quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O amor é filme e Deus um espectador.

Ontem, enquanto conversava com alguns amigos em um restaurante. Comecei a observar um casal sentado a duas mesas da gente. Eles haviam discutido sobre algo recentemente. Essa pelo menos foi minha impressão. Ele olhava pra esquerda, ela pra direita. Eles não se tocavam. Não conversavam. E aquilo parecia evidentemente não estar funcionando como deveria.
Cheguei a achar triste. Pensei que era uma pena... Depois, deixei meus pensamentos flutuarem sobre essa superfície imaginária da minha criação e achei que era melhor mesmo eles discutirem, porque se não estava funcionando era importante saber o porque. Em um terceiro pensamento eu continuei com pena ! Achei triste.
De repente. Do nada. Como se tudo estivesse bem na vida amorosa de Jonas e Arleide (eu dei nomes fictícios pra eles...), as mãos deles se encontraram. Elas sairam cada uma de um lado da mesa. A dele percorreu a Avenida dos Pratos sujos, dobrou a direita no Copo Semi-cheio e parou na Praça do Cinzeiro. A dela saiu de casa atrasada, veio pela rua da Toalha Amassada, pegou um pequeno engarrafamento na descida dos Talheres e viu ele lá, sentado na Praça. Sozinho, fumando um cigarro.
As duas mãos se aproximaram vagarosamente, e bem de leve tocaram-se. Indicador com indicador. A mão dele deslizou suavemente sobre a dela. E enquanto ele tomava todo o cuidado possível para não machuca-la ou assusta-la, e tentava ser compreendido por aquele gesto.
Ela sorriu.
Não foi uma gargalhada espalhafatosa (daquelas que eu normalmente desacredito). Ela não mostrou dentes. Só sorriu um sorriso simples em seus lábios vermelhos.
Ele demorou pra ver o sorriso dela, mas quando percebeu também sorriu.
A cabeça dela deitou no ombro dele e eles ficaram ali, de mãos dadas. Sorrindo. No meio de uma multidão de desconhecidos. Que se quer sabiam o que havia acabado de acontecer.
Eu também sorri. Achei, aquele caos controlado bonito. Acho que o Jonas e a Arleide combinam.
Eles deveriam ficar juntos, comprar uma casa na praia. Ter dois filhos e um labrador.
O amor é filme e Deus é um espectador...

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