segunda-feira, 23 de novembro de 2009

As infindáveis aventuras de Simon e seu unicórnio negro albino.

Se as nuvens fossem feitas de algodão doce as abelhas fariam suas colmeias sobre elas. Existiriam nuvens cor de rosa, azul claro e bege. E os aviões bateriam nelas enquanto sobrevoam o céu, fazem o algodão cair sobre nossas cabeças.

Se o gramado falasse, eles seriam multidões nas praças, campos e canteiros. Ninguém estaria sozinho, ou seria obrigado a fingir que gosta dos amigos que na verdade nem conhece direito. Não. O gramado sempre estaria lá, cheio de opiniões e esclarecimentos sobre as nossas vidas.

Se os prédios pudessem se mover, nós sempre teríamos vizinhos novos e nunca saberíamos aonde nossas casas "estão agora".
"- Alo ? Leandro ?"
"- Oi cara, fala ! Tudo bem ?"
"- Aaaah sim ! Acho que teu prédio tá parado aqui na minha rua..."
"- Bá que legal ! A gente se fala depois então... : )"
Seria bom.

Se o cães pudessem tivessem asas eles seriam muito mais divertidos. Dá pra imaginar os bandos voando e brincando no céu. Tá certo que provavelmente nenhum deles ia ser pirado por bolinhas de borracha... Mas ainda assim seria legal ! Eles voariam direto para os nossos colos, cairiam em cheio dentro das nossas piscinas, subiriam em nossos telhados e uivariam durante a noite. As carrocinhas seriam helicópteros e as casinhas teriam pistas de decolagem e pouso.

Se toda flor fosse comestível, você poderia dar um bouquet de jantar pra sua esposa. Elas não seriam doces ou salgadas. Teriam gosto de flores. 
"- Eu prefiro girassóis, ela prefere rosas !"
"- Recebi violetas deliciosas essa manhã..."

Se todo livro tivesse seu final escrito por quem o lê, ninguém assistiria novelas ou programas escrotos de domingo a tarde... Tá eu sei que ainda assim alguém assistiria ! Mas gosto de pensar que não. Que as pessoas iriam preferir passar a tarde fazendo amor e inventando finais para livros do que assistindo a idiotice que jorra da televisão nesse período.

Se as fotos se movessem você sempre saberia o que veio depois dela. Como pequenos pedaços de filmes antigos seus personagens se moveriam tranquilamente pelo enquadramento. Alguns poderiam falar ou sorrir outros precisariam chorar ou ficar tristes. Assim elas jamais causariam a impressão errada... Ou sempre causariam... A questão é que as suas lembranças sempre estariam alí. Não em um click discreto. Mas nas conversas, piadas e lágrimas que existiram de fato...

Se os pianos cantassem eles seguiriam o ritmo de seus pianistas. Poderiam dar entrevistas dizendo:
"- Eu já cantei para Frank Sinatra !"
ou
"- Eu fui filmado em 1932 por Alfred Hitchcock..."

Se você pudesse se teleportar sempre que o mundo te chateasse, você poderia mudar o lugar onde vive. Desaparecer e voltar. Ver o horizonte morrendo e nascendo aonde desejasse. Quando desejasse. Com quem desejasse. Mas a regra seria brutal: você só poderia se teleportar quando o mundo te chateasse, sem exceções.

Se fosse assim talvez, o mundo e as suas idiotices aparentemente incontroláveis não me cansassem tanto.

Se fosse...





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