quinta-feira, 27 de março de 2014

Os anos 80 voltaram. Mas tudo mudou.

Quando minha sobrinha de quase 2 anos de idade me oferece um pedaço de chocolate dizendo: 
"- Tó tititio...."
Eu sei.
Os anos 80 voltaram.
A música com sintetizadores. As camisas quadriculadas, listradas, estampadas. Os cabelos molhados (agora lambidos, antes eram flufluzentos). O cinema pseudo engraçado de histórias que quase todo mundo já sabe como termina. É, não há como negar...
Me ocorreu, por esses dias, que a vida é um sonho que só a morte desfaz. E me poupa do teu pensamento de que eu estou pensando em me matar. Deixa de ser tanso. Primeiro de tudo eu preciso que você pare sua vida e leia "O estranho misterioso" de Mark Twain.
Feito isso, não haverão mais pessoas mortas ou vivas. E ninguém aqui está dizendo oi pro suicídio.
Talvez sejam só os finais de tarde outonais chegando cedo. Ou o vinho gelado invadindo minha garganta como minha dentista disse que eu não deveria, por causa do clareamento dental. Ou mesmo, seja a misantropia do universo toda canalizada em dois neuronios do meu cérebro. Criando pensamentos que me obrigam a acreditar nessa asneira toda.
Não sei.

Mas de alguma forma, eu acredito no pós vida. As vezes mais até do que na própria vida.
O pós vida parece uma promessa concreta do universo para que a justiça humana sofra o processo de "esperitualização". Quando tudo se acertará. Nas exatas medidas que o karma exige. Os devedores pagarão. Os credores receberão. A calma será desenrolada como um lençol fino de linho sobre nossas cabeças. As janelas da casa de campo serão abertas após tantos anos de clausura. O sol dira oi. A lua será gentil. Os risos serão gratuitos. Os abraços acontecerão simplesmente por carinho e desejo de sucesso. E a medida que cada um de nós adormecer, renasceremos nessa vida. Para novamente vivermos um sonho até a hora de acordar da vida novamente.

Eu abro a porta de casa e os anos 80 pulam para dentro.
Com direito a Sérgio Malandro gritando "sasifufu" e chocolates que lembram cigarros nas bocas de crianças.


Não há muito o que fazer.
Talvez eu tenha escrito o roteiro desse sonho.
Talvez ele tenha sido me dado pronto, pelo Diretor.
Talvez eu descubra. Talvez não.


O que me importa agora é a métrica da realidade. É o peso da alma. A vontade do espírito.
Que só a próxima página do roteiro me trará.



 

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