )

Tive uma irmã que não cheguei a conhecer. O nome dela era Iara. Ela não tinha o movimento das duas pernas. Vivia sobre uma cadeira de rodas, mas sem perder o sorriso. É o que todos na família contam. Ela foi uma das primeiras filhas do meu pai. A Iara cantava no Teatro Carlos Gomes e tocava piano muito bem. Ela gostava de ler e desenhar. E não conseguia desenhar meninos...
Eu não conseguia correr direito, quando era pequeno (por causa das pernas tortas e das botas de ferro). E jamais consegui desenhar meninas...
Eu vou desenhar uma parede do meu quarto. E na próxima vez que minha mãe estiver lá em casa, vou perguntar oque ela achou !?!





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