sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Cigarros não farão o tempo passar mais devagar. Infelizmente.

O que ninguém diz, às vezes precisa ser dito. É engraçado como as vezes a vida se parece com um carro sem controle indo em direção a uma curva que termina em um penhasco. Essa frase é como deveria ser ? Não sei se existem tantos recuos possíveis no planeta do control+z. E eu, obviamente, não me importo com a estética do que escrevo.
Mas se nada for dito sobre o carro descontrolado. Sem que nenhuma marcha seja reduzida. Ou nenhum freio acionado. Bom, aí a vida vai se parecer com a morte. Na grande verdade, pintando um quadro maior. E sabendo que eu insisto nesse ponto: a vida se parece com a morte. Morremos de amor. Morremos de tédio. Morremos de dor. Morremos de rir. Morremos todo o dia, não só nas expressões arcaicas. Morremos literalmente de fato. Viver é morrer, digo. Quando comemoramos um aniversário a mais, também comemoramos um ano a menos nesse planeta. Eu sei, existem as vitórias, as paixões, os dias vividos e tudo mais. Viver isso tudo, por si só, já é motivo para se comemorar. Já é razão para sorrir. Mas ainda assim, meu ponto não é perdermos a paixão pela vida. E sem o ódio pela morte.
Lembre-se viajante, o que ninguém diz as vezes precisa ser dito. Mesmo que isso não seja uma frase seguida de um sorriso cheio de dentes. Ou de veneno destilado e guardado para a hora oportuna.
Todo dia o sol vem, mas nem todo dia realmente nasce. Eu pensei que não fosse assim. Pensei que o gosto de jiló não fosse tão amargo. Pensei que Dó sustenido bemol com a sétima em si fosse um acorde fácil. Mas nada é. Nem o acorde, nem nossos dias.
Todo passado persegue. Porque é isso que os passados fazem, eles perseguem. O futuro é tipo uma linda mulher egocêntrica. Chega a te enjoar de ficar olhando. Você tem seus objetivos, alcança alguns agora, outros depois. Mas o futuro sempre permanecerá lá, te colocando metas que não tens como atingir. Que sofres pra tentar esquecer. Até que um dia você morre e o futuro debocha de ti dizendo:
"- Falei que não ias conseguir..."
O presente é uma rotina que as vezes despiroca. Deixa eu falar sobre despirocar.
Despirocar é tipo, sair do normal. Ficar alterado. O presente é algo bom. É o pássaro na mão. O futuro seriam os dois pássaros voando. O presente é uma dádiva que mesmo que você não queira, precisa aceitar. As vezes.
E o passado ? O passado é um pentelho impertinente. Cheio de meleca de nariz pra fora das narinas. Com ramela nos dois olhos. Gripado. De ressaca. Mas que é um cara legal, que você não quer mais por perto. Mas e as boas lembranças ? Eu sei, eu sei. Boas lembranças todos temos. Mas se o teu passado é tão melhor que o teu presente... Pensa bem em comprar um DeLorean e voltar atrás. Não é nenhum final do mundo, o que te importa é ser feliz. Você sabe disso. Pense a respeito. Pense sobre voltar no tempo, você chegará lá.

Eu acredito que o ser humano tem uma capacidade de adaptação assustadora. É estranho como aceitamos aquilo que achávamos o final do mundo conhecido. Nossa sociedade responde a mesma altura. Nos dá mecanismos para incorporar nossas próprias ânsias. As vezes de forma correta, as vezes não. Mas a sociedade não é uma resposta singular. É uma resposta coletiva. É um conglomerado de opiniões, das quais o extrato público se considera a média aceitável. Tome como exemplo o homosexualismo. Até algumas décadas era demonizado. Hoje em dia ainda é, mas pelo menos os homosexuais podem tentar lutar contra seus inquisidores. É uma vitória. Pequena, mas é uma mudança.
De volta, nos adaptamos muito bem. Nos adaptamos a pobreza da rua. As pessoas morrendo de fome pelo planeta. Nos adaptamos a discórdia. A ignorância. A falta de amor próprio. Somos uma super raça de adaptadores anarquistas.

Vai ver que é por isso, que se vemos os carros de nossas vidas indo em direção a um penhasco. Nos adaptamos aos bancos e ficamos a observar o horizonte. Lembrando das coisas boas da nossa vida.

Deve ser assim...

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