quinta-feira, 19 de março de 2015

Eu fico aqui imaginando.

Enquanto o dia corre para frente, eu tenho a impressão de que o mundo corre para trás.
Quase nada parece ser feito com o coração. O céu é lindo. O chão é horrível. Escutei alguém reclamando sobre o tempo que perdeu no telefone com a operadora de tv a cabo.

Tudo que consigo pensar é:
"- O universo não se importa."
Somos um grão de poeira flutuando. Descobri vendo uma comparação entre o tamanho dos planetas na Discovery. Parei para pensar em quem inventou o nome do canal Discovery. Disco very. Esse cara é um gênio. Será que o mundo vive mesmo sob a tutela de uma grupo de 7 trilionários alienígenas? Provavelmente não. Provavelmente nossa crueldade mútua é gratuita. E a vida não precisa de significado para acontecer. 

Desenho no papel. Rasgo o papel e jogo fora. Espero o arquivo subir para o FTP e imagino como será a internet daqui a 15 anos. Li esses dias, em alguma baía digital que o próximo passo da internet é não necessitar de conexão. Tudo estará conectado todo o tempo. Nós criamos uma rede global para fazer com que todos possam se comunicar de uma forma como esse planeta nunca conheceu. Isso é incrível. Nossas relações tomaram uma proporção absurdamente rápida. Ainda assim, meu vizinho divide o elevador comigo e só me dá "boa tarde". E fica olhando para o chão por quatro andares como se estivesse sozinho. Não no elevador, mas no universo. Talvez ele esteja. Talvez eu também esteja.
Talvez de alguma forma estranha, todos estejamos nos afastando a medida que nos aproximamos.
Queria ir para uma cachoeira de novo. Sentir as pedras geladas sob meus pés. Ouvir o som das folhas se batendo umas contra as outras. E ver a forma como a luz incide por entre as copas das árvores. Preciso voltar lá.
Aqui tudo que eu toco é sintético. E ar condicionado faz as pessoas espirrarem sem parar.
Me peguei olhando pelo vidro da janela.
Me peguei olhando para o copo da água.
Me peguei olhando para os pixels da tela.
Me peguei imaginando que as pessoas ao meu redor se movem no ritmo da música que toca no meu fone de ouvido.
Não consigo me pegar me deixando. Só me pego na hora que já me deixei.
O pensamento é uma forma estranha de existência. Alguns de nós tem certeza de que os controlam. Eu estou certo de que a casualidade guia nossas linhas de raciocínio. E que aceitamos essa direção dizendo:

"- Estou no controle!".
Como um piloto que segura o manche de uma aeronave que está caindo em direção ao chão.
Não importa o que ele faça, ele vai cair.
Se achando no controle ou não.
Me peguei pensando se era preciso explicar minha analogia. 

Se der tempo eu vou na cachoeira.
Depois da reunião.
Depois de ligar para aquele cliente.
Depois de subir mais um arquivo.
Depois de almoçar uma salada.
Depois disso.
Se der.


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