terça-feira, 3 de março de 2015

Daqui a 33 anos quero ler esse texto.

O Brasil é um país lindo.
Mas somos um povo burro.
E eu não chamo de burro a porção tida como "ignorante" da população. Eu não me refiro aos analfabetos ou aos que não tem acesso a cultura e comunicação.
A verdade é que o povo brasileiro é mole. Nós somos pacíficos demais, somos serenos demais. Somos calmos demais.
Aí alguém vai me dizer: "mas com essa violência toda, você diz que somos pacíficos?".
Sim, aceitamos a violência com muita paz. Aceitamos a corrupção com muita calma. Aceitamos a imposição do Estado de forma muito moderada.
Enquanto escrevo esse texto, sinto que estamos a beira de uma revolução. E eu não poderia desejar coisa melhor para essa nação. Não vivo o sonho utópico de imaginar um país soberano com nenhuma corrupção.  Não. Mas também não precisamos viver em um país que de soberano tem pouco e ainda menos e de ético. 


O Brasil é um país cruel. Nosso povo ainda é escravo.
Só que não temos mais um dono. Temos vários, sentados em palácios (da alvorada, do congresso nacional ou da justiça, temos muitos...) e decidindo nossos futuros como um coronel fazia com seus negros no Brasil de mil quinhentos e pouco...

Somos ainda uma colônia.
Só que não temos mais um país sede. Uma pátria mãe, como era Portugal.  Temos várias empresas e partidos políticos que mandam em quem segura o leme da nação. Obedecemos ordens como uma criança que está sendo guiada. Seguimos os interesses daqueles que nos lideram ou ficamos de castigo.


Vivemos uma guerra civil silenciosa desde que nós chamamos de democracia.

Os números no ano de 2015 mostram um Brasil mais violento que as zonas de guerra ao redor do mundo! Isso mesmo, nós matamos mais que o oriente médio. Nossas favelas são comunidades paralelas com poderes paralelos (e bota "poderes" nesse poderes).
O simples fato de você estar próximo a um favela do Rio de Janeiro, pode te tornar uma vítima das balas perdidas desse confronto.

Mas a maior violência, é a corrupção.
Nosso país está podre, falido e desesperado.
As secas de 2014 e 2015 tem feito da falta da água uma visita indesejada muito presente.

Nossos representantes políticos acabaram de aprovar mais um aumento salarial para ele mesmos. Isso mesmo que você leu. Vou escrever de novo: nossos representantes políticos aumentam o próprio salário todo ano. Eles alegam na maior parte das vezes algo como: o reajuste é legítimo, está dentro da lei.
A lei é que não é legítima.

O Brasil é um país de abismos.
A maconha aqui é proibida, mas se você quiser comprar crack na cracolândia (é como chamamos um bairro ou rua onde o consumo de crack não é proibido), é só ir lá e comprar.

Aqui deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidentes e ministros tem salários de 20-30-40 mil reais. O que não é assustador, de verdade. Mas possuem, na contra mão desse cálculo bens (imóveis, fazendas, carros, casas e apartamentos) que se somam 20-30 vezes o que um indíviduo que tem essa renda conseguiria acumular.
É mais ou menos assim: se nossos políticos fossem crianças, nós pagariamos mais ou menos 500,00 reais de mesada para eles.
Mas nossos filhos tem Ferraris, coberturas e dinheiro guardado na Suiça. E nós achamos normal.
E quando perguntamos:

"- Filho, essa Ferrari, como você comprou?"
Eles respondem:

"- Com a mesada pai!"
E nós achamos normal.
"- Meu filho está bem!" - nós dizemos.

E ligamos a televisão no jornal nacional para assistir o resultado do nosso time do coração.

E existem também aqueles zumbis que me dizem:

"- Mas isso sempre foi assim! Tu deverias parar de dizer essas coisas..."
Como se o errado fosse questionar. Como se o errado fosse apontar o dedo e dizer: 
"- Me explica isso aí! Me explica como tu comprou isso!"
O dinheiro que essas pessoas guardam e gastam, é o que construiria nossos hospitais. Nossas escolas. Que daria salários decentes aos nosso policiais. Que construiria estradas. Metros e aeroportos. Com esse dinheiro é que teríamos defesas em nossas fronteiras, teríamos planejamentos para questões como a água da amazônia, para o desenvolvimento industrial nacional, para subsidiar nossos empreendedores, nossas pesquisas científicas, nossa cultura, nossas vidas!

Aqui estou eu.
Sou brasileiro por nascimento e não por escolha, se eu pudesse escolher teria sido outra coisa.

Algo mais humano e menos burro, provavelmente.


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