quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

As camadas da minha cebola.

O eu que fui é o que me deixou ser o eu que sou. Mesmo tendo errado tanto. Tendo sido tão ruim em tanta coisa. Só posso ser eu hoje e ver que o que fui não era, muita vezes, quem eu queria ser. Porque o fui. Se não fosse, talvez, ainda estaria sendo. Não que tenha alcançado no eu que sou, toda glória e razão que meu âmago almeja. Longe disso provavelmente. Continuo perdendo eus pelos caminhos. Batendo nas portas erradas. Cruzando as esquinas da dúvida. Partindo lindos vasos de rosas vermelhas. Por exemplo: a palavra vasos que acabei de escrever, saiu originalmente com z. Precisei corrigi-la. Mas originalmente a escrevi errado. E a partir do momento que a escrevo certo, continuo. Pena que entre seres humanos o "delete" não possa ser usado. Teria dito talvez:
"- Meo, sabe aquele dia que eu fiz aquilo?"
"- Sei Leandro...."
"- Acabei de deletar. Pronto!"
"- Obrigado."
Não. Infelizmente será? Sei que é não. Mas será que é infelizmente? Também houveram pessoas que passaram navalhas pela minha alma e pelo meu coração. Seja propositadamente ou não. Aconteceu. E durante o processo de fechamento desses cortes, de colagem dessas fatias minhas que caiam. Durante a tentativa de alterar o que acontecia, de remediar a dor... Eu mudei. E melhorei muitas vezes. Não que isso seja desculpa para o erro. Mas foi como foi. E aqui estou. Um outro eu que foi. Novo do que fui. Diferente.
Alguém me disse que se você está vivo, deu certo. Se você está vivo, não deu errado.
Concordo.
Talvez no final, a vida seja essa busca pelas feridas que nos tornarão o que éramos para ser. Talvez, viver essas dores seja um dos grandes propósitos de existir.

Vai que o próximo eu que sair de mim, discorde. Vai ver que esse outro eu, seja avesso ao processo. E que um dia eu me feche dizendo: "CHEGA DE NOVOS EUS! SEREI ASSIM E PRONTO!".

Até lá, se posso pedir algo, que seja:

"- Por favor mundo, descasque-me!"

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