terça-feira, 19 de julho de 2011

Canção de ninar para leitões.

Textos substanciais me confundem. Eu perco a linha e perambulo por esse labirinto tateando as paredes. Curvando meu tronco pra ver o chão. Tentando ouvir a brisa que me levaria pra fora daqui. É fácil tropeçar no limo. Pisar em insetos gosmentos. Bem de longe eu ouço um bumbo marcando o tempo. Como um barco de escravos vikings com um contra mestre que ordena o ritmo das remadas. Ele comanda meus passos.
"- Seria esse som, o coração do labirinto ?" - devaneio em silêncio.
Minha mente me engana. E textos substanciais me confundem. As paredes estão cheios deles. Escrita em elfo, anão, orc e algo mais. Todas palavras substanciais de quem passou por aqui. Antes de mim. Eu deveria escrever algo também. Acho um pedacinho de pedra ainda lisa. Bem no alto do corredor. Me ponho na ponta dos pés. Apoio a mão esquerda na parede úmida. Seguro minha faca como uma caneta. E escrevo:
"Textos substanciais me confundem..."
Um dia, um coral vai contar essa história. Vozes ao vento. E ninguém que ouvir essa canção vai sentir o gosto de merda que eu carrego na boca. Mas tudo bem. Acho que algumas coisas são assim mesmo. Uma bosta.
Frases prontas me dão nos nervos. Já sinto asco do meu próprio escrever, só por ter escrito "Acho que algumas coisas são assim mesmo..." Você leu. É.
Pensei numa internet pra analfabetos. A televisão domingo a tarde é uma internet para analfabetos. Eles são tipo canais de chat público. Terrívelmente afiados como estiletes de presídio. Perfeitos para os crimes que cometem, mas se comparados a outras laminas além dos muros da cadeia. Não são nada demais. São de marmelada. Não são de nada.

Mas também não posso julga-los. Meus próprios erros me precedem. Como a má fama de um Czar violento. Ou de um cozinheiro egocêntrico. O mundo é um carrossel com um s só.

Seja lá o que esta bosta de sentença signifique: o meu mundo é um carrossel com um s só.

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