sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A última vez... - Keane.

Descobri tomando café da manhã com meu irmão: o Lula reduz nosso país a um picadeiro de circo. Concordamos nisso. Mas discordamos quanto aos papeis que cada um tem. Para ele somos a platéia, comendo pipoca e maças do amor. Assistindo os palhaços brincarem, os mágicos desaparecerem com gigantescas quantidades de dinheiro e as mulheres barbadas se candidatarem a presidência da república. Isso tudo enquanto o domador principal rege toda a trupe com seu chicote e uma vasta barba enrolada !
Pra mim não: pra mim nós somos os palhaços... Na verdade palhaço(a) é todo cidadão que vota no PT achando que faz algum tipo de bem pela nação. Nós seriamos mais algo como os malabaristas, tentando cumprir nosso papel no meio da balbúrdia. Enquanto outros matam os leões e mais alguns se equilibram em cordas a mais de 20 metros de altura. Tudo isso para que a gorda e satisfeita platéia de senadores, vereadores, assessores, secretários, ministros, prefeitos, governadores, abutres e condores possam segurar suas grandes barrigas e cuspir pedaços de comida enquanto se esfacelam de tanto rir da nossa cara. Lá no alto, o homem misterioso sentado em uma cadeira de ferro e apalpa a própria barba e prende a língua enquanto ri muito mais silenciosamente. Ele assiste aos seus lacaios nos atirando moedas de cobre e esticando varas de madeira para nos derrubarem. Por vez ou outra, quando tudo fica calmo demais no picadeiro eles liberam um ou dois leões a mais, para que corramos por nossas vidas. Aí subimos em postes de madeira que foram sujos com óleo e tem pregos enferrujados presos por toda sua extensão. Depois de um tempo, quando os leões já estão cansados de nós perseguirem, eles mandam seus soldadinhos de chumbo para mata-los. E então eles dizem:
"- Vocês viram ? Nós ajudamos vocês... Nos amem !"
E a grande maioria do picadeiro sorri e agradece. Mas nós não. Nós reservamos aos nossos sorrisos toda a raiva que conseguimos. Em silêncio e indignação. Mesmo que fantasiados com os trajes que eles nos obrigam. Mesmo que sozinhos no meio das multidões. Quando o dia acaba e somos levados a nossos quartos para que o show continue no dia posterior.
Alí nos confabulamos. Afiamos nossas facas. Rangemos nossos dentes com força e descontrole. E amaldiçoamos tudo que os mantém distantes de nossos punhos... Sabendo que se existe um Deus, sua justiça será infalível.
Do lado de fora do nosso circo, uma fila gigantesca de pessoas preenche toda bilheteria. Um observador atento veria as palavras "Ordem e Progresso" sobre a entrada.

Ordem.
E Progresso.

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