sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ouvindo: Indefinitely, Last Train, Flowers in the Window, entre outras...

"O que eu faço pode ser uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano será menor."
Minha irmã me deu bom dia por email assim hoje. Achei legal : )

Ele abre vagarosamente os olhos. O sol já havia entrado. O quarto estava claro. As cortinas abertas e suas roupas de ontem, jogadas no chão. Antes de pensar em levantar, ele enche os pulmões de ar. Quando termina, percebe que junto com todos os litros de oxigênio aspirados ele trouxe pra dentro de si um odor diferente. Vira a cabeça pro lado enquanto sente o ar sair por suas narinas.
- O cabelo dela é tão bonito. - ele pensa sorrindo.
O tempo para por um instante. As cortinas parecem se mover mais lentamente contra a força do vento. Os carros lá em baixo fazem menos barulho. O sol manda alguns raios que lembram um final de tarde despreocupado em um domingo. Ele sente a própria respiração. Em movimentos suaves. O mundo parece um lugar melhor daqui.
- Bom dia - ela diz.
Ele sorri e responde:
- Bom dia... - e deita a cabeça sobre o ombro dela.

Em algum lugar do planeta, alguém da play em um iPod na música Safe - Travis.
Essa pessoa que mora em um continente diferente do que eles estão e não sabe, mas acabou de adicionar uma trilha sonora a esse filme.

Uma camera pelo lado de fora do quarto, precisaria estar em uma grua com pelo menos 20 metros de braço para conseguir cumprir o movimento que o roteiro pede. Ela enquadra a janela com as cortinas abertas e o casal dormindo abraçado. O operador move o anel do foco um pouquinho pra trás. Ele sorri ao perceber que o quadro está como deveria estar, no viewfinder preto e branco a cena parece perfeita.
- Podemos rodar ? - grita o diretor de fotografia ?
O operador faz um sinal de positivo com o polegar.
O diretor de fotografia verifica mais uma vez o monitor e dá o seu "ok" ao diretor, que está sentado em outra barraquinha, tomando um chá gelado de pessego e fumando um cigarro.
A camera começa a se movimentar sobre a grua. Suavemente. Ela faz um movimento lateral se afastando do quarto...
Alguém grita aos figurantes que eles podem começar a andar.
Todas as pessoas na rua começam a caminhar, cada um com um destino diferente. Carros, crianças, uma senhora levando seu cachorro para passear de manhã cedo.
A camera desce com maestria entre um grupo de figurantes que foram previamente instruidos para tal. E para. Fica nessa posição por alguns instantes.
Os carros levantam fumaça.
As pessoas desviam suas rotas para evitar choques involuntários.
Um homem, que está fora do quadro, solta alguns passarinhos para que atravessem a visão da lente.
É perfeito.
O diretor observa tudo em seu monitor, com seu cigarro, seu chá gelado e cercado de assistentes e investidores.
Ele sorri ao perceber que conseguiu.
Fecha seus olhos rapidamente e pensa quando era jovem. E sempre queria a chance de dirigir seu próprio longa. Por que dirigir um filme é como contar a sua perspectiva da história. É mostrar um pedaço de você pro mundo.
Alguém diz por cima de seu ombro direito:
- Parabéns, ótimo trabalho. Vai ficar muito bom.
Ele agradece com um sorriso. Se vira pro monitor e grita:
- CORTA !



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