terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

E o Oscar vai para...

"A vida toda pela frente, a bala vem pela costas..."

Eu não acredito mais no Oscar. Melhor dizendo: eu duvido do Oscar.
A partir de hoje, até o final da minha vida vou escrever oscar com o "o" minúsculo. Essa vai ser a minha pequena manifestação pessoal. Vai ser minha mini passeata solitária. (não eu não vou aderir a estética do Kanibaru Sinema).
Eu explico porque:
O oscar, existe desde 1929. De lá pra cá, muita coisa mudou. Acho que tudo bem, porque o cinema também mudou bastante. Novas tecnologias, a era digital, os temas antes não explorados, as idéias da platéia, as formas de direção e a internet são só alguns exemplos. Mas tem uma coisa que não é ligada ao cinema que mudou e acabou modificando a industria cinematográfica junto. A publicidade.
A publicidade influenciou o cinema de uma forma devastadora nesses últimos oitenta anos. Anúncios maquiados por roteiros, peças que usam personagens fora das telonas, a forma como se vende os filmes, fitas e discos e principalmente: o lucro dos estúdios.
Mas cinema é negócio, alguém vai dizer !
Eu concordo ! Trabalhar com cinema é uma forma de se ganhar a vida, tanto quanto impermiabilizar prédios, vender roupa ou viajar pra Lua. É sim um negócio. Mas não é um negócio. Existe uma parcela de se trabalhar com cinema que é arte. Ninguém chora ou gargalha impermiabilizando prédios. Ou fica com medo comprando roupa. O cinema toca as pessoas como bons livros e boas poesias. O cinema te transporta além da tua própria imaginação, te envolvendo com atmosferas não palpáveis de uma realidade fantasiosa. Fazendo com que tu te lembres "daquela" trilha ou "dessa" situação. O cinema te faz sentir o impossivel e o rotineiro ao mesmo tempo.
A publicidade deu aos estúdios algo que eles não tinham com tanta facilidade. O dinheiro. E da primeira vez que a Coca-Cola apareceu até o audi do Will Smith em "Eu Robo" foram centenas de centenas de milhões de dolares despejados nas contas da indústria.
Tudo bem vai... Qual a relação disso com o oscar ?
Simples !
De algum tempo pra cá, o oscar entrou junto nessa. A publicidade comprou ele e o encoleirou.
As indicações começaram a ser direcionadas com intenção publicitária. Com a intenção de publicitar filmes específicos. Que recebem artes de capas e de cartazes contendo: "Onze indicações ao oscar" ou "Vencedor do oscar na categoria Melhor filme 2009". E aí você está lá, imerso na sua ignorância sinergética, alugando um DVD e se depara com uma caixinha de filme que diz "Esse filme recebeu o oscar de: melhor filme, melhor diretor, melhor fotografia, melhor roteiro adaptado, melhor trilha, melhor mixagem de audio, melhor ator principal, melhor ator coadjuvante e melhor maquiagem". E pensa:
"- Nossa, esse deve ser o melhor filme da história...."
Afinal de contas, se foram tantos oscars quem é você pra dizer o contrário ?
E o aluga.
E o leva pra casa.
E o assiste.
E o odeia !
O filme é horrivel.
Uma história previsível.
Mal montada.
Cheio de erros de continuação.
Vazio.
Te faz perder 1h30 minutos da tua vida.
Te deixa mais burro.
Te ofende...
E tu foi mais um alvo do oscar. Fosse obrigado a engolir o que eles premiaram, por confiar no discernimento torto de uma academia pouco comprometida com a preservação da cultura. Que desconsidera outros cinquenta longas de ótima qualidade pelo simples fato de que eles não foram feitos na terra do Tio Sam. Filmes estrangeiros, que muito provavelmente, serão copiados por estúdios Norte Americanos, que utilizarão verbas astronomicas, tecnologias de última geração, e atores que parecem ter sido esculpidos em mesas de operação plástica para executa-los. Tirando toda a poesia da imperfeição original. Enlatando, formatando, invadindo e dominando sua cabeça...
Tudo bem, nem tudo que é feito em Holywood é horrivel. Eu não consigo dizer isso de forma sincera. O que me deixa triste é o fato de muita gente só conhecer o que é produzido lá. Culpa de quem ? Da publicidade.
É engraçado se você parar pra pensar que existem filmes feitos em Santa Catarina, em Blumenau, em Palmitos (você sabe onde é Palmitos ? Pergunta pro Peter Baiestorf e descobre...), em Lages e em vários outros lugares, que valem a pena serem vistos. Filmes que falam da nossa realidade, das nossas felicidades e temores. Filmes que retraram a nossa geração da forma como ela se desenvolve. Filmes que não tem contratos de patrocínio com a Coca-cola ou a audi. Mas que são sim engraçados, tristes, divertidos e tudo mais que qualquer filme feito na Floresta Sagrada pode ser.
Eu estou cansado de efeitos especias exagerados. Achei sim Homem-aranha 1 divertido, mas o único motivo pela qual ele terá 6.350 continuações é o dinheiro. São os jogos de PS3 vendidos. Os websites. As lancheiras dadas aos filhos. As fantasias infantis. Os contratos de desenhos animados. De produtos que continuem rendendo, mesmo depois do lançamento.
Eu posso estar sendo drástico sim. Mas estou cansado de premiações com "carros chefes". Filmes que recebem bem mais estatuetas que os outros. E todo pensa: "nossa, esse deve ser um filmão !!!!"
Pode ser, mas não obrigatoriamente é.
Vale a pena tentar fugir do comum. Tentar não ser igual. Tentar conhecer além do que eles querem que você conheça.
Existe decepção nesse outro Universo também. Nem tudo que é filmado e finalizado no Irã é lindo.
Mas pelo menos você vai jantar algo diferente de McDonalds com Coca-cola. Pelo menos você vai experimentar algo novo. Que você pode muito bem não gostar.
Mas sem dúvida não vai esquecer...

"Ele pensava ser invisível. Foi preso andando nu na rua XV."

2 comentários:

  1. "Nem tudo que é filmado e finalizado no Irã é lindo."
    MENTIRA...
    tudo o que é feito no irã é lindo sim!
    haahuhau

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  2. uau. é verdade, em muita gente nunca parou pra pensar desse jeito...

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