terça-feira, 13 de setembro de 2011

Uma mensagem vinda do futuro.

(Inspirado em fatos imaginários)

" Chovia, porque sempre chove. Na verdade eu não me lembro da última vez que não choveu... Apesar de não gostar dos dias chuvosos, sempre fui muito atraído pelas noites com chuva. E como na maior parte do dia eu estou trancado em meu quarto escuro dormindo, isso é bom !
Eu havia acordado de forma abrupta naquela noite. Acendi rapidamente um cigarro e passei minha mão esquerda pelo rosto. Me lembrando que precisava raspar a barba... em breve.
Saí caminhando pela rua em direção ao Dragão Negro. Um pub que ficava embaixo de uma loja de quinquilharias próximo ao centro da cidade. Um lugar para desajustados, cornos, filósofos ruins ou bons demais para o sistema, putas e bebados. Ou seja, meu tipo favorito de gente.
Estava sentado no balcão, fumando o segundo cigarro da noite quando um homem se aproximou de mim.
Ele parou do meu lado e tossiu. Tentando chamar a atenção.
Não movi um músculo e repousei meu cigarro sobre o cinzeiro ainda o segurando com a mão.
O homem sentou-se a uma cadeira de distância e pediu uma dose dupla de whisky.
- Puro por favor, Nilton ! - falou ele com segurança.
Nilton era o barman. Nos conheciamos a um bom tempo e pude perceber que ele estranhou o fato daquele homem saber seu nome. Apesar de trabalhar em um bar, madrugada após madrugada. Nilton era um homem reservado e com certeza jamais tinha visto aquela pessoa antes...
O whisky chegou. E depois de um gole ele me olhou por alguns instantes e disse:
- Eu tenho uma carta pra você.
- Não estou interessado amigo... - respondi rapidamente.
- Eu sei. Mas você vai ficar...
- Eu disse que não estou interessado, AMIGO ! - respondi grosseiramente.
- Foi você mesmo que a escreveu.
Parei.
- Você a escreverá daqui a 30 anos. E me pediu para entregar-lhe... Eu voltei só pra isso.
Olhei espantado. Era louco sem dúvidas. Doente mental, drogado ou um desses esquizofrênicos fugitivos que fez por outra são recolhidos dessa espelunca por dois pares de policiais.
- Sei. Que interessante ! Nilton... me dá uma dose do que você serviu para ele, por favor ? - o barman sorriu simpáticamente.
- Ironia ! A história da sua vida... Eu tenho como provar...
Me virei e o encarei rapidamente. Esse é o momento onde o esquizofrênico se entrega. Quando ele descobre alguma falha em seu próprio plano. por isso vale a pena ouvir. Pra poder manda-lo embora...
-Tem né ?! Como ??? - permaneci o encarando...
- Duas coisas: a primeira é que você espera que eu pise na bola. Exatamente agora você ouve minhas palavras buscando uma inverdade ou uma falha. Uma brecha para poder me etiquetar como desimportante ou mentiroso na tua cabeça e assim poder terminar tua cerveja e teus cigarros antes de voltar pra casa e dormir. E me esquecer.... Mas não vai acontecer. Sinto muito.
Ele estava certo, acho que arregalei os olhos.
- E segundo, você guarda seu dinheiro em caixas de charutos dentro de uma parede do banheiro. Junto com uma carta de suicídio e uma carta de despidada. Na qual você pede que escrevam em sua lápide: "Desculpem-me por não levantar...".
Ele está certo. Ninguém sabe disso. Esse foi um dos poucos segredos da minha vida que jamais dividi com ninguém. O conteúdo da minha carta de suicídio, da minha carta de despedida e onde escondo meu dinheiro.
Mas ainda assim esse homem não pode vir do futuro... Isso é impossivel !
- Você me pediu pra depois de te falar isso, dizer: "- Sim, este homem veio do futuro. Ouça-o !"
Calei-me.
O homem sorriu dizendo:
- Fico feliz que tenha funcionado ! Vou lhe contar o que sei: O futuro é um lugar horrivel. A guerra pela água potável disimou a população mundial e os paises de terceiro mundo foram praticamente, todos invadidos. Uma guerra de proporções catastróficas se abateu sobre a Europa. Destruindo alguns dos principais centros comerciais e economicos do Planeta. A Africa sucumbiu em pestes incuráveis e a única potência que ainda se mantém é a República Unificada da China. A chamamos de RU ! O chineses estão em todos os lugares, já são mais de 80% da população mundial. Se multiplicam como coelhos... Nossa tecnologia supriu a falta de petróleo. Mas o plástico e a borracha são produtos caros. Assim sendo, a sociedade regrediu décadas e precisou se adaptar com novos estilos de vida. Carros antigos, outros tipos de calçados e vestimentas, embalagens para alimentos, produtos médicos e nenhum papel... por exemplo.
Os mesmos cientistas que começarão a prever este cenário, nessa realidade, em um ou dois anos. Agora falam da total extinção humana em menos de duas décadas.
- Que merda ! - respondi.
- Sim, você não imagina o quanto... - ele falou sério. - Mas não termina aí ! Infelizmente...
Acendi outro cigarro e fiz sinal para que continuasse.
-



Rascunho publicado

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