terça-feira, 30 de junho de 2015

Tá russo?

Sou da época em que as pessoas diziam que "tá russo!" quando a situação estava difícil. Antes disso, a cobrava fumava. Ou a cobra ia fumar e acabou fumando, não vivi essa época. O "russo" eu vivi. A era da cortina de ferro que fazia todo vilão de filmes da década de 80 ser russo, fumante e psicopata. Os russos eram os melhores vilões, até os que não fumavam eram legais. E olha que essa era a época em que fumar era uma das coisas mais cool que um indivíduo podia fazer. Todo rockstar fumava. Todo galã de cinema sabia que podia fumar, imunes a doenças. Era um bom tempo.
Hoje eu acordei ouvindo a tv dizer que está russo na Grécia. Acho que agora tá grego! A dívida do país a um dia do vencimento não dá sinais de que será paga.  E a vaca caminha para o brejo. Os gregos não são vilões tão bacanas quantos os russos, acho. Eles são melhores em escrever tragédias. Em pensar em deuses que são falhos, como os seres humanos. Seres humanos são falhos, disso eu sei. Dos deuses, já não posso dizer o mesmo. Acho que se tivessem contas para pagar os deuses gregos também as atrasariam eventualmente. Só acho.

Sempre houveram aqueles que plantaram o trigo e amassaram o pão, enquanto existiam aqueles que tentavam encontrar o que significa a liberdade, a morte e a vida. Mas mesmo os que tentavam encontrar repostas para algumas das equações mais antigas do planeta, precisavam comer o pão. E talvez as recíproca seja verdadeira.
Talvez, sejamos nós as criaturas humanas, os que plantam o pão para as entidades "superiores".
Talvez, nós sejamos o seriado da HBO dos deuses. Talvez eles nos assistam como nós assistimos Game of Thrones. Talvez.

Talvez, a estratégia de marketing do firmamento seja tirar o foco de questões viscerais como a morte, a vida e a liberdade... Enquanto nos embalamos no entorpecido sono das nossas necessidades fisiológicas e das nossas questões ridiculamente minúsculas cheias de necessidades egocêntricas e propriedades momentâneas.
Talvez, isso tudo seja um sonho. E não dure mais do que um breve instante.
Me pego pensando que a breve vida da borboleta, para ela que a vive, é longa e cheia de dificuldade.

É caro leitor(a), tá grego!

Sem comentários:

Enviar um comentário