quinta-feira, 9 de julho de 2009

Aceito a condição.

Você não existe. Todo resto o faz...
Você nasce.
Cresce.
E em determinado momento, começa a comprar coisas.
Casa, carro, fio dental e papel higiênico.
Televisão, player de blu-ray, chinelos e canetas.
Ternos, cuecas, óculos e camisetas.
Se torna dono de tudo que precisa e quer.
Pouco sabes sobre o nada ter.
Você se deita para dormir a noite.
Se senta para comer de dia.
Caminha as vezes, mas prefere voar.
Quando lá em cima, você olha para baixo e vê.
Tudo que tem e é.
Cheio de si. Satisfeito em existir.
Certa noite, você adormece fragilmente.
Mas jamais acorda.
Teu corpo apodrece em uma caixa de madeira.
Comido por vermes brancos.
Some daqui.
Como que engolido por uma baleia.
Pouco se lembram quem foi tu. De onde vinha e para onde ia.
Que era gentil e tinha mãos ásperas.
Que o azul dos olhos ofuscava o próprio mar.
Que o sorriso quase me fazia chorar.
Você vira lembrança.
Depois foto.
Depois esquecimento.
Depois você deixa de existir por completo.
Mas suas coisas estão lá. Quase todas elas.
Importantes que são agora... Enferrujadas e velhas.
Trocarias tudo por mais uma hora.
Uma brisa ensolarada.
Abraço apertado.
Taça de vinho amigo, lado a lado.
E quem de ti não lembra, para aí também vai.
Vive a vida esperando o final feliz.
Sempre no amanhã.
Sempre mais.
Certeza que se tem, é uma só:
Pra cada bebê um caixão.
E não poderia ser melhor...
(:



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