terça-feira, 4 de maio de 2010

A STITCH IN TIME - Smashing Pumpkins

Ter o pé afundado na lama dificulta tudo. Mas tem pouca coisa tão dolorida quanto uma apunhalada nas costas.
Vamos encarar a realidade, alguém me diz. Pensa bem em qual realidade vc quer focar. Isso, gira o anel do foco até encontrar algo além do que todo mundo vê. O comum irrita só de pensar nele. Só de imaginar toda aquela gente dizendo que "você anda meio diferente"! Claro, devemos mesmo andar. Afinal nós somos diferentes. Todo mundo é diferente ! Ou tu te achas muito normal? Em todo lugar que eu vou, eu vejo o mesmo papel de parede ! E toda minha vontade está em colocar a construção em ruínas. Tijolo após tijolo. Partindo prego por prego.
Acordamos, dormimos, acordamos e dormimos de novo.
Acabam-se as amizades.
Vem o fim das relações complexas e cheias de "e se" e "poréns".
Nasce um sol só pra morrer de novo.
E passa a lua sobre um mar de estrelas infinitamente mais bonito que dá noite anterior.
E na rua todos caminham apressados.
Giram as rodas dos carros.
Mia a gata que vive no meu apartamento tentando entrar no meu quarto. E meu cachorro rosna achando que me protege.
A água séca.
As roupas se rasgam.
A comida se estraga em nossos intestinos.
Mulheres tiram e colocam maquiagem, dia após dia.
Flutuam as penas soltas das aves.
Alguém aperta minha mão. De novo. De novo. De novo. De novo.
Um sorriso passa por mim no rosto de uma moça bonita na rua.
Prendo meu pé num buraco e deixo o tenis lá.
Janelas são abertas e fechadas, luzes acendem e apagam.
Cigarros e cafés. John Mayer canta "Waiting on the world to change" no meu ipod enquanto eu corro em uma esteira. De novo. De novo. De novo. Mais uma vez.
E o mundo lá fora não muda. Em nada.
Lá vem o Natal, passou. Lá vem o carnaval, passou. Lá vem meu aniversário, passou. Olha o Natal de novo. Adinvinha ?
Passou.
Estou cansado. Animado. Rindo com quem me faz rir. Chorando de rir com quem me faz chorar de rir. Sorrindo ao lado de quem não me agrada. De novo. De novo. Alguém me faz chorar, sem rir.
Estou cansado de novo.
Eu adormeço vendo televisão. De novo, de novo, de novo. De novo. Mais uma vez.
Assisto Simpsons. Um filme bom, três ruins. Assisto Simpsons de novo e penso que prefiro Família da Pesada, mas que continuo preferindo ver Simpsons. Assisto Simpsons de novo, pensando em Família da Pesada.
Fumo um cigarro e me prometo jamais fumar de novo. Até amanhã.
Mais um café muito leite. Mais um café, pouco leite. Mais um café, perfeito. Mais um café, muito leite.
Vejo um pássaro. Desejo voar. Me sinto voando por 3 segundos. Me esqueço disso e vejo só o céu. Penso que gostaria de ver um pássaro. Não vejo nenhum pássaro.
Penso em algo super legal para escrever no meu blog.
Me esqueço e escrevo qualquer coisa. Odeio o que escrevi. De novo, mais uma vez, de novo e de novo e de novo.
Escrevo um poema num papel velho e perco o papel pensando que seria legal alguém um dia encontra-lo.
Toco violão.
Jogo video game.
Tomo uma taça de um vinho bom. Penso que esse vinho é bom. Penso que poderia ser um vinho bom pelo que paguei na garrafa. Penso que fui enganado e o vinho é uma merda. E a vinícula é um lugar sinistro, gerenciado por Lúcifer. Tomo mais um gole e penso que o vinho não é assim tão ruim.
Faço um desenho ruim, o guardo.
Faço um desenho medíocre e o guardo.
Faço um desenho que gosto e o guardo junto. Na pilha de "desenhos".
Ouço Death Cab for a Cute e penso que já gostei mais deles. Penso que me tornei aquilo que eu não queria: uma daquelas pessoas que gosta do que poucas pessoas conhecem. De coisas que não tocam na MTV ou passam na televisão.
Penso em me mudar pra longe. Pra um outro continente.
Me sinto cansado e feliz.
Vamos encarar a realidade... ?

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