quarta-feira, 4 de agosto de 2010

( ; ; )

Não se faz poesia sóbrio.
Pensando em cálculos ou angulos.
Poesia é como espirro desavisado.
É susto de pulo e grito.
Chega sem por favor ou com licença.
Entra de assalto e te rouba
a vida presa entre os dentes.
Vento que leva a areia da mão.
Dito que perturba a direção.
Noite que escurece sem permissão.

Não se escreve poesia de alma limpa.
De alma lapidada.
Poesia é resultado de rachaduras,
sorrisos e lágrimas.
Como água antes represada.
Ou luz acesa de repente.
Que agrada uns e acorda outros.

Não se faz poesia de mãos dadas.
Poesia é paixão viva, dolorida.
Não carinho de tia.
Ou "olá" de vizinha.
Poesia é tapa forte na cara.
É a vergonha do tapa.

Poesia é o amor e o ódio do nada.
Sem indiferença ao cadáver no chão.

Poesia é o vento, o barco e a direção.

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