sexta-feira, 6 de agosto de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=ttum1g_-5PM

Lobos, lobos, corram os lobos chegaram !

Gente pra todo lado, sombras correm nas florestas. Som de portas se trancando, janelas batendo e gritos de nomes:
"- Manwë !!! Maaaanwë !"
"- Ramha ! RAAAAAAMHAAA !"

E os guerreiros tiram suas espadas e machados das bainhas e erguem suas tochas. O longo som da trombeta vindo da torre acusa que algo foi avistado. São dois silvos.
Mais gritos e mais gente correndo. As ruas de barro e grama pisada estão praticamente vazias. Os cavalos foram presos nos estábulos, mas um deles passa com a sela solta. Trotando sozinho na escuridão com os olhos arregalados, sentindo a presença deles. Turin o ilumina com a tocha e aperta sua mão direita ao cabo da espada. O animal relincha mas não para... O guerreiro sabe que seu dono não teve tempo de prende-lo, provavelmente percebeu alguma movimentação suspeita próxima a sua casa e preferiu não arriscar. O cavalo está agora sozinho e provavelmente não verá o próximo sol nascer.
Turin nasceu nessa vila e não é a primeira vez que os lobos vem. Eles sempre atacam no começo do inverno. A luz de uma tocha surge na escuridão. As pernas de Turin param de caminhar em uma poça de lama... Ele firma o apoio e cerra os olhos por baixo do elmo. Espada em punho e a mão da tocha tem um broquel comprado no Porto do Rio. O povo da floresta negocia madeira com os elfos, os broqueis de lá aguentam algumas mordidas de lobos antes de racharem ou mesmo lascarem sua superfície. Mas lobos não carregam tochas, assim, ele aguarda.
Som de passos apressados. Turin não o reconhece e nem ele ao guerreiro. Mas os dois param. O homem faz um sinal circular com a tocha... Turin responde e traz a chama até o próprio rosto.
"- Turin, sou eu, Mëklar !" - fala alto, provavelmente revelando a posição deles.
Turin o manda ficar em silêncio e ele obedece enquanto se aproximam lentamente.
Entre eles a uma bifurcação a esquerda, a loja da esquina é de Ghontar a curandeira. Ghontar raramente fica em casa, seu filho vende as ervas que mãe traz da floresta. Turin e Mëklar ouvem o som de algo respirando. Como se estivesse correndo... Não e humano, isto sem dúvidas. Parado de pé, sem tocha ou lamparina. Com uma espada em punho, apesar da guarda estar baixa. Ele respira.
Os soldados ficam estáticos.
"- Em três luas, todos que ficarem para trás serão mortos. Levem todos embora... É tudo que posso fazer por esse lugar..."
Nem Turin, nem Mëklar o reconhecem. Nunca o viram antes... Seja quem for, ele vira de costas e caminha para longe deles. Mëklar grita:
"- Quem és tu ???" - de forma agressiva.
Ele para. Respira ofegante ainda, como se estivesse correndo... Um lobo uiva não muito distante... Hoje a noite vai chover, os trovões não perdoam o céu.
Turin olha para Mëklar assustado, e os dois olham ao seu redor percebendo que estão cercados por vultos. Os telhados das casas estão cheios de homens armados, sem escudos ou gibões. Só com lanças e tinta azul na pele. Eles tem ossos presos a pele, com amuletos e adereços. Parecem selvagens, e são bem diferentes deste que lhes falou no chão. Não fazem questão de se esconder ou se proteger, são mais de vinte. Talvez mais de trinta, agachados, próximos uns dos outros como cães. Como uma matilha. Os encarando, prontos para atacar.
Aquele na rua de costas se vira e responde:
"- Em três luas, os que aqui ficarem, vão descobrir..." - enquanto os lobos uivam...
Turin e Mëklar ouvem os pulos deles. Nenhum se aproxima dos soldados, eles correm por cima dos telhados. Alguns correm pelo chão mais a frente.
Todos desaparecem na escuridão. A sensação de que eles poderiam ter sido mortos a qualquer momento é extramente desconfortável e frustrante. Mas nenhum dos dois duvida do aviso... Como também não duvidam e Ghoas, o regente, não vai deixar a vila.
"- Em três luas, sangue será derramado..." - diz Mëklar ao amigo.
Turin sorri assustado.

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