quinta-feira, 11 de julho de 2013

O violão é folk, o back vocal é "uuuuuuuuuuuuuh..." e tem um pandeiro batendo um 2 por 1 bem certinho. Enquanto as nossas vidas se transformam em uma sequencia de polaroids.

Achei um post it na minha tela dizendo: "nem tudo que vai, deve ser". Acordei em um banheiro sujo. Com lajotas quebradas e sangue pelo chão. Acho que fiquei uns 10 segundos olhando pro nada antes de ver. A porta estava entre aberta. Me levantei num suspiro e meti a mão na maçaneta. Foi um daqueles momentos em que a luz do lado de fora foi tão forte que deixou tudo branco. Que estourou tudo que eu poderia ter visto, por alguns micro instantes. E foi com a mão na frente dos olhos que eu cruzei a soleira de madeira na parede do banheiro. E senti meus pés descalços tocando grama. Pra poder ver:
um gramado eterno. um bosque ancestral. um céu no final de tarde amarelo-roxo-azul-noite. e cachorros que voavam em circulos ao nosso redor. Sim, você estava lá.

- Eu me recusei a fazer o que a televisão mandou - disse a voz atrás de mim.
Me virei e nada havia. Nem porta do banheiro. Nem pessoa. E foi aí que ouvi de novo:

- O perfume da vida é o nosso sorriso. Tem dias que usamos muito e dias que não usamos.
Me virei de novo e nada. Um dos cães voadores pousou na minha frente e ficou balançando a língua e o rabo.
- O que caralhos está acontecendo?
Nada.
- Você está na terra dos pensamentos disperços. Onde tudo que é, podia ser diferente. E tudo que não é, podia ter acontecido. - me respondeu o cachorro com uma voz estranhamente pontuada.
- Isso é muito estranho. Eu preciso dizer. - eu disse.
- Não, não precisava dizer. Mas você disse mesmo assim. - respondeu o cachorro.

- Como é teu nome?
- Eu, como todas as outras coisas do mundo, não tenho um nome.
- Eu tenho!
O cachorro sorrio e correu alguns metros para a frente, decolando voo. Foi muito difícil imaginar o que estava acontecendo. Mas decidi que havia morrido e ido para algum tipo de HD externo de almas do firmamento. Me sentei e percebi que o céu era um quadro pintado a óleo.
Me peguei imaginando como eu achava que sabia disso. E falei sem perceber:
-  Táqueo pariu!
Adormeci ali, eu não sei bem como. Mas adormeci. E quando acordei estava no mesmo lugar. Pensei que poderia acordar no banheiro de novo e que isso seria alguma espécie de roteiro cíclico. Mas não foi.

Foi um roteiro de final abrupto. E só.

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