segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Canetas não escrevem o que eu quero dizer.

Dá pra tentar falar, mas a voz vai se recusar a sair. Como se todas as letras de cada palavra reverberacem através da garganta e se chocassem por maestria do destino. Por pouco não sairiam. Ficariamos com aquela cara de tansos que fazemos quando caimos no chão. Quando achamos que algo é de um jeito, mas é de outro. Como quando tropessamos numa pedra ou escorregamos numa poça de lágrimas. Não é um tombo memorável, é só um deslize. As vezes, ninguém percebe. As vezes teu sobrinho te filma e manda a mini-dv pro Faustão passar em rede estúpida nacional.
De um jeito ou de outro, é essa a expressão do rosto. Como de quem achava que ia, mas acabou não dando pé...
Você engasga e alguém do seu lado pergunta se está tudo bem. Você diz que sim só com a cabeça... Que é pra não parecer estranho demais.
Dá pra tentar escrever, mas seus dedos vão formar um nó de marinheiro em cada mão. No melhor estilo Guilhermo Del Toro. Como se os ossos de cada um deles se dissolvesse no mundo da alegria e só sobrasse a pele, as unhas e os músculos. E eles se trancariam como um truque mágico barato. Você se levantaria empurrando essa cadeira na tua bunda com rapidez, num só golpe a cadeira cairia no chão. E você gritaria balançando suas mãos enquanto corre para lugar nenhum. Quem poderia te ajudar ?
Dá pra tentar pensar o suficiente para que alguém ouça seus pensamentos. Mas ela faria os teus pensamentos se curvarem a vontade deles. Como com vontade própria teus pensamentos se tornariam pesadelos. Demônios descontrolados tem enchendo de medo e ânsia. E tudo parecia turvo e borrado ! E você acordaria num hotel de beira de estrada, sem se lembrar de onde esteve na noite passada...
Definitivamente, o único jeito de dizer isso é apoaveqovjnqscmfdigfawlrqfnkvwva... desisto !

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