sábado, 1 de março de 2014

Não há razão sem paixão.

Carnaval tem paixão. Todo mundo sabe. Pode até não ser carnaval pra ti. Ou pra mim. Ou pra um monte de gente... Mas pra quem é, tem paixão. Carnaval sem paixão é algo como jantar sem gostar do prato que se está comendo. Carnaval sem paixão é assistir a um filme forçado, sem vontade. É o mesmo que estar com alguém que não se tem vontade verdadeira de estar.
Porque paixão é um dos combustíveis da vida. É um dos motores do mundo.
Sem paixão, não se teria sede de vida para que a gente olhasse pra fora da caverna. Sem ela, o mundo se acinzenta. O mundo entra naquele estado petreficado de estar estacionado. Esperando. Esfriando. Se chateando com o sol ou a chuva. No tédio. Na insuportável posição que tudo que está de saco cheio fica...

É preciso vontade pra se viver. Qualquer coisa. Mesmo o tédio. E tudo bem se alguém me mandar um whats dizendo que é apaixonado pelo tédio. Eu aceito a condição. Mas ainda ali, haverá paixão.
Outro dia, pensando sobre o mundo, me aplacou o pensamento de que a paixão é a cor da sociedade. Já vi amigos apaixonados moverem montanhas pela vontade do coração. Ou mesmo aquelas paixões mais tenras, que proibem um homem de largar a mão de uma mulher. Ou que assolam o coração feminino a ponta de faze-las fechar os olhos com um suave movimento de cabeça pro lado enquanto suspendem os ombros. E observam o protagonista do sentimento falar com seus amigos em um (des)encontro social desses por ai...
A ausência da paixão nos causa uma fome impossível de aplacar. Tira a cor dos quadros, a beleza das palavras, os cheiros, os gostos e até o prazer do carinho. Pensa só...
Sim, a falta da paixão é desesperadora. A falta dela nos causa desespero pela vida. Nos dá aquela sensação que só quem já perdeu algo valioso e que não devia lhe ter sido tirado conhece. Só de voltar no catálogo dos sentimenos, já acordo as borboletas do meu estomago. Mas não aquelas bonitinhas da disney que nos causam cócegas. Sinto mais como se fossem aquelas do pantâno horrível do mundo da chateação. Onde tudo é de mentira e nada passa de um sonho distante.

Talvez seja mais facil pensar assim, porque sempre me considerei apaixonado por muita coisa. Talvez até demais... Acho que não conheço a muito tempo alguém que não é apaixonado por absolutamente nada na propria existência. Meus melhores amigos são os que tem vontade de dialogar sobre suas atividades profissionais. Quem se empertigam quando descrevem uma dificuldade vencida ou se conceentram com olhares distantes aqueles dias em que a vida nos dá um calça pé... O importante é sentir. Não de uma forma infantil a abrupta. Não! Pensar em paixão normalmente nos remete a aventuras adolescentes de gente que não sabe onde quer chegar e nem como. 

Não se engane, a paixão vai além. A paixão na verdade, é tão apaixonada pelo ser humano que mesmo quando a recusamos ela senta na cadeira dentro do nosso sub consciente e espera. Enquanto vascularizamos sentimentos como culpa, soberba e raiva. Ela aguarda. E nós preocupados com o futuro financeiro da comunidade mundial. Sobre a nova doença nas selvas do Congo. Ou com o o ultimo lançamento técnológico "aplicatívico" que nos faz falar e abraçar menos ainda.... Enquanto isso, a paixão está lá. Sentada no canto da sala. Ouvindo toda essa gente falar.
Ai acontece.

Você dobra uma esquina e "plim": através dos seus olhos a paixão vê ela. Ou ele. Ou eles. Ou tanto faz...
A paixão enxerga.
E se levanta.

E você perde todo interesse por todo resto.
Porque a luz de tudo se apaga e o close nos pés dela te leva até uma porta que quando se abre, enche o mundo com uma nova luz.

E tudo recomeça diferente.

Como um novo final de semana.
Como uma sobrinha novinha em folha.
Ou uma caixa de alguma coisa que você estava louco pra comer, encontrada.
De um jeito que só ela consegue.

E mesmo que o mundo pare de novo, ninguém que tenha tido isso, consegue viver plenamente sem.

Já ouvi muita gente clamando "nunca mais se apaixonar". "Nessa eu não caio novamente". "Me erra cupido!".

 Nosso corpo, nossa alma e tudo que tocamos (os mais certinhos pelo menos) é moldado pela vontade de sermos felizes.

 Estar apaixonado pelo trabalho, pelo companheiro, pelo cachorro ou pelo carnaval, é uma grande parte dessa tentativa. Ou deveria ser...
 


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