quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sigur Rós e um pouco de vinho no funeral da vida.

Gostamos de ver o dia nascer.
Nos lembra que somos pequenos.
Nos lembra do fim das coisas.
E durante aquela hora, onde quase tudo é roxo.
Sorrimos sem parar.
Os abraços são mais quentes.
O mundo não parece um lugar tão sórdido durante a noite.
Poucas pessoas vivem o suficiente pra ver além do mar.
Gigantes em seus castelos imponentes.
Acordes cheios em sol maior.
Uma camera presa em uma grua
desliza suavemente sobre um travelling.
E todos que ali estão prendem a respiração por aproximadamente 60".
Não 60 segundos, sim 60".
A orquestra da vida se ilumina e alguém chora em paz.
Não é um choro avacalhado, cheio de soluços e gemidos bizarros.
É um choro limpo, cinematograficamente alinhado.
Daqueles que tu ficas com pena de ver, mesmo achando legal.
A luz no rosto dela é suave, mas deixa uma sombra que grita:
"- Estou aqui"
E o diretor de fotografia toma seu capuccino satisfeito com um sorriso de canto de rosto, fingindo ter certeza de que acertou porque queria.
E não que a sorte o ajudou...
Porque na verdade ela o ajudou.
A sorte ajuda a todos.
Desde o nascimento até a morte.
Quando somos espermatozóides ele diz: "vc entra, vc não"
Quando soltamos nossos corpos ao infinito do nunca mais ela diz: "acorde, vc morreu !"
Perceba que me refiro a ela como ele as vezes.
É porque a morte não tem sexo.
No lugar do genital ela tem pele lisa. Mas ele não gosta que as pessoas saibam disso.
Por tanto agora que vc leu isso, ele deve estar chateado com vc.
Diga:
"- Me desculpa sorte" e sorria, as coisas devem melhorar.
Tudo melhora quando você sorri.
Quase tudo.
Praticamente nada.

Boa sorte.

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